1
Max caminhou lentamente até a casa de Charles, ele foi recebido com alegria por Pascale e Arthur antes que Charlie pudesse descer. Assim que o moreno apareceu, os dois foram juntos para o carro e Charles dirigiu para um lugar afastado de Manhattan.
Ele parou o carro e falou que chegaram, parecia lindo. A lua estava cheia, as estrelas enfeitavam o céu, havia um lago enorme que brilhava com as luzes da cidade, mas não havia uma alma viva além deles.
- Como achou esse lugar? - perguntou sorrindo e se apoiando na traseira do carro.
- Pesquisando - riu. - Eu vinha aqui pra me acalmar depois que meu pai morreu, então eu meio que nunca trouxe ninguém aqui…
- Acho que sou importante, então.
- Sim, você é - sorriu e segurou a mão do loiro.
- A gente precisa conversar! - falaram ao mesmo tempo.
- Oh - Charles encarou o maior com preocupação.
- Charles… tem uma coisa acontecendo e eu preciso que você saiba - encarou o moreno.
- Pode falar, meu bem - disse preocupado.
- Eu vou para Oregon - encarou ele e viu sua feição mudar.
- Do nada? Que? Como assim?
- Vou para uma escola militar em Portland… meu pai me matriculou e eu vou amanhã pra lá.
- QUE? Max, não acredito que isso tá acontecendo de novo! Seu pai de novo? - perguntou bravo.
- Charles, não me entenda mal… eu quero te proteger disso… - encarou ele e segurou a suas mãos, mas Leclerc soltou.
- Me proteger? - encarou ele. - Porra Max, eu passei tantos anos da minha vida sofrendo! Meu pai morreu, depois meu amigo, aí tudo começou a dar errado, minhas notas caíram, eu quase reprovei… aí comecei a perceber que eu tinha pessoas que me apoiavam, mas a pessoa que eu mais gostava parecia cagar pra mim… quando eu finalmente consegui confiar nessa pessoa, ela vem e me dá uma facada no peito de novo!
- Charles, você não entende… é melhor assim.
- Não! Não é melhor assim… você podia parar de se importar com o que o seu pai faz e focar em você! Max, você vai acabar a escola esse ano! Era pra ser comigo! Era para eu vir aqui nessa merda de lago e pedir para você ser meu namorado!
- Eu sinto muito - suspirou. - De verdade.
- Vai embora daqui! - gritou.
- … - Max fungou, aquilo tinha doído tanto no seu peito. - Depois olha no porta malas… meu vôo é amanhã às oito da noite.
- Vai embora!
Max saiu caminhando por meio das árvores que rodeavam o lago. Charles sentou na grama e começou a chorar, lembrou-se do que Pierre fez da vez em que ele teve uma crise forte e começou a gritar de raiva. Verstappen caminhava quando ouviu o grito, mas sabia que era de dor, não foi atrás.
Charles deitou na grama e olhou para o céu se perguntando o porquê de gostar de pessoas problemáticas, ninguém nunca dava certo, mas ele achava que dessa vez ia dar certo, ele sentia que sim.
Ainda chorando, ele foi até o porta-malas para olhar. Procurou tudo e não tinha achado nada, foi quando viu o estepe do carro levantado, abriu aquela parte e viu uma sacola enorme. Pegou a sacola em mãos e abriu, dentro dela tinha um pote grande com vários papeizinhos, um monde de chocolates e uma carta.
Charles pegou a carta e abriu para ler, assim que abriu a carta foi aumentando e aumentando, parecia um livro de tão grande, e então começou a ler.
Querido Charles, eu espero que leia esta carta em casa porque não sei o que eu vou fazer se você começar a chorar na minha frente. Bom, eu sei muito bem que passamos por poucas e boas, mais mal do que bom, mas enfim, eu sei que a gente nasceu um para o outro.
Quando éramos crianças eu achava que você era meu melhor amigo, eu corria do carro da minha mãe pra entrar na escolinha porque sabia que a primeira pessoa que ia ver era você. Ao longo dos anos essa amizade parecia ter se apagado como uma vela, mas quando eu comecei a jogar na Brandon e você na Winston a rivalidade começou a aparecer e quando você disse a primeira vez que me odiava, eu meio que fiquei surpreso.
O tempo passou e o ódio “aumentou”, mas algo não fazia sentido, a gente nem se falava mais para você me odiar tanto, e foi aí que aquele dia aconteceu, o dia do acidente do seu pai… tudo o que eu mais queria era estar ao seu lado para te consolar, poder manter você em um abraço forte que pra mim te curaria da dor, mas nunca foi assim. Quando eu cheguei, você disse que estava bem e que eu não precisava me preocupar, mas eu sempre me preocupei.
Enquanto o tempo passava, eu sempre perguntava de você para o Pierre ou o Ocon, nunca o Carlos, porque ele ia começar a achar que eu estava afim de você (o que no final era verdade). O Pierre começou a me falar de você todos os dias quase, sobre como você estava… e eu achei que sabia muito da sua vida.
Aí esse ano eu consegui entender que eu sou quem eu sempre fui, um bobo que se apaixonou pelo melhor amigo da pré-escola e achava errado amar outro homem. Mas no dia em que eu te beijei a primeira vez, eu não me importei com o que os outros iam falar e foi a primeira vez que me senti assim. Mas depois aconteceu tanta coisa…
Porém, quando eu quase te perdi de novo, eu percebi que o melhor a se fazer era confrontar o meu pai. Bom, acho que por isso que acabei de te pedir em namoro, agora vamos passar o dia dos namorados juntos! E como namorados!
Eu estou falando isso aqui porque se eu falasse pessoalmente eu estaria chorando que nem bebê na sua frente.
Bom, eu sei que gosta de música e eu fiz uma coisa que nunca tinha feito antes, eu resolvi gravar eu cantando uma música para você, apontar seu celular pro QR code aqui na folha e você vai ir para um vídeo meu no youtube tocando essa, eu sei que você ama ela, você colocou ela como toque do seu despertador - eu sei que você desliga rápido para eu não ouvir, mas eu sempre ouço.
Eu te amo, Charles.
Obrigado por aceitar namorar comigo.
Charles não conseguia parar de chorar com aquilo. Ele apontou seu celular para o QRcode e logo abriu no youtube em um vídeo não listado. Logo Max começou:
- Bom, eu nunca fiz isso, mas eu sei tocar piano! Tá impressionado que nem quando eu falei francês?
- Bobo - limpou as lágrimas dos olhos.
- Tá, você não pode me responder. Enfim, eu estou aqui para cantar uma música que eu sei que você gosta muito. E aí vai.
Max começou a tocar o início de Love Of My Life do Queen, a música que Charles nunca contou para ninguém que gostava, mas Max sabia qual era, ele só o observava. Charles soluçou de chorar ao ouvir a voz de Max cantando sua música favorita.
Love of my life, you've hurt me
You've broken my heart
And now you leave me
Love of my life, can't you see?
Bring it back, bring it back
Don't take it away from me
Because you don't know
What it means to me (means to me)
Love of my life, don't leave me
You've taken my love (all my love)
And now desert me
Love of my life, can't you see? (Please, bring it)
Bring it back, bring it back
Don't take it away from me
Because you don't know
What it means to me
You will remember
When this is blown over
And everything's all by the way
When I grow older
I will be there at your side
To remind you how I still love you (I still love you)
Hurry back, hurry back
Please, bring it back home to me
Because you don't know
What it means to me (means to me)
Love of my life
Love of my life
Ooh, ooh
Quando a música acabou, Charles parecia morto por dentro, seu peito doía e ele só sabia chorar que nem bebê. Pegou o celular e ligou para Carlos.
- Amigo… - disse com a voz chorosa.
- Onde você tá?
- Naquele lugar que te falei… vem logo, por favor - disse chorando.
- Já estou indo.
Charles sentou na grama e voltou a chorar.
2
Enquanto isso, Max caminhava tentando disfarçar o choro. Ele queria pegar um táxi e ir até a casa de Ricciardo, ele precisava falar com ele o mais rápido possível, e ele era o cara que saberia aconselhá-lo.
Pegou o primeiro táxi que viu e mandou ele para a rua de Ricciardo. Quando o carro chegou, Verstappen pagou e foi para o interfone. A noite estava densa e as nuvens pareciam chegar mais e mais perto, a chuva só aparecia quando as coisas ruins aconteciam.
- Alô - Ricciardo falou pelo interfone.
- É o Max, preciso conversar - disse com a voz chorosa.
- Sobe.
O portão abriu e ele entrou no prédio, subiu correndo as escadas até o terceiro andar e bateu na porta de Dany desesperadamente. O rapaz abriu e logo recebeu um abraço de Max.
- Ei, ei, o que tá rolando? - perguntou afastando o loiro e deixando ele entrar.
- Por que eu resolvi peitar meu pai? - perguntou entrando no apê e dando voltas no lugar. - Por que eu tenho que ser bundão? Por que eu não posso simplesmente denunciar ele?
- Max, o que aconteceu? - perguntou segurando o amigo no lugar.
- Eu terminei com o Charles por causa do Jos…
- Você o que? - encarou ele. - Cara, de novo… você magoou o Charles por causa do Jos?
- Dessa vez é diferente… o Charles realmente tá correndo risco…
- É de vida?
- Não, mas… meu pai reuniu um monte de coisas e me mostrou, ele pode fazer duas ligações e o irmão do Charlie pode ir pra cadeia e a mãe dele também. Você sabe como meu pai é… eu não quero testar se isso é verdade.
- Você falou isso pro Charles?
- Não - encarou o amigo.
- Cara! Que burrada! - encarou o amigo. - Não creio que você nem a verdade contou!
- Vai doer menos se ele achar que eu não amo mais ele…
- Não, Max! As coisas não funcionam assim - encarou o amigo. - Quer uma água?
- Sim - disse respirando fundo e sentando no sofá. - Meu voo é amanhã as oito… meu pai não vai ir porque ele acha que vai ser melhor se ele ficar trabalhando.
- Quer que eu te leve?
- Sim - suspirou. - Não vai dar tempo de avisar todo mundo, vou falar que vou pro aeroporto e queria que todos viessem dar tchau.
- Eu ainda estou inconformado com o fato de você não ter falado com o Charles sobre o que o seu pai fez… - sentiu seu celular vibrar. - Preciso atender, já venho - foi para o quarto e fechou a porta. - O que rolou, Carlos?
- Que história é essa que o Max vai embora?
- Você tá com o Charles? - perguntou ignorando a pergunta inicial.
- Sim… ele tá muito mal.
- O Max não explicou para ele o que aconteceu… o Jos ameaçou a família do Charles pra ele, falando que ia mandar a mãe e o irmão para a cadeia e também acabar com a carreira do Charles no futebol. Ele não quer testar para ver se é verdade, por isso aceitou ir para o Oregon. Não tô nem aí se o Max não queria contar, mas eu não sou ele! Cansei do Max ser infantil e não conversar sobre o assunto!
- Uau… posso falar pro Charlie?
- Deve! Te ligo depois. - Ricciardo saiu do quarto e viu Max deitado no sofá e dormindo. - Só pode ser brincadeira.
Daniel pegou um cobertor e cobriu o amigo, ajeitou seu corpo no sofá e sentou na poltrona. O dia seguinte podia ser o pior do mundo.
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