História Different Ways - Lestappen - French kiss

Quinta-feira

1

Charles estava esperando Pierre do lado de fora da sua casa, ele daria carona ao amigo até a outra escola para o teste. Enquanto aguardava, mexia no celular e conversava com Ocon sobre a merda em que Pierre tinha colocado ele.

C: “Sim, ele achou que estava tudo bem fazer isso”

O: “Ele não pensa as vezes, amigo, dá um desconto. Se você pegar o título de fluente vai poder matar aulas que nem eu, que tirei essa matéria ano passado. Nunca mais ver o Gunter…”

C: “É, por esse lado vai ser bom lol”

C: “Pierre chegou, mando mensagem depois!”

- Aleluia, parece noiva - disse rindo.

- Tava treinando algumas falas no espelho…

- Amigo, você é fluente em francês, por que tá com medo? - perguntou entrando no carro com o outro.

- É porque isso vai me trazer um dinheiro a mais, e eu meio que estou precisando disso… sabe como eu estudo para ficar bem na escola e ter notas ótimas, assim meus pais me dão dinheiro, mas isso tá fodendo minha cabeça - suspirou. - Enfim, vamos!

Charles conduziu o carro até a Brandon e estacionou o carro do lado de fora. Os dois foram caminhando pelo grande pátio da escola, eles achavam ridículo o fato de ter uma águia enorme no centro do pátio simbolizando a escola.

Eles entraram juntos e pediram informações. Charles sabia que Albon não poderia vê-lo, então nem tentou ir atrás, entrou na sala com o amigo e sentou com ele perto da janela. O dia parecia promissor, pelo menos uma trégua na chuva depois de dias inundados na água.

Enquanto esperava o aplicador da prova, Charles olhava para a sala a sua volta, parecia ser aconchegante, mas nada tirava o fato de que estava na sala de aula da escola rival. Abaixou a cabeça e continuou esperando.

- Charlie, acorda - Pierre cutucou seu braço.

- Não dormi… - disse bravo, virou a cabeça para a direita e encontrou quem menos queria na porta.

- Você aqui? - falaram juntos. Mas Max sabia muito bem que Charles estaria ali, foi só fingimento.

- Vamos amigo, para de dar trela - Pato puxou o loiro para dentro e sentou com ele do lado da parede.

- Tá vendo, Pierre, era isso que eu não queria que acontecesse! - suspirou. 

- Vocês nem vão ter contato - disse sério. - Relaxa e goza, Charles, deixa a prova consumir seus pensamentos.

O moreno suspirou e virou a cara para encarar Max, que já se encontrava o encarando. Eles desviaram o olhar juntos e esperaram o aplicador.

Quando o professor apareceu para aplicar, começou a explicar como ia funcionar a prova.

- Nós temos a prova de escrita, escuta e a fala… quando o tempo da escrita acabar, chamarei de dois em dois para a conversação. Atentem-se que talvez sua dupla não seja a mesma que eu chame para a conversação. Quando eu os chamar, um dos nossos alunos responsáveis pelas línguas estrangeiras ficará com vocês até eu voltar. Essa é uma prova oficial.

Ele começou a distribuir as provas, duas para cada dupla. Charles recebeu a prova e de cara já ficou em choque com o tamanho das questões, eram de gramática e interpretação. “Deus tenha piedade de mim” disse na cabeça.

- Vocês tem quarenta minutos para a conclusão da prova escrita.

Charles e Pierre discutiam entre di as questões, era para isso que a prova em dupla servia. Eles estavam concentrados na prova, lendo cada questão e sentindo os olhos embaralhar todas aquelas palavras que sabiam, mas na hora tinham esquecido completamente de tudo.

Com trinta minutos de prova restantes, o aplicador começou a chamar as duplas para a prova oral, mas como dito antes, não eram as mesmas duplas da prova escrita. Aos poucos cada um foi saindo e voltando tenso, com medo do que ouviram lá. Até que o professor voltou e anunciou os outros dois nomes.

- Max Verstappen e Charles Leclerc, comigo - disse olhando uma prancheta.

Os olhos dos dois rodam a sala inteira e pararam um no outro. Morderam a bochecha e custaram a acreditar que era real, mas quando o aplicador chamou a terceira vez e ameaçou reprová-los, eles foram juntos para a sala ao lado.

*A conversa a seguir é em francês, mas a tradução estará no final do capitulo*

- Eu não consigo acreditar nisso - Max murmurou sozinho.

- Entrez, s'il vous plaît - disse apontando para a sala. (Entrem, por favor)

Os dois entraram juntos e sentaram-se separados, muito separados, cada um em um canto da sala.

- Non, non. Je veux que vous restiez ensemble pour la discussion… (Não, não, quero você juntos para essa conversa)

- Pardon, je ne suis pas très à l'aise avec lui - Leclerc disse sentando-se ao lado de Max. (Desculpa, não estou muito confortável ao lado dele)

- Il se passe quelque chose entre vous? (Algum problema entre vocês?)

- Non - falaram juntos.

- Bien, alors commençons - pegou uma prancheta cheia de perguntas. (Então vamos começar) - Pourquoi avez-vous décidé de passer le test? (Por que decidiram fazer essa prova?)

- Mon ami m'a inscrit sans ma permission, mais je voulais quand même l'aider à obtenir son certificat de langue… - disse Leclerc, sem errar uma palavra. (Meu amigo me inscreveu sem minha permissão, mas eu decidi ajudá-lo a conseguir a certificação)

- Mon ami et moi pensions qu'il serait bon d'avoir une qualification en deuxième langue pour échapper aux cours de français pendant l'année avec une bonne excuse, mais nous avons vraiment beaucoup étudié - disse Max, pronuncia tão perfeita quanto a de Charles. O moreno encarou ele e desfez o olhar de raiva que tinha. (Eu e meu amigo pensamos que seria bom conseguir o certificado para fugir das aulas de francês da escola, é uma boa desculpa, mas nós nos dedicamos e estuamos muito para  aprova).

- Je ne savais pas que tu parlais si bien le français - disse sorrindo. (Eu não sabia que falava francês tão bem!)

- J'ai pris beaucoup de cours lorsque j'étais enfant, j'aimais la langue et j'ai continué à apprendre - respondeu sorrindo. (Eu fiz aulas de francÊs quando eu era criança, aí gostei do idioma e continuei) - Impressionné? (Impressionado?)

- Un peu, oui. (Um pouco, sim)

Os dois conseguiram acabar um pouco com o clima ruim que tinha na sala, mas acabou quando voltaram para a sala. Charles estava uma pilha de nervos por ter tido que fazer a prova com Max, não podia acreditar naquilo. Logo que voltaram, Gasly e Patrício foram chamados.

Max e Charles acabaram as provas sozinhos e esperaram pela prova de escuta, ainda indignados com o que tinha acontecido naquela sala. Charles estava em choque que o loiro sabia falar francês tão bem quanto ele, já Max estava com os sentimentos a flor da pele.

2

A prova tinha acabado e eles precisariam esperar duas semanas até a correção, e assim que fosse feita, a nota sairia em um site específico da escola Brandon. Gasly e Charles saíram da sala e resolveram sentar um pouco do lado de fora para conversarem sobre a prova.

Mas para o desgosto de Leclerc, Max passou pelos dois e parou, virando seu corpo totalmente para conversar com eles.

- Boa prova, mesmo que você tenha achado que eu não sabia falar francês - disse Max olhando para Charles. 

- … - O moreno encarou Max e suspirou. - Como você é insuportável - revirou os olhos. - Mas meio que agora eu te aturo 2% a mais que antes, então não é mais como se eu quisesse morrer toda vez que ouvisse sua voz, agora é toda vez que te vejo.

- Quer que eu te atropele? - Max perguntou sério.

- … - Charles encarou ele com apatia, fingindo que não teve graça o que ele tinha acabado de falar.

- Viu a data dos próximos jogos? Vamos jogar contra a galera dos estados vizinhos - disse encarando o outro.

- É, se você passar - encarou Verstappen.

- Se você não arrumar briga - deu um sorriso cínico.

- Pronto, os 2%? Esquece, você perdeu - revirou os olhos.

- Vou para o meu treino, acho que você deveria fazer o mesmo, não acha? - encarou o moreno.

- Eu vou quando eu quiser - disse sentado.

Max continuou em pé ao lado dele e checando o horário, só para provocá-lo. Olhava para seu relógio e depois para Charles, relógio, Charles, Charles, relógio. Até que Leclerc se enfezou e levantou com ódio, puxando Gasly pela mão.

- Vamos, preciso ir para o treino - revirou os olhos e entrou no carro.

Deu a partida e dirigiu até a escola novamente. Quando estacionou o carro na mesma vaga de sempre, respirou fundo, mas quando olhou para o lado, Pierre estava encarando ele com uma cara de tédio.

- Até quando vocês dois vão ficar fingindo que se odeiam? - perguntou encarando o moreno.

- Fingir? Você viu como ele é irritante? O cara ficou ali do nosso lado só porque sabe que é irritante - disse revirando os olhos.

- Ah sim, não é como se ele quisesse ficar na sua presença para compensar o mês que vocês nem olharam um na cara do outro…

- Vai dar uma de Sainz? - encarou o amigo.

- Não é minha culpa se está óbvio o que rolou…

- É - revirou os olhos. - Vamos entrar? Tenho treino.

- Eu vou para casa a pé, não tô afim de ficar aqui - disse sério.

- Foi só porque briguei com você sobre a piadinha?

- Não só isso… você tem sido um grosso comigo, com todo mundo. Acho que no final você e o Max são mesmo parecidos - abriu a porta e saiu andando.

- Desde quando eu fui grosso com você? Eu ajo da mesma forma com o Carlos e ele nunca me disse nada!

- O problema é dele se ele não percebe que você está sendo um estúpido desde a briga - encarou o amigo. - Primeiro quis me matar só por te inscrever em uma coisa que obviamente era muito importante para mim e que você mesmo disse que ia me ajudar, já que é o único que também fala francês… aí quando chegamos lá, você estava super bem, depois ficou mega estranho por causa do Max. Vê se supera essa paixonite aguda que você sente por ele, ou sei lá, fala pra ele… se não você vai perder todo mundo que é seu amigo! 

- E eu tô preocupado com isso? Você tá me deixando porque não aguenta brincadeira!

- Brincar é diferente de insultar! Passei a semana inteira ouvindo você falar de como eu era um merda por ter te colocado no teste! E não foi só de você! O Ocon veio me dizer que você tá falando pelas minhas costas! Não me procure para mais nada! Eu tentei ser seu amigo até agora, eu cresci com você Charles, mas aparentemente não foi o suficiente para te conhecer. Espero que você mude, essa coisa toda mudou você e nem venha colocar a culpa no Verstappen.

- Então vai tomar no teu cu - disse nervoso e caminhando com passos pesados até o campo.

Pierre respirou fundo e começou a caminhar de volta para casa. Enquanto andava, estava sentindo uma dor surreal, a dor de perder alguém que ele se importava muito, Charles era seu melhor amigo. Mas Gasly estava disposto a perdoá-lo, mas só se Leclerc viesse até ele.

Ele desviou o caminho e foi até uma praça perto de sua casa, sentou-se em um banco de madeira e suspirou. Olhou para o céu e viu diversas nuvens passeando pelos ares, até que alguém sentou ao seu lado.

- Pierre? 

- Ah, oi Estie - suspirou e encarou o amigo.

- Tá tudo bem? Achei que estaria com o Charles…

- Não - sorriu sem graça. - Tivemos uma briguinha.

- Sobre aquelas paradas?

- É… eu não sei o que eu fiz para ele ser assim comigo, tipo… crescemos juntos e ele faz uma merda assim, me magoou.

- Pi, não é sua culpa - disse abraçando o amigo. - Escuta, o Charles está passando por um momento de descobrimento dele e com certeza acha que todo mundo está contra ele… mas mesmo assim isso não significa que precisa agir assim com os amigos, eu realmente acho que se ele continuar agindo assim com todos, vai perder um a um.

- Será? Não queria que isso acontecesse com ele - suspirou.

- Ele vai aprender com isso, ele provavelmente vai vir pedir desculpas… e aí fica de você aceitar ou não.

Pierre sorriu e abraçou Esteban com mais força do que antes, sentindo o mais velho aconchegar seu corpo como sempre o fez, Gasly amava o abraço do amigo, mas Ocon amava o amigo. Quando se afastaram, houve um cruzar de olhares significativo, como se faíscas saíssem dos seus olhos.

- Posso te levar pra casa?

- Você não tem treino? - perguntou rindo.

- Falei pro treinador que eu não estava me sentindo bem, eu ia ir para algum lugar encontrar o pessoal da outra escola pra fazer algo, mas eu te vi aqui… prefiro ficar com você do que com eles - sorriu.

- Bom saber disso - levantou. - Pode me levar pra casa sim, Estie - estendeu a mão para o amigo.

Ocon pegou a mão do amigo para se levantar e logo soltou. Os dois foram para a casa de Pierre conversando sobre algumas coisas, principalmente sobre a prova, já que Esteban queria saber tudo sobre o que caiu.