O vento soprava calmo e sorrateiro, arrepiando minha pele e espalhando as ultimas folhas amareladas de outono,o sol não apareceu aquele dia. Sentada sobre o primeiro degrau da escadaria pude ver a figura masculina se aproximar a passos tranqüilos e serenos. A jaqueta de couro e os cabelos agora desfiados davam a ele um ar rebelde e juvenil, o mesmo tão característico que me fez lembrar do garoto revoltado dos corredores da instituição,mascando seu abençoado chiclete.Foi encantador o modo despreocupado com que se aproximou de mim,depositando pelo que parecia uma seringa e um vidro escuro com um liquido espesso.Depois disso continuou subindo as escadas em direção a entrada principal,parecia não ter me visto ali.Eu devia dizer que estava melhor?Que já não sentia mais os enjôos e que a dor de cabeça não me incomodava mais?
—Eu não preciso mais disso.
—Aplique o vidro todo — Ordenou frio e autoritário; caminhando lentamente, não se dando ao trabalho de ao menos se virar para falar comigo.
Toquei o objeto e me coloquei a fazer o que ele pediu, ou ordenou. De repente tudo o que ele dizia parecia fazer sentido ou estar sempre certo, não queria deixá-lo zangado ou decepcionado. Estranho porque... Decepção geralmente é um sentimento de quem se importa, e ele não parecia muito interessado no meu bem estar. Não sabia com quem estava lidando naqueles últimos dias, ou sobre qual personalidade me afetava mais, eu queria acelerar as coisas, abraçá-lo e dizer que estava com saudade, e que não houve nenhum momento em que não pensei em trazê-lo de volta; Mas e se fosse o Zei? E se tudo quilo fortalecesse o seu espírito aprisionando Naruto cada vez mais?Decidi então não arriscar.
Olhei para o pulso me certificando do horário, devia me encontrar com o Sasuke em poucos minutos e logo depois com Gaara, tudo seria tão corrido e de alguma forma me pressionava a pensar se eu devia mesmo confiar no Sabaku, eu estava apostando todas as minhas fichas e minha boa fé em que ele me ajudaria. Pensei por um momento em como ele foi forte em enfrentar sozinho as barbaridades de Jaqueline com o seu próprio filho, meu coração se aqueceu de um sentimento maternal que eu não pensei que tivesse. Jaqueline viveu as melhores coisas que alguém poderia querer, e não soube ser grata pelo que conseguiu; tudo o que tocou se reduziu a cinzas.
O escritório parecia cada vez mais escuro a meu ver, e embora Zei estivesse me parecendo também cada vez mais maleável eu entendia minha condição de prisioneira dentro daquela casa. Se eu quisesse me encontrar com o Uchiha, precisaria de uma permissão para sair. Empurrei a porta e ela se esbarrou com pés descalços e estendidos ao chão, passei pela fresta que consegui abrir. Ele se encontrava relaxadamente deitado sobre o tapete, numa posição de cruz e com os braços abertos,tinha os olhos fechados e voltados para a lâmpada adornada no teto,seu rosto parecia cada vez mais pálido, e sua pele ganhava uma transparência delicada, suave e fria.Seus dedos longos e ossudos adornados de anéis rubros e chamativos pareciam rejuvenescidos e frágeis,olhando-os daquela forma pareciam mãos de porcelana,dando a impressão de que se quebrariam ao mais gentil e amável toque.Os cabelos antes âmbar e opacos ganharam uma tonalidade ainda mais clara, adornando como uma moldura os ossos elegantes da face,o nariz aristocrático pareciam ainda mais arrogantes,um sorriso sensual e tentador surgiu em seus lábios maliciosos, e os caninos se mostraram modestos.Não pensei que pudesse superar a própria formosura,tinha me esquecido do semblante infantil e feminino que possuía antes de Zei aparecer,os traços grosseiros e rígidos que o pertenciam estavam sumindo,talvez a única coisa que mantinha Zei sobre o controle daquele corpo fosse a sua determinação em trazer Jaqueline de volta,mas as demais coisas que lhe pertenciam quase não existiam mais,me perguntei se ele percebia as mudanças visíveis em sua aparecia.O que eu estava dizendo?Ele não podia se ver no espelho!Talvez por isso não se alertasse de que o seu tempo estava acabando... E o meu também. Eu precisava fazer o que era necessário, mesmo que Naruto retornasse não concordaria com o Sacrifício de Hinata, provavelmente se culparia e tentaria me parar, tentaria mais uma vez controlar o Zei, e as coisas se repetiriam de novo.
—Não gosto que olhem assim pra mim — Aquilo me pareceu familiar, tão familiar que por fração de segundos imaginei que ele pudesse ter voltado.
—E tem um jeito certo de olhar pra você?
Ele ergueu o tronco e se apoiou aos cotovelos, levantou uma das sobrancelhas bem feitas e sorriu, meu coração parecia reagir a cada estimulo seu, e mesmo que pudesse estar rindo de mim e não para mim, eu não conseguia evitar os batimentos acelerados dentro do meu peito.
—Engraçadinha... A porta — Apontou para a mesma atrás de mim — Foi feita para bater então... Bata — Sorriu mais uma vez.
Desfiz-me do transe ao qual estava submersa, ainda era o Zei, mas porque se parecia tanto com Naruto? Pigarreei antes de dar a volta por ele e me sentar em uma poltrona acima de sua cabeça, ele ergueu os olhos para fitar os meus acima dos seus:
—Eu quero sair.
—Não conhece nada e nem ninguém, porque quer sair?Acho melhor que fique aqui. — Levantou as mãos e tocou uma mecha dos meus cabelos, como Naruto costumava fazer quando se alimentava de mim, fecho os olhos e as lembranças invadem a minha mente com um turbilhão de emoções – É só o que falta pra que possamos ficar juntos... “Pra sempre...”
—Eu não saio há semanas, esse lugar está me deixando doente!
—Talvez possamos fazer algo juntos, amanhã será mesmo nossa ultima noite em Kettering.O que acha de fazermos uma visita ao prefeito?
—Por quê?!— Me alarmo segurando o seu pulso estendido, ele fitou o meu gesto e umedeceu os lábios rosados.
—Depois de amanhã nós vamos para Portland, tenho assuntos importantes por lá. —Seus olhos eram vagos e misteriosos, me lembrei imediatamente do broche, não sabia se poderia mesmo contar com Sasori para fazer o serviço, eu estava à mercê da sorte naquele momento. Quando pensei em contestar fui surpreendida por um ato inesperado, ele se impulsionou para cima e selou seus lábios aos meus de modo gentil e carinhoso, senti suas mãos frias enlaçarem meu pescoço e os seus anéis se emaranharem entre meus cabelos. O calor tomou conta de todo o meu corpo. Seus beijos mornos se tornavam cada vez mais famintos, ergueu-se mais um pouco apoiando suas costas em minhas pernas, e com a cabeça em meu colo senti seus dentes pretensiosos pressionados contras meus lábios, seu hálito era quente e inodoro, eu não me importaria de permanecer daquela forma durante o resto do dia, ou da vida. — Arrume suas coisas.
Me afastou sem nenhuma cerimônia,se levantou e caminhou para a saída .Parecia brincar com a minha sanidade,pude perceber que usava o que eu sentia contra mim,para conseguir tudo o que queria sem muito esforço...Filho da puta!
Acenou com as costas das mãos e desapareceu, mas não antes que eu me levantasse e gritasse com todas as forças do meu pulmão:
—Eu vou aonde eu quiser!
Ele acenou com o dorso da mão fazendo pouco caso do que eu disse. Quando me levaria a sério, e faria conta dos meus sentimentos?!Não acredito que mesmo a sua pior personalidade não pudesse sentir nada!Depois de tudo que eu fiz por ele, depois de abandonar tudo e todos, e pior, depois de passar por cima dos sentimentos de outras pessoas, eu não significava nada — Espera! — Gritei furiosa, corri para cansá-lo e me coloquei a sua frente, segurei seu rosto entre minhas mãos e o forcei a olhar no fundo dos meus olhos, estes quais estavam sustentando algumas lágrimas de orgulho e desespero. Ele parecia indiferente, não esboçando nenhuma reação positiva ou mesmo humana. — O que aconteceria se eu não servisse mais para o ritual?Você me mataria?!
—E que diferença isso faz agora?E você serve...
Tentou se desvencilhar das minhas mãos:
—Não, espera!Não me mataria não é?— Sugeri esperançosa. Senti minhas mãos tremerem e o choro entalado em minha garganta — Não faria porque gosta de mim, eu sei.
—É patético o modo... — Aproximou seus lábios novamente dos meus, suas palavras eram sussurrantes e firmes — Como tudo tem que girar a sua volta — Se afastou lentamente e voltou a fitar meu rosto, transbordando penúria em sua voz. Se pôs a subir as escadas. Quem era ele pra dizer aquilo?Quem era ele para me julgar daquela maneira? Quando foi que pensou em outra pessoa alem de si mesmo, e alem da sua obsessão por um fantasma?!Pois era isso que ela era, um fantasma!
—Porque não aceita de uma vez que ela morreu! — Ele parou imediatamente, e com as mãos nos bolsos e os pés descalços fez menção de retornar, mas se manteve petrificado, sua respiração foi profunda e pausada, olhou para cima, e por um reflexo vi seu rosto se contrair num sorriso forçado — Sou a única coisa que você tem agora...
—Não... —Ele pareceu inconformado e sugestivo — ‘Eu’ sou... A única coisa que você tem agora...
Não era verdade!... Ou era?Eu tinha a mim mesma e tinha pessoas que se importavam comigo, eu tinha meu irmão – Esse o qual eu não poderia mais ver – Mas eu tinha o Sasori, eu tinha o Kakashi, a Ino,e de alguma forma eu tinha o Sasuke – esses quais me ofereciam perigo, e outros aos quais eu oferecia o perigo – Eu tinha... – Eu não tinha mais ninguém... Naruto era definitivamente tudo o que eu tinha agora. Realmente perdi as contas de quantas vezes fui desprezada, amor não correspondido?Que droga é essa!E porque dói tanto?!Porque eu não era o suficiente pra ele? Ele se foi, e assim que virou as costas peguei as chaves do carro encima da mesinha de centro, estava indo encontrar o Uchiha.
Minha mente fervilhava,pra ser sincera eu fiz de tudo para que ele se curasse,pra que pudesse cumprir a promessa que me fez,a promessa de compartilhar comigo a eternidade,o “pra sempre”,e de todas as coisas que eu sentia,nada me fazia mais falta do que um beijo verdadeiro,e se eu o experimentei em algum momento,se foi sincero eu não saberia identificá-lo agora.Tinha medo de que ele voltasse a si,e percebesse que não sente nada!Me apeguei a idéia de que ele me ama,mais ainda não percebeu.Fico pensando se o beijo amoroso,aquele acompanhado de sentimentos viria acompanhado de um “Eu te amo”.
Manobrei o carro do outro lado da rua, esperando que alguém conhecido saísse de dentro da pensão.Olhando dali percebo que estava sendo vigiada por Sasori,do alto da janela ele desvia o olhar em outra direção e volta para dentro:
—Ta tudo bem?— Fui surpreendida pela presença de Sasuke que já adentrava o veiculo, era impossível que ele tenha chegado ali tão rápido sem usar suas habilidades de vampiro, pelo retrovisor pesquiso se alguém mais tinha visto aquilo. O Uchiha se desfez da bolsa que trazia nas costas, jogando-a no banco traseiro, aquilo era realmente necessário?
—O que é isso?
—Lanternas, cordas, armas...
A última palavra foi usada de maneira assombrosa,como se tivesse mesmo a intenção de me assustar,demonstro então um sorriso apático, ele não iria me impressionar.
—Não vamos sair de um cemitério com um caixão a luz do dia não é? A alem disso não sabemos como está o tempo até que cheguemos lá,não quero correr o risco de morrer queimado.
—Uchiha Sasuke tem medo de morrer queimado? — Minhas risadas saíram divertidas, até perceber o seu olhar confuso, ao sentir minha animação ele se permitiu sorrir de modo aliado, talvez não pensasse que pudéssemos ser amigos até aquele momento. Espera, éramos amigos? Bom, não importava, ao mesmo tempo que me sentia vulnerável ao seu lado,não podia me sentir mais segura:
—Você não?
Saímos então de Kettering, e à medida que avançávamos ao som de Back in Black senti Sasuke mais a vontade ao meu lado,até arrisquei a letra da musica,passei vergonha, mas ele pareceu não se importar, era nostálgico o modo como o vento soprava meus cabelos enquanto atravessávamos a estrada desértica em mojave, me senti livre de novo, como se os meus melhores anos tivessem retornado outra vez, sem compromissos, responsabilidades ou deveres, só eu a estrada e é claro,Sasuke.
Seu rosto pálido em contraste com seus olhos negros pareciam atentos; como se estivessem acostumados a cada gesto meu, não perdendo um só detalhe, o cara sério de antes deu lugar a alguém que eu ainda não conhecia.Paramos o carro no acostamento para que revezássemos a direção,nunca o vi tão radiante, e de uma maneira discreta também nunca o vi tão...Feliz?
—O que acha de uma tequila?— Me sorriu mateiro, como um adolescente que experimentava algo pela primeira vez. Ainda era muito cedo para se desenterrar alguém, e alem do mais, vampiros não ficam bêbados não é?...Não é?
Adentramos um bar a beira da estrada, com motos Harley dignas de grupos de desertores de jaqueta de couro, e ao chegar em seu interior percebo que não é diferente do que eu imaginava,a musica era alta e o cheiro de cigarros e de bebidas exalava por todo ambiente.Homens barbudos e tatuados,com bandanas de caveiras disputavam quebra de braços e jogos de sinuca,o bar era pouco iluminado porem as luzes que entravam pela porta fazia um belo e atrativo arco-íris nas diversas cores de garrafas cheias de bebidas quentes.
Sasuke deslizou para o balcão com maestria, como se tivesse feito aquilo milhares de vezes antes,então o imitei. Uma mulher que se concentrava em secar alguns copos parecia distraída até finalmente notar nossa presença. De óculos hippie tinha cabelos curtos e despenteados, no braço esquerdo sobre a blusa decotada e de alça um visível pentagrama desenhado em sua pele, pareceu feliz em ver o Uchiha:
—O bom filho a casa torna — Olhou sorridente para ele antes de me fitar com o mesmo semblante — Não me diga que mudou de idéia?— Se debruçou sobre o balcão,deixando visível seu decote exageradamente vulgar.
—Não — Sorriu. Eu realmente não conseguia imaginá-lo sorrindo daquela maneira, principalmente para uma mulher como aquela — Ainda não tenho como pagar. Mais duas tequilas já servem...
A mulher desenhou um circulo encima da mão de Sasuke o acariciando, para logo desaparecer entre uma cortina de botões logo atrás dela. Olhei para o homem ao meu lado, não podia dizer as coisas perversas que se formavam em minha cabeça, e muito menos conter a minha curiosidade sobre o que falaram, fechei os olhos aprisionando meus pensamentos sórdidos. Sasuke acompanhou o meu olhar, esse agora estava fixo sobre a entrada pela qual a mulher desaparecera, não pude conter as palavras em minha boca:
—O que foi isso?Não sabia que se relacionava com mulheres assim.
—Viu o pentagrama?— Sugeriu falando da tatuagem — Ela é uma bruxa projetista, pessoas como ela fazem feitiços de contenção para vampiros, amaldiçoa um objeto e pronto, pode sair ao sol quando quiser.
—E que tipo de pagamento ela queria? — Franzi cenho pronta pra sugerir algo perverso. Ele ter me explicado do que tratavam já foi uma grande surpresa pra mim, então esperei ter a mesma sorte novamente:
—Jura que não percebeu?— Me assusto com o que ele disse não pondo fé em suas palavras — É brincadeira, bruxas projetistas só aceitam objetos absurdamente antigos, acreditam que podem canalizar o poder da época a que pertenceram essas coisas...
—Você não tem vontade de sair ao sol? — Perguntei fitando seus olhos misteriosos; estava pronto pra responder quando formos interrompidos pela bandeja com as bebidas e uma garrafa de tequila.
—Aqui está! — A mulher nos interrompe animada, distribuindo as bebidas encima do balcão. Em seu crachá dizia – “Konan” Um nome realmente característico.As muitas atenções do bar estavam voltados para nós,olhos curiosos e nada amigáveis,tentei relaxar fingindo não me importar:
—Diga Konan... — Levanto a bebida como se sugerisse algo — Qual o valor de um amuleto de contenção?
Alguma coisa me dizia que ela se sentiu ameaçada, pois no mesmo instante seu rosto simpático se transformou em um nada amigável, era evidente que sentia ciúmes do Uchiha,como também era óbvio que o mesmo alimentava esse sentimento:
—Muito mais do que pode pagar é claro.
Meu sorriso foi satisfatório, procuro em mim alto antigo o suficiente para barganhar, me deparo então com o colar que recebi do Naruto. Não, era valioso demais para ser trocado, então em meus dedos um anel que até então não percebi que carregava; algo de família, algo raro, algo de Jaqueline que peguei emprestado na minha ultima visita bem sucedida à casa de Portland:
—Isso é o suficiente? — Retiro o anel e coloco frente aos seus olhos, Sasuke parecia surpreso com o meu gesto. Konan viu o objeto brilhante e chamativo em sua frente, como era algo que a interessava fez menção de pegar, então o afastei — Não. Quero ver o amuleto primeiro...
— Como consegui isso?...
—Sou uma pessoa de sorte, adoro encontrar coisas, mas não sei se posso achar algo assim de novo — Joguei o objeto para cima, receptando novamente com as mãos — Acho que pertenceu a alguém chamada Jaqueline Cher. Irmã de uma bruxa de nome Janeth Cher, já ouviu falar? A bruxa mais poderosa da idade da renascença?Seria uma pena se você não conseguisse isso...
—O que você quer? — Se mostrou desesperadamente interessada.
—Um amuleto de contenção para o meu amigo aqui.
Sasuke deixou escapar uma risada baixa, com o dedo indicador circulava a boca do copo repetidamente, levantou seus olhos para Konan. Ela realmente me parecia ofendida, ou no mínimo enciumada, talvez pensasse que receberia o seu pagamento de outra forma:
—Espere aqui...
Desapareceu novamente entre as cortinas, entornei o copo sentindo o liquido ardente em minha garganta, evitei os olhos negros e hipnotizantes por alguns minutos, mas não sabia por quanto tempo conseguiria manter aquilo:
—Porque fez isso?
—Por quê?—Procurei alguma explicação, não achando motivos para a minha resposta — Por que... Está me ajudando com o feitiço.
—Ótimo — Não me pareceu feliz, na verdade seu semblante esperançoso se desfez em questão de segundos — Mais uma rodada pra você então.
Enquanto me servia Konan reapareceu. Um anel safira de cor prateada tremeluzia em suas mãos, depositou encima do balcão:
—Deve servir...
A olhei desconfiada:
—Como vou saber se é verdadeiro?
—Sasuke me conhece, e mesmo que ele mereça eu não iria matá-lo esturricado — Sorriu sensual para o moreno, logo desviou o olhar para meu pescoço — E quanto a isso, o que quer por ele? — Levou a mão ao colar em meu pescoço.
—Não toca! — Segurei o colar preso entre os dedos, me encolhendo para afastar a sua mão, em seguida percebo o quanto aquilo havia soado ridículo e infantil, recebi um olhar confuso e de alguma forma repreensivo pela parte do Uchiha. Mas o que eu podia fazer?Tudo e qualquer coisa que me mantivesse mais próxima ao Naruto me parecia sagrado, até mesmo para ser olhado. Sasuke se levantou pagando a bebida indo em direção a porta. Deixo o jóia de Jaqueline e pego a outra enfeitiçada, guardando-a dentro do bolso do shorts jeans.O que eu podia dizer sobre a reação do Uchiha?Eu não sei, ele sabia do meu amor pelo original e mesmo assim me tratava como uma louca que não sabia o que estava fazendo.
—Espera!
Ele entrou no veiculo fechando a porta do mesmo com violência, entrei logo em seguida:
—O que está fazendo?! — Ele perguntou exasperado e inconformado de alguma maneira — Essa porcaria... — Arrancou o colar de meu pescoço — Fui eu quem dei a você!
Levei a mão a o peito sentindo falta do objeto, como se uma parte de mim houvesse sido arrancada naquele mesmo instante, nunca o vi tão furioso,as várias faces de Uchiha Sasuke estavam se revelando daquele dia:
—Pertencia ao Naruto e você sabe disso. Você e o Sasori têm que parar de me dizer que tudo é frenesi porque não é! E eu vou provar assim que tudo isso acabar...
—Está obcecada por ele. Tão obcecada que não vê um palmo a sua frente, se ele pedisse se que matasse eu não duvido que faça!Você está cega Sakura!Cega!Não percebe que eu...
—Não percebo o que? — O desafiei. Ele se acalmou diante o meu enfrentamento, me olhou mais uma vez antes de suspirar cansado. —Eu sei que preciso da sua ajuda, mas, por favor, por favor, não me faça escolher entre os dois... — Ele apertou as mãos em volta do volante abaixando a cabeça, franziu o cenho como se a cabeça doesse. — Pensei que tivesse entendido que não estou sobre o controle da ligação.
—Eu entendo...! — Se voltou repentinamente — E talvez eu não queira que se liberte. O frenesi e a única coisa que você tem agora, tudo de bom ou mal que fizer vão ter uma justificativa, assim que a ligação acabar e perceber as coisas horríveis que fez por ele, você vai se corroer de remorso e culpa — Me encarou nos olhos. Ele parecia se importar, mas do que realmente deveria, mas ele não podia tomar as decisões por mim! — E quando isso acontecer não vou poder fazer nada pra impedir.
—Não tem que impedir, não é de sua responsabilidade fazer isso. Eu sei que posso parecer fria em relação à Hinata e em relação às pessoas que o Naruto matou — Gesticulei com as mãos buscando palavras pra expressar o que eu estava sentindo — Mas eu sei que posso conseguir suportar isso sozinha — Minha cabeça latejava, e novamente as emoções começavam a fruir através de meus olhos, tentei segurar o choro. Tentei pensar que eu havia obtido resultados em tudo o que fiz e sacrifiquei por ele, mas eu não havia! Ele estava cada vez mais distante e talvez curá-lo pudesse nos separar pra sempre — Eu só não quero acordar e perceber que eu poderia ter feito algo a mais, e que se ele se perdeu pra sempre foi por minha culpa!
—Por favor, Sakura, você não quer fazer isso! — Suas palavras foram rudes e controladas, como se as pesassem antes de dizê-las — Já parou para pensar que ele pode simplesmente acordar amanhã curado, olhar pra você e não sentir nada?!
—Ele sente!
—Não!Eu é que sinto!Eu sinto tanto que mesmo que me doa matar a Hinata, eu faria um milhão de vezes!Eu sofreria o remorso e a dor quanto fosse necessário pra manter você aqui Sakura! E sabe por quê? Porque eu não sinto nada em relação aos outros quando você está por perto, eu me torno oco, e não sou hipócrita a ponto de negar isso!Eu mato porque é necessário matar... E se me pedisse eu dizimaria uma cidade inteira por você...
Suas palavras me chocaram como uma onda de sensações, e mesmo assim não sabia o que sentir. Primeiramente fiquei feliz em saber que não me odiava, e a indiferença com que me tratava era apenas um casulo ao qual estava preso, mas então a confusão e a culpa atravessaram meu peito de modo cruel. Eu me preocupei se em algum momento houvesse alimentado aquele sentimento, não fiz nada para merecer aquilo, e ele mesmo assim sentia. Eu realmente queria retribuir de alguma forma, agradecer por ter salvo a minha vida e por não ter me acusado pela volta de Zei na primeira oportunidade, mas não conseguia arrancar Naruto de meus pensamentos, cheguei até a imaginá-lo dizendo aquelas palavras e então senti exatamente o que eu deveria ter sentido por Sasuke, busquei lá no fundo qualquer coisa, qualquer sentimento bom em relação ao Uchiha. Encontrei algo, mas não era forte o suficiente,não era intenso e nem arrebatador,era apenas gratidão.Não posso negar que o vi de outra forma agora,me sentia mais segura do que nunca,senti que podia confiar em suas palavras e me senti confortável com isso,tomei pra mim a intensidade das suas expectativa.Era diferente do Sasori,que mesmo se mostrando apaixonado conseguia me fazer sentir medo a cada aproximação,a imagem de uma fera terrível que me sufocava em suas garras ainda eram vivas em minha mente;Percebi que necessitava estar segura,saber que alguém se preocuparia comigo e não esperaria nada em troca por isso,pode parecer egoísta e cruel,mas eu precisava do Uchiha por perto...
—Eu quero que fique por perto... — Revelei de modo confuso. Talvez para ele pode não ter feito nenhum sentido, mas de todas as formas sabia que me compreendia:
—Pode não te percebido... Mas eu sempre estive.
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