- Perdeste as chaves, loira? – O rosado inclinou a cabeça e esboçou um sorriso matreiro.
- Sim, perdi. – Assenti com uma sobrancelha erguida e coloquei as mãos na cintura. – Dragneel? – Chamei-o retoricamente, ao que ele correpondeu com um riso malicioso e maníaco.
- Andas à procura disto? – Das suas mãos brotaram uma argola repleta de chaves, que tilintava penduradas no seu indicador direito.
- Seu… - Rosnei furiosamente, cerrando os punhos e preparando-me para lhe socar o rosto.
- Encontrei-as no chão da escola – Explicou seriamente, rodando sobre os calcanhares e virando-se para mim.
- Devolve-mas, Natsu Dragneel! – Estendia a mão na sua direção, olhando-o com frieza.
- Pois… - Tossiu algumas vezes e balançou as chaves douradas diante dos olhos. – Só as tens se me ganhares numa luta corpo a corpo. – Finalizou com um sorriso malicioso, colocando as chaves no bolso das calças.
- Chantagem não vale. – Retorqui severamente, cruzando os braços e arqueando um pouco as ancas.
- Não é chantagem… - Sibilou angelicalmente, caminhando na minha direção.
Os seus passos eram compassados e marcados com um ritmo audível e grave à medida que se aproximava. De repente, senti o meu coração querer saltar-me do peito, o meu rosto esquentou por instantes e os meus olhos arregalaram-se relutamente. Ele estava cada vez mais próximo, com aqueles olhos debochados e um sorriso de canto. Recuei um passo e senti as minhas pernas bambas, como varas de madeira. O meu corpo estava todo trémulo, juntamente com um as batidas dolorsas que sentia junto à nuca. Como num ápice, ele avançou para mim, encontando-se à parede, e colocando a mão esquerda próxima da minha cabeça. A sua respiração embatia forte contra a minha cara, e num simples murmúrio, disse:
- É um desafio. Apenas. – Balançou as chaves diante do meu rosto, tilintando com um som estridente.
Tentei agarrá-las, lançando-lhes a mão, porém o rosado recuou o braço subitamente. Afastou-se de mim e começou a balançar a argola no seu indicador direito, tendo a outra mão na cintura. Os seus cabelos rodopiavam ao som do vento, bagunçando pequenos fios rosados, que chicoteavam levemente o seu rosto.
Um maldioso sorriso brotou no meu rosto alvo, preparando-se para correr na direção dele. Fui o mais rápido possível, lançando o meu punho direito na direção da sua cara, contudo, o rosado rodopiou abruptamente sobre os calcanhares e, num segundo, bloqueou o meu golpe om o cotovelo esquerdo, embatendo nos ossos dos meus dedos, fazendo-me gemer de dor. Rapidamente, ele lançou o seu punho direito no sentido da minha face, ao que eu, em defesa, abri a mão esquerda e bloqueei o seu ataque, empurrando a sua mão. Passei-lhe uma rasteira, fazendo-o cair no chão, escutando-se as costas estalarem. Antes que eu pudesse saltar para cima dele, Natsu pontapeeou o meu estômago, fazendo-me ser projetada contra uma árvore do jardim.
- Ah! – Gritei de dor e cuspi uma enorme quantidade de sangue.
Finalmente caí no chão, sentindo-me estonteada e, profundamente mal-disposta. Limpei o sangue que escorria da minha boca. Ainda cuspi novamente mais uma quantidade de sangue. Retornei a passar a manga do uniforme pela bica. Ergui um pouco a cabeça e olhei para o rosado com um semblante frio e áspero, rangendo entre os dentes algumas asneiras. Ele sorriu e, num salto, levantou-se subitamente. Guardou as minhas chaves novamente e correu na minha direção, preparando um novo ataque. Rapidamente me ergui, colocando-me em posição de defesa, esperando que ele atacasse. Natsu desenhou um pontapé no ar, saltando alto e lançando o pé na minha cara. Agarrei no pé dele e, num ápice, rodei o meu corpo 45 graus e lancei-o contra a árvore. Porém, Natsu colocou as mãos contra o tronco da árvore e dobrou os braços. Impulsionou o corpo para trás e, como um parafuso, efetuou um rodopio de 360 graus, lançando-me ao chão e fazendo-me soltar o pé dele. Sem pensar, rapidamente me ergui, começando a correr para longe, tentando ganhar algum tempo, pois me encontrava debilitada.
- Vai Natsu! – O maldito gato azul gritava como numa claque, assistindo à luta, enquanto se divertia a apoiar o dono.
Natsu observou Happy e esboçou um sorriso verdadeiro e confiante. Voltou o olhar para mim, correndo e seguindo-me na minha fuga. Senti-o aproximar-se, por isso virei-me e tentei golpear-lhe o peito, contanto, ele deitou-me no chão, atirando-se para cima de mim. Tentei soltar-me, porém, ele ia desferindo golpes em mim, aos quais eu tinha que defender ou esquivar. Projetei os meus pés para cima, prensando-os contra o peito do rosado e fazendo com que ele voasse para longe, totalmente indefeso. Embateu contra o chão, arrastando-se e criando uma grande quantidade de pó. Coloquei as minhas mãos no chão, levantando-me e inclinando as costas para trás, escutando-se estalar algumas vezes. Reompus-me e respirei profundamente, mas rapidamente vomitei mais sangue, tossindo compulsivamente.
Sem ter dado conta, fui atacada por trás levandp com um pontapé nas costas, indo contra uma fonte que se encontrava no caminho. Mantive-me deitada no chão, inerte por algum tempo, tendo dificuldade em respirar. Soltei uma leve risada e alguns cabelos taparam-me a cara.
- Estás a rir-te do quê, loira? – O rosado perguntou ofegante, agarrando-se ao peito que latejava de dor.
- É so isso que consegues, Dragneel? – Soltei mais uma risada sarcástica, levantando-me com dificuldade.
Como um vampiro, o rosado alcançou-me num ápice e agarrou-me a gola, empurrando-me contra uma parede. Pressionou o ferimento situado no pescoço, roçando os nós do desdos contra os pontos da ferida. Gemi baixo e fechei um dos olhos, ragindo os dentes.
- O que disseste?! – Sorriu com um sorriso malicioso e maléfico no rosto.
Por momentos temi-o. A sua mão pressionava o meu pescoço com enorme força. Começava a perder a respiração, tendo o impulso de tossir. Tentei soltar-me, porém não conseguia o que me colocava numa situação de desespero. Rapidamente me recordei de Jude, daquele rosto áspero e queimado, aqueles olhos severos e frios, o seu cheiro a álcool e nicotina. Os meus olhoss arregalaram-se e lágrimas formaram-se. De súbito, sem pensar, pontapeei-o no estômago, sentindo o meu pé afundar-se nas dobras dos seus abdominais. Num ápice, o rosado foi projetado para longe, arrastando-se pelo chão e provocando uma onda de pó. Agarrei-me ao pescoço e comecei a tossie, sem nunca desviar o olhar do rosado.
Ele levantou-se com dificuldade, cuspindo uma porção de sangue e limpando os lábios em seguida. Soltou uma risada maliciosa, deixando cair alguns cabelos róseos sobre o rosto, criando linhas de sombra entre os orbes pequenos e esverdeados. Percebi que ele tentava não utilizar magia, no entanto, por vezesm conseguia notar certos fios de fogo ardente entrelaçarem-se por entre os seus dedos ágeis. E eu temia isso.
Ainda cambaleava, portanto, não me encontrava numa posição de defesa adqueada. Tossi ainda algumas vezes e cuspi algum sangue. Já me doía a garganta com fervor, fazendo-me lacrimejar de dor.
Num segundo, o rosado investiu rapidamente em mim, elevando o punho na minha direção. Apenas tive tempo de desviar e, como me encontrava agarrada ao pescoço e debilitada, so me resumi a erguer a perna direita e passar-lhe uma rasteira, fazendo-o rodopiar no ar e embater com a cabeça no chão, grunhindo em resposta. Rapidamente lhe alcancei o bolso das calças do uniforme no intuito de lhe retirar o que me pertencia. No entanto, o maldito gato azul gritou e brafejou, o que colocou Natsu em alerta.
-“Merda!” – Pensei para mim própria, arregalando os olhos assim que ele me agarrou o pulso direito, impedindo-me de retirar as chaves.
Ele esboçou um sorriso maldoso e, num simples ato, torceu o meu pulso e fez-me cair no chão, desiquilibrando-me. O meu pulso latejou de dor, e enquanto eu o agarrava, o rosado saltou para cima de mim. Gemi de dor e senti sangue sair da minha boca, deslizando pelos meus labios e escorrendo até ao final do meu rosto alvo. Natsu aproximou o seu indicador dos meus lábios e limpou o sangue. Arregalei os olhos por segundos e não consegui desviar os olhos do rosto moreno dele. A sua feição parecia um tanto preocupada, o que me fez ceder por segundos. Ele limpara o sangue todo, ficando com o líquido avermelhado escorregando pelos seus dedos. Limpou à camisa do uniforme, mantendo-se sobre mim e observando-me por alguns momentos. Aquilo me intrigava um pouco, porém mantive-me imóvel, somente ouvindo a nossa respiração misturada com o vento.
- Eles goxxxxxxxtam um do outro! – Happy colocava as pequenas patinhas diante dos bigodes, corando vivamente.
Natsu ergueu o rosto e fuzilou o neko com raiva, fazendo-o recuar um pouco. Seguidamente, voltou a olhar para mim, sorrindo de canto. Eu sabia que ele estava a pensar nalguma coisa maliciosa contra mim; eu conhecia o seu sorriso, aquele sorriso. Antes que eu pudesse articular algo, rodei o meu corpo com força, ficando em cima dele. As minhas mãos ficaram sobre o seu abdómen, podendo notar os fortes e definidos abdominais que ele possuía. Corei levemente e para que ele não notasse, lancei a minha mão para as chaves. Felizmente conseguia alcançá-las, impedindo o rosado de continuar a luta. Tal significava que eu ganhara a luta.
- Ganhei. – Sorri triunfante, levantando-me e prendendo a argola das chaves no cinto das calças.
- Ugh, loira – Resmungou o rosado, sacudindo a poeira da sua roupa.
Após ter terminado de prender as chaves reparei que alguém entrara na casa de Natsu. As nossas atenções viraram-se para a pessoa que adentrava no local. Ergui uma sobrancelha ao mesmo tempo em que me sentia pasmada e intrigada. Quem era aquela figura? Natsu não vivia apenas com o gato azul? Milhões de pensamentos vaguearam a minha cabeça até escutar o rosado grita, num tom meio contente meio tenso:
- Mãe?!
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.