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História Destino - Capítulo um - História escrita por ThataBernachi - Spirit Fanfics e Histórias
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História Destino - Capítulo um


Escrita por: ThataBernachi

Capítulo 2 - Capítulo um


A luz entrava pela janela entreaberta, brilhando em todas as cores do arco-íris. Podia ouvir o canto dos passarinhos, o assobio baixo do vento, o sacolejar das folhas. O céu estava de um azul tão vivo, como se alguém acabasse de pintá-lo em tinta fresca. Era o presságio de um dia bom, mas alguma coisa não parecia certa. Um arrepio percorreu pela minha espinha.

A garota na cama a minha frente se mexeu nos lençóis, me arrancando dos meus devaneios. Afastei momentaneamente os pensamentos que me preocupavam e a observei dormir. Como fazia todas as noites, durante horas. Ela respirava com dificuldade, fazendo a camiseta de flanela que usava se mover descompassadamente na altura do peito. Estava tendo um pesadelo.

Me levantei da poltrona e sentei ao seu lado na cama, passando os dedos pelo longo cabelo encaracolado até que a sua respiração se acalmasse. Eu não devia interferir em seus sonhos, mas sempre fazia. Assisti-la sofrer era uma tortura para mim.

A parte mais triste de tocá-la como eu estava fazendo era saber que ela nunca poderia sentir. Como se entre nós houvesse uma parede de vidro que bloqueasse quase todos os sentidos. Eu podia tocá-la, mas não senti-la. Podia correr os dedos pelos seus cabelos, mas não saberia dizer que cheiro eles tinham ou qual era a sensação de ter os fios em minhas mãos. E como eu queria desesperadamente poder sentir.

Verifiquei o relógio pendurado sobre a porta, os ponteiros indicavam que já passava das seis horas. Em poucos minutos o despertador iria começar a tocar.

Dezoito anos haviam se passado desde o momento em que aceitei me tornar anjo da guarda. Parecia quase nada diante dos milhares de anos que eu tinha, mas foi o suficiente para mudar toda a minha existência. O que pensei ter sido meu castigo, acabou se tornando o meu maior presente. Às vezes eu me pegava admirando aquela garota e pensando no quanto um ser humano poderia ser tão lindo e tão especial.

Eu me lembrava da minha vida antes de conhecê-la e como eu me empenhava em me tornar o melhor anjo que eu poderia ser. Não gosto de chamar o que nós temos de vida, pois não acredito que estamos de fato vivos. Mas o que quer que tivéssemos, aquilo era tudo para mim. Eu não sei em que parte do caminho as coisas mudaram, em que momento eu tropecei e errei o percurso. Tudo deixou de fazer sentido no momento em que eu vi aquela garotinha nos braços da sua mãe.

Nada do que eu já tinha presenciado até ali se comparava a estar perto dela, me sentir responsável por cada passo que ela dava, vê-la crescer e florescer como uma linda flor no jardim. De repente nada mais em todos os meus anos de anjo significava tudo para mim, pois esse lugar a pertencia. Ela dela. Sophia passou a ser o meu tudo.

Com um movimento leve, dei um beijo no topo na sua cabeça, mesmo sabendo que era inútil.

- Feliz aniversário, Sophia. – Sussurrei.

Com a mão ainda em seus cabelos, dei a ela o meu presente de aniversário. Depositei em sua mente um lindo sonho, colocando cada pequeno detalhe. A vasta clareira. Um campo com todas as flores mais lindas que Deus já havia criado. Pequenas borboletas coloridas. Um lugar só dela, onde nada poderia assombrá-la.

Deixei Sophia viajar pelo mundo que eu havia criado especialmente para ela. E voltei para enfrentar os meus fantasmas, a verdadeira preocupação que me abatia naquele momento. Respirei fundo antes de conseguir encarar a minha mão direita. Vários traços negros em alto relevo subiam e desciam pelo meu braço, encontrando-se e desviando-se. Como se um pequeno mapa estivesse tatuado sob a minha pele. Eu já estava acostumado com aquele desenho, ele havia aparecido há dezoito anos atrás.

Não era difícil decifrar. Havia uma linha central, mais grossa do que todas as outras, e ia desde o começo do meu antebraço até o meu pulso. Era chamada de Linha do Destino. Indicava o curso de cada vida, traçado no momento do seu nascimento. Eu sabia o suficiente sobre ela para não tentar desvendá-la. Era perigosa e quase sempre traiçoeira. Rafael dizia que quando se tratava do Destino, a ignorância era uma benção.

As demais linhas eram as da Circunstância, não conseguiam influenciar o Destino, mas ditavam o cenário e a situação de cada aspecto da vida. As linhas da Circunstância mudavam a cada decisão tomada. E atrelado a elas, quase passando despercebido, estava a linha do Perigo; um fino risco vermelho, sempre à espreita, esperando a oportunidade de pregar uma peça.

Toquei todas aquelas linhas com a ponta dos dedos. Pela primeira vez em dezoito anos elas não estavam se movendo. 


Notas Finais


Quero muito saber a opinião de vocês sobre essa nova história! <3


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