POV autora
Outro murro foi o suficiente para Camila cair no chão. Sem forças para se levantar, ela apenas se encolhe no chão. Seu lábio inferior estava cortado e o gosto de sangue em sua boca a incomodava. Talvez fosse a gravidez que a fazia ficar enjoada.
- Vamos lá Camila. – insistiu Karla se abaixando ficando na altura de Camila. – Eu estou jogando limpo, tente apenas acerta um soco em mim.
- Você é uma Vadia. – murmurou Camila, tocando seu lábio cortado.
- Isso não é bem de longe um insulto para mim. Na verdade, isso é um elogio. Eu tenho orgulho de quem sou.
- Orgulho? Você mata pessoas. Como pode se orgulha disso?
Karla sorriu e passou a mão pelo cabelo de Camila.
- É o que você achava que a Lauren fazia. – Ela rebateu. – Mas isso não importava, não era mesmo? Você a amava e isso era o bastante.
- Você sempre gostou de colocar a culpa nela. Tudo de ruim que acontecei-a, era sempre ela. Mas não foi ela que fez você ficar assim. Você escolheu isso por si.
- Ela quem me fez ser assim. Tudo culpa dela. – Ela gritou.
- Não. – Camila falou hesitante, escolhendo as palavras certas para dizer. – Você a culpa por tudo de ruim em sua vida, mas ainda não percebeu que a culpada aqui é você. Você que escolheu esse caminho. Você que está machucando as pessoas e a si mesma.
Karla apertou o pescoço de Camila, fazendo a garota levantar sua cabeça e encarar ela.
- Quem você pensa que é? Acha que sabe tudo sobre mim?
- Eu não sei. – Ela murmurou com dificuldade.
- Então deixe eu te contar uma história.
Karla soltou o pescoço dela, deixando a mesma cair no chão frio. Ela começou a contar toda sua história, sobre os seus pais e o pai de Lauren. Não escondeu nenhum detalhe. Contou cada momento ruim e miserável de sua vida. Camila não disse nada enquanto Karla falava.
- É Agora? Você acha mesmo que eles são inocente? – perguntou Karla.
- Você tinha apenas 15 anos, era muito jovem. – Camila sussurrou ainda abalada pela história que Karla havia contado. – Era apenas uma garota boa no mundo ruim. Você perdeu seus pais, seu tio abusava de você. Você não tinha ninguém que a amava, não tinha ninguém que pudesse amar. Não te culpo pelo oque se tornou, mas não pode continuar com isso Karla. Essa vingança não vai trazer seus pais de volta. Essa vingança não vai te levar a nada. Você vai ficar sozinha, sem ninguém aí seu lado.
- Não preciso de alguém que tenha pena de mim, Camila.
- Mas você não pode continuar com isso....
- Eu posso fazer o que eu quiser. – gritou ela, fazendo Camila estremecer com medo.
Karla iria continuar falando sobre como conseguiu enganar os Jauregui’s quando um estrondo lá aconteceu.
- Droga. – Karla gruniu saindo do quarto em que Camila estava.
- Não me deixe aqui. – Camila gritou sentada. Sua perna agora latejava, Karla havia lhe dado um belo chute no machucado.
Tiros e mais tiros eram disparados do lado de fora e Camila estava ficando cada vez mais com medo. Não sabia o que fazer. Estava machucada e não podia sair dali. Estava sozinha.
- Camila... – gritaram do outro lado da porta.
Ela reconhecia aquela voz... era Vero.
- Aqui. – Ela gritou de volta.
A porta se abriu depois de alguns segundos e Vero entrou acompanhada de um homem a qual ela não conhecia.
- Não temos muito tempo. Vamos tirar você daqui. – disse Vero enquanto ajudava Camila a levantar a pegando no colo.
- Vero... – Ela sussurrou.
- Estamos quase saindo daqui.
Vero acelerou seus passos e os dois começaram a sair da casa abandonada em que Camila estava.
- Minha barriga está doendo. – Camila gemeu colocando a mão em sua barriga. Seus olhos agora pesavam e a dor em sua barriga era imensa.
- Não feche os olhos, Camila. Olhe para mim.
E tudo começou a ficar escuro e a voz de Vero pedindo para que fica se acordada ia ficando cada vez mais distante.
(...)
Camila abriu os olhos lentamente, ainda se acostumando com a claridade do quarto. Aquele lugar era familiar e ao mesmo tempo estranho. Ela se levantou com cuidado se sentando na cama. Agora, sentada na cama, ela conseguiu ter uma visão completa do quarto. Oh céus. Ela sabia onde estava, sabia perfeitamente que quer o era aquele. Era de Lauren. Era quarto dos dois. Mas sem Lauren ali, era apenas do mais um quarto.
Apoiando sua mão na cama, ela colocou sua perna no chão, não doía como antes. Alguém havia trocado o curativo de sua perna. Ela caminhou para fora do quarto, andando por aqueles corredores que ela tanto conhecia. Ela não sabia para onde estava indo, ela apenas não queria ficar trancada naquele quarto. Sozinha.
- Oh céus. O que você está fazendo em pé? - Camila olhou para trás se deparando com Lucy a encarando.
Ela está viva...
- Lucy... – Ela sussurrou indo até Lucy. – Você está viva... Eu pensava que...
- Eu estou aqui. Viva. Foi apenas um tiro de raspão. Estou pronta para outra.
- Não fale isso nem de brincadeira, Vives. – advertiu Vero saindo do quarto de Lucy.
Camila olhou para Vero e sorriu. Todos pareciam estar bem. Mas por que ela não se sentia assim? Era como se algo estivesse faltando.
- Ela me salvou daqueles idiotas. E agora virou minha guarda-costas. – Lucy sorriu piscando para Vero. – Mas, isso não importa agora. Eu tenho uma surpresa para você.
- Uma surpresa?
- Sim, sim. Me acompanhe.
Lucy enrolou sua mão na de Camila e as duas alinharam até a sala. Vero acompanhava as duas, caminhando logo atrás. Antes mesmo que os três chegarem ao fim do corredor Camila avistou seu antigo quarto.
- Vocês podem ir na frente, eu preciso fazer algo. – Ela falou parando ao lado de Lucy.
- Mas... – Lucy tentou argumentar.
- Deixa ela, Vives. Quando ela se sentir bem ela desce. Não vamos pressiona-la.
- Certo. Não demore muito, Camila.
Camila assentiu e entrou no quarto. Tudo ainda continuava do mesmo jeito que ela havia deixado. Algumas coisas ainda estavam no lugar, outras haviam ido para o quarto de Lauren. Aquele lugar trazia lembranças ruins, mas também havia lembranças boas. Nem tudo era perfeito, mas para ela era o bastante.
Ela tocou seu colar, lembrando do dia que Lauren havia lhe dado. Aquele dia havia sido muito especial. Tão único.
- Camila...
Ela ouviu aquela voz grave e rouca e ao mesmo tempo sentiu seu coração dispara. Aquilo poderia ser um sonho, e se fosse, ela queria permanecer nele. Seu corpo se arrepiou por completo e seu coração bateu aceleradamente contra seu peito, e ainda hesitante, ela se virou para o lado. E lá estava Lauren, olhando para ela com aquele sorriso perfeito de lado. E não havia mais dúvidas, era ela. Era realmente ela.
- Lauren...
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