Ambos voltaram à superfície e permaneceram se encarando sem contagem de tempo.
Quando enfim voltaram à realidade, estavam abismados. Aquilo era real?
Tantas histórias ouvidas por Jongin de seu avô, eram verdadeiras?
Tantas lendas que Sehun lia na internet, eram verdadeiras?
Estavam fascinados um pelo outro, sua história, seu povo, suas experiências. Mas alguém precisava dizer alguma coisa, e vendo que o moreno menor não seria essa pessoa, Sehun resolveu dar o primeiro passo.
- Uau.
- Isso é verdade? Você não está me ludibriando? – Perguntou Jongin ainda sem acreditar.
- Vamos sair da água e ir para a cabana, lá conversamos melhor e, por favor, vestidos.
Sehun não sabia se Jongin tinha entendido o duplo sentido de sua fala, visto que apenas assentiu e saiu na frente, logo as pernas aparecendo ao se aproximar da margem. A verdade é que o humano não conseguiria concentração já que, juntos com as pernas, também vieram as nádegas redondinhas e morenas. Um suspiro de alívio surgio, enquanto o menor se vestia.
(...)
Estavam sentados no monte de folhas, já haviam comido e agora se encaravam a algum tempo sem perceber.
- Só existe você? Digo, de humano. – Jongin indagou.
- Não, não! Existem muitos, muitos mesmo. – O humanos tratou de explicar – E serenos? É só você?
- Syrena. – Corrigiu com um sorriso encantador. – Também existem muitos de nós.
- Onde estão? Você se perdeu?
- Eu fugi. – O Syrena respondeu com um semblante triste. – E você? Onde estão os outros humanos?
- Eu fui vítima de um naufrágio. – Sehun queria perguntar o por que do outro ter fugido, mas vendo que ele ficaria triste, deixou para outra hora.
- Ah, você disse sobre isso quando nos vimos, o que é um naufrágio?
- É quando uma embarcação afunda. – Explicou rasamente.
- Como foi o seu naufrágio? – Perguntou com certa empolgação, estava tão fascinado que não notou que o outro tinha um brilho triste no olhar.
- Eu estava pescando com meu pai, e foi tudo muito rápido; Quando acordei já estava aqui.
- Faz tempo?
- Dias antes de te achar. E você, por que fugiu? – Sehun pensou que devem ter direitos iguais.
- Aah... eu era obrigado a fazer algo que não queria.
- Entendo.
- Está com sono? – O menor perguntou, vendo o outro abrir a boca repetidas vezes.
- Sim. – Respondeu já se deitando, sentindo o Syrena fazer o mesmo.
Sehun realmente tinha sono, por isso logo adormeceu.
Jongin estava ansioso, preocupado, inquieto. Mexia seu corpo de um lado ao outro buscando uma posição confortável para adormecer. Pensava nas possibilidades dali a frente, se iria conhecer mais humanos, se iria ser aceito com eles, se Sehun continuaria com ele mesmo quando saíssem daquela ilha. Uma questão surgiu em sua cabeça.
- Sehun. – Chamou, ouvindo um “hm” como resposta. – O que é um maratonista?
Sehun se virou para encarar o menor, mais dormindo que acordado, levou uma de suas mãos para as madeixas castanhas do outro visando que aquele pequeno pedaço de mal caminho adormecesse logo, o que de fato aconteceu.
Ψ
Os dias foram passando e os garotos se conhecendo. Sehun descobriu que Jongin tinha 18 anos, ou seja, da mesma idade que si já que também tinha 18. Dentre inúmeras coisas sobre o lugar onde vivia, sobre ser filho do “presidente”, e ter fugido com a ajuda de dois amigos. Enquanto também contava sobre a civilização e a sociedade, os costumes, as comidas e tudo o que achou que seria fascinante ao Syrena.
Jongin descobriu que a história que seu avô contara sobre uma grande embarcação que afundou devido a uma colisão com gelo era real, e entristeceu-se quando soube a quantidade de pessoas mortas, Sehun contou sobre ser humilde, e sua família – ele e seu pai – vivia tendo como base a pescaria.
Eles estavam construindo uma jangada, com troncos grossos e longos. Usando a experiência de Sehun e força de Jongin. Logo poderiam sair dali e ver o que daria depois.
Nesse momento estavam sentados no monte de folhas da cabana do loiro, com este explicando e inventando histórias fascinantes, até para si, sobre os copos de plástico que tinha ali.
- E este? – Perguntou Jongin com muita empolgação mostrando um copo vermelho, podia ver que o outro não falava a verdade, já que demorava para contar as histórias e gaguejava, mas estava adorando o outro querendo o divertir.
- Este... hm... Eu achei ele... perto de uma cachoeira. Tinham alguns bixos protegendo e tive que lutar com todos, um deles cravou os dentes no meu braço e até hoje tenho a cicatriz. – Mostrou a marca da vacina que recebeu quando era bebê.
- Uau! Doeu muito? – Perguntou o castanho, prendendo a risada visto que o próprio Sehun, já tinha lhe falado sobre a vacina.
- Sim... doeu muito e... – Parou ao ouvir uma risada gostosa desprender dos lábios carnudos do outro – Por que está rindo?! – Perguntou, mas estava rindo também.
Eles tinham criado um laço muito forte, sempre ajudando um ao outro mesmo que não fosse necessária ajuda. Pararam de rir e se encararam, perdendo a noção do tempo.
- Sehun. – Chamou, olhando profundamente o outro.
- Sim? – Respondeu, grudando seu olhar nos lábios do amigo.
- Quando sairmos daqui, como vai ser? – Perguntou preocupado com seu futuro destino.
- Como assim? – Sehun não entendeu a pergunta.
- Você vai continuar assim comigo? Sendo meu amigo?
- Claro que sim. – Respondeu sorrindo e passando o polegar na bochecha do outro. – Você vai morar comigo, e vamos nos divertir. Vou te apresentar aos meus amigos e vamos sair pra tomar sorvete.
- O Luhan, Chen, e Xiumin? – Perguntou enquanto, inconscientemente, esfregou a bochecha no polegar do outro.
- Sim... – Se preocupou ao lembrar de Luhan, antes de toda a confusão do naufrágio, eles tinham algum tipo de relacionamento. Como uma amizade com benefícios, sendo que sentiam alguma coisa um pelo outro. Sehun nem mesmo lembrava de Luhan ultimamente.
- O que foi? – Perguntou ao notar o loiro aéreo.
- Está tudo bem, vamos dormir.
Deitaram de frente um pro outro, com o loiro ainda acarinhando os fios do castanho.
E entregaram-se ao sono.
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