A porta do avião se abriu automaticamente e Cloe saiu dele desamparada. Ela andava sem direção e nem ao menos sabia onde estava. Quando ela finalmente achou uma placa, ela apressou o passo e viu o nome da placa iluminada pelos primeiros raios de sol.
–Raccoon City....-Engoliu um seco.
Era Raccoon City, com seus destroços no chão até hoje e prédios ainda que estavam para cair. Ela entrou na fronteira da cidade e andava nas ruas que um dia usou como ponto de prostituição. Era uma tortura para ela, afinal, para chegar aonde queria ela teria que passar pelo vale da sombra: Raccoon City.
De repente começou a chover, mas Cloe não se importou, ela nem sentia a chuva tocar sua pele. Ela estava perdida em sua mente, eram pensamentos entre seus últimos minutos em Raccoon City e o navio explodindo. Aquelas lembranças arrancaram lágrimas. Ela queria sair logo dali correndo rapidamente ou dando um salto, mas ela estava muito fraca mentalmente, então a única opção é correr. Cloe corria chorando e tentando esquecer-se das coisas passadas, mas a mente não tem cura.
Em poucos minutos ela cruzou a cidade e estava fora dela. Ela parou para respirar e segundos depois ela continuou a andar. Já na estrada, ela podia ver a cidade vizinha de Raccoon City com suas luzes da cidade. Ao chegar às ruas urbanizadas, as pessoas olharam para Cloe estranhando porque ela estava na chuva e nem ao menos se importava. Pessoas como ela conseguem quebrar o paradigma de imagem facilmente.
Andando sem parar, Cloe quase nem percebeu que já estava na rua da casa de Chris. Ela olhou para a casa dele e pensou que essa não era a melhor agora. Cloe imaginou que ele provavelmente estava dormindo agora, e que ele merecia um descanso, mesmo que seja por poucas horas. Mesmo assim, Cloe abriu a cerca e foi para o pequeno quintal de Chris. Lá tinha uma árvore, onde Cloe resolveu se sentar e encostar suas contra o tronco. E como sempre, Cloe apenas fechou os olhos e tentou tranquilizar sua mente.
Nem a própria soube exatamente quanto tempo se passou, mas de uma coisa ela tinha certeza, foram horas. Ela abriu os olhos na hora que ouviu a porta se abrir. Chris apareceu com um roupão e o cabelo úmido, acabara de sair do banho.
–Cloe....-Disse Chris se aproximando. – Meu Deus. – Ele colocou a mão no rosto dela. Ele esperava uma febre, mas Cloe estava bem, mas péssima emocionalmente, e isso a deixava fraca. – Você consegue se levantar?
Cloe não respondeu, mas fez um sim com a cabeça. Ela se levantou, mas mesmo assim Chris fez questão de ajuda-la. Os dois entraram e se olharam.
–Chris, você precisa saber de uma coisa. – Disse Cloe com a voz falha.
–Não. – Chris a interrompeu. – Agora não. – Chris fez um não com a cabeça. – Acho que você deveria tomar um banho.
Cloe queria responder que aquilo não era necessário, mas quando percebeu, Chris já estava segurando seu braço e subindo as escadas. Os dois pararam num quarto feminino e bem arrumado. Chris abriu o armário e pegou um vestido branco florido que tinha o comprimento perfeito. Foi quando Cloe se deu conta quando Chris ofereceu o vestido.
–Chris....não posso aceitar, esse vestido. – Cloe olhou para o vestido e lembrou-se do ultimo segundo de Claire.
–Não se preocupe. – Disse Chris com um sorriso triste. – Leva um tempo para perdoar essas coisas, e te mandaram mata-la. Não é você que eu tenho que odiar. – Cloe suspirou e olhou para Chris. – Pode usar o banheiro do quarto mesmo, aproveita e tira essa maquiagem borrada.
Chris disse aquilo para melhorar o clima. Acabou dando certo, já que Cloe fez o possível para sorrir e parecer agradecida. Chris também acabou sorrindo e fechou a porta. Depois direto para seu quarto se vestir.
Sozinha agora, Cloe foi para o banheiro e fechou a porta. Despiu-se, ligou o chuveiro e deixou a agua cair sobre a sua cabeça. Enquanto tomava banho, Cloe estava arranjando diálogos dentro da sua cabeça, ela não sabia o que ia falar exatamente para Chris, e temia um pouco a reação dele.
Ela saiu logo do banho, já que não queria abusar da hospitalidade de Chris. Cloe se secou e vestiu o vestido, que coube perfeitamente nela. Depois ela penteou seu cabelo e saiu do banheiro. Antes de sair do quarto, Cloe se olhou no espelho e saiu do quarto e assim descendo as escadas. Ela parou no meio dos degraus ao ver Chris. Os dois se olharam e Cloe finalmente desceu.
–Você ficou bem com o vestido. – Disse Chris ainda sem jeito.
–Obrigada. – Cloe respondeu.
–Bem....temos muito a conversar, por que você não se senta?
Cloe fez um sim com a cabeça e se sentou na poltrona em frente a Chris. Cloe tinha receio de falar, foi quando Chris percebeu e resolveu dar a primeira palavra.
–Por que você fez aquilo? – Chris perguntou num tom sério.
– Porque não queria que nenhuns dos dois morressem. – Cloe abaixou a cabeça.
–Não dava para agir com uma espingarda apontada para mim. – Chris parecia chateado. – Mas sinceramente tudo parou de fazer sentido quando você a arma para Wesker. – Chris percebeu que Cloe parecia um pouco abalada. – Você gosta dele?
–.............- Cloe levantou a cabeça. Seu olhar estava fixo em Chris, isso o fez sentir um arrepio. – Eu sei lá, acho que não. Já falei que não queria ver ninguém morrer.
–Mas isso condenou a humanidade! – Chris disse num tom alto se se levantou.
–Não.....- Disse Cloe calma. – Eu disse que ia cuidar de Uroboros, e eu realmente fiz isso.
–Tá. – Chris se sentou. – Mas o que adianta acabar com Uroboros, se o criador dele está vivo?
–Ele não está vivo. – Cloe não hesitou em responder.
De primeiros segundos, Chris não estava acreditando em Cloe.
–Wesker está morto? Você o matou?
–Não. – Cloe cruzou os braços. – Ele fez isso por contra própria.
–Ele se matou? – Perguntou Chris decepcionado.
–Ele não aceitou o fato de que tinha perdido para você. – Uma lágrima caiu dos olhos de Cloe, ela rapidamente limpou, mas isso não impediu que Chris visse como Cloe estava triste. – Então ele resolveu se matar. – Cloe disse com a voz falha.
–Eu não imaginava isso de Wesker.
–Eu também não. – Cloe limpava cada lágrima que caia. – Eu ainda estou abalada.
–Bem, pelo menos, isso acabou com uma longa lista de problemas para a BSAA.
Os olhos de Cloe logo ficaram vermelhos.
–Com certeza. – Cloe inclinou um pouco a cabeça. – Sem problemas para BSAA, para a humanidade.....para você. – Chris engoliu um seco. – E milhões de sentimentos de culpa para mim.
–Eu não entendo! – Chris se irritou um pouco. – Por que você se importava tanto com ele? Quando encontramos você dois.....-Chris tomou folego. – Ele falou de você e te tocou de uma maneira.....- Chris não queria continuar falar daquela cena. – Não acha que ele não merece toda essa importância, e que deveria achar alguém realmente que valha a pena?
–Tipo você? – Cloe disse aquilo para fazer Chris parar de falar. E deu certo, ele ficou sem reação. – Se você fosse igual a mim, ou até mesmo igual ao Wesker, iria entender. – ‘’Humanos....’’ pensou Cloe. Ela suspirou e se levantou. Ela rapidamente foi em direção a porta.
–Ei, ei ei. – Chris foi atrás dela e a pegou pelo braço. – Aonde você vai?
Cloe não respondeu, apenas um olhar dizia tudo. Cloe não sabia como reagir, ela queria sair e dali, mas ao mesmo tempo não. E Chris simplesmente queria que Cloe fosse, ele sabia que ela não estava bem emocionalmente e que poderia cometer qualquer besteira. Chris a soltou lentamente, mas sem tirar os olhos dela.
–O que foi....? – Cloe perguntou. – É o vestido?
–Não...-Chris fez um não com a cabeça. – Pode ficar com ele até se quiser, mas não acha que você não deveria sair outra hora? Você ainda não me parece bem.
–É apenas tristeza. – Cloe sorriu tristemente. – Nada que você precise dar tanta importância. – Cloe abriu a porta e olhou para o sol.
–E o que você vai fazer agora? – Chris perguntou fazendo Cloe se virar para olhar para ele.
–Não sei. Esperar. – Cloe suspirou. – Até que algo aconteça. Afinal, Wesker não era o único inimigo da BSAA, talvez um dos piores. E se tudo acontecer de novo, eu irei agir.
–Então quer dizer que nos veremos mais uma vez.
–Claro. – Cloe respondeu. – Obrigada, pela gentileza.
Cloe se aproximou do rosto de Chris e deu um beijo na sua bochecha. Eles estavam muito próximo um do outro. Chris não tinha certeza se queria beija-la então deixou as coisas como estavam. Cloe se desaproximou e andou sem direção até sair do campo de visão de Chris.
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