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História Destino em molduras - Chame pelo meu nome - História escrita por loonamoon - Spirit Fanfics e Histórias
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História Destino em molduras - Chame pelo meu nome


Escrita por: loonamoon e poetyeeun

Notas do Autor


notas do(a) autor(a): Olá!
Espero que gostem <3

agradecimentos (por loonamoon): Obrigada @peachyeojin por estar sempre fazendo o melhor!! E @mnephilim por não saber fazer capa feia, como sempre a maior!!

Capítulo 1 - Chame pelo meu nome


Em devaneios, a menina de pele pálida e fios pretos firmes em um rabo de cavalo, Cho Haseul sente um aperto em seu coração. Estranhamente, vinha sentindo essa sensação no peito há alguns meses, mas não compreendia do que se tratava; sua saúde estava em perfeito estado, então descartou qualquer ida ao médico. Contudo, era como se um vazio se apossasse de seu coração, causando-lhe um vácuo que doía e a fazia se dispersar por alguns minutos.

Era como se faltasse algo… Alguém.

Balançando a cabeça, coloca seus fones de ouvido e os conecta em seu walkman, dando play, novamente, nas faixas do álbum A Hard Day’s Night, dos Beatles. Esta que, por sinal, era sua banda favorita de todos os tempos, assim como um dia foi a de seu pai, que sempre deixava as músicas tocarem para fazê-la dormir ou se acalmar pela falta que sentia de sua mãe. O que, estranhamente, funcionava.

Pedalando pelas estradas já conhecidas, Haseul faz algumas curvas enquanto desviava de canteiros de flores nas beiradas das calçadas. A pequena Lockhart, às vezes, parecia um verdadeiro deserto isolado. Embora gostasse da calmaria e ausência de toda movimentação que uma cidade grande e muito povoada poderia ter, a menina também já se imaginou vivendo em meio a prédios e usinas. Mas, tão depressa quanto, preferia sua realidade onde o cheiro do clima podia ser sentido sem interferências de fumaças ou poluição.

No entanto, se havia algo que entrava em sua lista de coisas favoritas de todo o mundo, logo após a sua banda preferida, com toda certeza eram as feiras de relíquias que todo final de semana aconteciam em seu bairro. Para alguns, não passavam de velharias, mas para a morena, cada objeto encontrado e que mais chamava sua atenção, ganhava um lugar especial em sua estante de quinquilharias.

E como de costume, no sábado às dez e trinta e dois da manhã, a senhora Shu já expunha alguns artefatos que adquiria no decorrer da semana ou separava de seu próprio porão, como a mesma já dissera algumas vezes a Haseul que sempre adorava ouvir as histórias por trás dos objetos.

Ao dobrar a esquina, consegue avistar a porta da garagem já repleta de artefatos, expostos em algumas mesas de madeira antiga e outros no gramado.

— Bom dia, menina! Já veio atrás das suas velhas bugigangas?

Haseul dá risada, pois adorava o jeito que a senhora Shu falava sobre seus garimpos.

— Não perderia por nada. O que temos hoje? — diz, deixando a bicicleta caída na grama.

A senhora Shu lhe mostra todas as coisas em sua frente; havia um pouco de tudo, desde louças de porcelana até ferramentas antigas e quase enferrujadas. Mas o que realmente chama a atenção da morena são alguns quadros ainda dentro da garagem um pouco escondidos atrás de algumas caixas, mas os olhos castanhos não os deixam passar despercebidos.

— O que são aqueles quadros?

— Oh, aquilo? São quadros que pertenciam a uma prima distante, ela os deu para que eu jogasse fora, mas achei que poderia vendê-los para apreciadores dessas artes estranhas.

— Posso olhar? — a senhora assente em concordância.

Extremamente curiosa, Haseul se aproxima depressa, sentindo uma ansiedade incomum a cada passo que dava para mais perto dos quadros. Eram cinco molduras encostadas uma na outra, a última apoiada apenas em uma caixa de papelão amassado. Se abaixando, retira a fina camada de plástico empoeirado que tinha sobre eles, que pareciam um pouco mais escuros pela poeira; analisando as figuras, se surpreende por não fazer ideia do que se tratavam os quadros.

Eram como borrões de tinta jogados em uma tela branca que, pela pintura abstrata, ficou inteiramente colorida. Estreitando os olhos, parecia haver alguns objetos — ou alusões a eles — que eram: uma bússola, uma flor, um colar, um sino e uma casa. Eram tão imperfeitos, mas tão impressionantes que podia se sentir procurando por figuras nas nuvens no céu.

Não era a primeira vez que se deslumbrava por arte abstrata como aquela, mas era, de fato, a única vez que sentiu seu coração acelerar e um estalo lhe atingir como se lhe dissesse para levá-las para casa. Era tão fisicamente improvável se sentir ligada por simples pinturas, mas parecia estar sendo puxada por aqueles objetos coloridos e manchados.

— Eu vou levar esses cinco quadros aqui.

— Tem certeza que não quer levar fitas cassetes no lugar dessas coisas velhas e sem sentido?

Haseul pondera por um segundo. Se fato, as fitas cassete eram seu ponto fraco, ainda mais quando se tratava de seriados antigos e filmes da velha guarda. No entanto, não conseguiria dormir a noite se não levasse os quadros empoleirados que só precisavam de uma boa limpeza e um lugar para colocá-los.

— Tenho certeza. — faz beicinho. — Mas vou dar uma olhada nas fitas cassete também.

A senhora Shu solta uma risada rouca e balança a cabeça, achando graça da menina que nunca faltava às suas vendas de garagem.

Enquanto a mais velha embalava os quadros para que Haseul pudesse levá-los em sua bicicleta sem que precisasse ir empurrando-a até em casa, a morena começa a vasculhar a caixa de fitas cassete. Algumas tinham suas caixas originais e outras não mais, mas isso não importava tanto, pois gostava de apenas tê-las em sua gaveta para que, quando surgisse tempo livre, assistisse a uma maratona da época em que nem mesmo imaginava que iria existir um dia.

Escolheu o clássico de 1988, Rain Man, mas também não conseguiu desistir de Alphaville, 1965 e acabou separando os dois que entraram em sua já enorme coleção. Com um sorriso no rosto, paga a senhora Shu que, sabendo que aquele era o pagamento do dia da jovem, lhe oferece um desconto amigável, como de costume. Ainda mais feliz, com os braços cheios e uma sacola com suas fitas cassetes, Cho começa a pedalar um pouco desajeitadamente pelas ruas.

Precisando parar em uma esquina e outra, solta um longo suspiro assim que avista o começo de sua casa, o portão baixo e cercado por alguns galhos secos que precisavam ser podados o quanto antes, os quais escondiam vagamente a pintura descascada das cercas de madeira. Ao parar com a bicicleta, olha de um lado a outro, observando a calmaria da sua vizinhança pelo menos pela manhã, porque à noite sempre tinha sua insônia devido aos barulhos e sons altos que duravam até a madrugada.

Destrancando o portão, empurra sua bicicleta e corpo cansado para dentro. A noite havia sido cansativa na lanchonete e às vezes se culpava por sempre estar cobrindo seus colegas de trabalho nos turnos da noite quando ninguém queria ficar atendendo pessoas bêbadas e homens inconvenientes. Todavia, precisava juntar o dinheiro para sua tão sonhada viagem de volta a Daegu.

Estava vivendo sozinha há tempo demais para alguém com sua pouca idade. Contudo, sair de casa não foi uma escolha fácil. Não aguentava mais morar sob o mesmo teto que o casal que a explorava e a forçava a ser tudo o que sua avó jamais aprovaria ou permitiria. Quando resolveu juntar suas poucas coisas em uma mochila e bolsa de mão, saiu pela janela e não olhou para trás sequer uma vez, embora estivesse em lágrimas e com muito medo. Estava tão assustada para uma menina de pouco mais de quinze anos; seu período de fuga e consequente adaptação à vida sozinha certamente não foram fáceis.

Precisou passar por maus bocados e aguentar coisas em trabalhos de meio período que a deixavam enojada para ter novamente onde morar e, pela primeira vez, um lugar para chamar de sua casa. Foram mais de sete anos correndo atrás daquilo que, para muitos, parecia pouco, mas para ela era o ponto de partida para retornar para seu verdadeiro lugar no mundo, de onde nunca devia ter saído: onde sua avó morava e aguardava por ela, mesmo que sem saber de tudo que sua pequena neta havia enfrentado.

Passando pela varanda com madeiras velhas e que rangiam a cada passo, Haseul sustenta os quadros e a sacola nos braços, destrancando a porta de entrada. Ao abrir sua casa, percebeu que o cheiro de mofo ainda prevalecia devido à chuva na noite passada; as paredes velhas e gastas não eram de seu agrado, mas tinha que se sentir satisfeita mesmo assim, ao menos por enquanto. O aluguel era barato e, mesmo que quase com o teto despencando, tinha que servir até completar a quantia em dinheiro que estava juntando para sustentar a si mesma e sua amada avó.

Colocando os quadros em cima da poltrona azul marinho, vai até sua gaveta de fitas cassete e encaixa suas novas fitas na ordem alfabética em que todas as outras estavam. Pegando um pano na cozinha, retorna para a pequena sala para limpar os quadros e fazer o seu melhor para desenferrujar as molduras que acreditava um dia já terem sido bonitas e bem polidas.

Ao pegar a primeira pintura, passa delicadamente o pano pelos traços finos e voluptuosos, resultados dos relevos da tinta. Era uma espécie de flor com pequenas pétalas, levemente arroxeadas; se parecia muito com lavanda, mas não tinha certeza. Estava tão envolvida pela pintura que não percebeu a água caindo da sua pia e molhando o chão da cozinha. Assustada, corre até a pia e desliga o registro da torneira. Sem que percebesse, acaba deixando uma gotícula de água pingar na pintura, o que causa uma mancha arredondada no centro da tela.

— Droga! — tenta limpar, mas não tinha mais jeito, sua tela estava com uma mancha que, para quem não soubesse, acharia que fazia parte da pintura abstrata.

Ao encarar por muito tempo a mancha de água, é como se visse ela se infiltrar na pintura; não de um jeito comum quando um líquido entra em contato com o tecido da tela, mas como se incorporasse toda a água de forma real, física.  Balançando a cabeça, Haseul faz uma careta quando pondera estar cansada demais e fantasiando coisas, então retorna para a sala com a tela ainda em suas mãos.

Terminando de desempoeirar todas as cinco telas, a morena pensa em um lugar para colocá-las. Não queria deixá-las expostas na sala cheia de mofo e naquelas paredes feias, então escolheu o seu quarto de poucos metros quadrados. Procurando pela casa por alguns pregos e um martelo, os encontra embaixo da pia da cozinha, em uma caixa velha de ferramentas.

Empilhando todos os quadros, os leva até o cômodo que pouco frequentava, uma vez que quase nunca estava em casa, tampouco tinha tempo para dormir. Os colocando em cima da cama, procura pela parede mais espaçosa, a única que não tinha nada encostado, apenas uma pequena cômoda com suas maquiagens, bijuterias e perfumes. Pegando o primeiro prego e o martelo, bate na parede que era tão frágil quanto papel, mas consegue um apoio firme o suficiente para sustentar as telas. Repetindo o mesmo processo mais quatro vezes, consegue bater todos os pregos, restando apenas colocar os quadros.

Escolheu a ordem das pinturas, ponderando qual maneira ficaria mais harmônica. Flor, casa, bússola, colar e sino. Ao encaixar o último, dá um passo para trás, achando-os bonitos em sua parede revestida com papel de listras horizontais em várias nuances de marrom.

Satisfeita com sua aquisição, Cho começa a fazer seus afazeres antes do horário que iria cuidar das gêmeas de Vivi, sua antiga colega de trabalho.

As horas passam e nem mesmo percebe que já estava na hora de sair para seu segundo trabalho de meio período. Em sua bicicleta enquanto mastigava depressa duas fatias de pão em um sanduíche de frios que fez às pressas, começa a pedalar até o quarto quarteirão abaixo de sua casa. Estava um pouco frio e já passava das seis horas, então deixa a sua bicicleta na varanda e bate na porta vermelha.

— Oi, Has. — é a pequena Bailey que atende a porta.

— Oi, Bay. — chama a menina pelo apelido carinhoso que ela tanto amava ser chamada pela sua babá de meio período.

Entrando na casa bem decorada e aconchegante, cumprimenta também a mais agitada das gêmeas, Harper. A mesma corre para abraçar a morena que se abaixa para pegá-la no colo.

— Oi, foguetinho. Como vocês estão?

— Com fome. Mamãe falou que vamos pedir pizza. — Bailey responde, confiante.

— Eu não disse nada ainda. — a voz sedosa de Vivi soa na sala, onde ela dá uma risada ao ver suas filhas em volta da babá. — Boa noite, Has.

— Boa noite, Vivi. — coloca a menina no chão e na mesma hora ela sai correndo pela sala com sua irmã logo atrás. — Elas não cansam nunca, não é?

— Suspeito até que o sono delas seja agitado. — graceja, se aproximando da amiga. — Estou tão nervosa.

— Vai dar tudo certo. Se acalme.

— E se ela não gostar de mim?

Haseul rola os olhos.

— Quem não gostaria de você? — lhe mostra a língua e deixa sua bolsa e casaco em cima do sofá. — Ela vai te adorar. A propósito, você está linda.

Vivi balança os fios tingidos e dá um sorriso quase infantil. A bela mulher era uma empresária há pouco mais de dois anos, tinha duas lindas filhas e era uma boa amiga. A libertação que teve quando se assumiu bissexual, mesmo que com medo de como a sua própria colega de trabalho e amiga fosse reagir, a fez se sentir muito mais leve. Haseul admirava a mulher por sua determinação e coragem, além de se inspirar para, um dia, saber dizer exatamente o que era, e, claro, como ditar sua própria vida.

Cuidar de Bailey e Harper era algo que adorava fazer, porque as meninas eram ótimas companhias e a faziam esquecer dos problemas. As brincadeiras e falas inocentes a deixavam menos preocupada com o dia seguinte e a faziam se imaginar com uma família algum dia.

— Céus! Estou atrasada… Beijos, Has. Qualquer coisa…

— Eu tenho seu número e todos de emergência estão na porta da geladeira, eu sei. Vá para seu encontro. E arrase, garota!

— Eu te amo. Me deseja sorte?

— Eu te amo. E você não precisa de sorte alguma. Você é a sorte de qualquer pessoa no mundo. — sorri, docemente. — Vai logo.

— Já vou, já vou! — Filhas, mamãe ama vocês!

— Nós também, mamãe! — as gêmeas gritam em uníssono.

Se apressando para sair, Vivi pega sua bolsa e casaco no cabide e sai, trancando a porta atrás de si, Haseul se preparando para ir até a cozinha, mas se lembra de pedir a pizza para as garotas. Após uma longa conversa com o atendente da pizzaria, consegue fazer com que permitam três sabores ao invés de apenas dois, isso porque as meninas são extremamente indecisas, como a mãe delas também era.

Alguns minutos mais tarde, as três estavam sentadas assistindo a um filme antigo da Barbie e se divertiam maquiando umas as outras. Harper e Bailey pareciam mais como duas mini-maquiadoras e a mais velha era a cobaia perfeita com seu longo cabelo e rosto sem um resquício de maquiagem. Se divertiram assim por horas, até que pegaram no sono e foram colocadas na cama pela babá que sorriu ao vê-las tão serenas e com filetes de glitter até em seus pijamas.

Quando Vivi chegou já passava da meia-noite; ela se despediu e agradeceu a amiga, mas antes contou todos os detalhes — ao menos os que Haseul acreditou serem aceitáveis de serem ditos em voz alta — da sua noite encantadora, como ela mesmo disse. Em sua bicicleta, a morena partiu e logo chegou em casa, um pouco mais cansada que pela manhã, já bocejando.

Na sala de estar, esfregando os olhos, se desfaz dos sapatos, bolsa e algumas peças de roupa até chegar em seu quarto. Abrindo a porta, parece avistar um clarão vindo de alguma das paredes, mas pensa ser apenas um reflexo da lua que brilhava no céu do lado de fora da janela. No entanto, as cortinas estavam fechadas e o quarto todo escuro —  isso a fez abrir mais os olhos e ter um pouco de atenção.

Um barulho pôde ser ouvido, como o som de socos em uma porta.

Ha-Haseul.

Alguém parecia chamar o seu nome.

Várias e várias vezes. Era uma voz baixa e feminina.

Mas Cho estava sozinha.

Acendendo as luzes, se assusta novamente com a luz que parece vir de algum lugar no quarto e nota vir da parede em que estavam os quadros, além do som que parecia cada vez mais alto. Ela decide se aproximar para se certificar de que não estava enlouquecendo. 

Ao tocar uma das telas, sente a mesma se afundando, e, de repente, o clarão se repete.

Mas dessa vez, a energia de mais cedo que parecia puxá-la, acontece com maior intensidade.

Haseul estava sendo transportada para dentro do quadro com a figura de bússola.


Notas Finais


Obrigada pela leitura!


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