CAPÍTULO 087
Gennai e sua equipe vasculhavam centímetro por centímetro do lugar destruído. O prédio ficou danificado nos últimos andares e na base. Toda a região da floresta havia pego fogo com os bombardeios recebidos dos inimigos. Ele ordenava aos seus colegas que procurassem mais vítimas entre os escombros. Não havia muito que fazer a não ser esperar.
Esperar não soava bem naquele momento. A vontade dele era de sair dali e ir rapidamente ao encontro das crianças digiescolhidas contar toda a verdade referente ao super-vilão. No entanto no momento não era possível por causa da destruição feita no centro de comunicações e sem comunicação o seu aparelho de teletransporte era inoperante.
Weiz ficou medicado por causa dos ferimentos que teve com a explosão. Um acampamento de primeiro socorros foi formado aos arredores da base. Algumas barracas foram armadas para este propósito.
— Gennai nós falhamos — falou Weiz sentado na maca de uma das barracas.
— Eu sei. Lamento muito que isso ocorreu e nem esperava por isso. Torço para que os garotos fiquem bem e, com a competência que Linx tem, eles ficarão.
— Agora sabemos que os membros da Liga Negra tem o dedo nisso. O que fará a respeito disso?
— Weiz, eles jogaram pesado dessa vez. Nunca depois de três anos alguém foi audacioso o bastante para tentar comprometer a paz deste mundo. Sei que vai achar minha ideia muito radical e extrema, mas eu estive pensando aqui e cheguei numa conclusão. Vamos colocar um embargo nos bens materiais de todos os membros.
— Gennai você quer dizer que vai retirar as ações deles para que fiquem sem nada?
— É claro que sim. Estive pensando nisso há tempos. Aqueles desgraçados terão o que merecem. Acham que vão ficar impunes. Aquela mina de metal será fechada e tomada. Eles não querem jogar num nível mais pesado? Pois então será pesado.
— Eu só queria saber onde está o Slash Angemon. Ele é mega e poderia acabar com aqueles inimigos mais facilmente.
— Ele é muito forte. Todavia não apareceu porque está cuidando da prisão da área negra. Enquanto não concertamos aquele estrago ele não sairá dali. Para a segurança e proteção. Não queremos que haja outra fuga de prisioneiros.
Uma mulher morena entrou na barraca e viu os dois homens conversando. Ela se aproximou de ambos e falou.
— Senhor Gennai, eu tenho uma notícia ruim para te dar — ela respirou fundo — soubemos agora pouco que Astamon conseguiu atacar a cidade de Las Merinas. Soubemos pelos nossos contatos na cidade.
— Eu temia que isso poderia acontecer. Só espero que as crianças fiquem bem. Droga. Agora eles me pagam por terem a ideia de soltar esse maluco e deixa-lo a solta por aí matando todo mundo. Eles quiseram assim então arcarão com as consequências — falou o homem com muita raiva.
Sábado foi o passado, agora é domingo. As crianças retornaram para uma reunião na casa da Linx. Eles precisavam bolar um plano para deterem as possíveis investidas que o vilão faria. Não era nada fácil, porque desde a derrota de Daemon as crianças não tiveram um inimigo capaz de enfrenta-las. Mesmo os membros da liga reconhecem o poder delas e a influencia que têm sobre os digimons. Todavia Astamon era diferente.
Sem Aiko e sem Lúcia, os digiescolhidos se resumiram em apenas cinco. Paulo pediu que a sua irmã fosse embora para não se envolver no assunto. Ela quis ficar, mas cedeu quando Lucas a chamou de volta.
— Sobre o Gennai. Acha que ele iria falar conosco sobre o Astamon? — perguntou Jin.
— Faz algum tempo que eu não falo com ele. Nem ele fala comigo. Não faço ideia do que ele queria com vocês. Provavelmente era isso que queria. Também não consigo comunicação com ele. Está fora do ar desde ontem pela manhã.
— Paulo, você que viu e ficou perto daquele Digimon verificou se há alguma ligação com a Liga Negra? Talvez possa ser um membro novo — falou Mia segurando a mão dele.
— Ele não fez menção em nenhum momento que fazia parte da Liga. Talvez seja alguém novo e que queira nos criar problemas por si só — respondeu.
— Não. Isso deve ser obra daqueles digimaus. Faz muito tempo que eles queriam acabar conosco — Linx ficou segurando um pano com alguns cubos de gelo envolvidos e colocando na região da nuca para passar a dor — O mais prudente seria vocês partirem para suas casas e pensaram num plano lá. Não voltem para as regiões pertencentes a vocês. O mundo ficou perigoso.
Ela saiu da mesa e foi para a sala de sua casa acompanhada dos seus protegidos. A mulher abriu a porta e um forte vento correu toda a sala. Tava na cara que algo de errado acontecia com ela e Paulo desconfiou de algo. Pelo menos nos últimos dias Linx ficou esquisita, tenta fugir do assunto se o assunto é referente a ela.
— Você está bem, Linx? — perguntou Ruan aproximando-se dela.
— Com toda a minha habilidade eu não consegui evitar que Astamon atacasse. Eu sempre vivo pensando se foi um fracasso meu ou obra do destino mesmo. Não sei o que falar para vocês. Olhem só vocês. Sem saberem o que fazer agora. Isso mexe comigo. Porém ainda tenho esperança de que possamos vencer essa crise. Confiem em si próprios e encontrarão a vitória.
— Está falando como se estivesse se despedindo de nós. O que há contigo?
— Não há nada. Confie em mim, Ruan. Eu tenho certeza que os digiescolhidos se sairão dessa. Pode apostar. Agora vá para a sua casa. Seus pais devem estar preocupados.
Depois que todos foram embora Linx saiu de casa e ficou sentada no jardim brincando com os pássaros que insistiam em pousar no banco. Olhou para o céu e pensou na sua vida daqui por diante. Haveria algum momento da sua vida em que teria que se sacrificar para salvar os digiescolhidos. Era isso que ela temia.
Mina de Metal Chrome-Digizoid
Um carro Monster estaciona no complexo da mina. Astamon sai de dentro do veículo. O homem leva consigo uma pistola como precaução. Ele olha para o tamanho da região e fica impressionado com a grandiosidade e complexidade. Realmente o lugar era enorme. Com suas máquinas escavadoras além de digimons que também fazem este serviço. Ele observa dois membros da Liga Negra parados em frente de uma caverna. Eles eram Vademon e SkullMeramon.
— Com certeza isso é o que chamo de um grande negócio — falou olhando ao seu redor.
— Soubemos que não matou os digiescolhidos. Teve a chance de fazê-lo e não o fez — repreendeu Vademon.
— Eu sei muito bem o que faço. Não o matei, porque decidi que não seria o momento ideal. Que graça teria mata-lo ali mesmo? Sabe o que eu acho? Que vocês são previsíveis. Sempre querendo machuca-los fisicamente, todavia não conseguem. Darei dor a eles, porém emocionalmente. Atacarei o coração deles. Isso sim é vilania.
— Já chega. Não viemos falar disso — falou Skull — Eu quero te apresentar o nosso negócio. Se vamos recompensá-lo então precisamos mostra-lo a fonte de nossos patrimônios. Sempre temos essa produção de metal precioso ativo.
— Dizem que esse local foi um presente dos digiescolhidos e Gennai num acordo que fizeram. Agora sei que quebraram o acordo. Não tem medo de que eles façam algo a respeito?
— Astamon... O que eles podem fazer? Tirar o dinheiro dos nossos bolsos? Temos fortunas espalhadas em vários lugares e a nossa fonte — respondeu o alienígena.
— Não fiquem muito confiantes. Nunca é bom dormir uma noite tranquila num castelo e acordar na sarjeta. É desagradável ter que colocar a cabeça no travesseiro rico e amanhecer mais pobre do que pedinte. Cuidado.
— Você é mesmo muito estranho, Astamon. A propósito ainda temos que cuidar do caso do digiescolhido que nos roubou. Aquele infeliz levou quase cinco milhões — falou Skull.
— Quem é esse escolhido? Ainda há outro por aí?
— É um Zé Ninguém que teve peito para nos roubar. Estamos investigando sobre ele. Achamos que tem um Gokuwmon como parceiro. Acredita que além dos seis idiotas ainda temos mais um. Estamos feitos não é mesmo, amigo SkullMeramon?
— Por que não me disseram isso antes. Quando eu disse que atacaria os sentimentos dos escolhidos queria dizer que esse garoto misterioso pode me servir de isca para fisgar os outros — os dois olharam para Astamon com curiosidade — Calma. Em vez de matar o menino que vos roubou eu darei uma chance para ele. Aí vão ver que eu sou muito mais inteligente do que pensam. Pode crer. Enfim posso conhecer o ganha pão?
Os três entraram nas galerias subterrâneas e viram metais encrustados nas rochas montanhosas. Nas galerias existiam vários carrinhos com trilhos que subiam para a superfície e depositam o material no caminhão maior. É claro que Astamon podia fazer algo a respeito. Olhou para o dono das correntes e sorriu.
Freddy olhou para as manchetes dos jornais. Não acreditou quando saiu na primeira página a manchete “TERRORISMO EM LAS MERINAS! OS DIGIESCOLHIDOS FRACASSAM DEPOIS DE TRÊS ANOS”. Ele comprou um jornal e foi ler. Chegou ao hotel e viu uma multidão de digimons saindo dos elevadores carregando pertences. Ele perguntou o que havia e um Gabumon qualquer respondeu que a maioria dos hospedes estavam deixando a cidade com receio de que algum ataque pudesse voltar.
Ele chegou ao apartamento no quinto andar e percebeu que seu parceiro Digimon não estava. Ficou preocupado. Em um dia apenas a cidade ficou louca. Transito caótico, migração de habitantes para outros lugares, locais destruídos por explosões causadas por alguém.
— Não acredito que ele saiu e me deixou só aqui. Esse mundo ficou louco de uma hora para outra — ele pegou o controle e ligou a TV. Viu o noticiário mostrando alguns pontos da cidade destruídos. Mostrou a famosa cobertura do guardião da zona desértica. Tudo em cinzas e completamente destruído. O rapaz ficou chocado — Será que ele ficou bem?
— Quem? — entrou Gokuwmon.
— Aonde você foi? Eu fiquei morrendo de medo de que algo acontecesse contigo.
— Calma, Freddy, eu apenas fiz compras. Não havia nada de perigoso lá fora. Exceto as pessoas. Olha só eu trouxe lanche aqui para nós passarmos a tarde comendo — colocou as sacolas no chão e viu o menino triste — O que houve?
— Eu estava lá. Poderia ter feito algo. Sabe, às vezes eu me acho burro. Assim que saí daquele estádio as lutas começaram. Podia ter ficado...
— Mas não ficou — ele sentou ao lado e largou o bastão — Não gosto de te ver se culpando de tudo. Se quer fazer algo que faça justiça então comece tirando essa mania de ficar se culpando.
— Tem razão, Gokuwmon. Preciso ser mais maduro. Obrigado — ele abraçou o outro — Manterei a calma e procurarei os digiescolhidos.
Cerberusmon dormia numa caverna escura. Acorda ao ver dois olhos vermelhos na escuridão. O cachorro olha bem e vê se aproximando Astamon diante dele.
— Você! Não era para estar enchendo os pirralhos com seus capangas? O que faz na minha caverna?
— Nossa, quantas perguntas. Eu cuidei delas. Está no destino eu tomar conta daquelas crianças. É só uma questão de tempo. Porém acha mesmo que vai deixar todo o mérito para mim?
—O que está querendo aqui?
— Acha mesmo que continuará com essa vidinha de descanso para sempre? Eu tive uma visão sobre os membros da Liga Negra. Gennai se vingará de vocês, porque me soltaram. A vingança era o bloqueio no dinheiro de todos. Se não acredita, Barbamon vai dar um comunicado ainda hoje a respeito disso. Está mesmo preparado para ficar na sarjeta?
— O que você sugere para que isso não aconteça?
— Cerberusmon, Cerberusmon. Deixa eu lhe explicar algo. Há muitas eras atrás eu tinha um parceiro aqui neste mundo. Era um garotinho muito tímido e amigável. De repente ele se juntou ao grupo dos digiescolhidos para poderem acabar com o mal no planeta. É claro que a partir daí o meu querido menino começou a se aventurar com os novos amigos. Entretanto a alegria durou pouco. Ele... Começou a agir muito estranho comigo. Ficou frio, violento, perigoso, perverso e insensível. Eu era... Eu era apenas um pobre Digimon na fase criança querendo carinho do parceiro. Porém ele nunca mais foi o mesmo. Foi quando num dia como qualquer outro ele me bateu tão forte que fiquei com muitas dores. Fui maltratado todos os dias desde então. E então decidi que viver livre seria o melhor dos males. Fugi e nunca mais o vi na minha vida. Passei fome, muitas necessidades e muito sufoco até me encontrar com outra pessoa, um rapaz, que se tornou meu segundo parceiro digiescolhido. No entanto, também fui maltratado por ele e ele me pôs naquela ilha prisão que fiquei até recentemente. Jurei eternamente que me vingaria nos digiescolhidos a minha dor, o meu sofrimento que os dois me fizeram. Agora olha só pra você, dormindo sem se preocupar. Se estiver do nosso lado, portanto lute. O maior dos males é não fazer o mal aos que fazem mal para tudo. Está disposto a lutar por essa causa?
Cerberusmon olhou para Astamon e concordou com tudo. Ficou decidido que iria atacar os digiescolhidos haja o que houver.
...
Tóquio, Empresa Genetech
Ryuu Matsunaga tocava no vidro da câmara onde guardava o corpo duma criatura. O sonho dele era que aquilo no qual passou sua vida estudando se concretizasse. Algo a respeito da criatura tinha muito a ver com o digimon chamado Magna Angemon. O velho segurava alguns relatórios e neles tinham dados sobre os digimons. Além dele havia Naomi.
— Quais são os seus planos, vovô? Poderia me deixar a par da situação e parar de fazer mistério.
— Sempre temos segredos, querida. Porém sobre os meus planos eu já te falei. Quero poder criar uma nova raça com a mistura de genes humanos com digimons. Incrível como depois desses anos todos eu ainda não sei muita coisa deles. Agora uma coisa eu te garanto: a minha obra prima aqui é feita com partes de digimons. Só falta mesmo um DNA para completá-lo. Incrível que os nossos queridos monstros digitais são feitos de carne, osso, gordura, pele, pelo... sentem os mesmos sentimentos que sentimos. Porém quando morrem desaparecem como pó. Todavia se passarem muito tempo no nosso mundo o corpo deles se adaptam facilmente. Podem morrer e continuar com o corpo. Outra coisa é que alguns chamados humanoides conseguem se reproduzir e fazer... Sexo. Sabia que existem digimons masculinos que podem engravidar uma mulher humana? Pois é. Isso e muitas coisas sobre eles é que me inspiram a continuar trabalhando em cima deles. Quanto a você, como está lá o querido digiescolhido professor?
— Tentarei esta semana arrancar algo dele. Não se preocupe com isso. O senhor não confia em mim? Deixa que eu cuido do senhor Takaishi. Aquele loiro.
— É bom mesmo. A minha paciência tem limite e já está me enchendo isso. Escuta aqui, minha neta. Se você falhar mais uma vez, eu que cuidarei desse rapaz definitivamente. Entendeu? — ela concordou — Ainda bem que sim. Você terá a sua chance de fazer pelo modo bom e eu, se caso falhar, farei do modo mau. Fica esperta.
...
O semblante de Barbamon era de grande preocupação. O velho nunca havia ficado assim antes. Queria esquecer o que sabia, porém era impossível esquecer uma notícia tão desagradável tanto para ele como para os digimaus. Ele estava no seu apartamento e fez um truque com a sua magia negra. Agora ele podia se comunicar com os membros da Liga através de um espelho na parede.
— Tenho uma notícia desagradável para dar a todos. O que eu temia foi concretizado. Gennai conseguiu bloquear todos os bens e cancelou as contas no banco. O que lhes resta agora é a mina...
Ele ficou sentado numa poltrona. Atrás desta havia um microfone ínfimo que não era nem percebido. Longe dali alguém escutava a conversa do velho com os digimaus. Essa pessoa era um Digimon com asas, no entanto ainda desconhecido.
Continua...
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