Algumas semanas depois.
“amor, você deve tá na estrada ainda, só quero avisa que tenho uma missão agora, não sei que horas volto pra casa, te amo, beijos”
Jeiza desligou o celular após mandar o áudio para Zeca.
“Major, estamos prontos” o soldado olhou pra ela esperando a resposta.
“embarcar”
O soldado assentiu e partiu para a viatura, Jeiza ajeitou sua arma e fez o mesmo.
Fazia poucos dias que ela havia sido reintegrada em operações na rua, Zeca e Cândida estavam apavorados, enquanto ela não poderia estar mais feliz.
-
“Iron” ela chamou o cão após ele achar quilos de drogas.
“bom garoto”
“vamos recolher tudo e fichar” ela deu a ordem para a sua equipe.
Momentos antes de Iron achar os entorpecentes Jeiza e os policiais tinham travado uma guerra contra os traficantes, houve uma intensa troca de tiros e dois policias feridos. Felizmente eles conseguiram a apreensão, mas isso não tornava as coisas melhores. Para piorar era um dia de extremo calor no Rio de Janeiro e sua vestimenta não ajudou nem um pouco.
“tudo bem, Major?”
Felipe, seu tenente e amigo a abordou.
“você parece um pouco pálida”
“tô bem, só preciso de um momento”
Jeiza mentiu, desde cedo ela não se sentia bem. No entanto ela atribuiu o mal-estar ao estresse, havia tanta coisa acontecendo na sua vida ultimamente. Ela também não queria ficar de fora da operação, era uma missão importante e tinham trabalhado nisso durante semanas, ela não iria desistir por conta de um simples cansaço.
“eu posso embarcar o cão”
“certo, obrigada” ela passou a coleira para ele e adentrou a viatura.
“o Filho e o Costa estão no hospital” o tenente informou se colocando atrás do volante.
“informaram o estado deles?”
“parece que fora de perigo”
“menos mal” ela soltou um longo suspiro “você tem água ai?”
“não” ele fez careta “podemos parar em um bar?”
Jeiza assentiu, ela fez o seu melhor para não demonstrar o quanto estava mal.
“nós vamos pra delegacia?”
“sim, eu preciso acompanhar tudo”
Felipe a olhou de lado, ele sabia que ela não estava bem.
“certo”
-
Faziam horas que eles estavam presos na delegacia, toda aquela burocracia a estava deixando louca, ela queria ir embora, mas o delegado pediu para colher todos os depoimentos, receber os relatórios prontos e fazer o reconhecimento dos indivíduos presos. Já era madrugada quando Jeiza foi liberada, seu mal-estar melhorou um pouco em certo ponto, mas estava voltando.
“que pesadelo o dia de hoje” ela desabafou, já de volta ao batalhão.
“foi mesmo, e ainda temos esse plantão pela frente”
Jeiza deitou a cabeça em sua mesa e suspirou.
“você não parece bem, sério” Felipe insistiu.
“eu só to cansada”
“perdeu o costume, foi?” o amigo tentou brincar.
“não” ela o olhou irritada.
“foi só brincadeira” o tenente se defendeu “todos nós temos um dia ruim, Major”
Ela revirou os olhos e levantou.
“vou comer alguma coisa”
A brincadeira do companheiro a afetou mais do que ela esperava, talvez por saber dos preconceitos contra a mulher nesse ambiente de trabalho. Ela sabia que seu cargo, sua eficácia, seu psicológico, suas habilidades, sempre serão questionados.
-
“mãe? manhêee?” ela fechou a porta com força.
“que gritaria é essa minha filha”
“o Zeca saiu faz tempo?”
“um pouco”
“merda”
Jeiza jogou a mochila no sofá e se esparramou logo em seguida.
“que cara é essa?”
“tive um dia péssimo ontem e um plantão pior ainda”
“vi na televisão sobre um tiroteio, sabia que você tava lá, ai Jeiza isso não é vida”
“não é por causa do trabalho, eu que não to me sentindo bem”
“tá doente?” Cândida se aproximou e colocou a mão em sua testa preocupada.
“não sei, to irritada, cansada, esse calor tá me sufocando”
“vai toma um banho, vou prepara algo gostosinho pra tu come”
Jeiza assentiu, apesar dela preferir dormir do que comer no momento.
-
“já decidiram sobre o natal?”
“a ceia vai ser aqui em casa, como sempre”
Jeiza informou enquanto mexia a comida em seu prato.
“mas como ficou o Ruyzinho?”
“ele vai passa com a gente, já que Ritinha disse que vem e que quer estar com dona coisinha, Ruy deve dar uma passada por aqui também”
“e Joyce aceitou isso foi?”
“eles não gostaram, né? mas Zeca e Ritinha vão passar aqui, o que podiam fazer? E ficou combinado de no outro dia o almoço ser lá com os Garcia, a senhora também vai”
“tenho nem roupa pra isso”
Jeiza riu.
“talvez o papai Noel te traga uma roupa nova”
“hum” ela sorriu pela menção do seu presente.
“bem, vou tirar um cochilo”
“mas quase não comeu, Jeiza”
“não to com fome, comi qualquer besteira lá no batalhão mais cedo”
“deixa o Alan saber disso”
“falando em Alan, vou desmarcar meu treino, não tenho forças pra nada hoje”
“é o que?” Cândida gritou.
“é melhor você ir no médico, agora sim to preocupada”
“arrego, dona Cândida, que médico o que, eu to bem, só to um pouco cansada”
A mãe balançou a cabeça em reprovação.
“acho que finalmente desabei, é muita coisa acontecendo”
Jeiza levantou da cadeira, mas caiu sentada novamente.
“ow garota, tu tá branca igual papel!” Cândida segurou nos ombros dela.
“não foi nada”
“Jeiza, para de ser teimosa, o que você tá sentindo?”
“uma tontura”
Cândida fez uma breve pausa e então continuou.
“você não tá grávida não?”
“grávida?”
Jeiza ficou surpresa com a pergunta, seu coração disparou.
“ué, você e Zeca, tão tentando e muito que eu sei”
Ela revirou os olhos para a observação da mãe.
“eu pensei que talvez, você tá com tontura, se sentindo mal, cansada, sabe que fiquei desse jeitinho na sua gravidez?”
“mas eu saberia”
Ela tentou lembrar quando foi seu último período.
“saberia mesmo?”
“minha menstruação veio não faz muito, tenho certeza”
“mas já ouvi dizer que as vezes acontece”
“a gente fez um teste, um pouco depois que voltamos de Parazinho, deu negativo”
Cândida deu de ombros.
“será mãe?”
“você pode fazer outro teste, melhor aqueles de sangue”
“eu vou no laboratório amanhã cedo”
A lutadora ficou atordoada, fazia um tempo que eles esperavam por essa notícia, mas agora que a possibilidade parecia real ela estava com medo.
-
Jeiza não conseguiu descansar até fazer outro teste de farmácia, para sua surpresa esse deu positivo. Ela chorou de emoção, ela queria que Zeca estivesse aqui pra comemorarem juntos, ela não iria despejar a novidade por telefone. Ela pensou também na possibilidade de ser um falso positivo, isso o deixaria desolado como na última vez, era melhor ter uma confirmação.
Dentro de milhões de pensamentos, Jeiza despertou com o toque do seu celular.
“amor?” ela tentou parecer normal.
“eu mesmo, como tu tás?”
“bem e você?”
“égua que queria te vê de manhã”
“tive que ficar pro plantão, dois policiais se feriram, não deu pra sair antes”
“égua Jeiza”
“mas eles tão bem”
“que bom, mas olhe tenho uma notícia ruim, viste”
“que foi?” ela se assustou.
“fecharam as estrada tudo, os caminhoneiro tão fazendo greve, égua”
“sério? mas o natal é semana que vem”
“foi o que eu disse”
“e agora?”
“eles tão negociando, se tudo der certo devo chega com a carga no sábado, a volta deve de ser mais tranquila, espero ta aí antes do feriado pelo menos”
“que droga isso”
“desculpa, amor”
Jeiza suspirou fundo.
“tu estás bem, meu amor?” ele percebeu sua inquietação.
“a gente conversa quando você voltar, ta bom?”
“olhe Jeiza, tu não me deixes aqui agoniado”
“não é nada marrento” ela tentou rir “bobagem”
“égua!!!”
“te amo, se cuida ai, mais tarde a gente se fala”
Ela mal deixou ele responder e desligou, era melhor assim, ela sabia que ele ia a encher de perguntas. Mais que nunca ela precisava colocar a cabeça no lugar e descobrir como agir nos próximos dias.
-
Dois dias depois.
“Jeiza, Jeiza!!!” Cândida entrou recuperando o fôlego.
“e ai qual foi o resultado?”
“positivo”
Jeiza esticou o papel pra ela.
“eita garota, finalmente vou ser avó!!!”
“shiu” ela tentou tampar a boca da mãe.
“fala baixo, a senhora quer todo bairro sabendo antes do Zeca?”
“ops, foi mal” Cândida tentou se conter.
“quando ele volta?”
“daqui uns três dias, se tudo der certo”
“ele vai fica doidinho, Jeiza”
“vai mesmo” ela sorriu.
“mas você não aparece animada, o que tá acontecendo?”
“to muito feliz” ela disse sincera “mas não vou mentir, to apavorada”
Cândida a puxou para um abraço apertado.
“aí minha princesa, você vai ser a melhor mãe do mundo, acho que não existe pessoa melhor pra isso”
“a senhora acha?”
Jeiza abraçou a mãe mais forte, ela estava fragilizada, tinha medo de fazer as coisas de forma errada, o trabalho dela era perigoso, várias coisas foram passando pela sua mente. Lembrou do seu pai, do seu amigo Gerson, ela não queria que os filhos passassem o que ela passou, não era justo colocar eles nessa posição.
“ta maluca garota? você é maravilhosa, você cuida de mim desde sempre, você vai se sai muito bem, e o Zeca é um homem bom também, vocês vão ser ótimos pais”
Ela derrubou algumas lágrimas, um dia ciente da novidade e ela já se sentiu mais emocional do que de costume.
· · • • • ✤ • • • · ·
Véspera de Natal.
Era em torno das seis da manhã quando Jeiza ouviu o marido entrar em seu quarto. Zeca estava tentando ser silencioso, ele sempre fazia, mas ela tinha o sono leve e seus olhos se abriram novamente quando o ouviu sair. O barulho se estendeu para a cozinha. Enquanto o ouvia, Jeiza teve a vontade de se levantar e contar logo a novidade, por outro lado, ela tinha um bom plano para mais tarde. Ela o ouviu enchendo a chaleira, abrindo e fechando a geladeira e colocando os pratos. Quando seus passos voltaram para o quarto, ela fechou os olhos novamente, o deixando acreditar que ela ainda estava dormindo até ouvir o chuveiro ligar.
Ao ouvir o barulho da água o desejo de usar o banheiro superou seu desejo de esperar por Zeca na cama. Ela entrou e bateu os dedos na porta de vidro do chuveiro enquanto passava por ele a caminho do vaso sanitário.
"égua, te acordaste?"
Zeca perguntou alto o suficiente para ser ouvido acima do barulho.
“eu já tava acordada”
Jeiza quase decidiu dar a descarga, para lhe dar um choque surpresa de água fria, mas optou por não o fazer. Em vez disso, ela chutou para o lado o short do pijama e tirou a blusa.
Ele estava de costas para ela enquanto lavava o shampoo do cabelo quando ela abriu a porta e entrou no chuveiro fumegante.
"tu não te banhaste na noite passada?" ele brincou, se movendo para o lado para que ela pudesse ficar sob o fluxo de água quente.
"você tá reclamando?"
Seus olhos a olharam de cima a baixo enquanto ela inclinava as costas para molhar o cabelo.
"para de olhar" ela protestou.
“égua, não posso evita e tu não pareces que se importa"
Jeiza abriu os olhos e fez uma careta divertida.
“senti tua falta, viste”
“eu também, marrento”
Ela deslizou os braços em volta do pescoço dele e o puxou para mais perto dela, pressionando os lábios contra os dele. Seu corpo respondeu rapidamente, suas mãos segurando seus quadris e seu membro já pressionando contra ela. Jeiza conseguiu alcançar entre seus corpos e acariciou seu comprimento grosso, o fazendo gemer em sua boca. Zeca optou por explorar e acariciar os seios dela até que doessem e formigassem com a atenção que ele lhes dava. Agora ele estava chupando levemente seu pescoço quando ela puxou seu cabelo.
“não deixa uma marca” ela avisou "não quero gastar horas tentando cobrir isso para as festas"
"posso deixa uma onde não seja visto?" ele perguntou enquanto corria a ponta da língua ao longo da orelha dela.
"talvez mais tarde"
Ela o empurrou para trás, suas costas pressionaram contra o azulejo frio. Felizmente seu banheiro era grande o suficiente, firmando-se com as mãos em seus ombros, ela subiu e montou em seu colo.
“égua que tu tá animada, tudo isso é saudade de mim, é?”
“convencido”
Zeca largou um sorriso e embalou sua bunda enquanto ela o posicionou em sua entrada lentamente. Em seguida suas bocas se chocaram, os dedos dele se enredaram no seu cabelo molhado enquanto ela moía os quadris lentamente. O ritmo se manteve constante, os braços fortes dele continuaram a ajudá-la a se mover até que ela sentiu suas paredes começarem a se apertar ao redor do seu membro.
“Zeca” ela gemeu o seu nome.
Ele a apertou mais contra si fazendo com que Jeiza mordesse seu ombro conforme o ângulo de suas estocadas colocou pressão mais direta no seu clitóris.
"oh, então tu podes deixa uma marca?"
“quieto-” ela ofegou, sem conseguir terminar a frase.
Em segundos o orgasmo a dominou e se espalhou por todo o seu corpo, levando Zeca ao limite não muito tempo depois. O calor e o vapor do chuveiro foram subitamente opressores, suas pernas pareciam geleia a tal ponto que ela não tinha certeza de sua capacidade de ficar de pé sobre elas. Zeca percebeu a sua dificuldade e passou os braços em volta do seu corpo com força a segurando contra si.
"tu estás bem?" ele perguntou, dando um beijo em sua têmpora.
Jeiza assentiu. Seus dedos pressionaram em seus bíceps e ela descansou a cabeça contra o peito dele. Hormônios, pensou.
"talvez a gente precise de um banco no chuveiro da nossa futura casa..." ele riu.
"anotado"
"desjejum?"
“aham”
Quase que imediatamente Jeiza sentiu seu estômago revirar com o pensamento de comida. Talvez não fosse assim tão fácil esconder de Zeca até a noite.
“só preciso terminar de lavar o meu cabelo, tudo bem?”
Zeca concordou sem nenhuma observação.
-
O vestido liso e cor de ameixa combinou com a decoração natalina da casa. O corte era simples, mas se encaixava perfeitamente em sua silhueta. O decote em formato de coração, fora do ombro, acentuou seus seios de uma forma elegante.
“voltamos filha, e Zeca pediu pra avisa que vai dar comida pro Ruyzinho”
Cândida entrou no quarto informando que haviam chego da Missa do Galo.
“tá feio?” ela perguntou insegura.
“Jeiza, você trocou de roupa outra vez?”
“pára mãe, to me sentindo desconfortável em tudo que coloco”
“isso é da sua cabeça, não dá nem pra perceber, você tá linda”
“a senhora acha?” ela virou de lado e colocou a mão sobre a barriga.
“nadinha”
“mas olha meus seios, tão muito maiores”
Cândida arqueou a sobrancelha, isso ela não poderia negar.
“você tá é ansiosa pra conta pro Zeca, te conheço”
“fugi dele quase que o dia todo, ele até comentou sobre a diferença dos meus seios, tive que inventa desculpa pra não ir na missa por causa da enxaqueca horrorosa que me deu, e agora esse cheiro de comida embrulhando meu estômago”
“falta pouco, ele vai fica doidinho”
Jeiza suspirou com o pensamento. Cândida a ajudou com o zíper do vestido e então a deixou sozinha para terminar a maquiagem. Seus nervos estavam a flor da pele. Lembrou que ainda tinham Ritinha e Edinalva para completar o combo da noite. A policial enrolou o quanto pôde no seu quarto para não ter que lidar com as náuseas na frente de todos.
“ela já vem”
Cândida informou quando retornou a sala.
“égua que tá pior que noiva” Ritinha riu.
“e o que tu tens com isso?” Abel se irritou.
“eras tu, deixe a menina vá” Edinalva repreendeu o marido.
“deixo nada, que não vais fala mal de Jeizinha na minha frente”
“falei nada demais não, voti”
“deixe seu Abel, deixe mana, que ele é assim mesmo” Marilda puxou a amiga para o outro lado da sala.
Mere e Zeca terminavam de alimentar Ruyzinho na cozinha. O menino custou a aceitar as colheradas da comida.
“Cândida, o leitão tá quase pronto” Nazaré fechou o forno.
“o cheiro tá bom, viu colega?”
“tá mesmo minha tia” Zeca concordou.
“será que já frito os bolinhos de bacalhau?”
“tu que sabes” Mere opinou.
“a ceia é servida só depois da meia noite” da sala Abel se intrometeu.
“pois eu to varada de fome, viste” Ritinha falou.
“comes aqui uma frutinha, quer uma castanha?” a mãe perguntou.
“pois comesse na casa dela”
“égua Zeca, deixa de ser encrenqueiro”
“calma gente” Cândida interrompeu a gritaria “a gente faz como todo ano, serve uma coisinha pra engana o estômago, depois a ceia”
“isso” Nazaré concordou.
Zeca pegou Ruyzinho no colo e levou para o avô.
“cadê Jeiza, hein? eras que tá toda enrolada hoje, égua”
“eita, já tô aqui, credo”
Ele ouviu a voz da esposa vindo do corredor. Seu coração quase parou quando seus olhos encontraram os dela, ele ficou sem fôlego com a visão.
“olhe que tu vais comer mosca” Ritinha implicou.
Zeca não se importou com a provocação e foi ao encontro de Jeiza.
“tu tás linda” ele disse depois de trocarem um selinho.
“obrigada, você também tá”
Ele vestia uma calça jeans preta e uma camisa social branca com pequenos detalhes em verde escuro.
“Jeizinha, tu tás linda por demais” o sogro também elogiou.
“obrigada, seu Abel”
Ela sentiu o seu estômago embrulhar novamente, o cheiro da fritura sendo feita invadiu o seu olfato com tudo.
“tás bem pequena?” Mere tocou seu ombro.
Jeiza assentiu sem jeito.
“égua que esse cheiro tá bom é por demais tia Cândida” Ritinha correu para a cozinha.
“amor" Zeca chamou, puxando Jeiza para longe de seus pensamentos sobre o cheiro.
“vamo tira um retrato com Ruyzinho ali na árvore? antes que ele durma, viste”
Ela concordou, tentando se manter normal, ele entregou seu celular para Marilda e passou o braço em volta da cintura de Jeiza. Foi difícil para Zeca desviar os olhos dela, ele notou um brilho inexplicável em seus olhos. Abel entregou Ruyzinho para o casal e quando Marilda começou a tirar fotos, ele se inclinou e beijou sua bochecha.
“eu lhe amo” ele sussurrou, apertando seu lado levemente.
“eu também te amo” ela respondeu com um sorriso.
Jeiza pareceu por um momento como se fosse dizer mais, mas piscou para ele antes de se virar para a câmera.
"égua que tão lindos por demais” Marilda comentou “olha aqui pra tia, Ruyzinho”
“também quero retrato, viste” Ritinha se colocou ao lado.
Zeca fez carreta, mas Jeiza balançou a cabeça.
“vem meu pai, agora tu”
Abel empurrou a sereia de lado e Edinalva não perdeu a chance.
“pois e eu? que sou a esposa, égua”
“vem dona coisinha, a senhora também” Jeiza falou.
“ôh menina” Abel chamou Marilda “tire uma minha só com Jeizinha, vá” pediu.
“venha minha mãe” Zeca chamou Mere.
No final das contas todos quiseram posar para fotos, Ruyzinho estava impaciente com o tanto de poses, o menino tentou puxar os enfeites pendurados na árvore por várias vezes, encantado com as luzes coloridas piscando.
-
Na sequência das fotos se deu início ao amigo secreto, a atividade foi mais divertida que nos anos anteriores. Jeiza tinha pego Mere e Zeca Ruyzinho, Nazaré tinha pego Jeiza e Cândida Zeca. O casal foi feliz com a sua sorte.
A ceia foi servida pontualmente após uma breve oração e agradecimentos, tudo estava delicioso. Não muito tempo depois Guedes e Guto se juntaram a família, assim como Ruy, que veio acompanhado de Carol. Ritinha fez cara feia para o casal, mas não perdeu a pose. Ruyzinho que havia acordado a pouco, foi animado com tantos presentes.
“agora o teu seu Abel” Zeca entregou um envelope para o pai.
“outro, égua que não precisas”
“esse é meu e de Jeiza, viste”
“espero que o senhor goste”
Todos esperaram curiosos a abertura do papel.
“uma chave?”
“o senhor reconheces meu pai?”
“égua” ele olhou mais de perto “é de Parazinho?”
“égua e não é? eu mais Jeiza compramo de volta a nossa casa”
Abel os olhou emocionado.
“nós achamos que o senhor iria gostar de ter um lugar pra ficar quando visitar Parazinho” Jeiza sorriu.
“e não foi justo vende a casa pra paga aquela indenização pro seu Valentino, por minha culpa”
“égua, que não precisavas menino”
Abel abraçou os dois emocionado.
“o senhor merece” Jeiza o abraçou apertado.
Todos na sala foram emocionados. Jeiza e Zeca contaram que tiveram a ideia quando estavam de lua de mel e decidiram guardar o presente até a data para ser algo especial. O preço do imóvel era ridiculamente baixo em comparação ao valor sentimental que ele possuía.
-
“não acredito"
“égua que tu ganhaste tanta coisa, daí lembrei que tu gostaste desses brincos aquele dia no shopping, viste”
"não acredito que você lembrou disso, são lindos amor, obrigada"
Jeiza o abraçou, era um gesto atencioso.
“o seu eu deixei lá no nosso quarto”
Zeca balançou a cabeça.
“queria te entregar lá” ela pegou sua mão “pode ser?”
“égua, pra que esse mistério todo?” ele riu divertido.
“você vai ver”
O casal sumiu para o quarto sem ninguém perceber, todos estavam distraídos em seus presentes enquanto comiam as sobremesas e conversavam.
“fecha a porta, por favor”
Zeca ficou desconfiado com o comportamento dela.
“o que tá acontecendo, Jeiza?”
“nada, é que a converseira na sala tá alta”
Ele fez o que ela pediu e depois se aproximou dela lentamente, ele olhou para suas mãos e viu uma caixa não muito grande.
“agora to curioso, égua”
Jeiza respirou fundo e o puxou para sentar na beirada da cama.
“aqui está”
Ele pegou a caixa das mãos dela, mantendo um olho em cada um. Ele percebeu que ela estava nervosa e ele foi confuso com o que estava acontecendo.
“abre...”
“tu não vais me aplica uma pegadinha, né?”
“claro que não”
“tu tás estranha, égua”
“abre logo, Zeca” ela falou impaciente.
Zeca fez uma careta e bem devagar abriu a tampa da caixa, no fundo ele avistou um objeto.
“tás frescando comigo?”
Jeiza passou as mãos no cabelo nervosa.
“égua que ou então tu te confundiste, é de Ruyzinho esse, viste” ele levantou o objeto e riu inocentemente.
“não, é seu” ela segurou a mão dele que levou a chupeta.
“tu tás fres-“
Zeca parou imediatamente de falar quando seus olhos encontraram os dela.
“é isso”
“tu tás-“ ele gaguejou, sem conseguir terminar.
“eu to grávida” ela falou emocionada.
“não”
“sim”
“égua!”
Jeiza observou os olhos dele se enchendo de água.
“tu não tás frescando comigo não?”
“não, marrento” ela puxou um papel do fundo da caixa.
“aqui, o exame de sangue, positivo”
“eu não acredito, Jeiza” a voz dele aumentou emocionada “tu tás esperando um filho!!!!”
“sim, marrento”
Zeca sorriu extasiado com a notícia, ele trouxe seus lábios perto de sua orelha enquanto levou as mãos ao seu estômago ainda plano, passando os polegares gentilmente sobre ele.
“égua que to sem palavras, é o melhor presente da minha vida todinha, viste”
Jeiza sorriu e o abraçou emocionada.
“não aguentava mais esperar pra te conta”
“quando tu soubeste? égua”
“alguns dias atrás, você tava preso no meio daquela greve”
“merda”
“eu queria te contar pessoalmente”
“desculpa”
“não importa agora, deu tudo certo”
“me contas tudo, como foi?”
“eu senti alguns sintomas, fiz outro exame de farmácia e deu positivo, então fiz o exame de sangue, a gente se falava por telefone e queria tanto te contar, quase te falei hoje cedo quando você chegou”
Zeca ouviu atentamente enquanto acariciava todo o rosto dela, a maquiagem borrada.
“mas eu tive a ideia dessa surpresa, achei que seria mais especial, então decidi esperar” ela sorriu.
“obrigado”
Jeiza balançou a cabeça, era tão bom sentir o carinho dele contra a sua pele.
“eu lhe amo tanto”
“eu também te amo, muito”
“égua que não vejo a hora de ter ele aqui no meu colo, viste? uma mini Jeiza, linda assim igual tu”
“ainda tem um longo caminho pra isso”
Zeca beijou seu rosto, sem se importar com a observação.
“e pode ser um mini Zeca, viu?” ela riu.
“contanto que tenhas saúde, to agradecido com o que fores”
Jeiza concordou e abaixou um pouco a cabeça apreensiva.
Ele a sentiu tensa, então levou as mãos para os seus ombros e apertou levemente.
“tu vais ser uma ótima mãe, égua”
Ela levantou os olhos para ele, era impressionante a conexão que eles tinham, ele a conheceu tão bem.
“obrigada, eu precisava disso”
Jeiza suspirou e cobriu a mão dele com a sua, a apertando com carinho.
Zeca se inclinou para ela e depositou um beijo amoroso em sua testa. Ela fechou os olhos, saboreou o breve momento antes dele se afastar e olhar para ela. Em seguida a mão dele tocou o seu cabelo e colocou uma mecha atrás da orelha, os nós dos seus dedos roçou sua bochecha, o polegar traçou seu lábio inferior. E então ele a beijou, Jeiza não o impediu. Em vez disso, ela moveu os lábios contra os dele, abriu a boca e aprofundou o beijo apaixonadamente. O corpo dela se moveu por vontade própria e em pouco tempo ela se encontrou no colo dele envolvendo os braços em volta do seu pescoço. Ela precisava estar mais perto dele, precisava estar pressionada contra ele e ser completamente envolvida por ele.
A enormidade do momento íntimo os atingiu em poucos minutos, quando o quarto foi inundado por vozes.
“Zeca...”
“Jeiza” ele respondeu sem fôlego, o batom dela manchando toda a sua boca.
“os dois vão fica de agarramento com todo mundo na sala? égua”
“pois olhe que isso é falta de educação, viste”
Jeiza arrumou o cumprimento do vestido e olhou para o marido envergonhada com a situação.
“a gente já tava indo meu pai”
“óh Jeiza....” Cândida começou “tá todo mundo curioso com a surpresa pro Zeca”
“mãe!!!!” ela a repreendeu.
“eu não falei nada não”
“égua”
“tão tudo cheio de pavulagem, olhe Abel” Edinalva apontou para o casal.
Zeca olhou para Jeiza e silenciosamente ela concordou em contar a notícia. Ele se levantou da cama e estendeu as duas mãos, esperou que ela colocasse as dela nelas. Suas mãos eram quentes e suaves, reconfortantes. Ele virou as mãos dela e as levou aos lábios, beijando uma e depois a outra.
“vamos lá, marrento” ela se colocou de pé e pediu desajeitada.
-
Quando o casal retornou a sala todos estavam atentos olhando para eles, a espera de algum pronunciamento. Zeca abraçou Jeiza por trás e prendeu as mãos sobre o seu estômago, ela deixou as mãos sobre as dele.
“égua que eu to muito feliz, viste”
“o presente é tão bom assim?” Ruy perguntou curioso.
“tu falas?” ele pediu para a esposa.
“você”
“tá certo”
“desembucha logo Zequinha, que agonia”
“não sei pra que essa presepada toda por conta de um presente” Edinalva reclamou.
Zeca não se importou com os comentários da madrasta e prosseguiu.
“é com muita felicidade que a gente quer anuncia” ele fez uma pausa “Jeiza tá esperando menino, viste”
“É O QUE?” Abel gritou.
“de veras?” Nazaré pediu.
“é, sim”
“meu Deus do céu, Nazinha, Nazinha” seu Abel pegou a santa sobre a mesa rapidamente.
“tu tás ouvindo Nazinha? Jeizinha tá esperando menino”
“parabéns Jeiza, parabéns Zeca” Carol e Ruy felicitaram o casal com entusiasmo.
Jeiza abraçou seu Abel que chorava sem parar.
“égua, parabéns” Ritinha tentou parecer normal, mas estava com inveja de toda a atenção ao casal.
“pois tu vais ganha um maninho, viste” Zeca levou Ruyzinho dos braços de Ruy.
“êeeh” o menino se divertiu sem entender a animação de todos
“pare de chora homi” Edinalva puxou Abel “tás leso, precisas disso tudo não”
“me deixe mulher, muito obrigado Nazinha, minha santinha” ele ajoelhou agradecendo.
Cândida abraçou Jeiza.
“to tão feliz minha filha”
“obrigada, mãe”
“e tu tás bem? comeste pouco que eu vi pequena” Mere se preocupou com a nora.
“mais ou menos”
“olhe Jeiza, sei de umas simpatias pra tu fazeres” Nazaré informou.
“que tal um brinde?” Carol propôs.
“isso” Ruy concordou.
Todos buscaram pelas suas taças, Guedes passou servindo a bebida.
“tu falas Zequinha, discurso”
“eu?”
“vai, amor” Jeiza o incentivou.
“égua” ele levantou a taça “que nosso filho venhas com saúde e que sejas muito feliz, um brinde a isso”
Houve gritos e então todos bateram as taças em comemoração. Zeca bebeu um gole e sorriu para a esposa, ele envolveu os braços em sua cintura e a puxou pra ele novamente. Jeiza acariciou o seu rosto levemente e acomodou a cabeça em seu peito. Ele não tinha dúvidas, esse era o melhor dia da vida deles.
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