Estava nervoso, eufórico e apreensivo, saber que ela estava bem e que estava tão próxima fez seu sangue ferver. Não devia tê-la deixado sozinha, não devia ter revelado onde Naruto estava trancado,não devia ter perdido tempo e muito menos ter trazido Uchiha Sasuke com ele.Olhou para o lado do passageiro,o moreno se concentrava em recarregar alguma armas e selecionar a munição,parecia saber bem o que estava fazendo,não importava,desde que não se colocasse entre ele e o que ele queria não iria precisar usá-las.Manobrou o carro seguindo o outro logo a frente:
—Pode ser uma armadilha — Avisou o Uchiha soprando o cano da arma.
—E pode não ser.
—Não pode deixar que ela controle você como o Naruto a controla com o frenesi, vamos morrer desse jeito.
O Akasuna o olhou com cara de poucos amigos. Ela não o controlava, não tinha poder nenhum sobre ele, ninguém tinha,mas era de sua responsabilidade protegê-la,independente dos seus sentimentos confusos e magoados,já tentou matá-la por diversas vezes mas tudo o que queria era vê-la de novo,poder pagar tudo o que fez por ele e como ela arrancou as imagens de Jaqueline de sua cabeça,ela era diferente,então ele seria diferente.
—Ela não vai me controlar — O olhou de esguio — Não é com os meus sentimentos com que temos que nos preocupar.
O Uchiha o fitou sério e logo depois esboçou um sorriso. Era sério aquilo?Sasori tinha medo do que ele podia fazer? Mesmo que se sentisse no direito ele não iria entrar naquela disputa, qualquer esforço que fizesse para conquistá-la iria ser em vão, seria perda de tempo. Sasori o acusava de ser covarde, e até agora não viu ninguém que estivesse disposto a abrir mão dela como ele fez. Guardou as armas no porta luvas.Isso não é ter coragem?Abrir mão de algo que pela ordem dos fatos deveria lhe pertencer?Talvez se ele tivesse se aproximado antes,quando ela ainda era uma garotinha de quinze anos e ele velava pelo seu sono do telhado das casas,das vezes que a protegia quando ela se envolvia com um daqueles seus amigos drogados e dirigiria alcoolizada. Foi seu guardião por tanto tempo, porque o Akasuna se achava superior a ele?Não passava de cãozinho de estimação que tentou matá-la duas vezes, e nessas vezes foi ele quem esteve lá para salvá-la!Ela ter se apaixonado pelo Naruto foi apenas uma fatalidade, não devia ter acontecido,quando Naruto a protegeu pela segunda vez não foi por vontade própria,estava apenas seguindo ordens, nada sabia sobre ela, nada!Ser imune a veneno de lobisomem foi o que o colocou naquela situação. Fechou os olhos, encostando a cabeça para trás. As coisas pareciam conspirar a favor do Uzumaki, como ele adivinharia que ela seria vitima do frenesi, e que ele era o Zei?No inicio não era tão importante, pensou que a ligação passaria rápido e ela se lembraria da sensação que sentiu quando ela o viu pela primeira vez. Ela sentiu algo, era impossível que não tenha sentindo por que... Porque ele sentiu!E mesmo assim, não iria contar com isso pra se aproximar de novo...
—Chegamos... — O Akasuna informou quando passaram pela grande saudação de “bem vindos” no inicio da cidade. Pelo o que dizia o bilhete deveriam achar um lugar para ficar, mas onde seria?Aquele lugar parecia um mini labirinto, e a sensação de que passavam pelo mesmo lugar eram freqüentes, as casas quase todas iguais de época colonial parecia trazer lembranças ao Akasuna. Lembranças, da infância principalmente; ao fitar um balanço pendurado em uma árvore pode recordar de Jaqueline, e da época em que e brincavam pelas ruas da Geórgia, descalços e felizes, sem compromissos e maldades, pensou melhor... Não... Ele odiou aquela época.
Estacionaram o carro, assim que o outro que estavam seguindo fez o mesmo um pouco à frente. A mulher de estatura mediana saltou do veiculo e veio em direção a eles. Abaixou o vidro do carro:
—A senhorita Sakura irá encontrá-los assim que puder, mas acho que podem ficar naquela pensão do outro lado da rua — Apontou para um pequeno estabelecimento, cercado por árvores e gramas,de aspecto aconchegante e familiar onde algumas crianças corriam de braços abertos ao redor de um poço de tijolos. Sasori retirou os óculos e olhou sorrindo sinicamente para a mulher:
—Ótimo, adoramos crianças...
Shizune retribuiu o sorriso encantada, sem duvida eram boa gente, o moreno principalmente, inspirava confiança. Quando ela saiu de perto do carro Sasuke se virou para o ruivo:
—Não quero que devore ninguém — O visou abrindo a porta e colocando a mochila nas costas, o ruivo o encarou incrédulo e inconformado:
—O que?!Mas por quê?! Crianças somem o tempo todo!
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Fitei o teto e os seus desenhos magníficos, a claridade entrava pela janela e o silencio tomava conta de todo o casarão, exceto pelo jardineiro e algumas pessoas que trabalhavam na casa eu podia me considerar sozinha. Levei uma das mãos aos olhos tentando afastar a luz que os incomodava, relaxadamente deitada sobre a cama eu tentei acatar as ordens de Zei e não vomitar nela. Zei... Eu o sentia um pouco menos a cada dia, sorri involuntária. Porem o medo de fazer algo que novamente viesse a lembrá-lo de Jaqueline me consumia, e alem disso outras coisas me incomodavam. Se Naruto estava voltando aos poucos porque não pensava em mim?Quando Zei estava próximo de retornar vivia falando no nome de Jaqueline, e me comparava a ela o tempo todo, fechei os olhos tentando não pensar a respeito, talvez ele estivesse confuso e Zei o estivesse reprimindo,isso...Ele estava confuso,não pensava em mim porque estava confuso.O barulho de pneus adentrando a propriedade me fez saltar da cama apressada.Era Shizune.
Desci as escadas o mais depressa possível, corri pelo jardim esbarrando em alguns empregados. Quando Shizune estacionou e desceu eu a abracei de imediato.
— E então?— Quis saber eufórica e preocupada, o medo de que não o tivesse encontrado martelava em minha cabeça.
—Estão hospedados em Kettering’Glover uma pensão aqui perto — Disse sorridente.
—Estão? — A olhei confusa. O que ela quis dizer com aquilo?
—Sim, o senhor Akasuna e outro rapaz simpático que veio com ele — Fechei os olhos desejando morrer, implorei a deus para que Shizune não estivesse falando do Uchiha, o senhor consciência iria acabar com tudo, nunca permitiria que eu desenterrasse Hinata. — Acho que se chama Uchiha.
Peguei as chaves das mãos de Shizune e entrei no carro. Quando dei partida pude ver seu semblante culpado, e para fazer com que se sentisse melhor eu lhe dei o meu melhor sorriso:
—Você não fez nada errado. Obrigada Shizune...
Eu não tinha tanto tempo, pra dizer a verdade eu não tinha tempo nenhum, precisaria estar com o broche e com o corpo antes que Gaara voltasse de sua caçada pela bruxa, ter Sasuke por perto não era uma boa noticia, até hoje nunca vi ninguém mais correto e aquilo poderia significar tudo indo água a baixo, mas eu não deixaria que nada se pusesse entre a minha vida.
Tentei me lembrar do nome da pensão, mas Kettering não era uma cidade muito grande, assim que entrei na avenida pude ver a placa com o nome que eu estava procurando. Desci do veiculo e caminhei para frente da pensão. Movimentada com idosos e crianças logo se via o ambiente familiar, com certeza não era o lugar apropriado para Sasori, motel em posto de gasolina era mais a cara dele.
O lugar era bem cuidado e a recepção aconchegante, diferente do que se mostrava do lado de fora parecia um lugar fino porem pequeno, flores e plantas nos cantos das paredes e um balcão com um telefone antigo, lembrava bastante as decorações dos anos 60. Uma escada levava para um segundo andar.
—Olá — Me acheguei a recepção, uma mulher de meia idade, de cabelos brancos e óculos me atendeu sorridente:
—Posso ajudar?
—Estou procurando por Sasori Akasuna...
Mal termino de falar e passos rápidos e galopantes começam a desce as escadas. Me deparei com cabelos ruivos e um sorriso contagiante,os olhos castanhos estavam ainda mais iluminados:
—Magrela... — Sasori sussurrou enlaçando o meu pescoço num abraço apertado e sufocante, me prendendo entre seus músculos salientes, lobisomens tinha que ser sempre tão fortes?
—Oi... — Dei leves tapas em suas costas largas, o reconfortando, assim que nos separamos pude ver o rosto sério e pálido de Uchiha Sasuke também descer as escadas, enigmático e sensual. Olhei para Sasori buscando uma explicação.
—Ele quis vir...
Suspirei decepcionada, não me lembrava de ter colocado um lembrete dizendo “Traga o Uchiha” Estava nervosa, sequei as mãos suadas nos bolsos da calça seguindo para o jardim na frente da pensão.
—Espera! — Sasori me seguiu segurando meu braço, impedindo que eu continuasse.
—Não era pra ele estar aqui!— Sussurrei para o ruivo e olhei por cima dos seus ombros, onde Sasuke se mantinha encostado ao batente da porta — Não era... — Sussurrei um pouco mais baixo, para evitar que o Uchiha ouvisse o que conversávamos.
—Ele ainda ta te ouvindo... — O Akasuna pôs as mãos nos bolsos e girou o tronco para fitar o moreno.
—Ah, que ótimo! — Esbocei um sorriso falso e acenei para o Sasuke — Sasori eu preciso que você me ajude, e tenho certeza que Sasuke vai tentar impedir então... Eu não sei se devo confiar em você.
—Claro que deve!Acho que sou mesmo o único em que deve confiar.
—Não vai dizer isso depois que eu te disser do porque preciso de você — Olhei para o Sasuke, excluí-lo de algo como o que estava para acontecer poderia ser ainda pior, e ele saberia mais cedo ou mais tarde, eu podia estar apostando minha fixas na pessoa errada, mas eu precisava que ele também estivesse do meu lado pra isso. —Vou precisar de vocês dois...
Naquela altura do campeonato eu me encontrava sentada sobre a cama num quarto de pensão, esperando por uma reação positiva depois de ter colocado um vampiro e um lobisomem a par do que estava acontecendo. Sasuke que estava sentado numa poltrona frente a mim, passou as mãos pelos cabelos visivelmente nervoso.Sasori andava de um lado pra o outro frente a janela.
—Eu preciso que me ajudem...
—Não!— Sasori esbravejou acenando negativamente com o dedo indicador — Nem pensar, não vai trazer Jaqueline de volta!
—Se não pode me ajudar então também não vai me impedir!
Me levantei me pondo frente ao ruivo,estava determinada a fazer com ou sem a sua ajuda,ele não seria o impedimento que iria me parar.
—Ela tem razão...
Olhei para o Uchiha de maneira incrédula, ele havia me dado razão?Mesmo depois de ter dito que usaria o corpo da Hinata pra isso? Petrifiquei o meu olhar sobre o seu, eu esperava por uma explicação do porque ele faria isso, mas ele simplesmente desviou os olhos, desconfortável.
—Não ela não tem!Vocês não sabem o que estão querendo fazer. E quem é esse Gaara? Como pode saber se ele é confiável?
—Queremos a mesma coisa então eu não tenho alternativa, tenho que confiar nele.
—Se for mesmo fazer a transferência então a bruxa irá precisar de muita energia... — Sasuke se virou para mim.
—Desculpe eu não entendo.
—Como o feitiço é antigo e faz parte de um pacto então à bruxa terá que canalizar energia de algum lugar, geralmente usam a lua cheia ou um fenômeno natural como eclipse.
—O que quer dizer? — Quis saber apreensiva, tinha medo da resposta, eu não estava na condição de ir atrás de mais nada.
—Você tem dois dias pra fazer o feitiço quando a lua estiver cheia,e a não ser que Zei tenha muita paciência pra te deixar viva por mais uma semana antes de tentar trazer Jaqueline então essa é a sua única chance.
Senti uma cortina negra de desespero varrer todo o meu corpo, as coisas eram ainda pior do que eu imaginava.Me virei para Sasori com um olhar suplicante,ele tinha as mãos apoiadas a parede e a cabeça baixa:
—Por favor Sasori eu preciso que me ajude.Não entende que se eu não conseguir eu vou morrer?
—Porque não fugimos?— Segurou meus ombros com firmeza — Vamos fugir e pronto!Não vai precisar ser sacrificada!
—Eu não posso... — Balancei a cabeça negativamente — Ele vai nos perseguir e vai nos matar, é isso que vai acontecer!
—Ela não pode ir por causa da ligação — Interveio o Uchiha, parecia me acusar com satisfação enquanto me olhava com aqueles olhos negros e debochados — Ela vai sempre nos levar direto pra ele, é como um imã inconsciente...
—Isso não é verdade.O que eu sinto não é frenesi! — Me defendi.
—Quer tentar a sorte?
Sasori me olhou desacreditado. O que ele queria?Que mentisse e dissesse que estava tudo bem?Que era o frenesi que me obrigava a não me afastar dele, mas não era!e a cada vez que eu pensava nisso eu tinha mais certeza do que eu sentia.
—Eu ajudo — Sasori virou o rosto para mim — Mas eu sei que não é por você que está fazendo isso, então assim que acabar, assim que ele voltar ao normal eu quero que vá embora.
O que?De que me serviria ser livre nessas condições?Sasuke parecia estar de acordo com a proposta, pois fitou o chão por poucos segundos e entrelaçando os dedos levantou os olhos para mim, não disse uma só palavra.
—Eu quero me tornar uma vampira...
—Não vai se tornar uma vampira! — Rugiu ascendendo os seus olhos amarelados; no mesmo instante Sasuke se levantou sacando uma arma apontada para a cabeça do ruivo. Afastei alguns passos até minhas mãos tocarem as cortinas da janela, meu coração batia acelerado, e uma corrente de adrenalina e medo percorreu por minhas veias. O que significava aquilo?
—Eu sugiro que se acalme, não é de hoje que procuro um motivo pra enfiar uma bala na sua cabeça.
Desde quando Sasori não tinha controle sobre sua transformação?E porque eu me tornar uma vampira fazia tanta diferença pra ele?!
Sasori passou as mãos pelos olhos e respirou fundo, suas costas se contraíram e se expandiram na tentativa de se acalmar,eu sinceramente me pergunto se uma simples bala nos protegeria caso ele perdesse o controle,e contudo não queria que se machucasse.
—Eu vou com você desenterrar o corpo de Hinata amanhã se preferir, e se quiser também posso ir atrás do broche — Sasuke me surpreendeu mais uma vez aquele dia; não pensei que fosse se importar, imaginei que nossas diferenças fossem falar mais alto — Agora eu quero que vá embora...
Balancei a cabeça positivamente e fui em direção a porta, rente a parede, não queria fazer nenhum movimento brusco e ser surpreendida por mais um ataque de fúria de Sasori, fui segura pelo braço e Sasuke se alarmou mais uma vez, suas mãos frias seguraram as minhas e com a outra se mantinha com a arma apontada:
—Eu sinto muito... Se você quiser, eu vou atrás do broche — Sasori disse finalmente. Olhei para Sasuke antes de fitar o Akasuna, soltei as mãos do mesmo, e sendo guiada pelo moreno consegui sair do quarto.
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