Brooklyn, 11 de Setembro de 2016, 18h40
— Koushirou?!
— Olá, Lucas! — respondeu o dono da voz, o mesmo garoto com o qual Lucas havia tentado entrar em contato mais cedo — Olá para vocês também!
Todos ficaram surpresos com a aparição espontânea de Koushirou, um garoto ruivo de olhos negros cujo sotaque e aparência não negavam sua origem nipônica. Ao seu lado, voando, se encontrava um Digimon; um ser que lembrava um inseto, com carapaça rosada, espinhos metálicos, seis patas e grandes olhos verdes. Todos, com exceção de Lucas, olhavam apreensivos para os dois, por vezes voltando os olhares para o moreno que parecia ainda estar processando a aparição, deixando um sorriso aparecer gradualmente em sua face.
— Eu não acredito que você está aqui! — exclamou Lucas, após os instantes de silêncio — Eu não esperava por essa! Faz tanto tempo que eu não te vejo! E você também, Tentomon! Como você tá?
— Estou muitíssimo bem, Lucas! Quer dizer... Estaria, se não estivesse morrendo de fome! Mas o Koushirou não deixou eu pedir um cachorro-quente, acredita?!
— Gente... — disse Bianca, hesitantemente, após limpara a garganta — Sem querer atrapalhar o reencontro, mas nós não sabemos o que tá acontecendo, só sabemos que um monte de agentes da CIA estão atrás de nós nesse momento e não sabemos o que fazer...
Os olhos de Lucas se arregalam de repente e o garoto abraça seu parceiro com receio. Por um momento havia esquecido o que estava acontecendo e agora parecia ter percebido o perigo da situação. O que aconteceria se fossem pegos? Para onde iriam ser levados? O que fariam com eles? Os Digimon ficariam bem? Milhares de perguntas invadiram a mente do garoto e ele congelou. Mil cenários começaram a correr em sua mente enquanto olhava para um ponto fixo no beco onde estavam, até que foi salvo de seu transe por Terriermon, que virou em seu colo e o abraçou com força, parecendo ler a mente de Lucas.
— É por isso que estamos aqui! — exclamou Koushirou — A Mimi deve estar chegando a qualquer momento...
— Desculpa por perguntar, mas quem é você? Quem é Mimi? Por que vocês estão aqui? — perguntou Oliver, coçando a nuca envergonhado — Meu nome é Oliver, por sinal. E meu parceiro é o Funbeemon
— Eu sou a Bianca, e esse aqui é o Lopmon.
— E eu me chamo Thea, esse é o Bakumon.
— Bem, eu me chamo Koushirou. Esse aqui é o meu parceiro, Tentomon. Nós somos Digiescolhidos, assim como vocês; quer dizer, éramos, a Mimi também. Mas, como vocês podem ver, somos bem mais velhos que vocês... Vamos explicar tudo isso assim que estivermos em segurança.
Ao terminar essa frase, uma minivan parou no lado oposto ao do que os Digiescolhidos entraram no beco. A porta foi aberta por um Digimon que lembrava um monte de vinhas em formato humanoide com uma flor rosa em sua cabeça. O ser gesticulou com as "mãos" para que eles entrassem no veículo. Koushirou e Tentomon incentivaram os outros a correrem. Lucas, ainda um pouco abalado, viu o Digimon no veículo e seu semblante ficou um pouco mais alegre; vendo os outros correndo, fez o mesmo e logo estavam todos na van, mesclando-se com o trânsito novaiorquino. Uma garota, aparentemente na mesma faixa etária que Koushirou, com cabelos loiros um pouco rosados e olhos dourados estava dirigindo o veículo. Através do espelho retrovisor ela olhou para os adolescentes na traseira do veículo e, fixando seu olhar em Lucas, deu um leve sorriso.
— Lucas! Que bom ver você de novo! Fazem alguns meses, não é? — disse a garota — Palmon, dá um abraço nele por mim!
O Digimon que lembrava uma planta foi até o garoto e o envolveu com suas vinhas.
— Mimi! Palmon! É tão bom ver vocês duas de novo! — disse o garoto, enquanto Terriermon batia com sua orelha em uma das mãos de Palmon, fazendo um high-five — Vocês não sabem o quanto tem sido complicado controlar as brechas sem vocês por aqui!
— Nós temos uma noção... — respondeu a garota — Odaiba também não tem sido exatamente o local mais calmo... — o sorriso, antes caloroso, que a garota ostentava deu lugar a um olhar um pouco triste e preocupado, que logo contagiou Koushirou, Tentomon e Palmon.
Vendo os rostos confusos dos outros, Lucas olha para Koushirou e Mimi, quase que como pendido para que explicassem o que estava acontecendo. O garoto ruivo percebe isso e se prepara para sanar todas as dúvidas que os outros podem ter.
— Bem, como eu falei antes, eu e a Mimi, que por acaso é a garota que está dirigindo, fomos Digiescolhidos, assim como vocês. Porém, nós somos um pouco mais velhos. Nós recebemos nossos parceiros 17 anos atrás, e não foi exatamente como vocês receberam os seus... Nós, junto com outros amigos nossos, fomos levados para o Digimundo, onde acabamos tendo que enfrentar vários problemas e salvamos o mundo algumas vezes... E, agora, novos problemas estão surgindo... Por isso vocês foram convocados...
— Alguns há um pouco mais de tempo, não é Lucas? — comentou Tentomon alegremente para o garoto.
— Sim... Eu conheci o Terriermon uns sete anos atrás, e desde então as brechas só parecem aumentar... Aposto que isso tem a ver com o governo tentando usar Digimon e o Digimundo para interesses próprios, não é?
— Exatamente... Mais ou menos na mesma época que você recebeu o Terriermon, e creio que o Lopmon também veio mais ou menos nesse período, estou certo? — Bianca assentiu — Imaginei, pelo jeito que ele lutou com o Mamemon, que ele não veio apenas agora. Seus Digimon foram os únicos a serem designados a Digiescolhidos naquele ano, ambos ao mesmo tempo; nós percebemos que o número de brechas vinha aumentando desde pouco antes disso acontecer, e continuou crescendo sem parar.
— Por isso eu voltei para cá, para dar uma ajudinha no controle das brechas, já que vocês dois não tinham muita experiência e alguns Digimon que estavam cruzando entre os dois mundos tinham níveis de força muito altos para vocês que ainda nem tinham conseguido alcançar o estágio Adult — continuou Mimi, mantendo os olhos fixos na estrada.
— Mês passado, pouco antes da Mimi voltar para o Japão, tentaram hackear a rede que nós, Digiescolhidos, temos. A princípio, não achei muito estranho. Bloqueei o acesso dos hackers e tentei rastreá-los para ver se eram uma ameaça ou não; porém, quando fiz isso, não encontrei nenhum endereço de IP, muito menos uma localização. Normalmente eu encontro algo, nem que seja um redirecionador que tenta despistar, coisa que eu consigo burlar em alguns minutos. Mas dessa vez não tinha nada, nenhum tipo de dado para trabalhar, e isso me preocupou muito. Avisei todos e começamos a nos cuidar mais, porque a situação era muito estranha e parecia muito calculada. Quando fomos buscar a Mimi no aeroporto, notamos que havia alguns homens de terno nos seguindo, e percebemos que estavam atrás de nós.
— Felizmente, estávamos preparados e conseguimos evitá-los! — Exclamou Palmon, alegremente.
— Exato! Nós atravessamos um portal para o Digimundo e voltamos direto para nossas casas — continuou o ruivo — Cada um de nós pegou o que achava necessário e voltamos com os Digimon. Então, nos escondemos por um tempo, até a poeira baixar. Vimos do Digimundo que o número de brechas aumentou muito por aqui nos últimos dias e vimos que estava na hora de vermos como vocês estavam. Pelo visto, chegamos bem na hora!
— Vocês salvaram a nossa pele... Obrigada! — disse Bianca.
Algum tempo depois, após uma viagem um pouco longa na minivan, o grupo chegou a uma pacata casa de dois andares que Lucas reconheceu imediatamente. Era a sua casa. Ao olhar para seu amigo ruivo, percebeu exatamente o que precisava fazer; correu para seu quarto, pegou o que achava que poderia ser necessário: roupas, alguns livros, seu caderno, um estojo, um pouco de comida, algumas outras coisas que achava importante, materiais de higiene e colocou tudo em sua mochila e uma mala pequena. Depois, escreveu um bilhete para sua família, avisando que ia ter que se afastar por um tempo, mas que não precisavam se preocupar, porque ele ficaria bem e logo estaria de volta, são e salvo. Então, voltou para onde os outros o esperavam; depois, um a um os garotos foram levados para suas casas onde pegaram suas coisas, deixaram bilhetes para seus pais e deixaram suas vidas normais para trás.
A noite já havia se instaurado na cidade e era hora de atravessarem o portal. Um novo mundo os esperava, novas batalhas, novos desafios, um mundo desconhecido. O Digimundo.
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