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História Diz-me Quem Sou... - A Pequena Adriel - História escrita por Lucy_Scarlet_ - Spirit Fanfics e Histórias
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História Diz-me Quem Sou... - A Pequena Adriel


Escrita por: Lucy_Scarlet_

Notas do Autor


Desculpem a demora meus amores! Isto com a escola não dá muito bem para organizar o tempo! E alem disso o secundário é cheio de trabalhos e testes...

Enfim, espero que gostem, espero mesmo que me perdoem pela grande demora. E para aqueles que acham que desisti da fanfic, NÃO. JAMAIS desistirei desta fanfic. É um sonho concretizado e ter-vos ao meu lado é a minha conquista e glória.

Adoro-vos do fundo do meu coração! <3
Espero que gostem!

Capítulo 24 - A Pequena Adriel


Fanfic / Fanfiction Diz-me Quem Sou... - A Pequena Adriel

- Podes-me explicar agora? – A ruiva intensificou a voz num tom frio e severo, colocando as suas mãos na anca e aguardando uma resposta, enquanto observava o estado do meu uniforme.

                - Nem sei por onde começar… - Levei uma das mãos à nuca e desviei o olhar da ruiva, começando a suar frio.

                Puxei a mão da ruiva abruptamente e caminhei rapidamente em direção ao banheiro do primeiro andar, adentrando numa das divisões. Empurrei-a sem proferir qualquer palavra. Olhei para Erza de relance, entendendo a sua expressão confusa e preocupada. Alcancei a maçaneta da porta com a mão esquerda e fechei a porta atrás de mim. Encostei-me e suspirei profundamente. Por onde iria começar? Fiquei pensativa por uns segundos, observando os sapatos da ruiva, que aguardava impacientemente pela minha repsosta.

                - Lucy! – Gritou ela, chamando-me à atenção e pousando ambas as mãos nos meus ombros, abanando-os freneticamente.

                - O quê…? – Parecia acordar de um sonho qualquer, tentando recuperar a visão nítida.

                - Podes contar-me então?! – Colocou as mãos na cintura e incliou o corpo um pouco para adiante.

                - Nem sei o que dizer… - Abaixei a cabeça solenemente e deixei que alguns cabelos loiros escondessem o constrangimento que o meu rosto transmitia.

                - Ora, disseste que estavas em casa do Dragneel. – Avançou, rodopiando a mão direita no ar e olhando para cima. – Foste fazer o quê para além de ires treinar?

                - Cansámo-nos e… - Engoli em seco e dirigi o olhar para o meu lado direito, num tom de voz baixo.

                - E…? – Insistiu a ruiva.

                - Acontece que ele se declarou e quase nos beijámos. – Afirmei num tom rápido e monocórdico, corando rigidamente e tentando controlar a respiração.

                - O quê!? – Gritou Erza indignada, quase explodindo de supresa e escândalo. – Como assim “declarou-se”?! – Arqueou uma sobrancelha ruiva e levou as mãos à cintura. – E como assim “quase nos beijámos”?!

                - Ele começou a provocar… tu sabes… - Levei a minha mão direita á nuca e soltei uma risada curta e falsa. – E depois no meio de brincadeiras ele disse que me amava e quase nos beijámos, só que eu não quis… - Fiz uma pequena pausa e respirei rapidamente. – Quer dizer, que queria mas… não deixa acontecer. Não me cabia na cabeça o que ele me disse. – Completei.

                - Mas isso aconteceu nod nada?! – A ruiva questionou ainda um pouco ambígua e herege.

                - Não. – Respondi apressadamente. – Ele estava a chorar por causa de algo que não entendi mas que ocorreu com a mãe dele depois de trocarem palavras. Então eu fui ter com ele para tentar perceber o que tinha acontecido e ele abraçou-me e pediu-me desculpa… - Afirmei num tom baixo, melancólico e abaixei a cabeça solenemente. – Depois desmaiei e acordei no sofá dele. A mãe dele disse que eu podia ficar a dormir em sua casa uma vez que já era tarde, então fiquei. E depois ficámos a falar e ele disse-me que me amava. Disse-me mesmo “Eu posso tentar ir atrás de quem eu quiser e ter quem eu quiser, menos ter-te a ti.” E quase me beijou, só que eu não deixei. Ele ficou magoado com isso. – A minha voz começou a falhar e lágrimas encheram os meus orbes achocolatados, no entanto, prossegui: - Então ele foi beber para o quarto, trancou-se e quase destruiu a cama. Acabei por ter de cuidar de cuidar dele outra vez e acabámos por quase nos beijarmos, mas o gato azul e irritante dele teve a audácia de interromper… - Acabei por indagar num tom forte e agressivo, rangendo os dentes.

                - Gato azul…? -                 Perguntou Erza arqueando uma sobrancelha ruiva e franzindo a testa.

                - Sim. Happy é o nome dele. – Expliquei num tom um pouco rude. – Ele tem um gato azul que voa.

                - A sério? – Parecia um tanto perplexa como que o eu havia pronunciado, porém não muito surpresa.

                - Sim. É estranho, eu sei.

                - Pois é. – Encolheu os ombros desinteressadamente e suspirou profundamente de olhos fechados. – Mas… e tu gostas do Dragneel? – Foi direta ao assunto sem rodeios, dirigindo-me u olhar rígido.

                - Sim… - Afirmei pouco animada. Afinal amá-lo não poderia ser algo bom de forma alguma, porém, não conseguia negar os meus sentimentos pelo rosado.

                - Ele vai magoar-te. – A ruiva regardiu prontamente, confiante das suas palavras.

                - Eu não vou ficar com ele! – Cruzei os braços prontamente e rodei a face pra o lado, fechando a expressão do meu rosto, amuando.

                - Só não quero que te magoes. – Explicou a ruiva e aproximou-se um pouco de mim, erguendo a mão e gesticulando à medida que falava. – Eu conheço o Natsu há mais tempo que tu, antes de entrares nesta escola, e eu fazia parte do grupo dele. Não é pelo facto de ele te tratar mal… - Interrompeu o seu discurso por alguma razão, ao que dirigi o olhar para ela, tomando atenção e observando-a fixamente. – É que… o Natsu já namorou.

                - Já namorou?! Eu digo… Namorar a sério? – Perguntei quase incrédula, não acreditando no que ela me havia contado.

                - Sim. – Prosseguiu rapidamente, assentindo com a cabeça. – Quando tínhamos 11/12 anos. Um ano antes de entrares nesta escola, ele namorou com uma rapariga que se chamava Adriel. Era uma menina abusiva, porém, demonstrava, à primeira vista, ser uma menina dócil e amigável. Mas não o era. – O seu tom de voz elevou-se e tornou-se austero, demonstrando um pouco de cólera. – O que te vou contar, pelo amor de Kami-sama, não vais comentar com ninguém, ok? – Pediu-me quase num tom de ameaça, abrindo os olhos e olhando-me na espera de uma resposta afirmativa.

                - Sim, Erza. Não conto. – Fiz sinal de rendição ironicamente, fechando os olhos num ápice e erguendo a cabeça, recuando um pouco o corpo.

                - Nem sequer pode contar à Levy.

                - Prometo.

                - Pronto. Então prossigamos. – Respirou profundamente e levou uma das mãos ao rosto, agarrando numa madeixa ruiva e colocando atrás da sua orelha. – Adriel era, na realidade, uma menina completamente diferente do que aparentava ser. E eu fui a primeira a saber disso. Nunca fui muito com a cara dela, porém Natsu havia-se apaixonado instantaneamente. Eu expliquei ao Gray que Adriel iria magoá-lo, pois sabia que sozinha não conseguia mudar as suas ideias em relação à miúda. – Aquela história parecia tão real e ao mesmo tempo tão inacreditável, porém a ruiva não parecia nada entusiasmada enquanto dialogava. – Gray acabou por concordar comigo em mudar as ideias de Natsu antes que algo de mal pudesse acontecer. Bem tentámos… - Fez uma pequena pausa com um tom de voz tristonho, melancólico e soltou um pequeno suspiro. – Mas ele não quis escutar. Quando tínhamos ido falar com ele, ele já a tinha pedido em namoro e as coisas não iam, de maneira alguma, mudar. Deixámos passar o tempo, para tentar perceber se Adriel o iria tratar mal devido ao seu verdadeiro caráter e personalidade. Durante dois meses tudo correu bem, eram um casal aparentemente feliz, pelo menos Natsu não reclamava de nada. Parecia realmente feliz, talvez a primeira vez que o vira sorrir tanto. Senti-me feliz, porém nada do que pudesse acontecer me faria mudar de ideias em relação à sua namorada. Gray acabou por ceder e concordar que Adriel não era nada daquilo que eu afirmara, inclusive chamou-me de mentirosa, que alegadamente estava a dar desculpas porque me sentia atraída pelo rosado por termos uma amizade demasiado próxima. Mas isso é um equívoco que ele sempre tomou como certo. Nunca cheguei a apaixonar-me pelo Natsu, a minha paixão nunca foi ele…

                - Foi o Jellal. – Interrompi sem lhe dar tepo de prosseguir com o relato, ao que ela corou rubustamente e desviou o olhar para o chão.

                - Ah, não, não é nada disso… - Rodou o pé contra o chão; maneira típica da ruiva de controlar o constrangimento.

                - Admite. – Soltei uma pequena risada irónica, dando-lhe uma pequena palmadinha no ombro, ao que ela sorriu falsamente sem me encarar.

                - Talvez… - Deu de ombros e corou mais ainda. – Mas isso agora não importa – Abanou os braços à minha frente e soltou um profundo suspiro, tentando dissipar aqueles pensamentos constrangidos. – Como estava a dizer, - Retomou a conversa anterior, tentando concentrar-se. – a minha paixão nunca foi o Natsu. Na altura eu apenas o via como um irmão, nunca mais que isso. Porém, Gray não se conformava com a realidade e dizia coisas que nem faziam sentido, apenas para desculpar Adriel. Foi então que, passado uma semana, Natsu apareceu na escola com o braço negro. Era Verão, quase a acabar a escola, eu lembro-me bem desse dia. Ele vestia uma camisola vermelha de manga curta, e no seu braço esquerdo encontrava-se um grande negrão na zona do pulso e um pouco abaixo do ombro. Era bastante visível, apesar de ele tentar esconder aquele ferimento. Adriel vinha do seu lado, agarrado a ele com um sorriso tão rasgado que se notava o ódio que carregava nela. Natsu tentava parecer feliz, mas não deixava de encarar o chão. Eu puxei-o num à parte e perguntei-lhe o que era aquilo que ele tinha. “Caí das escadas quando ia ajudar a minha mãe”, foi a desculpa dele.

                - Ele nunca teve jeito para mentir… - Murmurei eu um pouco ressentido com o relato que a ruiva me contava, comecei a sentir uma tristeza enorme dentro de mim.

                - É verdade e eu percebi isso. Confrontei-o logo a seguir e perguntei se tinha sido Adriel. Ele começou a chorar de repente, o que me levou a comprovar o quesempre dissera e pensara a respeito dela. Depois de se acalmar ele disse que não e retirou-se sem me dar qualquer outra explicação. Confesso que nesse dia estava para me atirar à cara daquela víbora, mas contive-me. Percebi que era a única a ver o que verdadeiramente estava a acontecer e tentei mudar as coisas, contudo, nada mudou. Sozinha eu não conseguia nada, mesmo tendo uma postura autoritária, Adriel ganhava sempre. O tempo foi passando e eu não conseguia entender o porquê de Natsu se tornar tão submisso a alguém como ela. Mais ferimentos foram aparecendo, o seu estado mental ia-se debilitando. Menos o via sorrir, menos o via brincar, menos o via conviver. Houve um dia que ele não apareceu na escola e recebi a notícia, mais tarde, de que ele havia quebrado a perna. Alegadamente devido a um jogo de futebol. Mentira. Tinha sido ela a fazê-lo. Eu sabia. Sempre soube, mas ninguém mais queria saber. – A raiva consumia a ruiva com o decorrer da história e um grande peso apoderou-se do meu corpo. – Eu tinha de parar aquilo, com ou sem ajuda. E foi o que eu fiz. Confrontei-a diretamente e levei um gravador comigo para que tudo o que ela me dissesse pudesse ser gravado para eu apresentar na Direção. Discuti imenso com ela sobre o facto de ela ser abusiva com Natsu e do estado em que ela o deixava. E sabes o que ela me respondeu? – Os seus punhos fecharam-se e rangeu entre dentes. – Que ele o merecia por não fazer o que ela pedia. Senti-me tão enfurecida naquele momento que lhe mostrei o gravador e disse que ia contar ao Diretor da Academia e ela seria expulsa. Dito e feito. Ela foi expulsa e Natsu ficou chateado comigo por ter feito aquilo. Nessa altura já toda a gente do grupo se tinha apercebido do que Adriel era, pois eu tinha-lhes mostrado a gravação antes de mostrar ao Diretor. Adriel depois acabou com ele e lembro-me do último dia em que ela se retirou da escola. Beijou-o e pediu-lhe perdão por todo o mal que lhe fez enquanto chorava e no final dessa tarde descobrimos que ela se tinha suicidado ao se ter atirado para frente do comboio na cidade. – Ficou um pouco ressentida após ter dito aquilo, porém manteve-se firme. – Natsu ficou ainda pior do que estava naquele momento. Nunca mais foi o mesmo. Ele chorava todos os dias, havia alturas que nem ia à escola e ficava em casa. E foi por causa disso que se tornou frio e magoou sempre os outros, começou a beber e nunca, mas NUNCA mais sorriu da mesma forma que há 5 anos atrás. Desde esse dia me culpa pelo facto de ela se ter suicidado, embora reconheça que ela foi uma namorada abusiva e que mesmo que lhe custe, nunca o amou de verdade. E eu estou certa disso. E sempre tive razão. – Afirmou quase sem fôlego, tentando controlar a raiva que sentia dentro dela. – E sabes porque Adriel ficou com ele, tratando-o bem ao início? – Soltou uma pequena risadinha irónica e falsa. – Porque ele é rico, sempre teve a fama de badboy e “gostoso”. Sempre foi Popular. E ela aproveitou-se um pouco disso. Não digo que ela não gostasse dele, mas isso não era tudo. Ela era interesseira, ela sabia tudo. Era esperta e calculista e muitas vezes lhe pedia dinheiro. Ao início ele dava-lhe, porém, o dinheiro dele ia ficando escasso. Todo o dinheiro um dia acaba, não é mesmo? Então, quando ele não lhe conseguia dar o luxo que ela pretendia, descarregava nele. Batia-lhe, rebaixava-o psicologicamente até ele não aguentar mais… Ela teve o que mereceu. Foi melhor assim. – Terminou com os braços cruzados e um encolher de ombros, suspirando.

                Após aquilo eu estava em prantos, não conseguia controlar a minha respiração de modo algum. A ruiva parecia um pouco preocupada por eu estar daquele modo. Não conseguia sentir as minhas pernas e sentia-me um pouco zonza, quase via tudo enevoado. Alcancei a parede da casa de banho para me apoiar e comecei a tossir, enquanto me agarrava ao meu estômago que latejava naquele momento. Aquele relato havia trazido más recordações, especialmente de Jude. Todos os ferimentos e discussões que havíamos tido, e até mesmo brigas que tinha com Natsu. Não me conseguia mexer na totalidade, estava a perder as minhas forças.

“Merda, não comi nada…” – Pensei para mim própria, tentando me recordar da última vez que tinha comido.

                A ruiva agarrou-me antes que eu pudesse cair no meio do chão. Ela chamava pelo meu nome completamente desamparada, sem saber o que fazer naquele momento. Nem eu sabia o que fazer, parecia estar a desmaiar ou algo do género. Estaria doente? Senti num ápice uma súbita vontade vomitar, mesmo que não tivesse nada no estômago, a vontade permanecia prudente e firme. Só tive tempo de levantar o tampo da sanita e agarrar-me às estremidades, enquanto projetava a cara na direção da fossa. Por entre uma golfada de ar cuspi uma grande quantidade de sangue, misturado com um pequeno líquido amarelo que deveria ter vindo da vesícula biliar ou do fígado, provavelmente. Não era capaz de parar de chorar e de tossir, pelo que Erza ainda gritou por alguém, porém parecia já ter tocado há sensivelmente uns quinze minutos. A ruiva agarrava-me no cabelo enquanto se via incrédula e desesperada, quase sem reação ao ver o que estava a acontecer.

                - Lucy, Lucy! O que se passa?! – Ela gritava não compreendendo a situação, enquanto tremia freneticamente por todos os lados. – Lucy, fica aqui eu vou procurar ajuda médica. Dá-me uns dois minutos, por favor. Tenta acalmar-te! – Proferiu numa velocidade estridente, enquanto quase que rebentava a porta da casa de banho e corria à procura de ajuda.

                Eu continuava a tossir e a cuspir sangue sem qualquer controlo. O que se passava comigo? A minha barriga doía ferozmente, como se tivessem arrancado um pedaço de carne dela de uma vez só. Rapidamente a minha cabeça também havia começado a latejar, o que avançou o estado de dormência do meu corpo. Era demasiada dor para eu suportar naquele momento, apenas queria desmaiar e acordar fora daquele pesadelo. Os meus olhos somente avistavam sangue e aquele líquido amarelo que escorria e escorria, nunca parava. Senti-me tão doente naquele dia que não entendia a razão daquilo estar a ocorrer. Só me passava pela mente a história que Erza me havia contado. Ainda batia tão forte dentro de mim que parecia inareditável o facto de Natsu se ter deixado domar por alguém daquela forma. O amor realmente deixa marcas. Será que valia a pena mesmo amar o rosado daquela forma? Eu sabia que ele era bastante contorbado, porém não me permitia a mim mesma desistir dele. Porque eu sabia o que é sentir quando alguém desiste de nós, é como que fôssemos difícieis demais, como se as pessoas se cansassem das nossas “birras”, dos nossos “dramas”, da nossa “tristeza alheia” ou até de uma “depressão superável”. Não é tão fácil assim poder superar algo que nos prende, que nos arrasta, que nos desola e isola do mundo. Seria tão errado assim amá-lo daquele jeito tão contorverso?

                Escutei uns barulhos lá fora enquanto fazia uma pausa para respirar; uma pausa que o meu corpo me permitiu que fizesse. Tinha sangue nas minhas mãos e na minha boca, sem contar com o facto de que a sanita estava completamente suja. Tentei respirar controladamente, criando um compasso de entrada de ar. Escutei Erza falar com alguém, porém os barulhos eram surdos e curtos. Parecia uma conversa rápida, feita à última da hora. Porvavelmente estaria a avisar alguém de que ia procurar ajuda e que eu me encontrava lá dentro naquele estado deblitado. No entanto, ouvi passos em seguida, de alguém que havia adentrado na casa de banho a correr, quase que ofegante, desesperado e apelativo. Sorri de canto, pensei que certamente seria Erza e que ela teria mandado alguém procurar ajuda em vez dela.

                - LUCY! – Gritou desesperadamente, quase sem voz. – Onde estás?! Qual compartimento!? – A voz não era de Erza certamente, pelo que me assustei repentinamente, tremendo bruscamente sem saber a razão aparente de tal. Talvez nervosismo.

                - Natsu?! – Respondi sem controlo dos meus atos e com a pouca voz que tinha.

                - EM QUAL LOIRA? – Retomou a gritar correndo de um lado para o outro e empuleirando-se nas paredes e nas portas de modo a conseguir subir.

                Não pude responder porque senti outra brusca e súbita vontade de vomitar. Apenas me debrucei sobre a sanita e cuspi o que vinha do meu estômago. Outra golfada de sangue. Não me sentia, de forma alguma, lúcida muito menos desperta ou conscientemente racional. Tossi algumas vezes antes de escutar o rosado arrombar a porta do meu corpartimento, adentrando abruptamente e observando todo o cenário com que se deperava.

                - Porra, Lucy! Que merda! – Natsu barafustou num tom frio e sério, enquanto me segurava o cabelo e passava uma das suas mãos nas minhas costas. – O que aconteceu aqui?!

                - Eu… - Tornei a tossir fortemente, cuspindo um pouco e tentando respirar por entre os vómitos. – não sei… - Retomei a vomitar mais uma vez,           sentindo a visão turva e o corpo completamente dormente.

                - O que fizeste?! - Ele gritava como se não estivessem a decorrer as aulas e como se não estivesse num banheiro feminino. – Lucy!

                Cuspi o resto de sangue que eu ainda tinha dentro da boca. A minha respiração encontrava-se descompassada e vibrante, enquanto que o meu corpo dava tréguas aos enjoos. Impulsionei-o para trás, sentando-me no chão frio e encostando-me à parede, respirando ofegante e fechando os olhos aos descair a cabeça. Doía-me agressivamente. O rosado colou-se de joelhos ao meu lado a observar-me com um olhar reprovador e um pouco preocupado, eu acho. Pelo menos pareceu-me.

                Não consegui olhar para ele e muito menos percebia a razão pelo qual ele se encontrava naquele local, ali, comigo. Não queria que fosse embora, fui sincera, porém ainda me sentia constrangida pelo ocorrido na noite anterior. O meu coração batia rapidamente, apressado, repentino.

                - Vamos, temos de ir. – Natsu ergueu-se rapidamente, agarrando-se à porta destrancada como auxílio.

                -Para aonde? – Questionei num tom confuso e quase dissipado, pois não me sentia bem para andar sequer. – A Erza? – Quis saber pela demora da ruiva, pois queria estar com ela para que aquele constrangimento desaparecesse.

                - Vamos para a enfermaria e depois vais para casa. – Respondeu friamente, porém de forma sentida. “À maneira do Dragneel”, como sempre foi.

                - Não, não. – Abanei a cabeça repetidamente, engolindo em seco e encostando-me mais à parede.

                - Lucy, não estou a pedir. – A sua voz tornou-se ríspida e eu temi de nervosismo. – Estou a mandar.

                - Não mandas em mim. – Abri os olhos subitamente e ripostei friamente, não me demonstrando agradada com o que ele havia dito.

                - É para teu bem. – Lançou a sua mão na minha direção do meu pulso, agarrando-o com força para me obrigar a levantar, ao que eu grunhi de dor, pois havia exercido pressão contra os meus ferimentos.

                - Para! Estás a magoar-me! – Gritei em resposta, puxando o meu braço para junto de mim. – Estúpido de merda! – Puxei com força e fiz com que ele raspasse os dedos contra os meus ferimentos, fazendo-me dar um pequeno grunhido de dor.

                - O quê?! – O rosado exaltou-se furioso com a minha resposta, franzindo o rosto e arregalando os orbes esverdeados. – Vamos para a enfermaria. – Ele ordenou um pouco a tremer ainda, tentando manter a voz firme.

                - A Erza…? – Perguntei sentindo-me enjoada novamente, agarrando-me à barriga e pressionando-a devido à dor. – Onde ela está? Porque vieste tu…?

                - A Erza foi pedir ajuda e encontrou-me pelo caminho porque não me apetecia ir à aula de Matemática – Respondeu com um sorrisinho de canto ao seu jeito malicioso e envergonhado. – E pediu-me para cuidar de ti. – Preparava-se para se debruçar sobre mim enquanto falava.

                - Não me sinto bem para me levantar, Natsu. – Encostei-me ainda mais contra a parede, fechando os olhos e tentando respirar.

                - Oh! Jura? – Ripostou num tom sarcástico e preocupado ao mesmo tempo, enquanto lançava os braços na minha direção.

                - Espera… - Levei as mãos à minha boca rapidamente e enchi as bochechas do líquido que provinha do meu estômago.

                O rosado ficou sem reação assim que me pendurei na sanita para vomitar mais uma vez, tossindo fortemente e observando mais um pouco de sangue escorregar pela minha boca abaixo. Detestava aquela sensação, parecia que tudo o que me compunha por dentro estava a querer sair pela minha boca. De jeito nenhum me sentia bem ou aliviada, parecia que a cada vómito me sentia pior, ficando o meu estômago a latejar com toda a força, como se pedisse ajuda. Passei a minha mão direita pela minha boca, esfregando os lábios de uma maneira bagunçada e limpando o sangue que continha no canto dela. A minha respiração encontrava-se acelerada, descompassada como se tivesse corrido uma maratona. O meu pulso doía-me devido à força que Natsu havia exercido sobre ele, pelo que me agarrei a ele e me reencostei contra a parede, não conseguindo abrir os olhos devido às tonturas. Rapidamente senti as mãos quentes do rosado segurarem-me como se eu apenas fosse uma folha ou até uma pena. O seu braço esquerdo estava sob a minha cabeça e o meu corpo estava estendido horizontalmente, ao que ele me segurava com a outra mão por debaixo dos meus joelhos, pegando-me ao colo. Eu encontrava-me demasiado mole e dormente para exercer qualquer força que fosse, então deixei-me ficar naquela posição enquanto ele começava a correr para fora do banheiro.

                Abri um pouco os olhos para o observar. Ele fazia força para que eu não caísse dos seus braços, olhando para mim por vezes, verificando se eu estava bem ou não. Achei um gesto querido e apreciável da sua parte, pelo que sorri de canto com as poucas forças que me restavam. O seu cabelo rosado era tão lindo quando balançava ao som do vento, batendo naquele seu rosto moreno que fazia um contraste formoso sobre o rosa. Os seus lábios eram os mais apreciáveis que eu já vira, entreabertos e carnudos, o que o tornava ainda mais esbelto. E o que mais me fascinava naquele conjunto de sensualidade eram, sem dúvida, aqueles olhos esverdeados, apagados porém seduzentes. Aquele conjunto todo fazia palpitar o meu coração sempre que me encontrava perto. Seria tão errado assim amá-lo? Pelo que Erza me contara, ele era tão apaixonado por Adriel… Será que o que ele me havia dito seria verdade? Será que ele me amava mesmo ou ainda gostava dessa tal Adriel…? Não queria amar alguém que ainda poderia gostar de outro alguém… E aquilo magoava com toda a força dentro de mim, senti as lágrimas quererem escorregar pela minha face, contudo engoli o choro com esforço. Não iria desatar a chorar à frente dele novamente. Não me daria a esse luxo.

                Só me recordo de olhar mais um pouco para ele e, no mesmo momento ele retribuir o olhar, admirando-me por um pouco enquanto os nossos olhares se prendiam por instantes. Ele sorriu ligeiramente e murmurou que tudo ficaria bem. E foi aí que apaguei.

-x-

                Acordei um pouco estonteada. A minha cabeça já não doía, porém ainda me sentia um pouco atordoada, especialmente com a luz que se fazia emitir do teto daquele local. Não me conseguia erguer, pelo que me mantive deitada, inerte. Abri um pouco os olhos, porém com esforço. A primeira pessoa que vislumbrei foi Natsu, que se mantinha de pé perto do local aonde eu me encontrava deitada. Observava-me  sem desviar o olhar por nada, de mãos nos bolsos.

                - Bom dia, Bela Adormecida – O rosado anunciou com tom de deboche, rindo-se um pouco.

                - Ah, não me chateies… - Rodei um pouco a cabeça para o meu lado direito e revirei os olhos, suspirando profundamente em seguida.

                - Não me agradeças… - Cruzou os braços, amuado, fechando um pouco os olhos e virando a cabeça para o lado. – Se não fosse eu, estarias lá a morrer engasgada no teu prórpio sangue, loirinha… - Completou friamente, olhando-me de lado severamente ao que eu correspondi.

                - Arg… - Cuspi friamente, revirando mais uma vez os olhos. – Está bem… O-Obrigada.

                O rosado sorriu de canto, confessando um sentimento de satisfação interior, embora o tentasse esconder. Olhem para o fundo do que parecia ser a enfermaria e avistei a ruiva, que conversava com a enfermeira que se encontrava lá. A senhora ostentava uns papeis quaisquer que, por vezes, fazia menção aos mesmos e apontava para mim. Erza parecia um pouco preocupada, gesticulando bastante enquanto dialogava com a enfermeira. Senti-me desconfortável, pelo que me quis sentar. Auxiliei-me com os cotovelos e tentei erguer-me com esforço, pelo que Natsu percebeu e ajudou-me a sentar, agarrando-me nos braços e puxando-me para cima. Não lhe consegui olhar diretamente, portanto apenas dei um sorrisinho de canto e tentei esconder o constrangimento do momento. Ele nada pronunciou e manteve-se calado por instantes, enquanto a enfermeira caminhava na minha direção após ter entedido que eu havia acordado. A ruiva caminhava do seu lado, sorrindo para mim assim que me viu minimamente bem.

                - Menina Lucy, sente-se bem? – A enfermeira, de longos cabelos acastanhados e ondulados, pronunciou-se, agarrada aos seus papéis.

                - Estou melhor, sim… - Tentei sorrir para transmitir talvez uma falsa boa disposição, embora ainda me sentisse atordoada.

                - Tomou o pequeno-almoço? – Os seus olhos esverdeados fixaram-se em mim, enquanto eu engolia em seco devido á sua pergunta.

                - Não. – O rosado apressou-se a responder antes de eu ter qualquer oportunidade de mentir.

                - Pelo que eu percebi através da sua análise e pelo que os seus colegas me contaram, a menina apresenta anemia. Isto apenas numa primeira análise, apenas num hospital poderia efetuar os exames necessários e ter uma melhor clareza daquilo que realmente pode ter. – Indagou num tom profissional e sério, observando-me com cautela. – Agora o que eu aconselhava era, sem dúvida, ir ao médico. – Completou com um assentimento de cabeça.

                - Sim, eu irei fazê-lo… - Murmurei como resposta, quase ignorando tal aviso, pois não iria ao médico certamente.

                - Sim, ela fá-lo-á mesmo. – A ruiva deu ênfase na última palavra, dirigindo-me um olhar frio e seco, dando uma de “mãe”, ao qual eu assenti medrosamente com a cabeça e desviei o olhar.

                - Espero que assim seja. – A enfermeira sorriu e abanou um pouco os seus cabelos compridos que lhe batiam pela cintura. – Bom, de resto penso que está tudo bem. Descanse menina Lucy. – Retirou-se para tratar de mais uns assuntos que não se enquandravam naquele departamento.

                - Lucy, tenho a roupa para te vestires. – A ruiva afirmou, retirando da sua mala o uniforme dela.

                - Wow, vais vestir mesmo aquilo? – O rosado debochou um pouco corado, dando uma risada forte e sarcástica, apontando para o uniforme que era dois números abaixo do que eu usava.

                - Infelizmente… - Revirei os olhos e suspirei pesadamente.

                O rosado ajudou-me a colocar-me em pé, auxiliando-me ao colocar uma das mãos nas minhas costas e a outra a segurar-me um dos braços e puxando-me para cima. Ia-me desiquilibrando pelo facto de me sentir zonza ainda, quase caindo para cima dele novamente. Corei fortemente e tive esperanças que a ruiva não tenha notado. Percebi rapidamente que a mesma lançava olhares reprovadores para o rosado, pelo que ele se encolhia um pouco de medo. Soltei um pequeno gemido de dor e tentei equilibrar-me o melhor que podia no momento. Soltei-me das mãos de Natsu e fui em direção a Erza, que carregava as roupas, uma vez que eu havia manchado o meu uniforme por completo. A ruiva caminhou na minha direção rapidamente e entregou-mo, ajudando-me a caminhar em direção do banheiro da enfermaria para me trocar. A minha barriga não latejava mais e a minha dor de cabeça havia passado, pelo que me sentir um pouco melhor, embora ainda detivesse um gosto a sangue dentro da minha boca. Ansiava que o dia terminasse, já me sentia cansada e vencida por aquela manhã atribulada. E eu que o dissesse.

                Natsu apenas aguardou do lado de fora, sentando-se em cima da maca e colocando os fones, ouvindo uma música qualquer da sua lista aleatória e no volume mais alto. Devia ser um rap qualquer, pois eu conseguia escutar o beat que soava ritmado e marcado. Assim que adentrei dentro do banheiro a ruiva fechou a porta atrás dela, trancando a mesma por prevenção, embora considerasse um pouco absurdo, pois Natsu não iria entrar naquele compartimento.

                Comecei a despir-me o mais rápido que conseguia, pois sentia frio, apesar de já começar a fazer calor naquela altura do ano.

                - Não tive outra escolha senão mandar o Natsu tomar conta de ti… - A ruiva indagou num tom melancólico e um pouco apreensivo.

                - Como assim? – Arqueei uma sobrancelha loira, inclinando um pouco a cabeça sem entender a razão pela a qual ela havia dito tal coisa.

                - Foi a primeira pessoa que vi quando fui pedir ajuda, e teve de ser ele ou ninguém. – Explicou no mesmo tom de antes, entregando-me a camisola de manga curta do uniforme, olhando fixamente para o chão, pensativa. – Espero que ele não tenha feito merda contigo, enquanto eu estive ausente. – Dirigiu-me finalmente o olhar, com um tom preocupado que se via claramente nos seus olhos escuros.

                - Ele não me magoou. – Respondi prontamente, enquanto vestia a roupa que ela me havia entregado.

                Erza abanou a cabeça positivamente, dando-me a saia rodada para que eu a vestisse também. Soltei um longo suspiro e sabia que me iria arrepender depois, no entanto, eu não tinha escolha. Não queria passar por olhares ou comentários, pois não sabia lidar com isso. Porém, tinha de aprender de alguma forma e aquela foi a que me foi cedida, mesmo eu não gostando ou querendo. Coloquei as roupas sujas num saco à parte, pois iria levar para casa para que fossem lavadas. Calcei as meias compridas bege que me cobriam a pele até ao joelho e os respetivos sapatos. Agarrei, por fim, no casaco que ela me havia providenciado e vesti-o, cobrindo os meus braços e deixei-o aberto. Respirei profundamente e tentava preparar-me mentalmente para enfrentar o dia que se seguia, pois seria longo.

                - Milady, mas foste buscar as roupas à Rússia ou quê? – O rosado gritou desesperado e impaciente, batendo com o pé no chão.

                - Calou! – Barafustei em resposta, irritada com o comentário do rosado.

                - Calou?! Anda cá fora que eu mostro-te quem é que se ca-

                Natsu não conseguiu terminar de dizer a sua frase. Eu havia aberto a porta do banheiro rapidamente com uma expressão um tanto apreensiva e um tanto constrangida, tentando esconder o rubor das minhas bochechas. O meu olhar encontrou-se imediatamente com o do rosado, que abriu a boca inconscientemente e fixou os olhos seus olhos em mim, enquanto caminhava em direção às minhas coisas que se encontravam na cadeira do seu lado esquerdo. O seu rosto percorriaa a verticalidade, observando-se de cima a baixo, quase que examinando.

                - W-Wow… - Balbuciou sem conseguir controlar as suas palavras, como se tivesse enfeitiçado.

                - Que foi, Dragneel? – A ruiva ripostou revirando os olhos, enquanto abanava a cabeça negativamente.

                - Fica-te b-bem – Elogiou o rosado, piscando os olhos diversas vezes, certificando-se de que não se tratava de uma miragem qualquer.

                A minha saia descobria as minhas coxas brancas, e a minha camisola de manga curta azulada com o símbolo da Academia ficava presa por dentro da saia, dando ênfase aos meus peitos fartos que sobressaíam de uma forma formidável e exagerada. A saia era demasiado curta, pois sentia-me como se o meu rabo estivesse descoberto. Era demasiado justo, porém tinha de me habituar. Pelo menos durante aquele dia, por muito que me sentisse desconfortável.

                - Oh idiota, não me olhes assim – Coloquei os meus braços à frente do peito e virei-lhe a cara bruscamente, corando bastante.

                - Ah, desculpa… - O rosado também desviou a cara, coçando a nuca forçosamente e escondendo o vermelho que se apoderava do seu rosto moreno.

                - Bem, vamos para a aula, meninos. – Erza ordenou rigidamente, saindo rapidamente do local sem olhar para trás, pelo menos que eu tenha notado.

                Fui buscar as minhas coisas, agarrando na mochila e fazendo um impulso para que a alça se encaixasse no meu ombro. Olhei de lado para Natsu, notando a vergonha que se apoderava do seu corpo pelo que vira há pouco. Sorri de canto e tentei fazer com que ele não o percebesse. Após ter colocado a mochila às costas, finquei as unhas nas alças e virei-me para ele, rodando sobre os meus calcanhares. Permaneci a observá-lo firmemente, aguardando uma resposta da sua parte.

                - Vamos? – Perguntei retoricamente, ao que ele me olhou de lado e encolheu-se um pouco, ainda mais constrangido.

                Sem uma resposta apenas me virei em direção á porta e comecei a caminhar, lenta e compassadamente. Rapidamente senti a sua mão agarrar o meu ombro direito e rodopiar o meu corpo no sentido contrário, fazendo-me dar um giro de 180 graus, ficando direcionada para ele. Olhei para ele de forma surpresa. Aproximou-se subitamente do meu corpo, colocando toda a sua sombra sobre mim, enquanto os seus olhos me encaravam seguramente. Um sorriso malicioso brotou nos seus lábios assim que a sua mão esquerda agarrou a minha cintura firmemente. As minhas mãos embateram contra o seu peito robusto e agarrei o seu casaco do uniforme. Permanecemos a observarmo-nos durante segundos, analisando o comportamento de cada um. Ele encontrava-se deveras corado, enquanto ainda me admirava em silêncio. Deu uma pequena risada e encostou o meu corpo ao seu, aproximando o seu rosto do meu pescoço num ato rápido. Depositou um beijo demorado sobre o mesmo, ao qual eu soltei um pequeno e surdo gemido, fechando os olhos com força. Aquele rosado deixava-me com as pernas bambas e o coração acelerado. A sua outra mão poucou sobre o meu rosto, encaixando entre o meu pescoço e a minha orelha, enquanto ele me insistia em me fazer soltar gemidos de prazer. Eu não conseguia pará-lo, embora o tentasse empurrar, pois não queria aquele joguinho.

                - Lembras-te da nossa promessa? – Ele perguntou num sussurro, dando tréguas aos beijos no meu pescoço, elevando o rosto e olhando-me diretamente nos olhos.

                - Uhum… - Assenti com a cabeça e grunhi, engolindo em seco e relembrando-me da promessa que havíamos feito.

                Há dias havíamso prometido que nenhum de nós se iria apaixonar pelo outro, seria impossível, pois os interesses eram divergentes. Pude comprovar que os opostos se atrem e que o destino já está escrito. Ambos havíamos quebrado uma promessa que pensávamos que poderíamos cumpri-la, apenas acreditando nos nossos sentimentos momentâneos.

                - Quebrei-a. – Indagou sinceramente, enquanto me fazia um carinho sobre a bochecha.

                - Eu também. – Encolhi os ombros e desviei um pouco o olhar, não conseguindo encará-lo no momento. – Mas o teu coração ainda pertence a outra pessoa… - Completei tristemente, embora tentasse esconder o quanto me doía pensar naquele assunto.

                - Outra pessoa? – Natsu estava confuso em relação ao que eu havia dito, franzindo o sobrolho.

                - Sim… - Afastei-me dele vagarosamente, começando a virar as costas.

                - Mas quem? – Insistiu, avançando um passo ou dois na minha direção e agarrando-me numa das minhas mãos.

                Parei por momentos. Engoli em seco mais uma vez, tentando controlar o choro que me invadia a garganta com toda a força. Os meus lábios tremiam freneticamente, enquanto lhe acariciava a mão ainda dada à minha. Ele parecia não entender, porém era tão óbvio… Fechei os olhos com força, engando a minha alma de que não havia razão para quebrar. Ergui a minha cabeça devagar e abri os meus olhos, cobertos de lágrimas que eu não conseguia dissipar. Tentei sorri por segundos, mas foi-me impossível. Enfrentei-o nos olhos; naqueles olhos everdeados opacos que tremiam pela minha resposta, incrédulos e frios. Sabia que era errado falar sobre isso, pois Erza havia me pedido para não contar a ninguém. Mas eu não conseguia viver com o facto de que aquilo que sentia podia ser jogado fora com um simples gestos. Por isso, abri a boca e deslarguei a sua mão lentamente, tornando a virar costas:

                - À Adriel.


Notas Finais


Espero que tenham gostado! Tentarei postar o mais breve possível!
Beijinhos!!


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