Mesmo entre as folhagens, Sasuke conseguiu discernir quando a figura de verde que entrou na frente de seu corcel negro, e graças á isso, puxou as rédeas, fazendo o animal relinchar e levantar as patas da frente com a inesperada atitude.
Felizmente ou não, o Uchiha reconhecera o jovem de verde como sendo o estranho que ele havia confrontado, assim como Itachi, mas que ficou no distrito por causa de seu talento e peculiares habilidades, quase tão diferentes quanto seu jeito em si.
– Vejo que tens problemas Uchiha, visto que foge com todas as forças de sua juventude! –exclamou, e seria ignorado pelo outro, se não tivesse começado a dizer algo que chamou sua atenção: – Foge das sombras, sim? Consigo senti-los se aproximando de ti. É inevitável que enquanto carrega esse fardo que leva, eles continuem a persegui-lo.
– Como sabe sobre eles? –indagou intrigado.
– Os conheço desde minha infância, meu mestre no sul dizia-me sobre o tempo em que os homens usavam as sombras para dominar o mundo. Vejo que está empenhado em fugir, mas apenas uma coisa pode impedir que eles o encontrem. –Lee continuou a falar com seu tom sabido.
– E o que seria essa coisa? –insistiu Sasuke, embora já soubesse do jeito maluco de Lee, e estivesse sendo perseguido, algo dentro de si queria ouvir tudo o que o estranho rapaz tinha a lhe passar.
– Por sorte sempre levo comigo. –sorriu e uma fileira de dentes brancos e brilhantes se fez visível após o mesmo retirar uma pequena folha bem esverdeada do compartimento em sua roupa.
– Uma planta? –Sasuke mostrou-se incrédulo.
– Mais do que isso! É uma folha da árvore sentinela do bosque sagrado do sul, benzida pelo xamã mestre e abençoada por todos os deuses. –voltou a explicar. – Algo tão simples e puro que atrapalha que os seres perversos o sigam, pegue Uchiha e continue seu trajeto sem problemas. –ofereceu-lhe a folha com uma reverência.
Apesar de não ter se convencido muito com o discurso de Lee, Sasuke pegou o objeto abençoado e continuou a corrida com seu cavalo, sentindo que algo ruim já estava por perto. Para evitar transtornos, Sasuke não seguiu até a casa de Obito diretamente, ele fez várias voltas e até se permitiu esperar um momento em um local mais afastado na mata, mas nada o encontrou. Só então, o homem pôs-se a acreditar nas palavras do estranho rapaz de verde e se perguntar como o mesmo teria tal conhecimento.
Faltava pouco para o amanhecer quando chegou enfim, a casa de seu aliado:
– Parece que teve um longo caminho até aqui. –Obito alegou ao vê-lo.
– Nem imagina o quanto. –concordou e após isso, virou-se para o irmão: – Conseguimos e tudo graças á okaa-san.
– Como ela está? –perguntou com preocupação enquanto pegava o pergaminho das mãos do irmão.
– Não sei ao certo, ela parecia ter uma desculpa na ponta da língua, porém Madara não é um tolo ao todo, ele pode notar algo. –só então se lembrara de Mikoto, que havia ferido á ela mesma, esperava que Mikoto tivesse sorte.
– Temos que acabar com isso o quanto antes... –Itachi desenrolou o pergaminho e graças ao estudo que já tinha, conseguiu ler o que o texto dizia.
“A longa noite virá junto de um céu sem lua ou estrelas. As trevas já existentes se juntarão com uma força ainda mais suprema, e todos devem temer o que está por vir. Mas apenas aquele que guardar em seu coração sombras tenebrosas, se tornará o receptáculo de todas as angústias”.
Abaixo, havia um trecho que o Uchiha não conseguira traduzir, parecia ter sido acrescentado posteriormente, mas devida a condição do pergaminho, uma parte havia sido perdida:
“Quando o sol raiar e a longa noite se transformar em dia, as sombras se dissiparão, tais como uma poça d’água em um deserto escaldante”.
– E então? –Obito perguntou esperançoso, embora a expressão facial no rosto do Uchiha não fosse das melhores.
– É um trecho bastante vago e incoerente. Temo que ainda não tenhamos a resposta em mãos. –disse com pesar.
– Quer dizer que Madara ficará á solta por aí? Aquele desgraçado merece pagar pelo que fez á ti onii-san. –Sasuke manifestou-se injuriado.
– Não Sasuke. Se ele já fez o que fez com a própria família ao tomar o controle do clã, imagine o que pode acontecer se o mesmo derrotar a Akatsuki? Ele sempre irá querer mais poder e não hesitará em tirar todos que se estiverem em seu caminho, temos que pará-lo.
– Pará-lo? Com isso você quer dizer... –Obito interveio novamente, um tanto receoso.
– Temos de matá-lo. –foi Sasuke quem concluiu. – Na próxima noite será a estreia de Sakura, na qual Madara irá agir contra a Akatsuki. Pode ser o espaço perfeito para acabar com o cretino.
– Tens razão otouto.
– Ainda assim, somos apenas nós três contra todos aqueles ninjas. –Obito falou preocupado.
– Temos Naruto também e até mesmo Kakashi se juntará a nós diante da verdade. Os ninjas estarão ocupados com os samurais de Nagato, faço questão de me encarregar daquele velho. –Sasuke brandiu com coragem. – Devo retornar, as coisas devem estar em caos no distrito. Mas antes... –lembrou-se de algo. – Aquele estranho rapaz de verde entregou-me essa planta enquanto fugia, alegou que assim as criaturas das sombras não me perseguiriam e assim aconteceu, fique com ela nii-san. –entregou-lhe a folha esverdeada, a qual Itachi aceitou com uma expressão de dúvida.
– Mais um aliado com o qual podemos contar. Agora somos seis. –sorriu nervosamente.
...
Sasuke já esperava certa desordem no distrito, no entanto a cena que encontrou em seu retorno superou todas as suas expectativas. Moradores eram retirados á força de suas casas e jogados ao chão desajeitadamente pelos ninjas de seu tio. No pátio central, havia uma fogueira que queimava corpos já desfeitos pelas chamas, apesar de tudo, suas armaduras Uchiha ainda se mostravam visíveis.
– Teme! –Naruto gritou vindo ao seu encontro, o olhar do loiro estava cansado e ele parecia alerto á qualquer movimento ao seu redor.
– O que aconteceu aqui?-indagou preocupado.
– Me parece que algo de muito valor para Madara lhe foi roubado, ninguém sabe ao certo o que é, mas foi o que ocorreu. Agora ele e seus homens estão revirando e destruindo casas de famílias inocentes. Digo, parte de seus homens, já que todos os samurais remanescentes se rebelaram, recusando-se a cumprir suas ordens, e com isso foram assassinados ou queimados bem ali no pátio para dar o exemplo á qualquer outro que ousasse desacatar as vontades de Madara. Acho que agora sou um dos últimos samurais Uchiha. –contou rapidamente, fechando o punho com força, o ódio era visível em sua voz.
– Aquele velho está a cada dia mais louco. Temos que acabar com isso o quanto antes.
– E como faremos isso? Ele está cercado por aqueles esquisitos.
– No cair da noite, você saberá dobe. –respondeu cumplice. – Sabe de minha okaa-san?
– Mikoto-sama não saiu da casa principal. Parece que a mesma foi ferida durante o roubo.
Antes que o loiro dissesse qualquer outra coisa, Sasuke partiu rumo á casa, disposto a encontrar a mãe, contudo foi surpreendido no meio do caminho pelo tio, seus olhos brilhavam em um tom rubro e a ira se fazia presente em suas palavras quando falou ao sobrinho:
– Aí está você... Peguem-no! –ordenou e no mesmo instante, um grupo de ninjas o cercou, segurando-o pelos membros, enquanto Sasuke lutava para se libertar.
– O que está pretendendo Madara? Solte-me!
– Calado! –gritou ainda mais alto, chegando mais perto. – Onde estava durante a madrugada passada? –questionou com suspeita.
– Como onde eu estava? Nos meus aposentos obviamente. –falou firmemente.
– Pare de mentir, antes que eu lhe arranque a cabeça! Assim que dei falta do que me foi roubado, mandei que verificassem seus aposentos, e adivinhe só: não estavas lá!
– Me pergunto o que de tão valioso desapareceu para que estejas destruindo casas e machucando pessoas inocentes. –rebateu.
– Essas pessoas podem até ser inocentes, mas isso serve para que o verdadeiro culpado veja o mal que está causando e alegue sua culpa. –declarou indiretamente.
– E se o culpado não aparecer? Continuará até matar todos eles?
– Se assim tiver de ser. Agora pare com seus joguinhos e confesse, sei que tu és o responsável por isso Sasuke.
– Certamente, até porque eu seria capaz de ferir minha própria okaa-san durante minha fuga. –falou ironicamente.
– Você é igual á mim, sobrinho. Seria capaz de tirar quem quer que fosse do seu caminho para conseguir o que deseja, se assim necessário.
– Não me compare á um verme como você! Mande que esses seus capachos me soltem, tenho que ver minha okaa-san.
– Não irá a lugar algum, até que confesse o que fez e devolva-me o que me tirou, nem que para isso tenha de arrancar esses orbes negros. –ameaçou em tom sombrio.
– Já o disse que não tenho nada a ver com essa história. –alegou relutante.
– Seu álibi não sustenta sua afirmação, querido sobrinho.
– Sasuke-kun estava comigo, em meus aposentos quando tudo aconteceu. –uma voz feminina se tornou audível e todos se voltaram para a figura de cabelos róseos. Sakura estava com os longos cabelos desarrumados e o quimono que vestia, estava amassado e pendia sobre um de seus ombros. – Passamos a noite toda juntos, professando nosso amor em segredo, até que caíssemos no mar dos sonhos. Foi então que meu belo samurai em sua armadura reluzente percebeu a agitação no distrito, e deixou-me desamparada em meu leito sem o conforto de seus braços. –a Haruno professou, para em seguida empurrar um dos ninjas que estavam perto do Uchiha, e rodeá-lo com seus braços finos.
– Você e Sasuke? –Madara indagou desconfiado. – Não tente me convencer dessas tolices garota.
– Pois essa é a verdade! Ter Sasuke-kun como sensei facilitou nossa aproximação, não posso permitir que faça algo á ele. –Sakura continuou a gritar, colocando-se a frente do moreno.
– Comovente, mas será que meu sobrinho tem por ti, a mesma consideração? –o mais velho indagou com um sorriso de puro escárnio.
No momento seguinte, os ninjas que antes cercavam o rapaz, agora detinham a moça de cabelos róseos, apontando adagas em sua direção.
– Sei que ela é peça valiosa em meu plano, porém o mais importante agora é que confesse o que fez Sasuke, independente de quem precise ser sacrificado por isso.
Sasuke fitou o tio por alguns instantes, em seguida voltou-se para a rosada. Sabia que Madara não estava blefando, e com as habilidades que possuía, mesmo sem dizer qualquer palavra, seus capachos não hesitariam em cumprir suas ameaças. Não saberia explicar o porquê tomou a próxima atitude, no entanto quando voltou á si, já estava proferindo tais palavras:
– Não a envolva nisto. Se quiser minha confissão a terá, desde que a deixe em paz.
– Até que enfim deixou de agir como um pirralho.
– Não Sasuke-kun! Não tens de confessar nada, onegai não faça isso! –lágrimas brotaram dos olhos esmeraldinos da Haruno.
– Não se preocupe Sakura. Apenas fique perto de minha okaa-san e continue a seguir o plano, não chegamos até aqui para nada. –a voz do moreno era serena, Sakura percebeu que ele falava do plano contra Madara, contudo se Sasuke fosse preso, a pouca ajuda que tinham se tornava ainda mais nula.
– Mas Sasuke-kun... Preciso de você. –alegou chorosa.
– Parece que realmente dominou a arte da atuação. –sussurrou enquanto o afastavam, e Sakura poderia jurar que sentira um tom melancólico em suas palavras, mesmo que não tivesse compreendido bem o que o Uchiha pretendera dizer.
Queria poder arrancar sua katana e acabar com aqueles ninjas que o seguravam, mas de nada adiantaria, pois enquanto Madara tivesse seu poder, mais deles surgiriam.
– Sakura-chan, o que houve? –Naruto apareceu.
– Madara e seus ninjas estão com Sasuke. Ele agiu precipitadamente, temos que ajudá-lo. –manifestou-se agitada.
– Controle-se Sakura-chan. O teme dará um jeito de sobreviver, e assim que tivermos nossa brecha, poderemos salvá-lo. Volte para Mikoto-sama, eu irei descobrir para onde o levaram. –Naruto brandiu firmemente.
Apesar da aflição que sentia, Sakura decidiu seguir as palavras do loiro. Tinha de acreditar que Sasuke seria astuto para sobreviver tempo o bastante para que pudessem resgatá-lo. E naquele momento, prometera á si mesma que faria o que fosse preciso para preservar a vida do Uchiha.
...
– Vamos lá Sasuke, onde está? –exigiu saber, após jogar o sobrinho no chão frio de uma das celas do calabouço.
– Não sabia que era um homem de crendices Madara. Usar rituais para ganhar poderes? Isso soa apelador até mesmo para você. –provocou, no entanto a única resposta que obteve foi um chute certeiro em seu peito, o golpe fez com que seu corpo se chocasse na parede oposta.
– Não irei repetir a pergunta. Conte-me por bem ou irei fazer com que seus piores pesadelos virem realidade.
– Já que insiste... Não acha estranho o fato de que esses seres bizarros não estejam sentindo o cheiro daquele papel mofado? Seu precioso segredo não existe mais. –disse recuperando-se do baque.
– Impossível. –rebateu confiante.
– Continue a pensar assim e verá seu tão sonhado Império cair diante de seus olhos antes de se tornar seu.
– Pare de brincadeiras Sasuke!
– Não perca seu tempo comigo, eu apenas tirei o trunfo de suas mãos. Há outros por trás disso, pessoas que o detestam tanto quanto eu.
Um dos ninjas aproximou-se de Madara, sibilando coisas tão incoerentes quanto à própria existência de tais aberrações.
– Tem razão, está na hora. É bom que pare de indiretas e concentre-se em dizer a verdade sobrinho, a próxima vez que o ver, estará diante do mais novo Imperador. –sorriu de canto, deixando a cela.
Trancafiaram a saída e dois ninjas permaneceram ali. Sasuke pensava, buscando um plano que o tirasse dali, havia sido totalmente desarmado e sentia suas costelas doloridas pelo golpe carregado com a força sobre-humana do tio. A única certeza que possuía era a de que não poderia desistir...
...
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