Sesshoumaru e seus homens percorreram um longo caminho até seu destino, até que finalmente avistaram a enorme montanha, era bastante alta e rochosa e seu pico totalmente coberto por uma névoa densa.
- Meu amo, aquela é a montanha do norte! – Jaken apontou – O templo fica logo atrás dela.
Sesshoumaru nada respondeu, estava totalmente concentrado em sua missão, mas ouvira cada palavra de seu conselheiro. Caminharam mais um pouco e logo estavam diante da grande montanha.
- O templo está logo atrás dessa montanha, vamos seguir.
O inu avisou aos seus homens que concordaram com um “sim senhor”.
- Lembrem-se de que é um templo de assassinos e sequestradores, então fiquem atentos. Todo cuidado é pouco.
Agora foi a vez de Bankotsu avisar ao grupo de homens. O local era coberto por um nevoeiro, mais sutil no solo e muito mais denso em sua superfície, o enorme monte ficava localizado em um bosque isolado. Após darem uma longa volta até o outro lado da formação rochosa Sesshoumaru ordenou que parassem.
- É aqui.
O prateado se pronunciou, Kaito olhou em volta fazendo uma procura rápida e em seguida aproximou-se de Sesshoumaru.
- Senhor, não vejo nenhum templo por aqui.
Kaito disse à Sesshoumaru.
- Olhe para cima.
O rapaz meio confuso fez o que o príncipe lhe dissera e surpreendeu-se ao ver o enorme templo de cores carmim e preto no topo de uma das rochas da montanha, com uma pequena vegetação ao redor.
- Vamos subir.
O demônio orientou aos seus soldados, em seguida olhou para Kaito novamente e avistou duas bolsas de couro presas em cada lado da cela de seu cavalo.
- O que é isso?
Sesshoumaru quis saber.
- São mantimentos, majestade. Eu trouxe algumas frutas, água, corda, uma picareta e um kit de primeiros socorros.
O inu observou o rapaz de forma avaliativa para só então voltar a falar.
- Não deveria ter trazido tanto peso – O repreendeu – Deixe essas coisas aqui embaixo, leve apenas a corda.
- Porque só a corda?
- Saberá logo.
Kaito concordou e todos passaram o seguir o inuyoukai.
♦♦♦
Rin despertou após um longo cochilo e Sayuri a ajudava a se aprontar.
- Se sente melhor, Rin?
A albina quis saber enquanto fazia o laço do kimono de sua senhora.
- Sim, estou melhor.
- Está mesmo?
- Hai, a tontura passou, eu tive uma cólica forte ao acordar, mas estou bem melhor agora, só preciso beber um chá e...
- Não é disso que estou falando.
Sayuri finalizou o laço e certificou-se de que o kimono de Rin estava adequado, para então a princesa virar-se e ficar de frente para a amiga.
- O que quer dizer?
A princesa questionou.
- Falo do seu coração, Rin – A feição de Sayuri demonstrava preocupação – Eu ouvi você e o senhor Sesshoumaru discutindo mais cedo... Como você está?
- Você ouviu tudo? Céus, que vergonha!
A jovem mulher cobriu o rosto com as duas mãos, envergonhada.
- Eu não ouvi exatamente tudo, mas pelo tom de voz de vocês dois a discussão parecia bem acalorada, e logo depois um silêncio total, fiquei um pouco preocupada... Mas olha, não precisa sentir vergonha, somos amigas, lembra?
- É eu sei – A morena sorriu – Bom... Eu não sei ao dizer ao como me sinto...
Rin estava pensativa.
- Quer conversar sobre isso?
Rin balançou a cabeça em afirmativo, em seguida as duas sentaram-se na cama, uma de frente para a outra.
- E então?
Sayuri incentivou a amiga a falar.
- Ai Sayuri, é tão complicado... Nós discutimos e logo depois estávamos nos beijando como se o mundo fosse acabar.
- Sério? – A youkai surpreendeu-se com um brilho diferente nos olhos – Achei que vocês tinham se afastado completamente e mal se tocavam.
- Essa era a minha intenção... – Suspirou – Mas no meio da discussão eu senti uma cólica terrível e mal consegui ficar em pé, o Sesshoumaru pareceu ter ficado muito preocupado e decidiu fazer uma massagem na minha barriga para que minhas dores aliviassem... O que fez com que nossos nervos se acalmassem.
- Bem, isso foi fofo.
Sayuri observou.
- E bem, depois disso, nós conversamos um pouco, na verdade ele me pediu perdão pela forma como agiu comigo, e disse que cuidaria de mim.
- E o que mais?
- Eu perguntei o real motivo dele me pedir perdão e ele respondeu que era por ter me feito chorar, e que se recusava a ser motivo da minha tristeza.
- E então...?
- Eu o perdoei, é claro. Infelizmente eu não consigo sentir raiva do Sesshoumaru por muito tempo, principalmente quando ele olha para mim com aqueles olhos âmbares... Aqueles malditos e lindos olhos, tão hipnotizantes... Eles são meu ponto fraco... Ai eu sou uma idiota! – Praguejou irritada consigo mesma – Bom, depois nós nos beijamos e toda a armadura que eu havia criado para impedi-lo de se aproximar de mim caiu por terra.
Rin encarou Sayuri e a albina a fitava com os grandes olhos azuis brilhando como duas estrelas, tentando ao máximo conter o sorriso, como se estivesse lendo um capítulo do seu romance preferido em que o casal principal finalmente ficava junto.
- Eu já conheço essa cara, agora vai me dizer que o senhor Sesshoumaru está apaixonado por mim?
A morena debochou.
- E ele está! Ainda tem dúvidas disso? Rin, você não percebe?
- Perceber o que?
- Ele sempre dá um jeito de estar perto de você, ele engoliu o próprio orgulho e te pediu desculpas ao reconhecer o erro dele, coisa que ele nunca faz. Ele se importa com você, ele parece mesmo arrependido pelo o que fez e quer consertar as coisas entre vocês dois.
- Ele só está agindo assim porque estou grávida do herdeiro dele, nada mais.
- Ele ama você, amiga, não é só pela gravidez.
A morena riu.
- Me ama? Acredita mesmo nisso? Sayuri, o Sesshoumaru só queria um filho para se tornar imperador e por isso se aproximou de mim, ele não me ama, ele mesmo disse isso lembra?... Ele não ama ninguém...
Rin ficou triste ao dizer aquelas palavras.
- Já parou para pensar que ele pode ter dito aquilo no calor do momento? Ou apenas não estava sabendo lidar com os novos sentimentos dele e que agora se arrepende por ter falado aquelas coisas?
- Eu queria de verdade acreditar nisso, mas não quero me machucar de novo. Eu amo o Sesshoumaru e ele sabe disso, mas se for para sofrer por ele... Prefiro amá-lo apenas de longe ao mantê-lo por perto.
- Ah minha amiga, não fala assim... Vem cá.
A youkai abraçou Rin como forma de consolá-la.
- Mas sabe? Ainda assim eu senti que algo nele mudou, a forma como me beijou, ele parecia tão... Apaixonado.
- Eu tenho certeza de que ele está, e em breve você também terá essa certeza.
- Eu não sei se consigo acreditar nisso... Mas vamos deixar isso pra lá – A humana suspirou – Falando nisso, onde ele está? Trabalhando?
- Eu não faço idéia, acho melhor perguntarmos a governanta Mitsuri, ela deve saber.
- Vamos.
Rin e Sayuri deixaram o cômodo a procura de Mitsuri, quando a encontraram a mulher explicou tudo.
- Missão? Que tipo de missão?
A princesa quis saber.
- Ele não deu detalhes, alteza – Explicou a governanta – Apenas disse que demoraria um pouco a voltar e ordenou que lhe avisasse que ele não viria a jantar com vossa senhoria.
As duas amigas se entreolharam.
- Entendi. Tudo bem, obrigada Mitsuri sama.
- Algo mais em que eu possa ajudar majestade?
- Não, isso é tudo. Eu te agradeço.
A governanta curvou-se e se retirou.
- Para onde será que ele foi...
Rin murmurou.
- E o senhor Kaito foi junto, o comandante Bankotsu e o conselheiro Jaken também – Sayuri observou – Será que foi algo sério?
- Não sei... Espero que fique tudo bem com todos eles.
A albina balançou a cabeça em concordância e as duas saíram andando pelo corredor.
♦♦♦
Longe dali, Sesshoumaru e os seis soldados já se encontravam em um dos pontos mais altos da montanha, onde o templo se localizava. O sol já havia se posto, dando lugar a uma noite escura e silenciosa.
- Qual é o plano?
Bankotsu questionou.
- Eu vou entrar primeiro – Respondeu o inu – Vocês ficarão de prontidão e vão invadir ao meu sinal.
- Certo, e depois?
- Vou procurar o líder deles e ter uma conversa.
- Entendi – Em seguida Bankotsu virou-se para o grupo e explicou o plano.
- Vou entrar agora – Sesshoumaru informou – E quando invadirem tratem de não deixar nenhum homem vivo.
- Sim senhor.
Responderam em uníssono. E como arquitetado, o príncipe caminhou até os portões do templo, estes sendo protegidos por dois guardas.
- Quem é você?
Perguntou um dos guardas assim que avistou o lorde youkai – também mascarado – Apontando uma enorme espada na direção de Sesshoumaru.
- O que você quer?
O outro perguntou.
- Abram os portões.
Sesshoumaru ordenou calmamente, nem um pouco abalado ou impressionado. Os dois homens se entreolharam e riram.
- E porque faríamos isso? Caia fora, seu youkai imundo!
O primeiro debochou e cuspiu no chão, demonstrando desprezo pelo inuyoukai.
- Sabe com quem está falando?
Sesshoumaru questionou ainda mantendo sua plenitude.
- Sei sim, com um imbecil esquisito – Gargalhou – Agora saia daqui antes que eu te mate.
Respondeu rindo. Sesshoumaru soltou o ar calmamente pela boca e em seguida cortou a garganta do guarda com um único golpe de suas garras, tão rápido que mal fora possível ver o seu golpe. O homem agonizava no chão enquanto o sangue jorrava por sua garganta sem cessar.
- M-meu Deus... Por favor, não me mata! Por favor, senhor! Eu imploro!
O segundo guarda se ajoelhou no chão, tremendo e chorando. Mas Sesshoumaru não lhe deu ouvidos, pisou no pescoço do homem com força e enterrou seu pé enquanto o desconhecido se debatia no chão devido por falta de ar, logo seu rosto ganhou uma cor arroxeada ele parou de se debater, indicando que já estava sem vida.
“Ele matou esses dois homens sem esforço algum...”
Kaito pensou enquanto assistia tudo escondido. Estava impressionado com a força e a frieza de seu mestre. Viu quando Sesshoumaru causou um estrondo ao arrombar os portões do templo com um único chute para logo em seguida entrar no local.
- Ele não disse para sermos discretos?
Kaito cochichou para Bankotsu, que estava ali ao seu lado.
- É o Sesshoumaru, ele sempre pode te surpreender com a imprevisibilidade ele, acostume-se garoto.
Bankotsu o respondeu de volta.
Sesshoumaru entrou no templo sem nenhuma dificuldade, assim que chegou ao salão principal viu diversos homens de preto, alguns com máscara e outros sem, alguns deles jogavam jogos de tabuleiro, uns fumavam e outros estavam apenas à toa. Assim que o youkai pisou os pés dentro do salão todos pararam para olhar para ele.
- Onde está o líder de vocês?
O prateado perguntou para todos ali presentes.
- Quem é você, cara? Como foi que você entrou?
Um dos homens lhe perguntou ao se aproximar.
- Olha...
Um dos mascarados apontou para a mão de Sesshoumaru discretamente, o homem que lhe perguntou olhou no mesmo instante na direção que o companheiro apontou e viu a mão ensanguentada do demônio.
- O que foi que você fez seu desgraçado? Responde!
O homem gritou com o youkai, já ciente de que Sesshoumaru provavelmente havia matado os dois guardas.
- Diga logo onde está seu líder, eu não tenho a noite toda.
O inu não se importava nem um pouco com a fúria daqueles homens, Sesshoumaru não tinha medo de nada e nem de ninguém, era extremamente frio e perigoso, sem nenhum pingo de piedade.
- Ora, seu maldito...
- Cara, é melhor não falarmos assim com ele... Ele é o Taishou Sesshoumaru, príncipe do Oeste, eu já o vi antes.
Outro rapaz cochichou para o colega.
- Taishou Sesshoumaru? O filho do grande general Inu no Taishou?
- Esse mesmo.
- Eu estou pouco me fodendo para quem esse imbecil é – Em seguida o rapaz puxou a espada – Irei matá-lo agora mesmo.
- Se não querem me contar onde está o líder de vocês eu mesmo o procurarei.
O prateado deu de ombros e passou a caminhar pelo salão seguindo para outro cômodo, irritado com a marra do príncipe o bandido sacou sua espada e tentou atacar Sesshoumaru pelas costas, entretanto Bankotsu surgiu na mesma hora ao pular do telhado e arrancou a cabeça do bandido com sua espada.
- Bem na hora.
O comandante se vangloriou. Estava acostumado com aquele tipo de missão então também agia de maneira fria e cruel, afinal, não poderia ser diferente se tratando do comandante do exército do Oeste.
- SEU DESGRAÇADO! VOCÊ MATOU ELE!
Um dos bandidos gritou enfurecido e logo se iniciou um confronto no salão, todos os homens de Sesshoumaru invadiram o templo com suas espadas, arcos e flecha.
- Hehe, ora da festa!
Exclamou Jaken achando tudo aquilo muito divertido, com seu bastão de duas cabeças o pequeno ogro incendiou diversos homens, queimando vários deles vivos, que gritavam em agonia ao sentirem seus corpos sendo consumidos pelo fogo.
Sesshoumaru que já esperava por aquele embate seguiu calmamente para dentro do templo, com seus sentidos privilegiados ele tentou farejar onde o homem que procurava pudesse estar, mas eram tantos homens naquele local que todos os cheiros se misturavam.
O lorde viu um garoto que parecia ter por volta de dezessete anos tremulando no canto, quando o mais novo percebeu que o youkai o observava tentou fugir, contudo Sesshoumaru foi mais rápido e o segurou pelo pescoço.
- Onde está seu líder?
- P-por favor... Senhor, me deixa ir embora!
Implorou o jovem apavorado enquanto lágrimas rolavam por seu rosto.
- Se não me disser eu te mato.
Temendo por sua vida, o garoto decidiu falar.
- E-ele fica lá em cima senhor, na torre superior, por favor... Estou sem ar...
Após obter a informação que queria o youkai soltou o garoto no chão e saiu andando enquanto seus soldados lutavam com os bandidos. Conforme o demônio caminhava templo à dentro mais bandidos mascarados apareciam, os que estavam no grande salão não eram os únicos, entretanto Sesshoumaru era mais forte e executou todos que cruzavam seu caminho com total facilidade.
Assim que chegou a parte mais alta do templo, já na torre superior, deu de cara com duas portas vermelhas e as arrombou usando apenas a força de suas garras, as portas davam acesso a uma sala. O youkai visualizou um senhor sentado em seu zabuton como se estivesse meditando, possuía barba e bigodes brancos extremamente longos, sua pele era enrugada devido aos anos de idade, ele trajava um belíssimo kimono preto e vermelho.
- Aqui está você...
Sesshoumaru disse para o velho.
- Então você encontrou meu esconderijo... – O velho lhe respondeu – Quantos dos meus homens você matou?
- Eu não contei – Sesshoumaru respondeu despreocupado – E não foi sobre isso que eu vim falar...
O lorde foi se aproximando a passos lentos.
- A quem vocês vermes imundos servem?
Seu tom soava ameaçador, mas o velhote apenas gargalhou.
- Porque quer saber? Quer fazer justiça? – Ironizou o idoso – Um demônio assassino está revoltado com pessoas que fazem o mesmo que ele, mas que hipocrisia...
- Me poupe de suas ladainhas e responda a minha pergunta.
- Não vou dizer nada a você.
Imediatamente Sesshoumaru sacou sua espada bakusaiga e encostou a ponta da lâmina na garganta do líder.
- Lhe darei mais uma chance de responder.
O velho permaneceu alguns segundos em silêncio, e num rápido movimento sacou também sua espada e conseguiu se desvencilhar de Sesshoumaru saltando para fora da cadeira e parando em pé em um canto da sala.
- Acha que é o único aqui que tem poderes?
O velhote sorriu de maneira macabra e colocou sua língua de tamanho quilométrico para fora, indicando que ele não era um humano, mas um youkai. Uma luta se desencadeou no ambiente, o velho youkai era muito habilidoso e conseguia desviar dos ataques de Sesshoumaru e contra-atacar, entretanto, o inu era ainda mais rápido e também conseguia desviar e contra-atacar de maneira precisa o líder dos assassinos.
Após uma luta acirrada Sesshoumaru conseguiu golpear o velho, Bankotsu e Kaito chegaram à torre superior logo em seguida para ajudar.
- Trouxe a corda?
Sesshoumaru perguntou para Kaito.
- Sim senhor!
- Ótimo.
O ancião foi amarrado em sua própria cadeira com a corda de Kaito, o jovem youkai morcego se certificou de deixar o assassino bem preso, amarrou seus pés e suas mãos bem firmes, Bankotsu estava atento caso o idoso tentasse qualquer truque.
- Seu desgraçado, não vai conseguir o que quer.
O idoso disse para Sesshoumaru, em seguida cuspiu no chão diante dele.
- Eu sempre consigo – O prateado respondeu convicto – Agora me diga logo, a quem vocês servem?
- Para quê quer tanto saber?
- Vai mesmo fingir que não sabe velhote? – O prateado chegou mais perto para questioná-lo – Seus homens tentaram seqüestrar uma princesa há poucos dias, quem os pagou para isso?
- Oh, a princesa humana da carruagem... – Os lábios do velho curvaram-se em um sorriso macabro, recordando-se do que Sesshoumaru lhe falara.
- Então você se lembra...
Agora foi a vez de Kaito comentar, o idoso o encarou.
- Você... – O velho olhou para o mais novo – Você estava lá?
- Sim, eu a protegi dos seus homens covardes – O moreno respondeu, Sesshoumaru estreitou os olhos, mas decidiu ignorar Kaito.
- Oh sim, eu me recordo... Muitos de meus homens morreram àquela noite pelas mãos de vocês, desgraçados... Ah mas a princesa, que bela princesa, pele branquinha, cabelos negros e lábios rosados... Estávamos de olho nela á um bom tempo, eu e meus homens faríamos um bom proveito dela.
O sangue de Sesshoumaru ferveu ao ver aquele homem falar de Rin com palavras tão repugnantes, o sorriso macabro deixava ainda mais claro suas intenções com a jovem princesa caso seus homens conseguissem seqüestrá-la de fato. Enfurecido com aquelas palavras o prateado arrancou uma das pernas do velho youkai num só golpe de sua bakusaiga.
- MALDITO!
O ancião gritou de dor após ter sua perna arrancada tão violentamente. Sesshoumaru aproximou-se e segurou a garganta do homem com força, o inuyoukai só não o matou porque ainda precisava de informações, caso contrário o faria sem pensar duas vezes.
- Eu vou perguntar só mais uma vez... – Sesshoumaru soava ainda mais ameaçador que antes, seu maxilar estava trincado e os músculos rígidos – Quem pagou pelo seqüestro?
- P-por favor... – O velho começou a suplicar pela própria vida, a dor de ter tido a perna cortada era insuportável – Não me mate...
- Então responda se não quiser morrer aqui.
- Foi uma mulher... – Respondeu – Eu não sei o nome dela, quando veio aqui usava um capuz preto que cobria todo o seu rosto, ela não queria ser identificada... Só o que me recordo é que sua pele era pálida e os cabelos brancos. Ela não disse seu nome, apenas pediu que eliminássemos uma princesa humana e nos deu as informações.
Sesshoumaru estreitou os olhos e apertou mais o pescoço do velho, ele conhecia uma mulher pálida de cabelos brancos que se encaixava perfeitamente naquela descrição.
- P-por favor, isso é tudo o que sei.
O lorde sabia que aquilo não era mentira, possuía a habilidade de descobrir se alguém estava mentindo ou não apenas pelo cheiro e o tom de voz. Por fim soltou o pescoço do velho youkai.
- Vamos embora.
Sesshoumaru disse aos seus dois homens.
- O que faremos com ele?
Bankotsu questionou.
- Vamos incendiar esse lugar, ele morrerá de qualquer jeito.
Ao ouvir as palavras de Sesshoumaru o assassino arregalou os olhos em fúria.
- Não podem me deixar aqui! – Praguejou – Seu desgraçado! Disse que me deixaria viver se eu respondesse sua pergunta!
- Eu mudei de idéia – O lorde respondeu despreocupado – Um ser imundo como você não merece viver.
Em seguida Sesshoumaru e os outros dois soldados deram as costas e saíram andando.
- Seu filho da puta, desgraçado! – O velho continuava a esbravejar contra Sesshoumaru – Sabe o que eu ia fazer com sua princesinha? – Agora passara a gargalhar de maneira assustadora – Iria arrancar todas as roupas dela e estuprá-la até não sobrar mais nada!
Neste momento o prateado fincou os pés no chão, e antes que pudesse se virar, Kaito, em estado de fúria e incredulidade sacou sua espada rapidamente e arrancou um dos braços do velho.
- Estuprador desgraçado!
Gritou o soldado, o sangue do idoso jorrou em sua armadura devido ao impacto do golpe. Aquela era a primeira vez que Kaito ficara tão enfurecido. O ancião por sua vez gritava de dor.
- Levantem-no.
Sesshoumaru ordenou e Bankotsu e Kaito o obedeceram. O prateado foi se aproximou com a espada em mãos.
- O que vai fazer?
O velho perguntou em desespero. E sem dizer nenhuma palavra Sesshoumaru arrancou as partes intimas do assassino com sua espada num único golpe, fazendo com que mais sangue fosse jorrado.
- Por favor, pare, pare eu imploro! Me mate de uma vez!
O velho chorava enquanto agonizava em dor.
- Acabou de sentenciar sua morte, velhote maldito.
Bankotsu afirmou.
- Sabe o que acontece com quem tenta ferir minha esposa?
O prateado perguntou em um tom ameaçador, mas o velhote apenas agonizava e chorava em desespero. Sesshoumaru posicionou a ponta da lâmina da bakusaiga no meio do peito do assassino e foi colocando o restante da lâmina lentamente, penetrando a carne do velho que gritava em desespero.
Os lábios do inu curvaram-se em um sorriso maquiavélico e assustador enquanto perfurava o ancião com sua espada de forma lenta e dolorosa, e só terminou quando a bakusaiga atravessou o corpo do youkai até o outro lado.
- Eu mando direto para o inferno – A voz do inu saiu grave e assustadora – Estupradores como você não merecem se quer respirar o mesmo ar que ela.
Aquelas foram as últimas palavras que o velho youkai ouviu de Sesshoumaru para logo em seguida morrer de uma vez por todas, havia perdido muito sangue e seu corpo não suportou a dor. A pequena sala havia se transformado em zona de guerra, com sangue no chão e nas paredes.
O prateado retirou sua espada de dentro do corpo e Bankotsu e Kaito o largaram no chão. Por fim Sesshoumaru arrancou a cabeça do líder com a bakusaiga, por garantia.
- Vamos embora.
Disse o lorde para seus dois homens que apenas concordaram com a cabeça. Todos os outros soldados estavam vivos e bem, não podia se dizer o mesmo dos bandidos que habitavam aquele templo, haviam corpos e sangue por toda a parte daquele lugar, uma verdadeira chacina ocorreu ali. Sesshoumaru ordenou aos seus soldados e Jaken que incendiassem aquele templo e assim foi feito, o lugar passou a ser destruído pelo fogo.
A missão havia sido concluída com sucesso.
♦♦♦
Um novo dia havia chegado, entretanto o sol ainda estava para nascer. Após levantar, aprontar-se e tomar seu desjejum, Sayuri estava pronta para mais um dia ao lado de sua princesa. A albina se surpreendeu quando encontrou Rin já de pé em seu quarto às cinco da manhã.
- Rin? – A youkai chamou pela princesa assim que a avistou distraída olhando pela janela.
- Ohayo, Sayuri-san.
A humana cumprimentou com um pequeno sorriso.
- Porque levantou tão cedo? O sol ainda nem nasceu.
- Na verdade eu não consegui dormir direito, estou acordada há bastante tempo.
- Por Deus, Rin. Não pode fazer isso, você precisa descansar e dormir bem, você está...
- Grávida, eu sei – A princesa a interrompeu – Mas eu não consegui, estou preocupada Sayuri.
Ela volta a olhar pela janela novamente.
- Preocupada com o lorde Sesshoumaru, não é?
- Sim, e com o senhor Kaito também... – Suspirou – Eles saíram ontem à tarde e ainda não voltaram, e se tiver acontecido alguma coisa?
- Fique calma, vai dar tudo certo. Eles vão voltar logo e em segurança, vai ver. Tente não ficar muito nervosa, sim?
- Está bem, eu vou tentar ficar mais tranqüila... Bom, já que estou de pé, me ajude a escolher meu kimono para hoje?
- Claro que sim – Sayuri sorriu compreensiva – Que cor quer usar?
- Pensei em azul céu... Mas antes eu gostaria de tomar um banho.
- Muito bem então, venha.
A dama de companhia acompanhou Rin até o ofurô para que ela pudesse se banhar.
♦♦♦
Já mais tarde, a jovem princesa encontrava-se sentada em seu zabuton na biblioteca do castelo lendo mais um de seus livros preferidos.
- Com licença, princesa?
Teve sua leitura interrompida pela governanta Mitsuri que surgiu em seu campo de visão.
- Sim, Mitsuri sama?
- Lorde Sesshoumaru e seus soldados acabaram de chegar, milady.
- É mesmo?
A humana levantou-se imediatamente.
- Sim – A governanta sorriu simpaticamente – A senhorita havia me dito para avisá-la assim que chegassem.
- Eu te agradeço senhora Mitsuri – A jovem deixou o livro sobre a mesa e se apressou a deixar a biblioteca – Estou indo agora, até mais.
- Até, senhorita.
Rin saiu correndo pelos corredores até o salão principal, cessou seus passos quando avistou Sesshoumaru entrando pela porta, sua armadura possuía alguns arranhões e manchas de sangue.
- Senhor Sesshoumaru! Você voltou!
Rin correu até o inu mantendo uma distância de apenas três passos.
- Rin.
O lorde a cumprimentou.
- I-isso é sangue? – A humana observou a armadura manchada – O que aconteceu? O senhor está bem? Se machucou?
Ela se aproximou diminuindo a curta distância que havia entre os dois, com as duas mãos ela segurou uma das mãos de Sesshoumaru procurando por algum arranhão ou machucado, como se tivesse acabado de quebrar algum objeto precioso do qual prezava muito. Os lábios do youkai se curvaram em um pequeno sorriso, achava adorável ver Rin preocupada com ele.
- Eu estou bem. Esse sangue não é meu.
- Para onde o senhor foi? – Ela perguntou curiosa – A senhora Mitsuri me disse que partiu em uma missão, mas não me deu nenhum detalhe. Por favor, me fala.
Sesshoumaru sabia que se quisesse reconquistar Rin não poderia esconder as coisas dela, estava tendo um bom progresso e não podia jogar tudo fora, além do mais, ela foi o motivo do lorde convocar seus melhores homens para ir até o templo dos assassinos, o prateado julgou que seria justo que ela soubesse.
- Eu encontrei o esconderijo dos vermes que tentaram seqüestrar você.
Respondeu.
- V-você os matou?
- Sim.
- Todos eles?
- Todos.
O youkai optou por não entrar em detalhes do que havia acontecido, Rin era pura e bondosa demais para ficar à par de detalhes tão sangrentos.
- Milorde, isso foi muito perigoso... – Ela o alertou, mas ficou aliviada em seguida – Que bom que está de volta.
- Ficou preocupada com este Sesshoumaru?
O prateado esboçou um sorriso travesso de canto, Rin corou imediatamente.
- O quê? E-e-eu... Eu só... – Rin ficara completamente desconcertada – É claro que eu fiquei preocupada! O que você esperava? Quando eu acordei ontem à tarde você não estava mais aqui e ninguém me explicava direito o que estava acontecendo! Eu mal consegui dormir...
Respondeu ao desviar o olhar, completamente sem jeito. Sentiu a mão de Sesshoumaru tocar seu queixo e erguer seu rosto para que ela voltasse a encará-lo.
- Você fica adorável quando está envergonhada – O elogio fez com que as bochechas de Rin ficassem ainda mais vermelhas, se é que aquilo era possível.
- Para com isso, não fico nada!
Respondeu a princesa fazendo beicinho, Sesshoumaru deixou escapar um risinho contido, Rin era de fato adorável.
- Fica sim – O lorde retrucou – E Rin, não se preocupe. Aqueles vermes nunca mais virão atrás de você de novo.
- Obrigada milorde, por me proteger...
- Irei me banhar agora, nos veremos mais tarde.
- Claro, pode ir.
Sesshoumaru se afastou de Rin e saiu andando.
- Senhor Sesshoumaru, espere... O senhor Kaito, ele está bem? Eu soube que ele foi junto, ele não se machucou não é?
O demônio encarou sua esposa.
- Ele está bem.
Respondeu um tanto quanto incomodado com aquela pergunta, saber que Rin se preocupava com outro homem além dele lhe despertava ciúmes.
- Que ótimo – A humana sorriu aliviada.
O inu curvou a cabeça indicando que iria se retirar e logo em seguida saiu do salão principal deixando sua esposa a sós.
♦♦♦
Mais tarde Rin encontrou Kaito próximo ao estábulo onde ficavam os cavalos.
- Senhor Kaito!
- Princesa Rin!
O jovem exclamou feliz ao ver a humana.
- O senhor está bem? Eu soube que saiu em missão...
- Estou bem, obrigado por perguntar. A missão foi um sucesso, nós conseguimos punir os malditos seqüestradores daquela fatídica noite.
- É eu sei. O senhor Sesshoumaru me contou, mas... Não me deu muitos detalhes.
- Acredito que seja melhor assim, não é o tipo de coisa que uma princesa tão amável e delicada como a senhorita deva ouvir... – O rapaz explicou após guardar a cela de seu cavalo – Aqueles assassinos estupradores tiveram o final que mereceram e a senhorita está a salvo, é tudo o que importa.
Rin esboçou um sorriso.
- É verdade que o senhor decidiu ir por conta própria apenas para me proteger?
- B-bom, mais ou menos isso... O comandante Bankotsu me recrutou para a missão por me considerar adequado para tal, e eu fiz questão de ir, eu não podia deixar barato o que aqueles malditos tentaram fazer contra a senhorita.
Respondeu o rapaz meio desconcertado.
- Isso foi muito corajoso, obrigada senhor Kaito.
- Não foi nada princesa, é meu dever proteger o Oeste e protegê-la também.
O youkai sorriu.
- Foi por isso que eu vim falar com o senhor.
- Ah, é mesmo? E o que quer me falar?
- Eu quero te fazer um convite... Na verdade, está mais para um comunicado, é a primeira vez que faço isso...
- Princesa, está me deixando curioso, diga-me logo o que se passa.
- Senhor Kaito, você sempre se mostrou um soldado prestativo e fiel, além de me proteger e me acompanhar em meus passeios, sempre ficou de prontidão para garantir minha segurança quando o senhor Sesshoumaru não estava, além de ser um ótimo amigo e ouvinte é claro.
- Eu agradeço a consideração, alteza... Mas aonde a senhorita quer chegar?
- Eu quero que você se torne meu escudeiro.
Kaito arregalou os olhos, ficou paralisado por alguns segundos.
- O que me diz? - Rin perguntou ao ver a reação do rapaz – Senhor Kaito? Tudo bem?
- T-tudo... Apenas fui pego de surpresa, eu não estava esperando por isso.
- E então? Não aceito um não como resposta.
- Princesa Rin, é que eu... Não sei se sou merecedor de um cargo tão importante. Se me nomear escudeiro eu passarei a fazer parte da realeza, não sei se sou digno para tal papel.
- E porque não? Você tem um coração bondoso, é forte e é leal... E é meu amigo; claro que é merecedor, eu não imagino nenhum outro soldado com esse título a não ser você.
Kaito refletiu por alguns segundos em silêncio, analisando a proposta de Rin. Sabia que ela confiava aquele cargo a ele e seria uma desonra rejeitar aquela oportunidade.
- Tudo bem, a senhorita me convenceu, me sinto honrado por tal consideração, alteza – Em seguida o rapaz abaixou-se e apoiou um dos joelhos no chão – Será uma honra ser seu escudeiro real.
Rin esboçou um sorriso, contente com a resposta.
A cerimônia para decretar Kaito como o escudeiro da princesa do Oeste ocorreria logo no dia seguinte, isso fez com que a notícia se espalhasse rapidamente por todo o castelo e logo chegou aos ouvidos de Sesshoumaru.
- Milorde? – A governanta chamou pelo youkai após encontrá-lo em seu escritório trabalhando – Posso entrar?
O príncipe a autorizou e a mulher caminhou até sua mesa.
- Algum problema?
Perguntou o prateado enquanto escrevia em um pergaminho.
- Não meu senhor. Apenas vim informá-lo de que a cerimônia ocorrerá amanhã à tarde no salão principal do castelo.
Sesshoumaru fitou a mulher e arqueou as sobrancelhas.
- Eu não planejei nenhuma cerimônia para amanhã à tarde.
- O senhor não... Mas a princesa Rin sim, alteza.
O prateado franziu o cenho, não fazia idéia do que Mitsuri estava falando.
- A princesa? – Perguntou desconfiado – Do que está falando?
- O soldado Kaito será decretado como o escudeiro de lady Rin, milorde.
Ao ouvir aquela noticia Sesshoumaru imediatamente largou o pergaminho na mesa.
- Quem decidiu isso?
- A própria princesa, meu senhor. Achei que já soubesse...
Sesshoumaru permaneceu sério e em silêncio, deixando claro de que ele ainda não sabia daquilo.
- Pelo visto não sabia... Bom, fico feliz em lhe dar a notícia, eu preciso ir agora, sim? Com sua licença milorde.
A mulher curvou-se e saiu do escritório rapidamente, sentiu a atmosfera do ar ficar densa assim que Sesshoumaru soube de Kaito e preferiu sair dali antes que sobrasse para ela.
E bem, de fato o príncipe não havia ficado feliz com aquela novidade.
Nem um pouco feliz.
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