Loving can heal
Loving can mend your soul
And is the only thing that I know, know
I swear it will get easier
Remember that with every piece of ya
And is the only thing we take with us when we die
Amar pode curar
Amar pode remendar sua alma
E é a única coisa que eu sei
Eu juro que fica mais fácil
Lembre-se disso com cada pedaço seu
E é a única coisa que levamos quando morremos.
(Photograph – Ed Sheeran)
Saori observava a minha pausa atentamente enquanto eu terminava o relato do meu diário. Cada vez que abria um novo era como se Cronos me permitisse retornar para assistir minha própria história como espectadora. Olhei para a caixa e puxei o registro de 2011.
– Esse foi o ano em que você me disse que você e Shaka fizeram as pazes, certo? – Ela perguntou.
– Tem razão. – Concordei. – Chegou a hora de te contar como voltamos a ser melhores amigos, mas já adianto que a história é bem triste.
Janeiro de 2011.
O câncer da mãe de Shaka avançava sem trégua. A quimio em si já não era o suficiente e a doença se alastrava para outras partes do corpo. Sabia que logo receberia a noticia de que ela dormiu no sono eterno. Era cedo quando o telefone tocou e a tia do loiro me contou o que houve.
Fui até o templo avisar que me ausentaria da festa que ocorreria naquele dia. Passei por Aiolos e contei o que tinha acontecido. Ele quis me acompanhar, mas pedi que me deixasse me despedir dela sozinha.
Cheguei ao velório e cumprimentei alguns familiares. Coloquei as flores que levei sobre o caixão e fui em direção a meu amigo. Abracei Shaka sentindo suas lágrimas caírem. Não queria imaginar a dor que ele sentia.
– Eu não a terei mais aqui. – Ele me disse.
– Ela sempre estará aqui cuidando de você. – Respondi e o abracei.
Observei Pandora entrar com uma garrafa d’água e me encarar. Soltei o loiro a olhando da mesma forma.
– Já estou farta dela. – Ela vociferou. – Está na hora dela nos deixar em paz.
– É melhor eu ir. – Falei tentando evitar uma confusão.
– Espera. – Shaka pediu. – O que quer dizer com isso?
– Escolha agora. – Pandora exigiu. – Eu ou ela?
– É melhor eu ir mesmo. – Disse não querendo saber o que ele faria.
– Angel. – O loiro respondeu.
– O que? – Ela gritou.
– Entre você e Angel. – Ele falou. – Eu escolho ela. Escolho a minha amiga, minha irmã.
A vi desferir um tapa no rosto dele e sair bufando do local. Voltei para o lado dele e o abracei. Shaka me surpreendeu com sua escolha. Não imaginava que ele poderia escolher a nossa amizade. Agora realmente meu amigo estava de volta ao meu lado.
Dias atuais.
– Então no momento certo ele entendeu o erro que cometeu. – Saori compreendeu.
– Sim e percebeu antes que pudesse ter se casado com ela. – Concordei.
– Como ele ficou? – Ela perguntou.
– Quando alguém perde a mãe é como se um pedaço seu se fosse para sempre. – Expliquei.
Janeiro de 2011.
Chegávamos do enterro na porta do loiro. Ele parecia ainda bastante abalado. Combinei com ele que iria em casa pegar algumas coisas e que dormiria no sofá para ficar com ele. Assim que comecei a andar vi Ikki se aproximar. Pensei em retornar para impedir uma discussão, mas me surpreendi. O leonino o abraçou e o consolou.
– Deve estar sendo muito difícil. – Aiolos comentou surgindo. – Já vai para casa descansar?
– Vou descansar hoje com ele. – Respondi. – Shaka ficou sozinho.
– Pandora não vai gostar. – O sagitariano disse.
– Nunca mais teremos que olhar a cara de chuchu aguado. – Informei.
– Está me dizendo que vai dormir na casa dele somente os dois? – Ele perguntou.
– Sabe que Shaka é como um irmão? – Indaguei. – Ele perdeu a mãe hoje. Ficarei com o celular ligado e dormirei em um cômodo separado.
...
Arrumava a geladeira enquanto separava algo para comermos. Olhava Shaka parado encarando o nada enquanto eu colocava as coisas na mesa para preparar dois sanduiches.
– Vocês dois finalmente estão juntos. – Ele comentou.
– Mas não sei até quando. – Confessei. – Aiolos ama a liberdade e as vezes sinto que ele se sente preso a mim. Eu não quero perdê-lo.
– Talvez você precise deixá-lo ir para saber se ele volta. – O virginiano sugeriu.
– Eu acho que quebraria sem ele. – Confessei. – Eu me perderia sem ele.
– Você se tornou muito dependente dele Angel. – O loiro concluiu. – A questão é que nada é eterno.
– Mas aqui dentro de mim sempre será. –Rebati.
– As vezes acho que o que sente por ele não é apenas uma paixão de adolescência.
Dias atuais.
– Shaka parece conhecê-la bem. – A virginiana ponderou.
– Deve ser uma característica do signo saber analisar as pessoa. – Comentei e ela riu.
– E seu relacionamento com Aiolos? – Ela perguntou.
Abril de 2011.
Haveria uma festa de bodas no templo e todas as servas e sacerdotes e sacerdotisas foram convocados. Participaríamos da cerimônia e depois da festa. Assim organizei minhas vestes para o evento.
Observei atentamente o casal celebrando mais um ano de sua união e sorri imaginando se um dia eu teria isso. Poucas vezes pensava nessas coisa, mas já imaginava como gostaria que fosse a minha festa. Nem percebi quando o irmão de Seika se aproximou.
– Você cresceu. – Ele comentou. – Está mais bonita.
– Obrigada Sigfried. – Agradeci. – Como foi a viagem?
– A melhor parte é que finalmente poderei ficar aqui de novo. – Ele respondeu. – Depois nos vemos.
A cerimônia terminou e procurei Aiolos com os olhos. Nosso relacionamento não era do conhecimento de ninguém, mas todos já estavam habituados com nossa amizade então não haviam especulações sobre a nossa aproximação.
– Ju viu o Olos? – Perguntei.
– Acho que ele está no bar do Hasgard com o Aldebaram a Shina e os outros.
Senti uma ponta de raiva e perdi o clima para permanecer no evento. Me despedi de todos alegando uma dor de cabeça e segui para casa. Observei enquanto abria a porta o quanto eles divertiam-se e comecei a pensar nas palavras de Shaka.
Entrei em casa e fui direto para o banho desligando o cheiro. O calor me atrapalhava e me irritava. Catei o pijama e segui para o quarto me jogando na cama. Fiquei pensando durante horas e o sono não vinha.
Dias atuais.
– Foi a primeira noite em que não dormi pensando nele, mas não foi a última. – Contei.
– E no que pensou? – Ela me indagou.
– Se eu não estava o prendendo demais. – Confessei. – Apesar dos sumiços e das discussões era comigo com quem ele era mais carinhoso. Eu era a única que ele beijava o topo da testa.
– O que aconteceu? – Saori perguntou.
Maio de 2011.
Estava no quarto digitando um trabalho sobre literatura infantil quando senti uma mão em meu ombro. Ele sempre tinha facilidade de entrar e sair de casa. Puxei sua mão e a beijei virando para ele e vendo seu olhar sério.
– O que aconteceu? – Perguntei.
– Eu consegui a bolsa para a pós. – Aiolos contou.
– Isso é ótimo! – Disse o abraçando. – O que aconteceu?
– Eu vi o seu olhar no dia em que estava no bar com o pessoal. – Ele comentou.
– Sei que sou ciumenta com você e talvez me falte maturidade ainda, mas acho que posso aprender. – Falei.
– Eu também sinto ciúmes. – Confessou. – Não gosto de lembrar que Saga foi o seu primeiro e não eu. Não gosto de ver Seiya a cumprimentar toda vez que passa por nós. Não suporto a forma como Shaka me olha, esperando que eu a quebre.
– Diga de uma vez. – Pedi.
– Não sei se vou ter maturidade para continuar com você. – Aiolos respondeu. – E sempre achei que seria você a imatura. Foi egoísmo meu não suportar ver você com outro. Não ter deixado você seguir com ele.
– Nós dois sabemos que eu acabaria correndo atrás de você. – Confessei.
– Daqui pra frente seremos o que nunca deixamos de ser, amigos. –Sugeriu. – Sei que pode ser egoísmo meu a querer perto.
– Também não quero ficar longe. – Falei e o abracei.
...
Já havia uma semana que Aiolos havia terminado comigo e havia uma semana em que estava tendo dificuldades de dormir. Estava na casa de Shaka ouvindo música com ele enquanto terminávamos de arrumar as coisas da mãe dele.
– As mães das crianças que minha mãe dava aula na explicadora estão perguntando se você não quer assumir o lugar dela. – O loiro comentou.
– Não acho que daria conta com a universidade e tudo. – Respondi.
– Considerando que você só está dormindo umas quatro horas daria sim. – Disse irônico.
– Gracinha. – Debochei. – O oráculo me passou um chá de erva doce e cidreira para dormir. Irei testar hoje.
– Finalmente achei você. – Afrodite disse entrando na sala.
– Quem convidou essa criatura? – O loiro perguntou.
– Combinei com ela que íamos sair para dançar. – Ele respondeu. – Quando a mãe dela me disse onde ela estava trouxe logo a roupa e as coisas dela para evitar uma fuga.
– Eu vou junto. – Shaka informou. – Vá se arrumar no quarto de visitas que eu vou me arrumar no meu.
– Não deveria dizer a ele que é um bar... – Tentei dizer, mas fui impedida.
– Ele quis vir sem perguntar se podia. – O pisciano respondeu. – Vamos ver o que vai acontecer.
Tomei um banho e me arrumei indo para sala me juntando aos outros dois. Fomos para o local e logo Dite foi buscar sua bebida e as nossas. Shaka parecia observar o lugar com a mesma curiosidade que eu. Afrodite havia me levado lá para dançar e distrair a mente só não contava com a presença do loiro. Logo ele retornou entregando meu refrigerante e o suco do loiro.
– Sabia que isso faz mal a você? – O loiro perguntou.
– Segundo sua filosofia, eu gosto daquilo que tem esse efeito sobre mim. – Respondi.
– Um a zero. – Afrodite riu. – Olha só aquele gato olhando para cá.
– É o Ikki. – Shaka falou. – Eu disse que ele era seu fã.
– Ele não está olhando para ela. – O pisciano falou. – Ele está olhando para você loiro.
– O que? – O vi perguntar sobressaltado.
– Eu sempre te disse que não era para mim que ele olhava. – Falei.
– Mas ele sempre implicou comigo. – Shaka comentou.
– Paixão antiga. – Dite falou. – Ele está vindo falar com você.
– Quer dançar? – O leonino perguntou ao loiro.
– Ele quer sim. – Respondi o empurrando.
Vi os dois irem para a pista de dança enquanto observava com Afrodite a cena. O olhar do loiro demonstrava receio, mas algo sempre me dizia que aqueles dois eram perfeitos um para o outro. Ikki o desafiava e tirava de sua área de conforto.
Afrodite me cutucou apontando com a cabeça para os dois. Vimos quando o leonino o puxou para mais perto e comemoramos quando aqueles dois finalmente se beijaram.
Dias atuais.
– Ikki e Shaka ficaram juntos? – Saori perguntou.
– Eles estão juntos até hoje. – Respondi. – Algumas histórias tem finais felizes.
– Talvez a sua ainda tenha. – Ela me disse. – E você?
Maio de 2011.
Estava na biblioteca procurando material para a minha pesquisa quando vi Camus entrar. Ele trazia consigo alguns livros também. O vi se sentar ao meu lado.
– Como estão as coisas com o Milo? – Perguntei.
– Ele é um idiota. – O ruivo respondeu. – E Aiolos?
– É um idiota também. – Respondi e ele riu.
– Somos uma dupla horrível. – Ele respondeu. – O que escreveu nesse caderno?
– Um poema. – Contei lhe entregando o caderno.
Odeio quando não me da atenção.
Odeio quando tira a minha concentração.
Odeio quando seu olhar me faz te perdoar.
Odeio quando me deixa sem falas.
Odeio quando da atenção a ela.
Morro de ciúmes.
Odeio quando outra olha você.
Odeio o fato de quando estou irritada me faz dar risadas.
Amo quando consigo sua atenção.
Amo seu jeito cafajeste de olhar.
Minha alegria é ter você aqui.
Odeio pensar que um dia posso te perder.
Amo o fato a nossa cumplicidade.
Odeio o fato de achar que quero te prender aqui.
Odeio o fato de não conseguir te odiar
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