Alguns momentos após os pais de Jungkook irem embora, o moreno pode finalmente respirar aliviado e sentir sua cabeça parar de girar a cada instante com todo aquele clima que para ele não o fazia nada bem. Não é como se ele não amasse os seus progenitores... ele os amava sim, e céus, como amava; mas não se sentia totalmente confortável ao lado deles.
Jungkook vive em uma constante batalha árdua consigo mesmo todos os dias, ao se perguntar a razão pelo qual era tratado tão enfadonhamente. Sente que tudo é culpa sua, por não conseguir ser o filho que sua mãe almeja, por não conseguir limpar uma simples casa sem no final do dia parecer que havia levado socos em seu rosto de tão inchado que o mesmo ficava, tudo por conta de sua fatídica rinite atacada ao qual não podia evitar. Sente também que não é o ômega que seu pai o ensinou a ser; submisso, comportado, doce, gentil. O mesmo se sente como se a decepção fosse sua melhor amiga, sempre o acompanhando para onde quer que ele fosse.
O Jeon acredita que o fato de ser tão maltratado nada mais era consequências de seus próprios atos, ou pelo simples fato de merecer todo aquele sofrimento. Jungkook tem a mente confusa e com a gravidez agora... sentiu-se perdido, sozinho. Não tinha seus pais ao seu lado num momento como esse.
O mesmo acontecia com Baekhyun, o mais novo quando estava com o Jeon era diferente, eles eram próximos, compartilhavam segredos e sonhos, realmente agiam como irmãos que eram... Mas quando Baekhyun estava perto de Jimin, era como se Jungkook fosse invisível, como se ele não merecesse sequer a atenção do mais novo. E isso doía tanto no ômega, tanto que Jungkook não aguentava e passava horas da noite encolhidinho em sua cama e chorando, perguntando-se por qual motivo era tão insignificante.
Tendo em vista que agora estava enclausurado naquele pálacio até o final da semana, Jungkook deixou de divagar em pensamentos para dar de cara com aquele homem robusto e alto parado em sua frente, o encarando com tanta sinceridade no olhar.
— Sinta-se como se estivesse em casa, Jungkook. Mandarei o choffer até sua casa para buscar suas coisas e a de seu irmão. — o rei lhe sussurrou quando a Rainha já estava longe o suficiente deles. Está ai algo que Jungkook nunca entenderia; por qual razão Dongsun apenas lhe dirigir a palavra quando sua esposa não estava por perto. Mas não podia reclamar, qualquer sinal de bondade para com ele já aquecia o seu coraçãozinho carente.
Mas uma dúvida que sempre rondava sua mente fraquinha, era porquê de apenas ser tratado devidamente bem quando aqueles que mais lhe feriam estavam longe...
— O...Obrigado Majestade. — o rei sorriu terno para o garoto e se afastou. Jungkook deixou com que um sorriso bobo brincasse em seus lábios, não era todo dia que alguém falava consigo ou ao menos o olhasse de uma forma que não fosse de desgosto ou desprezo, e, algo assim vindo do Rei, pai de Jimin e um Alfa Lúpus, para si era simplesmente maravilhoso. Sentiu-se aquecer por dentro enquanto o tempo lá fora parecia congelar ainda mais.
[. . . ]
Ao longe, sentados no sofá confortável da sala, o ômega pode ver como Baekhyun e Jimin estavam engatados em uma conversa super animada sobre assuntos aleatórios, trocando sorrisos quase a todo momento... Sentir-se um tolo era pouco para o que Jungkook estava sentindo em seu íntimo. Suspirou entristecido e desceu seu olhar para seu ventre, onde não havia protuberância alguma, mas que mesmo assim, ali crescia uma vidinha. E céus como ele já amava aquele pequeno ser humaninho.
Imaginou-se com um pequeno amontoadinho em seu colo, enquanto o aninhava carinhosamente. Imaginou aquele pacotinho de amor crescendo envolvido de muito amor e carinho... Imaginou-se sendo feliz.
Engoliu aquele bolo formado em sua garganta desde que chegou naquele palácio e se aproximou novamente de onde os dois estavam, em silêncio. Mas Jimin possuía uma audição e um olfato bem apurado para não perceber a pequena presença do ômega. Mas sorriu amarelo ao que encontrou os olhos negros de sua mãe no topo da escada, o vigiando.
— Está ansioso meu bem? — perguntou ao ômega que estava ao seu lado, este que corou com o jeito carinhoso ao qual havia sido chamado. Jungkook semicerrou os olhos em direção a Jimin, desconfiado. — Nosso casamento está tão perto... Como se sente quanto à isso?
— Me casar é o que eu mais quero, Jimin-ssi, e eu estou tão, mas tão nervoso com isso... — o alfa sorriu estranho, sentiu o desconforto do cunhado de longe, e aquilo apenas o atiçava a continuar com o seu joguinho mental que para si estava sendo divertido, no momento.
Afinal, provocar Jeon Jungkook sempre seria sua diversão favorita.
— Não fique. Será um dia especial, para todos nós. — Baekhyun podia jurar que o seu noivo desviara o olhar do seu, mas ignorou, como sempre fazia. — Bem, meus amigos estão quase que para chegar, certo? — o ômega assentiu com um manejar de cabeça sutil. — O que acha de se deitar um pouco para descansar? Garanto que quando eles estiverem aqui, tudo o que você menos terá é descanso. Eles são bem hiperativos e barulhentos. E já está tarde.
— Oh! Eu acho uma boa ideia hyung. — o ômega realmente queria dormir, estava cansado. Sua mãe o fez acordar horas mais cedo do que o normal apenas para se enfeitar todo para o alfa. — Você vem?
Jimin respirou fundo, sentido o cheiro que tanto conhecia entrar por suas narinas e o abraçar.
— Suba, eu irei em seguida. — assim que o ômega concordou, Jimin deixou um beijo casto em seus lábios, mas fizera à questão de olhar para Jungkook durante o ato, e depois assistiu o seu noivo subir às escadas, desejar um boa noite para sua mãe e sumir pelos corredores.
Jungkook se encolheu no sofá quando viu o olhar predatório de Jimin em si, o coração parecia querer pular para fora de sua caixa torácica. Engoliu a vontade de fugir daquele homem ao que Jimin se aproximou sorrateiramente, como uma caça se aproxima de sua presa. E o Park era o caçador.
— Não te vejo já faz algum tempo. — a voz rouca e séria do alfa fez os pelinhos do Jeon se eriçarem todinhos. Jimin lhe provocava sensações estranhas e gostosas ao mesmo tempo.
Isso era estar apaixonado?
— Hm, por um acaso, sentiu minha falta? — Jungkook sentiu-se liberto com o Príncipe, por conta disso não mediu as palavras, mesmo estando receoso quanto aquilo. Park Jimin ainda era um alfa, e lúpus.
— Não. — a convicção e suavidade na negação de Jimin fez Jeon recuar um pouco. O aperto no peito foi doloroso para o ômega, já deveria estar acostumado com aquilo, mas não era como se alguém pudesse se acostumar a sentir tanta dor. Era cruel demais para qualquer um.
— Então... Por que pediu para que eu ficasse? — questionou, cedendo à sua curiosidade massante.
— Por pena, talvez. — o ômega franziu o cenho, tentando entender o que Jimin havia dito. — Oras, você não tem ninguém, ou tem? — o ômega abaixou o olhar tristonho para às suas mãos, não teria coragem para olhar nos olhos daquele que amava tanto depois disso, pois sabia que era verdade. Sua triste e sofrida verdade. — Foi o que eu pensei.
Ouve um silêncio mútuo por um instante, até ouvirem a voz firme da matriarca Park ao pé da escada.
— Jimin, venha. — Curta, direta e grossa.
— Em um instante. — Jimin levou os olhos além do ômega, onde pode enxergar sua mãe, já que ela estava por trás das costas de Jungkook. E em segundos estavam sozinhos.
— Você... você se lembra? — ainda de olhos baixos, Jeon perguntou, tremendo e temendo pela resposta do outro. E percebeu que Jimin demorou para responder, então levantou o olhar, vendo o alfa o olhar com seriedade e tanta intensidade que parecia que... parecia que ele podia ver através de seu corpo.
— Boa noite, Jungkook.
Foram as últimas palavras proferidas por Jimin, que deu às costas para o ômega, sem ao menos respondê-lo corretamente. E Jungkook só pedia por respostas, estas que não foram dadas pelo príncipe.
[. . .]
Jimin revirou-se em sua cama, estava suado e não conseguia fechar os olhos e não imaginar Jeon Jungkook.
Aquele ômega o deixava confuso, irritado com seus próprios sentimentos. Era uma loucura, estava noivo do irmão do mesmo. Não deveria se sentir tão atraído por outra pessoa que não fosse o seu futuro noivo. Não deveria desejar outra pessoa.
Casar-se era algo que ele definitivamente não queria fazer tão cedo. Mas era obrigado por sua mãe, seria o próximo à subir ao trono, e Busan precisava de um futuro rei, ou de uma futura rainha, tanto se importa. Ele se lembrava perfeitamente do que o ômega perguntou, e como se lembrava...
Ahh, ainda podia sentir a leve textura da pele alva sob os seus dedos gordinhos, o sabor docinho de morango dos lábios de Jungkook e o seu cheiro característico era tão adocicado quanto o mesmo. Ele conseguia ouvir os gemidos manhosos do ômega e os seus pedidos por mais e mais... senhor, Jimin iria enlouquecer a qualquer momento por conta daquele garoto.
Já cansado de virar-se na cama e não conseguir dormir, o lúpus se levantou bufando, estava estranhamente irritado. Vestiu a primeira peça de roupa que encontrou jogada em seu guarda-roupa e saiu de seu quarto a passos leves, parando no meio do corredor pouco iluminado. Do lado esquerdo, estava o quarto em que Jungkook optou por adormecer. E do outro, o de seu noivo. Era tarde da noite, beirando às três da manhã, apenas ele estava acordado, agitado.
Mordeu os lábios volumosos em dúvida e nervosismo, acabando por suspirar pesado e rumou para o lado em que o seu coração confuso mandou. O esquerdo.
O lado de seu coração.
E naquela madrugada fria e deserta, observar Jungkook dormindo e ressonando baixinho, sorrindo ao meio do sono e agarrado a um travesseiro confortável nunca foi tão adorável para o Príncipe.
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