CAPÍTULO 135
Muita poeira e escombros se formaram depois que a praça explodiu. Os minérios de sabonita continuaram a inflamar o fogo que não se dissipava.
O bom Petermon começou a tossir depois que saiu debaixo de uma pedra. Havia caído no abismo do subsolo abaixo da cidade. Não conseguia visualizar nada por causa da poeira e do escuro. Levantou-se e caminhou até dar de cara com algo reluzente entre as pedras. À sua sorte que foi o relógio dourado que caíra da armadura do Vajramon. Depois de tanto tempo ele recuperou o seu objeto tão estimado. Todavia, Vajramon apareceu perto dele.
— O meu broche...
— Teu broche uma ova! Isto é um relógio e é meu. Perdi ele no naufrágio, mas parece que ele viajou até essa ilha. Não tente se apossar das coisas dos outros.
— Hehehe. Você tem coragem, baixinho. Um rato encurralado pode dar problema para um gato, mas acho que não terei problemas para acabar contigo. Em nome das quatro bestas piedosas eu te condeno à morte.
Apesar de Petermon ser forte ele sabia que não era páreo para um digimon nível perfeito. Também havia a questão dele estar com os ferimentos ainda cicatrizando e o braço engessado. Só poderia lutar com uma mão.
Na parte de fora do buraco, Antylamon tentou chamar pelos nomes dos seus amigos quando um ataque surgiu por trás dele e quase o pega. Ele se virou e viu Indramon preparado para a batalha contra ele. Não havia muito o que se fazer, primeiro porque o cavalo era do tipo vírus e o mais impulsivo dos devas, segundo que era o mais forte de todos, e terceiro que os dois não se bicavam de jeito nenhum. Sempre houve um desprezo do Antylamon para com o Indramon e vice-versa. Para o coelho, o cavalo era altamente arrogante e cruel com as suas vítimas — ele matou inúmeros Sepikmons quando os devas invadiram a ilha.
— Chegou o momento, Antylamon. O momento de eu te matar.
— Tente se puder.
O vento bateu na crina dele revelando um par de olhos vermelhos, mas logo a franja ficou por cima dos seus olhos.
— Nunca gostei de você. Não sei o que o chefe Baromon viu de forte numa criatura que arrisca tudo para salvar dois digimons desconhecidos. Você não merece fazer parte do nosso grupo.
— Grande grupo. Vocês sacrificaram centenas de digimons para fazerem rituais naquele vulcão, incluindo muitos nativos da ilha. Isso acaba hoje e teremos as nossas punições perante os digimons policiais. Eu me incluo e aceito a minha própria punição pelos meus crimes, mas vocês também serão presos.
O cavalo gargalhou bem alto.
— Resolveu virar mártir agora? Não tem essa de se entregar pra polícia, idiota. Saiba que o motivo de eu virar um deva é porque gosto de matar. Sempre gostei disso e sempre continuarei a gostar. Baromon foi só um jeito fácil de colocar o meu hobby em prática.
— Então se for assim vamos lutar até a morte - os braços de Antylamon se transformaram em dois machados de xangôs.
Ambos correram um para o outro e iniciaram várias trocas de golpes. Antylamon rapidamente desferiu dezenas de vezes os machados contra Indramon, mas ele usava seus cascos para se defender pois eram bem duros. Separaram-se, mas logo voltaram a se enfrentar. Deram um pulo no ar subindo uns vinte metros e se atacaram com os machados e os cascos. O cavalo deu um rodopio no ar e ficou com as patas traseiras na frente do coelho. Logo Indramon deu um coice muito forte na cara de Antylamon fazendo cair centenas de metros e arrastar várias árvores da floresta dos coqueiros. O cavalo caiu no chão causando um pequeno buraco.
— Droga - disse Antylamon com alguns ferimentos no rosto.
Mas Indramon não perdeu tempo e corria pela floresta. Ele estava tão focado na luta que as árvores eram arrancadas assim que seu corpo batia nelas. O coelho deu um giro lembrando muito o ataque de Wargreymon. O cavalo apenas se defendeu, mas teve o corpo cortado na parte da sua armadura que ficou arranhada e a sua franja. Um pouco de dados saiu do corte, mas nada grave.
— Eu podia jurar que as suas forças tinham sumido com o meu coice, mas vejo que ainda tem muito fôlego. Vai me dar um pouco mais de trabalho para te matar... RIIIIINCHHHH!!!
Ele tirou a sua arma das costas. A concha espinhosa que ele tanto se orgulha chamada de Bao Bèi. Colocou a concha-trompete na boca e mirou na direção do coelho. Sabendo do perigo daquele golpe, Antylamon decidiu não bater de frente e correu.
— Adhomukha!
Um ataque supersônico saiu da concha e foi na direção do coelho. O poder era tão forte que lembrava um raio de vento que arrancava as árvores quando encostava. Boa parte da floresta explodiu acabando com metade dela e deixando tudo exposto. Antylamon levou o golpe que fez ele soltar sangue pela boca — o que era muito raro digimon chegar a ponto de sangrar.
— Acabou, idiota. Mais um ataque desse e você morre - disse o cavalo para o coelho deitado no chão.
Seria o fim de Antylamon se não fosse pelas flechadas que Indramon tomou nas costas. Os Sepikmons enfiaram as suas lanças pelo corpo dele. O ancião dos Sepikmons correu para ajudar o amigo.
Cidade Deva: Buraco da Praça Central
Petermon não conseguia acertar um golpe decente no touro e decidiu fugir. O digimon deva ficou bravo por não conseguir pegar o menor. Tudo por causa do subsolo que era escuro demais para ele.
— Rato maldito. Escondendo-se de mim como se isso funcionasse por muito tempo. Não se engane, porque apesar de eu ser mais gentil do que aquele cavalo idiota, ainda sim sou um deva e vou me vingar pela morte do líder Baromon.
Vajramon utilizou as duas espadas para formar um novo ataque. Ele cruzou as duas na altura do peito e fez o movimento de X. Dali saiu um golpe luminoso chamado Espada Deva que além de cortar tudo pela frente, iluminou o ambiente por alguns instantes. Aquilo foi suficiente, porque Petermon se jogou para um outro lugar antes do golpe passar de raspão.
— Te achei!
Monodramon acordou depois que a explosão lhe pegou de surpresa. Ele lembrou dos seus pais e da sua vida pacata na Ilha Arquivo. Por um breve momento bateu o arrependimento de ter saído. Mas a realidade era dura demais para ele pensar demais. Acordou do transe e percebeu que não se feriu muito, apesar de uma viga de madeira ter caído sobre si. Retirou a madeira e viu que parte do calçamento estava dentro do buraco e a outra parte fora — parecido quando uma ponte que caiu. Enfim, ele chegou perto do calçamento caído e escalou graças as suas unhas metálicas. Logo ele saiu do buraco e viu o cenário desolador da cidade.
— Petermon! Antylamon! Alguém.
A cidade estava em ruínas como se fosse algum lugar da Síria ou do Iraque. Tudo bombardeado e muitos escombros. A poeira pairava no ar deixando Mono sujo. Ele ouviu algo se mexer ali perto, mas a poeira era densa demais para ter uma boa visibilidade. Chegou mais perto e percebeu que um poste de luz atravessava a rua, algumas carros usados pelos digimons ficaram virados, digimons caídos, porém nada dos seus amigo.
— Te encontrei, oinc! - apareceu Vikaralamon.
— Oi?
O javali carreu com tudo atrás de Monodramon. Este correu tudo o que podia para escapar da cabeçada poderosa daquele monstro. Correu tanto que começou até voar para o espanto dele próprio. A planagem do dragãozinho durou meros segundos e foi baixo, mas o suficiente para ser uma grande surpresa.
— Não fuja, idiota. Eu vou te matar. - Vikaralamon levou um chute que caiu dentro de uma casa. um outro digimon apareceu.
— Quem vai matar esse inútil serei eu - disse Mikemon.
— Mikemon! Por que está aqui? Pensei que havia fugido da ilha com os seus amigos. E que história é essa de querer me matar? O que eu te fiz exatamente para você querer isso?
— Silêncio. Nya nya nya nya. Pensou mesmo que sairia ileso daqui? Vou ter o prazer de arranhar essa sua fuça. Por sua culpa o meu capitão morreu e vim parar nesta ilha onde fui humilhado.
— Minha culpa? Como assim? Eu não fiz nada.
— Silêncio.
O gato partiu para cima dele. Com as suas garras ele tentou atacar várias vezes o pequeno dragão. O golpe dele fez uma marca na parede.
— Ah... ele quer me matar mesmo.
— Chegou o momento. Lutar até a morte.
— Droga. Quem foi o inseto que me chutou? - Vikaralamon se levantou e saiu dos escombros. Não viu mais ninguém por perto. - VOU MATAR TODOS!!
Os dois inimigos de luta pulavam de telhado em telhado. Monodramon ainda tinha um bom fôlego depois de tudo o que aconteceu. Entretanto, Mikemon o alcançava com as suas poderosas garras de gato. Até que ele deu um golpe que atingiu de raspão o dragão que caiu na rua.
— Seu fim vai ser agora, Mono-chan.
Vikaralamon deu uma cabeçada no gato que o feriu muito e caiu no telhado de uma casa. Mikemon quase desmaia com a pancada. Mas o intuito do porco era mesmo o outro digimon.
— Porco maldito... Argh... - resmungou Mikemon.
— Oinc, oinc, oinc. Decidi matar os dois.
...
Praia da Ilha Deva
— Chegamos, senhor Gennai. - disse Hookmon aportando uns cinquenta metros da praia em si. O homem agradeceu ao capitão, mas ficou preocupado com o tanto de fumaça que saía da ilha.
— Bom, primeiro terei que saber se há sobreviventes do naufrágio nessa ilha. Se houver, eu ligo para vocês. Antes, porém, terei que ir só e preciso de reforço. Os dois podem me ajudar?
— Claro que sim - disse Babamon.
— Já que não tenho outra escolha... - falou Etemon.
Os três pegaram um bote e foram para a praia. Pararam ao lado do navio pesqueiro, mas não deram tanta importância assim. Gennai calculou que aquele navio era dos moradores da ilha, portanto nada de investigá-lo. O mais intrigante era a densa fumaça que rondava boa parte da ilha.
— Tem algo de diferente e estranho. Da última vez que eu vim para cá havia mais florestas.
— Gennai, realmente veio para cá no passado? - perguntou Babamon.
— Certeza absoluta. Aqui é o território de uma tribo de Sepikmons. São digimons a princípio hostis, mas na época eu fiz amizade com eles. Tudo é uma questão de quem você será ao desembarcar aqui: amigo ou invasor. Quando eu vim aqui eles me receberam com hostilidade, porém ganhei a confiança de todos eles. Eles são bem generosos e fiéis aos amigos. Gosto muito da sociedade Sepikmon.
Algo aconteceu que chamou a atenção dos três. Gritos foram ouvidos até que apareceram Boogiemon e Arkadimon. Eles viram o navio pesqueiro parado na praia e tiveram a ideia de pegarem ele, porém não adivinharam a presença do Gennai e os outros. A verdade era que Pajiramon e Kumbhiramon perseguiam os dois.
— Ajudem a gente! - gritou o demônio vermelho.
— Hã? São os piratas Diablo! - Babamon reconheceu.
— Não vão escapar - disse o rato enquanto corria.
— Parece que eles possuem alguns amigos na praia, Kumbhiramon. Vamos pegá-los também?
— Com certeza.
O homem não entendeu nada. Pediu para os dois ficarem quietos.
— Yahhh. É a velha que lutou contra o nosso capitão - bradou Boogiemon.
— Vamos acabar com ela - disse Arkadimon.
— Seus malditos! - a velha socou os dois deixando-os inconscientes. - Vocês ficam melhor assim. E pensar que encontraríamos essa escória por aqui.
Mas Kumbhiramon e Pajiramon não se convenceram e avisaram que os três visitantes seriam as próximas oferendas. Gennai nem deu bola para as declarações, apenas mexendo no seu aparelho em seu braço.
— Ei, seu maldito, escuta a gente!
— Kumbhiramon, acho que ele não está escutando a gente.
— Eu sei disso, Pajiramon! Não precisa me lembrar. Mas você percebeu que aquele homem nem parece digimon? Será de alguma raça que não conhecemos?
— Kumbhiramon, parece que eles nocautearam as nossas presas.
— Eu sei disso, ovelha tapada! Agora que tu percebeu, foi?
— Hã? O que querem? Estou ocupado agora tentando mapear essa ilha. - disse Gennai.
O rato se irritou mais ainda. Falou para Pajiramon que o homem seria a primeira vítima. E assim foi. Ambos correram na direção do Gennai.
Subsolo da Ilha Deva
Não havia muito o que Petermon poderia fazer para escapar de Vajramon. Ele era mais fraco naturalmente do que o deva e também ficou fraco pelo braço em recuperação e as feridas que mal cicatrizaram.
— Preciso sair deste buraco. Mas como? - um lençol vermelho apareceu de repente no chão. - Tenho uma ideia.
— Não adianta, verme. Não há mais saída. Prepare-se para morrer.
Petermon esticou o lençol vermelho e ficou balançando na frente do deva. Instintivamente o touro correu para dar uma chifrada, mas caiu por ser muito alto e ter corpo de cavalo. Logo ficou confuso por não ter se controlado.
— Calma aí, irmão. - Petermon socou o focinho do outro. - Eu sabia que você reagiria assim. Afinal todo chifrudo é igual tanto aqui quanto na Terra.
— Quê?
— Você é um deva do tipo touro e touros adoram um lenço vermelho e um "olé".
Vajramon ficou muito puto com o Peter e ameaçou com a espada. Peter jogou o lençol no rosto do touro, que ficou se debatendo feito um animal indomável.
— Opa. A minha chance.
Petermon montou nas costas dele. Vajramon ficou pulando e fazendo barulho igual um touro de verdade. Ele pulou bem alto e saiu do buraco. O menor ficou se segurando nas costas de cavalo do deva. Parecia mais um peão numa vaquejada.
Floresta de Coqueiros
Os Sepikmons atacaram com tudo. Indramon sentiu muita dor depois que levou umas vinte flechadas nas costas, aparentemente elas atravessaram a sua armadura. Depois eles utilizaram lanças e perfuraram suas pernas. O cavalo relinchou de dor.
— Viemos ajudá-los - disse o ancião.
— Não deviam ter provocado o Indramon. Ele é o mais cruel dos devas. Fujam antes que seja tarde demais.
O cavalo não tinha mãos para tirar as flechas nem as lanças. Ele apenas ficou com muito ódio de ter sido atacado pelas costas. pegou a sua poderosa conche e soltou o seu poder máximo. O jato de ar supersônico atingiu os Sepikmons, ferindo todos.
— Malditos! Vocês me feriram muito. Está na hora de esmagá-los - De fato Indramon ficou pisando nos Sepikmons sem remorso algum com os seus cascos.
— Para com isso! - gritava Antylamon.
Quando Indramon percebeu que Antylamon corria na sua direção, usou a concha e mais uma vez o jato de ar supersônico. Dessa vez o coelho foi atingido diretamente.
— Dê adeus aos selvagens.
O Antylamon se levantou com muita dificuldade e transformou seus braços em machados outra vez. Girou no seu próprio eixo. Indramon levantou a concha para atingi-lo.
— Bao Bei! - O mesmo jato supersônico.
— Bao Fu - O ataque de Indramon foi perfurado e Antylamon conseguiu chegar perto do vilão. As lâminas dos machados passaram pelo pescoço do cavalo.
O coelho caiu no chão logo atrás do digimau. Os Sepikmons mesmo feridos ficaram com medo pela vida do seu companheiro. O velho ancião apenas observava. Antylamon continuou deitado. Repentinamente a cabeça de Indramon foi decepada e se separou do corpo.
— QUÊEEEEEEEEE!!!!!! - gritaram todos com olhos esbugalhados.
A cabeça de Indramon caiu no chão. No pescoço saiu um jato de dados como se fosse sangue preto. Depois o corpo virou dados e em seguida a cabeça. Antylamon apenas sorriu e por fim desmaiou satisfeito.
Continua...
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.