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História (Des)Encontros - O nome dele é Kim Jongin - História escrita por HANA_NIM - Spirit Fanfics e Histórias
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História (Des)Encontros - O nome dele é Kim Jongin


Escrita por: HANA_NIM

Notas do Autor


Mais uma atualização chegando cedinho para vocês. <3

Estou ou não estou me saindo uma autora excepcional ultimamente? HAHAHAHA

Boa leitura!

Capítulo 3 - O nome dele é Kim Jongin


 

 

 

Foi difícil para Baekhyun conter as próprias lágrimas ao fitar o estado abalado do amigo, principalmente depois de ficar sabendo o motivo de seu choro angustiado. Um frio correu por sua espinha trazendo junto consigo um aperto no peito imediato, fazendo seu coração acelerar e sua mente entrar em estado de urgência no mesmo instante ao compreender o peso das palavras de Kyungsoo.

Kyungsoo iria ser pai. Por acidente. 

Aquilo era muito forte. E era o tipo de notícia que nem sequer passava por sua cabeça, na verdade, parecia-se mais com aqueles casos que a gente vê na TV, nos filmes e novelas e ignora, achando que nunca vai acontecer com a gente. Naquele caso, não aconteceu com Baekhyun, mas com alguém muito próximo a si.

Baekhyun queria bombardear o amigo de perguntas e questionamentos, no entanto, apenas daquela vez resolveu manter-se em silêncio, abrigando Kyungsoo entre seus braços e convencendo-o a levantar-se e o seguir até o carro. 

O engenheiro era péssimo em consolar pessoas, sentimentos não eram bem sua área de atuação predileta e preferia manter-se distante deles, e do mesmo modo preferiu manter-se em silêncio enquanto dirigia o mais rápido que a sua prudência o permitia ao levar Kyungsoo até sua casa, dirigindo um olhar preocupado a todo instante até a figura trêmula do amigo no banco do passageiro. 

Ele estava arrasado, e a angústia crescendo no peito de Baekhyun só crescia ao vê-lo murmurando para si mesmo o quão descuidado e irresponsável havia sido. É claro que ele iria culpar a si mesmo, ele era um perfeccionista em todas as áreas de sua vida e não gostava quando as coisas fugiam de seu controle. Infelizmente, se culpar não adiantaria de nada quando tudo já estava feito. 

Mil e um pensamentos rondavam a cabeça de ambos e para Kyungsoo, infelizmente, nenhuma das possibilidades que surgiam em sua mente eram positivas.

Aquilo não poderia estar acontecendo consigo. Aquilo só poderia ser um pesadelo ou algum tipo de piada sem graça que a vida estava lhe pregando. No entanto, por mais que fechasse as pálpebras e desejasse com todas as suas forças acordar daquele sonho ruim, quando os reabria a realidade ainda era aquela mistura de sentimentos horríveis e ainda tinha de enfrentar aquela novidade indesejada. 

Definitivamente não era o tipo de pessoa mais sensível, no entanto, sequer conseguia se sentir desconfortável ao desabar daquela forma na frente do melhor amigo. Naquele instante possuía muito mais preocupações do que a de parecer fraco perante os outros. 

E todo o desconforto físico que o acompanhara por semanas parecia ter passado, porém algo muito pior viera tomar o seu lugar. Um medo que invadia suas entranhas e, como um monstro, parecia lhe consumir de dentro pra fora. 

Quando finalmente chegaram a seu apartamento o choro já havia sido contido, porém, interiormente não se sentia nenhum pouco melhor. E de todas as possibilidades que passavam em sua mente, nenhuma delas era minimamente positiva. 

O que iria fazer dali pra frente? 

– Baek, o que eu vou fazer? – Externou seus pensamentos com a voz chorosa. 

E Baekhyun não conseguiu conter seu impulso ao voltar a tomar o corpo trêmulo do amigo entre os braços novamente, acomodando-o sentado sobre o sofá e acariciando os cabelos negros em uma tentativa de acalmá-lo. E tentar conter a própria apreensão interna também. 

– Calma, Soo, eu estou aqui – falou com a voz suave.– Você não tem que pensar em nada agora, você só precisa se recuperar, está entendendo?

Baekhyun nem mesmo sabia de onde tirava aquelas palavras. Parecia apenas intuitivo tentar acalmar Kyungsoo naquele instante, por mais que por dentro se sentisse tão assustado quanto ele. 

– Eu não posso ter um filho, Baekhyun – Kyungsoo disse, sentindo o peito apertar só de verbalizar aquelas palavras. Tudo ainda parecia tão surreal. 

– Shhhh... Você não precisa se preocupar com isso agora, apenas descanse por enquanto – Baekhyun murmurou contra seus cabelos negros, tentando lhe passar tranquilidade.

Era difícil encontrar a própria tranquilidade quando Kyungsoo se mostrava tão agitado, no entanto, precisava se mostrar são para ajudá-lo naquele instante. Se preocupar tanto em um momento de fragilidade quanto ele passava não ia ajudar em nada.

Primeiro ele precisava de acalmar, descansar, cuidar de sua saúde debilitada e só então preocupar-se com os outros poréns.

Não que fosse fácil colocar aquilo na cabeça do outro. 

– Isso não pode estar acontecendo comigo, não pode – Kyungsoo murmurou para si, desacreditado da própria sorte. 

Era sempre tão precavido, responsável, por que logo agora? Por que logo consigo?

Em tantos anos de relacionamento com Joonmyeon nenhum acidente do tipo se sucedera e aquela possibilidade nem mesmo lhe passara por sua mente, então, aquilo acontecer depois de uma noite isolada com um cara completamente desconhecido era simplesmente inimaginável. 

– Por que logo comigo? Por que logo agora? Eu acabei de terminar com o Joonmyeon, céus... – preocupou-se.– Baekhyun, eu engravidei de um estranho.

– Kyungsoo, não se massacre com esses pensamentos. Você não teve culpa de nada! – Rebateu o outro. 

Sim, ele havia errado, mas se massacrar pensando daquela maneira não iria lhe fazer bem algum. E agora ele teria de lidar com as consequências. 

– É claro que eu tive, droga. Eu transei sem camisinha e fui a porcaria de um irresponsável – se culpou Kyungsoo. 

– Adianta pensar nisso agora? – Baekhyun inquiriu.– Poxa, Kyungsoo, como você pôde esquecer de algo tão importante? 

E ao mesmo tempo lhe passava pela cabeça todas as vezes que havia se envolvido com caras desconhecidos e como aquele tipo de acidente poderia muito bem estar acontecendo consigo. Bom, aquela situação de alguma forma era um lembrete para nunca se descuidar. 

– Eu sou um imbecil – Kyungsoo falou, sentindo o peso de suas ações lhe sobrecarregando. 

– Não, você não é. Você apenas cometeu um erro – Baekhyun explicou, compreensivo. 

– Baek, eu estou com medo – admitiu Kyungsoo. 

E, droga, como ser forte por Kyungsoo quando ele se mostrava tão frágil? Baekhyun não tinha psicológico muito menos emocional para aquilo. 

– Não precisa ter. Nós vamos achar uma solução, ok? – Baekhyun disse para reassegurá-lo, apenas de não possuir confiança nenhuma nas próprias palavras. 

Seu próprio cérebro não parecia ter processado aquela informação por inteiro ainda. Seus pensamentos e sentimentos eram uma bagunça de preocupação e angústia, e não queria nem mesmo imaginar como Kyungsoo se sentia naquele momento. 

E não demorou muito para que o arquiteto adormecesse entre seu abraço ainda choroso, mas cansado demais para lutar contra o efeito do soro ainda correndo em suas veias, sentindo toda a exaustão dos últimos acontecimentos pesar sobre si de uma só vez. E cortou o coração de Baekhyun ver a maneira com que Kyungsoo se agarrava a si e parecia frágil naquele instante.

Aquela não era uma imagem que estava acostumado a ter do amigo, sempre tão obstinada e independente. Na verdade, aquela era a primeira vez que o via daquela maneira. 

Nem mesmo depois do término de seu namoro com Joonmyeon, um relacionamento de longos cinco anos, Baekhyun vira Kyungsoo chorando. Pelo menos não em sua frente. Ele havia ficado abalado sim, porém seu estado de desânimo de antes nem mesmo se comparava com o estado dele naquele instante. 

Quer dizer, as duas situações nem mesmo podiam ser comparadas. Uma gravidez inesperada era muito mais grave do que um término de namoro. 

Baekhyun sabia que Kyungsoo poderia superar e sobreviver ao segundo, já quanto ao primeiro, o engenheiro temia não ter tanta certeza. 

 

 


***

 

 

A temperatura do lado de fora estava congelante e a reminiscência da nevasca de alguns dias atrás não ajudava a tornar o clima mais amigável. O aquecedor estava ligado na potência máxima dentro do apartamento de Kyungsoo enquanto Baekhyun zelava seu sono como uma mãe preocupada.

Ele adormecera no sofá mesmo e o mais velho tratara de acomodá-lo com cobertas e travesseiros, sentando-se na poltrona ao lado sem conseguir tirar seus olhos da figura que agora, exaurido e adormecido, parecia tão serena. 

Baekhyun pensou em todo tipo de possibilidade possível, desde saídas até soluções, planos A, B e com todo o resto das letras do alfabeto. Apenas depois de algumas horas que aquela informação parecera finalmente fazer sentido para si e só então conseguira raciocinar mais friamente a respeito. 

Kyungsoo seria pai.

O quão surreal tudo aquilo soava? 

Bom, de qualquer formar não adiantaria de nada se deixar levar por sentimentos naquele instante e tudo que Kyungsoo mais precisaria seria de apoio em todas as decisões que ele decidisse tomar dali em diante. 

Quando Kyungsoo deu sinais de que estava despertando, imediatamente voltou para seu lado, tomando uma das mãos do arquiteto entre as suas e vendo o momento em que os olhos inchados se abriram, olhando para si com um desalento palpável.

– É tudo verdade, não é? Não era apenas um sonho? – Ele murmurou com a voz embargada.

A Baekhyun só restou crispar os lábios e balançar a cabeça negativamente. Infelizmente aquela era a dura realidade.

Kyungsoo, entretanto, apesar da fragilidade estampada em suas íris, não chorou mais, aceitando de bom grado toda ajuda do melhor amigo, como nunca faria se estivesse física e psicologicamente são, voltando agir pelo menos um pouco como o seu estado normal, ou seja, se fazendo de forte mesmo quando o mundo desabava ao seu redor. 

Baekhyun não ousou sair do lado de Kyungsoo naquele dia e resolveu passar a noite com o mais novo. Sabia que ele precisava do seu apoio e sabia também que precisava ter uma conversa com ele o mais rápido possível. Eles precisavam começar a tomar algumas medidas. 

– Você precisa ir atrás do outro pai – apontou.

Talvez ainda fosse um pouco cedo para pensar em tal detalhe, entretanto, Kyungsoo não chegara naquela situação sozinho e nem era obrigado a arcar com as consequências por si só também.

– Eu sei, – Kyungsoo disse após um longo suspiro.– Só que eu não faço a mínima ideia de como encontrá-lo. E, sei lá, como eu vou chegar em um praticamente estranho e dizer "eu estou esperando um filho seu"? 

Frustrado, era assim que Kyungsoo se sentia. E sobrecarregado também.

– Não é fácil, eu sei, mas você tem que procurá-lo – Baekhyun insistiu.– Você pelo menos se lembra do nome dele? Podemos começar procurando pelas redes sociais – sugeriu. 

E, bom, apesar das lembranças daquela noite de ano novo serem turvas em sua mente, o nome daquele moreno parecera ficar gravado a ferro em seu inconsciente, saindo naturalmente de seus lábios assim como naquela noite onde o único som que conseguia produzir era aquele nome entre gemidos incontroláveis.

– Jongin, o nome dele é Kim Jongin – relembrou.

Baekhyun imediatamente pegou seu celular para procurar algum perfil com aquele nome, enquanto Kyungsoo apenas pensava na improbabilidade daquilo estar acontecendo consigo. Não queria se arrepender daquela noite, fora tudo tão bom, contudo, era impossível conter aquele sentimento amargo e o pensamento de que se não tivesse se envolvido com o moreno, nada daquilo estaria acontecendo. 

Um frio na barriga de apreensão também o tomava, porque não saberia o que fazer se Baekhyun realmente encontrasse o perfil dele. Iria fazer o que, mandar uma mensagem dizendo "olá, não sei se você se lembra de mim, mas transamos no ano novo e agora, meus parabéns, você vai ser papai"? 

E se o outro reagisse mal? 

Céus, Kyungsoo não sabia absolutamente nada a respeito do outro homem além do nome. Se ele tinha família, profissão, sua personalidade, sequer se ele era mesmo solteiro.

Infelizmente, as buscas de Baekhyun não deram em nada. Nenhum dos perfis que encontrara de pessoas com aquele mesmo nome correspondia ao moreno que Kyungsoo tinha a vaga lembrança. O que, de certa forma, era uma possibilidade ainda mais aterradora do que tê-lo encontrado e ter de confrontá-lo.

– E agora? – Perguntou em um misto de apreensão e temor. 

Parecia que, para onde quer que Kyungsoo olhasse, só haviam obstáculos. E aquela não era necessariamente a melhor sensação do mundo.

– Calma, Soo – Baekhyun o tranquilizou mais uma vez.– Eu tenho um plano. Tudo que você precisa fazer agora é descansar e amanhã nós vamos ter o contato desse Jongin em mãos. Confie em mim – prometeu.

E para Kyungsoo não havia outra opção senão confiar em Baekhyun. Esperava apenas que as ideias mirabolantes do amigo realmente dessem algum resultado. 

 

 

***

 

 

O lado bom de trabalhar com o próprio chefe é que, em uma situação como aquela, podia faltar ao trabalho sem se preocupar com mais nada. Não que o motivo de sua ausência na construtora fosse algo desejável.

Até que a ideia de Baekhyun não havia sido tão fantasiosa assim, uma vez que Kyungsoo aceitou de bom grado seguir seu plano naquela manhã. 

Era esquisito como, agora que já sabia de sua gravidez, todos os sintomas, os enjoos, fraquezas, pareciam ter diminuído drasticamente e, em compensação, sua apetite havia aumentado voltado e aumentado de forma exponencial. 

Sua cabeça ainda estava um caos, as emoções todas à flor da pele, entretanto, depois de uma noite de descanso e a presença de Baekhyun a seu lado a todo instante, Kyungsoo já se sentia mais confiante para pensar com sua mente racional, em vez de se deixar levar pelos sentimentos. 

A ideia de Baekhyun era simples: iriam voltar no hotel onde havia conhecido Jongin e pedir o contato dele. Não haviam erros, no entanto, ambos tinham noção que talvez não fosse assim tão fácil conseguir aquela informação.

Foi o que Kyungsoo descobriu assim que pediu por tal informação para a recepcionista no hotel da derradeira festa de ano novo.

– Me desculpe, senhor – a moça se desculpou.– Mas nós não podemos divulgar ou ceder informações a respeito de nossos hóspedes, sinto muito. 

Sua frustração ficou clara em sua expressão, entretanto, ainda assim Kyungsoo agradeceu polidamente a atenção e desculpou-se pelo incômodo, se virando na direção de Baekhyun com a derrotada estampada em seus traços. 

O que? Ele iria desistir assim tão fácil? 

Baekhyun, definitivamente, não deixaria. 

– Deixa comigo, Soo – disse dando um tapinha no ombro do amigo, vestindo seu melhor sorriso galanteador.

E Kyungsoo não entendeu bem o que ele queria dizer, até vê-lo voltando a falar com a recepcionista, com todos os seus trejeitos exalando sedução. O desgraçado estava dando em cima da recepcionista descaradamente. Kyungsoo ainda não sabia porque se surpreendia com atitudes daquele tipo vindas do amigo, para falar a verdade. 

– Desculpe o meu amigo, meu amor – Baekhyun disse com falso remorso.– Ele não tem maneiras. Mas, infelizmente, nós realmente precisamos do contato de Kim Jongin. 

Pela forma atenciosa que a moça ouvia cada palavra que saía da boca do clínico do seu amigo e a forma tímida que ela sorria de volta, Kyungsoo soube que o contato de Jongin não seria mais assim tão difícil de conseguir.

– Na festa de ano novo ele acabou esquecendo algo de muito importante com meu amigo e bem, nós realmente precisamos do contato para devolver isso a ele – mentiu Baekhyun.– Eu juro que ninguém nem mesmo ele vai descobrir onde conseguimos seu contato. Mas eu não estaria aqui pedindo se realmente não fosse importante. 

E apenas pelo jeito relutante que a moça olhou entre Kyungsoo e Baekhyun, ambos sabiam, ela iria ceder.

– Apenas um momento, – ela respondeu com claro nervosismo, virando-se para a tela do próprio computador em busca das informações do hóspede da data indicada no sistema.

E só então Kyungsoo se permitiu soltar a respiração que nem mesmo percebera estar segurando. Entretanto, não era como se já estivesse de todo aliviado.

Não quando a perspectiva de ter de revelar sua gravidez para um completo estranho se postava a sua frente. 

"O que eu vou fazer daqui em diante?"

Era apenas aquilo que cruzava sua mente, no entanto, Kyungsoo se recusava a se deixar levar por aquela teia de preocupações que apenas lhe fariam mal. Faria uma coisa de cada vez.

E falar com Kim Jongin era a próxima tarefa de sua lista.

Com mais um pouco de charme Baekhyun se despediu da recepcionista simpática, lhe agradecendo com um beijo no dorso da mão – brega e exagerado na opinião de Kyungsoo,– pelo cartão contendo o que fora buscar ali.

Baekhyun entregou o cartão para Kyungsoo que, com dedos trêmulos, aceitou-o em um misto de ansiedade e apreensão. O seu futuro, de alguma forma, estava anotado ali naquele pedaço minúsculo de papel. 

Tudo o que tinha anotado no cartão que receberam era um número de celular que, não era difícil perceber, era internacional. 

– Você quer fazer isso agora? – Baekhyun perguntou, referindo-se à ligação.

Milhares de possibilidades cruzavam a mente de ambos, mas Kyungsoo era de longe o mais assustado com toda a situação. Era coisa demais acontecendo ao mesmo tempo, muitos sentimentos o invadindo, muitos pensamentos lhe bombardeando. 

Não, definitivamente não estava pronto para fazer aquela ligação agora.

– Não, eu ainda não estou pronto – decidiu, respirando fundo para tentar se ver livre daquela sensação sufocante que lhe tomava o peito.– Apenas me leve para casa, por favor.

E Baekhyun entendeu, é claro. 

– Claro, vamos. 

 

 


***

 

 

 

Kyungsoo já havia ensaiado seu discurso mentalmente diversas vezes, entretanto, nada parecia apropriado. Como dar uma notícia daquelas a um perfeito estranho quando sequer havia aceitado aquele fato sobre si próprio? 

Baekhyun havia lhe deixado em casa e ido para o trabalho e, por mais que Kyungsoo desejasse aquele silêncio, aquele tempo sozinho para pensar, de alguma maneira, a própria mente se parecia com um ambiente muito poluído para conseguir sequer começar a entender o que se passava dentro de si.

Estava uma bagunça. Um perfeito caos. Como se um furacão tivesse passado e derrubado todas as estruturas que lhe suportavam e bagunçado tudo a respeito de sua vida que tinha como certo. E o que havia sobrado de si eram apenas ruínas. 

Como fazer sentido de suas emoções quando sentia-se esgotado? Como se manter forte quando acordara desejando não estar na própria pele?

Pior, como manter uma vida dentro de si quando não sabia nem mesmo lidar com a sua? 

Nunca passara por sua cabeça ser pai. Nunca estivera em seus planos ter filhos. Em todos os anos de relacionamento com Joonmyeon, esses que achava que seriam eternos, ambos haviam considerado algum dia ter filhos.

Não que não gostasse de crianças ou as repudiasse, era só que... Aquela possibilidade nunca havia lhe passado pela cabeça mesmo. 

Era tão novo, tinha tantas ambições e objetivos, principalmente para a vida profissional, que o assunto "filhos" nunca sequer lhe passara pela cabeça. 

Até agora.

Era muito esquisito pensar em si mesmo sendo pai. Gerando outra vida, criando uma criança, a educando. Parecia-se com um fardo pesado demais, responsabilidades das quais não poderia arcar. 

Uma dor de cabeça começava a se formar em suas têmporas apenas de pensar em todas aquelas centenas de possibilidades futuras, e o pior de tudo era aquela incerteza que o cercava de todos os lados. 

Deveria ligar para Jongin, sabia disso, mas só de olhar na direção do cartão com seu número anotado um medo irracional tomava conta de suas entranhas e lhe impedia de seguir em frente.

Não podia arcar com tudo sozinho. Sequer sabia que rumo tomar dali para a frente para falar a verdade.

Iria mesmo manter aquele filho?

Era uma possibilidade horrível pensar em aborto, mas... Kyungsoo estava desesperado. Não tinha um relacionamento, preparação, apoio, nem psicológico para aquilo. 

Céus, o que havia feito da própria vida?

Infelizmente, nenhuma ação sua poderia ser tomada individualmente porque, mesmo que não possuísse nenhum laço o ligando ao moreno que conhecera no ano novo, ainda sim ele era o outro pai e também possuía responsabilidades para com aquela vida que estava sendo gerada. 

Apesar dos dedos trêmulos e a angústia pesando seu peito, ainda assim Kyungsoo se esforçou para finalmente encarar aquilo que estava adiando e que, inevitavelmente teria de ser feito. 

Precisava ser forte por bem ou por mal.

O número no cartão era longo e possuía o prefixo internacional +1 no início, e foi com o estômago gélido de apreensão que Kyungsoo digitou cada um deles lentamente, se dando a chance de desistir no meio do caminho. Mas não desistiu.

E quando menos se deu conta já estava com o celular pressionado contra a orelha, ouvindo o bip da ligação ecoando na mesma sintonia de sua coração acelerado. 

E então uma voz aveludada e masculina soou do outro lado da linha, espalhando uma sensação de ansiedade e adrenalina por suas veias. Reconhecimento recaiu sobre si, tirando de sua memória uma das poucas recordações que possuía da noite de ano novo.

– Hello? 

Era Kim Jongin. 

E Kyungsoo ainda ouviu a respiração cadenciada do outro lado soar por mais uns cinco segundos antes de encerrar a chamada e desistir de toda aquela ideia, jogando o celular para longe de si como se uma descarga de bom senso tivesse caído sobre si. 

Seu coração batia enlouquecido no peito como se tivesse corrido uma maratona e a respiração estava curta, mas tudo aquilo era em decorrência apenas da própria adrenalina sendo administrada por seu sistema nervoso.

Aquela fora claramente uma péssima ideia. 

Kyungsoo queria pensar que não, que talvez pudesse ser diferente, que o outro talvez tivesse uma reação positiva ou, pelo menos, se responsabilizasse por sua situação e apresentasse o devido suporte, contudo, estaria apenas se iludindo. 

Como permitiria a entrada de um completo desconhecido em sua vida? Como dividiria tal responsabilidade com uma pessoa que nem mesmo conhecia a índole? 

Ele também poderia ter a pior reação possível e, definitivamente, Kyungsoo não estava preparado para recebê-la. Já estava abalado demais para conseguir aguentar outro baque do tipo.

Kim Jongin nem mesmo estava no país e, tudo indicava que ele não residia ali. Iria mesmo incomodá-lo com tal preocupação quando ele provavelmente estava do outro lado do mundo?

Não, Kyungsoo decidiu que não. 

Sem nem se dar conta, lágrimas grossas desciam por seu rosto em pura frustração, enquanto, por dentro, Kyungsoo aceitava sua sina. 

Teria de aguentar aquilo firme, forte e sozinho. 

 

 


***

 

 

 

A primeira coisa que Baekhyun fez depois do trabalho foi se dirigir até o apartamento de Kyungsoo. 

Durante todo o dia sua mente estivera distraída, pensando no melhor amigo. Saber que agora ele pelo menos possuía o contato do outro pai o acalmava de certa forma, entretanto, não era como se aquilo eliminasse todas as dificuldades de uma só vez.

Era impossível não se colocar no lugar dele em tal situação. E por mais que pensasse e discorresse mentalmente sobre tal assunto, ainda não sabia o que faria se fosse a si no lugar dele. 

Ter um filho no auge da carreira e juventude era arriscado e poderia ser um grande erro também. Por mais egoísta que soasse aquele pensamento, Baekhyun não gostaria de estar passando por tal situação. 

– E então, você ligou para ele? – foi a primeira coisa que perguntou assim que viu o amigo.

Kyungsoo parecia estranhamente... Normal. Recomposto e muito mais parecido com si mesmo desde a última vez que o havia visto naquela manhã.

Confirmado seria a palavra certa para descrevê-lo. 

– Não, – ele negou e a firmeza de seu tom surpreendeu Baekhyun.– Eu decidi não contar para ele.

Ok, Baekhyun não esperava por aquilo. Quer dizer, o outro cara tinha o direito de saber e também a responsabilidade a ser contada, mas, novamente, aquela não era uma decisão que cabia a si e, se Kyungsoo havia decidido de tal maneira, só poderia apoiá-lo.

– Você tem certeza disso? – quis se certificar.

E Kyungsoo acenou positivamente, respirando fundo para criar coragem de contar a outra decisão que havia acabado de tomar para o amigo. Ficar sozinho e tentar com seus pensamentos e tentar entendê-los havia sido esclarecedor de fato. 

– Eu também decidi manter a gravidez. Eu vou ter esse filho, Baek. 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Oh oh, parece que o drama começou ):

Mas e o Jongin, quando vai aparecer finalmente? SEXTA NO GLOB- mentira, é sexta por aqui mesmo. Haha

Estão gostando? Odiando?

Comentários previnem gravidez indesejada q

Beijos e até o próximo <3


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