CAPÍTULO 050
Márcia andava pelo pântano, sem rumo, até encontrar algumas frutas juntas ao chão. Ela correu pra pegá-las, mas foi atacada por um digimon que, para ela, era um terrível monstro.
— AAAAAAHHHHH!! — gritou ela com todas as forças.
— MÁRCIA! MÁRCIA! EU JÁ TO INDO — bradou Ray correndo assim que escutou a voz dela.
Márcia ficou olhando para algo que a perturbava muito. A moça observou algum tipo de "bicho de olhos grandes" que a encarava. Na realidade o tal monstro ficou atrás de uns arbustos e só olhava para ela. Isso a deixava muito intrigada, pois, segundo ela, nos filmes de terror o monstro sempre tem olhos grandes e gostava de encarar suas possíveis vítimas.
Ray conseguiu, finalmente, chegar até onde a mulher estava. Eles ficaram se encarando por alguns segundos até que o homem quebrou o gelo entre os dois.
— Você está bem? O que houve? — perguntou tentando se aproximar dela.
— Um... monstro ali... ali atrás daquela moita. Ele tem olhos grandes — respondeu ainda impressionada.
— É aquilo? Caramba, ele está olhando sem parar — disse também impressionado.
— Eu disse. É o nosso fim. Eu vou morrer antes de reencontrar meus filhos. Ai que vida cruel — lamentou Márcia.
Ray olhou mais um pouco e percebeu que o tal "monstro" não se mexia. Apenas olhava para eles. O homem se aproximou e ficou observando se o bicho faria alguma ação. Não, não fez. Agora ele ficava olhando e encarando Ray. Este percebeu que o bicho era muito pequeno e então criou coragem e adentrou no arbusto. Ele teve uma surpresa.
— E aí? O que era? — perguntou a mulher curiosa.
— Ah, Márcia, você faz muita tempestade num copo d'água. — disse ele dando um sorriso e se abaixando. Depois pegou o tal "monstro". — Olha o seu monstro horroroso.
— Hã? Então era isso...
Ray pegou o digimon que assustava a mulher. Era um digimon bebê que estava com medo da presença da estranha, por isso ficou escondido atrás do arbusto. O rapaz começou a rir e a fazer carinho no pequeno digimon.
— Olha Márcia. É só um Ketomon bebezinho. Ele não é lindo? — disse ele se aproximando dela.
— Ai. Isso me estressou muito — disse se levantando do chão e limpando o short — E o que você faz aqui? Não se lembra que temos mais nada um com o outro.
— Márcia, por favor. Puxa, você não me deu nem chance de me explicar. Cara, quantas vezes eu vou ter que repetir que eu me arrependi?
— Você errou muito. Não acredito que quase tentou matar a minha filha...
— MAS EU IA TE DIZER!!! Desculpa. Márcia, você se deixou envenenar pela Lilithmon. Olha pra você. Não consegue me perdoar nem eu pedindo perdão — daí ele se ajoelhou na frente dela — Por favor preciso que me perdoe. Eu te amo.
A mulher tomou um grande susto ao ouvir dele que a amava. Ela ficou confusa, perdida em seus pensamentos.
— O amor que eu sinto por você é sincero. Acredite em mim — disse segurando a mão dela. — Eu juro que nunca a decepcionarei e sempre a protegerei, por mais simples que for o perigo que estiver passando. — Ele se levantou e olhou pra ela — Me dá essa chance?
— Ai meu Deus eu não aguento mais — então ela literalmente se jogou nos braços dele e o beijou na boca. Sentia falta da companhia dele nesse pouco tempo em que ficou só. — Eu também te amo. Ray, me desculpa por dar ouvidos àquela megera.
— Não fique assim. Se eu fosse você também teria a mesma atitude — disse enquanto a abraçava. — Ei, vamos sair daqui o quanto antes. Aqui neste pântano tem muitos digimons perigosos.
— Vamos.
Depois dessa reconciliação a mulher pegou as frutas no chão e saiu dali com seu amado. Saíram abraçadinhos, mas perceberam que foram seguidos pelo Ketomon.
— Olha, Ray, o bebezinho quer ir conosco.
— Vem aqui, vem — ele pegou o digimon e começou a fazer carinho no mesmo — Ele será o nosso bebe. O nosso filhotinho. Vamos adotá-lo.
— Eu já tenho até um nome pra dar pra ele. Que tal Mike? O nome do meu primeiro cachorro que tive.
— Mesmo digimons não serem cachorros ficou bom. Ei garotinho vamos chamá-lo de Mike — o digimon bebê ficava só olhando para os dois e gostando do carinho que eles faziam.
Assim partiram dali o quanto antes.
Voando pelos arredores do pântano, um dos três generais das trevas tentava procurar Ray. Ele sentia a presença da semente das trevas por perto.
— Hehe estou sentindo, está perto — depois de olhar a região, viu a presença dos humanos. — Ali está!
Ray e Márcia voltara à estrada de antes, mas foram surpreendidos pelo digimau que parou bem em frente deles. O homem ficou na frente da mulher num ato de protegê-la.
— Quem é você? — perguntou desconfiado.
— Olá, ex-ShadowLord. Hehehehe...
No restaurante, o senhor Digitamamon chamou o trio de idiotas para uma reunião. O dono do restaurante não aguentava mais as brigas, os descuidos, a falta de disposição e o prejuízo que eles tanto davam ao estabelecimento.
— Escutem os três. Vocês me deram muitos prejuízos somente nessa semana. Eu não aguento mais. Estão despedidos.
— Senhor ovão, nos dê mais uma chance — pediu Conceição.
— É, senhor Digitama. Nós seremos bonzinhos e faremos tudo certinho — disse a duquesa.
— Farão tudo certo? Vocês falaram de uma forma tão tentadora que me deu até vontade de reconsiderar e voltar atrás.
— Fala sério? — perguntou a empregada.
— Não! Hahahaha, caiam fora daqui antes que eu fique nervoso. — disse o Digimon.
Poucos minutos depois eles já estavam na estrada lamentando a demissão. O duque, porém, não ficou ficou tão triste, pois havia conseguido roubar mais dinheiro do caixa.
— Minhas queridas, olhem o quanto eu tirei do caixa. Cerca de duzentos dólares. Agora soma com os que nós já vínhamos pegando durante uma semana. Ao todo temos trezentos dólares — disse mostrando as cédulas.
— Meu amor, você é um gênio. Agora podemos andar por esse digimundo sem nos preocuparmos no que comer, no que beber. Olha, Conceiçon, estas cédulas... Conceiçon? Conceiçon!
— A Conceiçon ficou surda — disse o duque.
Conceição parou e olhou bem pra eles com uma certa raiva.
— Escutem os dois. Meu nome não é Conceição, muito menos Conceiçon. Porém não os direi qual é o meu nome. Por favor, PAREM DE ME CHAMAR DE CONCEIÇON!!!! MEU APELIDO É CONCEIÇÃO. ÃO, TERMINA COM ÃO!!!!!! — e saiu bufando.
Os duques ficaram paralisados com a reação da empregada. Nunca ela teve esse problema com o nome, ou melhor, apelido. Ficaram mais curiosos ao serem informados de que Conceição não era o nome dela e sim o apelido. Mas qual será o nome dela?
Muito distante dali...
— Me diga quem é você? — perguntou Ray.
— Caro ex-ShadowLord, você foi tão ingênuo. Achou mesmo que fez essas maldades sozinho? Que treinou os lordes sozinho? Pura ingenuidade. Você sempre teve uma forcinha de outra pessoa — disse o general.
— O que? Eu fui influenciado?
— Sim. Um digimon implantou algo dentro de você lhe dando inteligência sobre-humana. Algo que, agora, ele quer de volta. — O digimau estendeu o braço na direção de Ray e abriu a palma da mão como que querendo algo.
— AAAAHHHHHHH!! — gritava Ray da tamanha dor que sentia na nuca. — Essa dor de novo.
— Ray! Meu amor, o que você tem? — perguntou Márcia muito preocupada.
Ele ficou de joelhos e apenas colocou a mão atrás da nuca num ato de tentar fazer parar aquela dor insuportável. Foi aí que algo saía de dentro dele.
— Ai, meu Deus, o que é isso? — nesse momento Márcia via um tipo de esfera negra saindo da nuca de Ray. Um tipo de esfera do tamanho de uma bola de gude.
— Viu, a dor foi passageira. Olhem a semente que foi implantada em você. Ainda continua intacta como antes — falou o general. A semente foi parar na mão dele.
— Quem é você? Eu nunca o vi antes? — perguntou Ray.
— Eu me chamo ChaosPiedmon. Agora saiam da minha frente, seus humanos sujos — ele conseguiu abrir um portal para outra parte do digimundo. Parece que ele tem a mesma habilidade de Lotusmon.
Enfim, os dois, juntamente com Ketomon, foram para um outro lugar do mundo digital. A ida era aleatória, portanto não tinham destino definido.
ChaosPiedmon saiu dali e foi para outro lugar. Muito provável na área das trevas para entregar a semente ao Patamon das Trevas.
...
Aiko Kyoto e seu parceiro MasterTyrannomon foram até a cidade metrópole. O grande digimon ficou de olho nas ruas para ver se tinha algum digimon além dele ali. O garoto ficou muito curioso com o estilo da cidade. Parecia mais uma grande cidade do mundo real.
— Aiko, nós faremos o que aqui?
— Master, eu não sei. Nós estamos viajando, por isso qualquer lugar é bem vindo pra mim...
Enquanto isso, os dois eram observados por uma transmissão feita em algum lugar não revelado. Era uma sala escura com vários tipos de televisores ao redor. Um MetalPhantomon ficava observando.
— Mestre Raijinmon, dois intrusos entraram na cidade. Quer que eu dê a ordem para destruí-los?
— Não, espera. Eles não são os digiescolhidos que estamos caçando. Deixe-os pra lá, mas, se eles forem suspeitos, então pode dar a ordem.
— Sim mestre.
Aiko viu um restaurante e quis logo entrar, contudo estava fechado. Tudo estava fechado. Parecia mais uma cidade fantasma de tão deserta.
MasterTyranomon não gostou muito do lugar e pediu para que eles fosse ao outro lado da cidade que possivelmente seria mais interessante. Eles foram.
Ray e Márcia foram parar, coincidentemente, dentro da cidade. Ele, já sabendo dos domínios de Raijinmon, pediu para que sua parceira o seguisse para dentro de um prédio. Eles adentraram num edifício residencial com prováveis vinte andares.
Márcia ficou observando a aparência interna do edifício e ficou estupefata com a grande semelhança com os prédios do mundo real. O prédio tinha escadas, térreo, elevador e outras coisas que qualquer edifício tinha.
Eles subiram pelo elevador e foram até o vigésimo andar. Chegando lá deu de cara com uma cobertura TODA MOBILIADA. Sim, o apartamento era mobiliado, mas não tinha absolutamente ninguém.
— Pode se acomodar ali se quiser. Eu vou só ao banheiro. Ei, só não fique na varanda, pois Raijinmon tem câmeras por toda a cidade, além de sensores, radares e GPS. Esta cidade é toda mapeada — disse ele.
— Sim já percebi que aqui não se parece nadica com Fortaleza, nem com São Paulo, nem com o Rio ou qualquer cidade metropolitana do Brasil. Aliás, aqui não é nada igual com nenhuma cidade metropolitana do mundo humano — disse sentando-se num sofá L alaranjado.
O apartamento em que estavam era semelhante ao apartamento em que Ray morava. Tinha o mesmo modelo. Até as mobílias eram iguais. Foi por isso que ele conhecia muito bem cada cômodo daquela cobertura. Sabia exatamente aonde ficava o banheiro.
Márcia ficou brincando um pouco com o Ketomon quando escutou alguns passos fortes vindos da rua. Apesar dos aviso do seu namorado, a sua curiosidade falou bem mais alto. Ela foi vagarosamente até a varanda, abriu as cortinas brancas e passou. Ela ficou de cócoras e subu mais um pouco até ficar com a sua cabeça sobre o parapeito de concreto. Ela observou um grande digimon dinossauro escuro andando com algo que talvez fosse um outro digimon em suas costas. A mulher não viu muito bem o que ou quem era, porque estava vinte andares acima. Saiu rapidamente e voltou à sua posição inicial no sofá.
— Tudo bem com você? — perguntou Ray enxugando o rosto com sua própria camisa.
— Sim — respondeu bem direta.
— Ei... — disse ele sentando ao lado dela — tivemos sorte e ao mesmo tempo azar. Sorte porque viemos parar numa cidade onde podemos encontrar lugares para ficar. Azar é que o lugar é dominado por um exército de máquinas.
— Fico com a parte da sorte. Tudo o que eu quero é descansar... — ela percebeu que o seu namorado ficou com a cabeça baixa, pensativo. Parecia que ele não a escutava — Ray, o que foi?
— Hã? Não nada.
— Não me engane. Nesse pouco tempo em que ficamos juntos eu já o conheço muito bem. O que o perturba?
— Eu vou te contar de algo do passado...
...
PRÉDIO DAS TREVAS
Dentro de uma das celas de contensão, Emma White passou dias presa sem dizer uma única palavra, para o espanto de Metormon. Pacientemente acreditou que os digiescolhidos a salvariam, contudo não podia ficar parada. Seu objetivo como espiã era coletar dados para a sua agência. Dois dias após o seu sequestro, por exemplo, resolveu arrancar o molar direito da sua boca, haja vista servia como transmissor para a sua agência.
Sentindo muita dor, arrancou com o cabo da colher que comia os alimentos trazidos. Sangrou a boca, porém conseguiu pegar o dente-transmissor. Abaixo dele havia um minúsculo botão vermelho. Apertou e colocou na orelha direita como ponto de transmissão.
Um dos agentes no prédio da Secret Pol Department captou o sinal, fraco, mas suficiente. O seu chefe pediu que entrasse em contato com o sujeito da transmissão. Ficaram surpresos quando a voz de Emma surgiu. Pensaram que ela havia morrido ou desaparecido.
— Não... problema nenhum... digimundo...
— Ela quis dizer que está fazendo essa transmissão dentro do digimundo. Como essa mulher é esperta como o pai. Melhore a transmissão.
— Sim, senhor.
Com dificuldade entenderam sobre a sua prisão dentro do prédio das trevas, mas que não intervissem. Logo anotaram todos os aspectos daquele mundo ainda desconhecido por 95% da população mundial.
E foi assim por dias até que um dia a transmissão foi cortada e Emma se viu isolada naquela cela à espera dos digiescolhidos, sobretudo da sua irmã, Mia White.
Lotusmon foi ter com Lilithmon. A nova ShadowLord levou uma notícia de grande interesse para a líder dos Mestres. A ShadowLord, com sua habilidade de voar, comum à todos os digimons na forma extrema, chegou na varanda da cobertura e adentrou. Lilithmon a esperava ansiosa.
— O que descobriu, Lotusmon? — perguntou sem rodeios.
— O projeto que o antigo ShadowLord planejava. Eu descobri o que era.
— Que maravilha. E o que era? — perguntou na maior expectativa.
— O Projeto do antigo ShadowLord referente à aquela torre negra é...
...
Os demais digiescolhidos ficaram caminhando numa estrada parecida com uma rodovia. Ruan, Rose, Jin e seus digimons pegaram uma longa e pavimentada estrada que dava acesso direto à cidade metrópole. Apesar de ser idêntica a uma rodovia comum, a pista era bem menor. Era só uma estrada para os próprios pedestres.
As crianças cansaram-se tanto pela longa caminhada quanto pelo calor que fazia. Toda região era inóspita e não tinha uma sombra fresca sequer, nem árvore e nem cacto pra servir de abrigo.
Rosemary, por ser a mais delicada da turma, cansou-se mais rápido e não conseguiu prosseguir. Foi acudida por Palmon, que já evoluíra de Tanemon.
— Rose, o que houve? Vamos continuar — disse sua digimon.
— N-não dá. Eu to cansada demais — respondeu com as mão sobre o joelho tentando se recompor.
— A Rose e suas frescuras. Vai ficar pra trás, hein? — respondeu Ruan sem se importar com o estado da colega.
— Você fala isso... porque não é você. Quer saber de uma coisa eu não vou dar gostinho pra você não — ela saiu em disparada e foi na frente.
— Rose, espere — disse Palmon.
— Você pegou pesado com ela sabia?
Jin, eu só dei um empurrãozinho pra ela. Olha só, ela já está lá na frente — respondeu.
— Jin, olha lá. Aquilo não é uma cidade? — Mushroomon observou no horizonte a cidade metrópole.
— Sim, é uma grande cidade. Ainda bem que estamos perto — disse pegando um binóculo na mochila — Tenho certeza que é a mesma cidade em que estávamos antes. Lembra-se quando conhecemos KingEtemon pela primeira vez?
— O nosso destino é aquele. Tomara que não tenha nenhum digimon do mal ali — disse também olhando pelo objeto. — Vamos o mais rápido possível. Quem está cansando aqui sou eu.
No mundo das trevas...
— Mestre, está aqui a semente que retirei do humano — disse ChaosPiedmon mostrando ao Patamon.
— Ótimo. Ofereça isso para Lilithmon. Eu tenho certeza de que não recusará.
— Sim, mestre — ChaosPiedmon saiu dali por um portal especial. ChaosPiedmon foi o terceiro general a aparecer, ou seja, ele esteve presente na luta de Rosemon com Lotusmon.
— Falta pouco, muito pouco para eu digivolver para a forma perfeita. Assim eu poderei controlar um quarto do meu poder, sair dessa lugar tal como combinei com aquele demônio do Aranha. Mas as minhas ambições vão muito além de invadir apenas o digimundo!
...
Enquanto isso, Ray se abria para Márcia. Ele contava sua história do passado.
— Meu envolvimento com os digimons começou há onze anos quando Odaíba foi invadida novamente pelos digimons. Na época eu era um adolescente e estudava o último ano do ensino médio. Fiquei tão fascinado com os seres digitais que comecei a estudá-los. Ficava horas e horas na internet tentando procurar algo, mas não tinha êxito. Daí me surgiu a ideia de me formar na área de informática. Minha sede de informação pelos digimons era tão grande que além da faculdade, eu fazia um curso profissionalizante sobre programação e criação de programas e softwares, enfim, consegui criar um programa chamado D-GATE graças à ajuda do meu professor na época chamado Adrien King. Este programa foi responsável pela minha vinda ao digimundo. Você e os outros, exceto os digiescolhidos, só vieram graças ao programa que instalei no digimundo. Foram cinco anos de tentativas até chegar aqui.
— Interessante, mas onde entra seu irmão nessa história toda?
— Foi há cinco anos. Eu havia terminado a faculdade e me dedicava apenas ao estudo dos seres digitais fora do Japão. Isso durou mais ou menos alguns na época que eu viajei para o norte da Escócia visitar o país natal desse meu tutor. Assim que eu aprendi, voltei para o Japão. Foi que um dia algo muito trágico aconteceu. Meus pais e meu irmão fizeram uma viagem até Hikarigaoka de carro. Eu não fui. Na volta deles, sofreram um acidente trágico na estrada. Meu pai foi fazer a ultrapassagem num caminhão e não percebeu que um outro caminhão vinha no sentido oposto. Meu pai, pra não bater, desviou do veículo e saiu pela encosta do morro. O carro logo saiu desgovernado ladeira abaixo e capotou até atingir uma árvore. Meus pais morreram na hora, meu irmão ficou muito ferido. Ele teve uma costela quebrada e por isso teve que operar. Quando eu soube da notícia, fui voando para o local e me desesperei ao saber da morte dos meus pais, mas fiquei um tanto consolado quando descobri que meu irmão continuou vivo. Fui até o hospital de Hikarigaoka e fui vê-lo. Tão delicado, tão pequeno naquela maca indo ao centro cirúrgico. Foi quando eu prometi à ele que o cuidaria e que eu seria seu maior protetor. Dias depois ele melhorou e fomos pra casa. Me responsabilizei por ele, visto que minha mãe era órfã desde criança e meus avós paternos já haviam morrido. Nesse tempo falei do digimundo pra ele e o trouxe pra cá na esperança de dá-lo alegria. Algum tempo depois comecei a ter outra visão do digimundo e a mudar as minhas atitudes. Virei o ShadowLord. Até alguns dias atrás eu era como um ditador no digimundo. Criei um terrível exército de digimons malignos, criei Lilithmon com meu DNA, roubei o digiovo de Lucemon e coloquei um pouco do meu DNA nele. Por isso ele tem a habilidade de ficar na forma humana. Exterminei, tiranizei, oprimi. Fiz horrores achando que era por conta própria, mas vi que fui usado. Tentei impedir os digiescolhidos de todas as maneiras. Cometi mutos pecados, porém o meu maior pecado foi ter batido nele — Márcia ficou curiosa — eu fiquei louco, maluco de poder. Um dia eu bebi, me embriaguei e descontei a minha raiva nele. Eu... — Ray começou a chorar — eu... dei um tapa nele. Fui tão injusto com ele. Nunca em sã consciência faria isso com ele. Depois ele resolver ir embora e me deixar. Agora... imagina o meu desespero. Fiz uma promessa ao meu querido irmão de protegê-lo, mas...protegê-lo de quem? De mim mesmo? Eu sou um canalha!
— Não. Não, Ray, você não é. Você é um homem bom, justo. Arrependeu-se de tudo o que fez. Isso é o que importa — disse Márcia segurando na mão do outro. — Você sofreu demais nessa vida. Está na hora de limpar sua consciência com outra pessoa.
— Como assim?
— Vem comigo — ela o puxou na direção dos demais cômodos — Onde fica a suíte?
— É aqui à esquerda.
Eles entraram e Márcia fechou a porta. A suíte era igual à antiga que o Ray morava. Havia um banheiro incluso dentro do quarto e uma enorme cama de casal. Daí ela o beijou na boca e disse sussurrando no ouvido dele...
— Vamos provar que nos amamos.
Continua...
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