P.O.V Luisa
Tempos depois...
Alguns meses se passaram e desde então tudo estava calmo. Henrique e o Juh continuaram com suas viagens, com a agenda lotada de shows e outros eventos. Duda já estava com oito meses e meio e a barriga enorme, Lucca vai ser grande como o pai e o tio. Nesse tempo também Theo aprendeu a falar quase tudo, ele enrolava muito na hora de usar a letra R, o que fez minha sogra chamá-lo de cebolinha várias vezes durante seus longos e confusos diálogos. Semana passada meu sogro resolveu comprar um carrinho pra ele, mas eu achei que era mais um de brinquedo, igual à esses que ele tem em seu quarto, mas meu sogro, na verdade, me apareceu com um mini Audi branco, e era idêntico ao do Henrique.
Preciso dizer que fiquei louca? Céus! Theo queria carregar esse carro pra todo canto, isso inclui o shopping e o parquinho do condomínio. Ele só sabia falar "meu cáo(carro)". Dona Maria parece que queria entrar no espírito da coisa e me apareceu com um macacão de um tecido reforçado, desses que usam em corridas de carro, o macacão era bem parecido com o que o Henrique usou uma vez. Minha sogra vestiu o macacão no pequeno e o colocou sentado no banco do carro, tirou uma foto e enviou para Henrique.
E pra quê que ela foi fazer isso? Agora Henrique quer comprar todas as roupas parecidas para os dois, aquelas pai e filho. Tudo bem, fica lindo demais, mas me da um trabalho procurar igual.
Estava sentada no sofá da minha casa quando meu celular tocou e vi no visor a foto do Henrique abraçado com Theo no colo e meu sorriso se abriu.
- Bom dia meu amor, como vocês estão?
- Bom dia bebê - ouvi seu riso - nós estamos bem, com muita saudade!- disse manhosa.
- A gente volta cedo, por volta das 14:40h ou 15:00h. A gente ainda vai passar no escritório e resolver algumas coisas e depois vamos pra casa matar a saudade de vocês.
- Entendi...Hããn..deixa eu te falar - suspirei - Eu fiquei pensando nesses dias e acho que é melhor remarcar a data do casamento.- mordi o canto da boca, sabia que vinha briga.
- Por que isso agora, Luisa? Não tava tudo certo pra daqui à duas semanas? Pra quê mudar agora?- senti seu tom mudar e ficar sério e fiquei apreensiva.
- Amor, calma, eu só achei bom mudar porque a Duda...bom, eu acho que a Duda não vai aguentar por muito tempo, a barriga dela tá baixa demais, ela diz que tá pesada demais.
- Tá, mas eu acho que isso não é motivo suficiente pra remarcar. Tá acontecendo alguma coisa que você não quer me contar?- mais uma vez seu tom foi rude.
- E por que eu esconderia? Huh? Deixa se ser desconfiado Henrique, ultimamente você tá assim pra tudo, que saco!- retribui a grosseria, mas não me senti bem.
- Tudo bem, Luisa, faz assim: adia por quanto tempo você quiser, eu acho que nessa situação eu sou o único querendo casar, querendo formar a minha família. Adia! Adia quanto tempo você achar conveniente!- disse friamente e nem me deu tempo de uma explicação, logo desligou o celular na minha cara.
Ah não...Brigas agora não!
Fechei meus olhos, sentindo minha cabeça pesar, eu não queria que as coisas fossem por esse lado, mas ultimamente Henrique desconfia de tudo. Acreditam que ele voltou com os ciúmes pra cima do Flaney? Só porque ele quis fazer umas fotos do Theo e Henrique queria levá-lo no parquinho do condomínio pra brincar. Posso com isso?
Fui despertada por outro toque do celular, mas dessa vez não era Henrique e suas grosseirias, agora era Duda. Sorri.
- Oi comadre!- sorri.
- Amiga eu...eu preciso da sua ajuda!- sua voz soou desesperada.
- Duda o que aconteceu?
- As contrações amiga, tá doendo muito. Eu...eu não consigo respirar direito. Travou tud..tudo.
- Tô indo aí!
Bloqueei o celular e entrei no quarto vendo Theo brincar com seus carrinhos, o peguei no colo rapidamente e sai de casa. Chamei o primeiro táxi que passou e logo fui até a casa de Duda e como não ficava tão longe, rápido chegamos.
- AMIGAAAA!!- entrei pela porta da frente e deixei Theo sentado no sofá assistindo qualquer canal de TV.
Subi a escada e Duda estava sentada na ponta da cama com as mãos na barriga, seus olhos estavam arregalados e ela os fixava na poça de água abaixo de si.
- A-amiga...- disse baixinho sentindo meu corpo tremer.
- E-estourou...a...bolsa- ela me olhou por instantes e vi uma pequena curva em seus lábios - A bolsa estourou, meu bebê vai nascer!- concluiu sorrindo largo com os olhos cheios de lágrimas.
Corri até o telefone fixo do quarto e disquei o número da casa da minha sogra, logo seu Edson atendeu.
- Alô?
- Seu Edson, a Duda tá entrando em trabalho de parto!- disse pegando sua bolsa e colocando no meu ombro.
- Oh meu Deus, Luisa vocês estão sozinhas aí?
- Sim, o Theo está na sala assistindo algo na TV, tem como o senhor ficar com ele? Eu levo Duda pro hospital!
- Claro, tô chegando aí!
Peguei Duda ajudando a descer a escada devagar, enquanto a mesma choramingava de dor, logo vi meu sogro com Theo no colo, vindo em nossa direção.
- Minha filha, vai dar tudo certo, meu outro netão vai chegar com muita saúde!- deu-lhe um beijo na testa e repetiu o ato comigo.
- Obrigada seu Edson! Assim que chegarmos eu ligo avisando, cuida do meu bebê, por favor...
Ele assentiu e saímos seguindo até táxi, que ainda esperava lá na porta. Seguimos em direção do hospital e Duda reclamava de dor o tempo todo. Mal chegamos e fui logo pedindo ajuda, e bom, os enfermeiros levaram minha amiga pra uma sala e eu fiquei em uma ala de espera.
Logo dona Maria chegou e ficamos esperando por notícias, mas até então nada! Minha sogra pegou o celular e ligou para meu cunhado, mas só dava caixa postal, então ligou pro Henrique, que logo atendeu e ela explicou a situação. Ele avisou que não demorariam e que viriam direto pra cá. Mais um tempo se passou e a porta foi aberta.
- Familiares de Eduarda?- um senhor que aparentava ter mais ou menos uns 60 anos perguntou.
- Nós duas!- disse minha sogra.
- A paciente e o bebê estão bem, graças a Deus. Por sorte vocês chegaram a tempo, creio que se demorassem mais, o caso se complicaria.- assentimos - Daqui a pouco a paciente vai ser levada para o apartamento, podendo receber visitas desde que não tenha fortes emoções ou faça qualquer tipo de esforço físico. E bom...é isso, parabéns, é um meninão lindo!- disse por fim, voltando a entrar em uma sala.
Meu coração se encheu de felicidade, minha amiga está bem, com um filho lindo, fruto do amor dos dois. Minha sogra está num choro só ao meu lado, ela ligou na mesma hora pro Juliano e dessa vez ele atendeu e disse que em minutos estaria aqui conosco. Logo seu Edson chegou e trouxe Theo junto, contamos a ele sobre a chegada do mais novo meninão da família e suas lágrimas denunciaram sua felicidade.
- Vem meu amor!- estendi os braços e Theo se jogou em meu colo. - Vamos ver seu priminho? Vamos?- ele assentiu sorrindo.
- Pimo(primo)!- disse balançando os braços e sorrindo.
Seguimos o corredor em direção ao quarto indicado pela enfermeira e logo avistamos a placa que indicava o quarto do recém nascido Lucca Norat Alves dos Reis. Adentramos no quarto e Theo olhava tudo com muita atenção, logo minha amiga estava deitada na cama e ao seu lado um pequeno berço transparente, nele, um pacotinho pequeno e de pele morena.
- Ah meu Deus!- disse entrando devagar e vejo surgir um enorme sorriso no rosto de Duda.
- Ele é lindo né amiga? Eu tô tão feliz, tão cheia de algo aqui ó - apontou pro coração - Eu...eu nem sei explicar o que tô sentindo. Acho que agora eu te entendo, só falta o meu amor aqui, pena que ele ainda não...
- Cheguei!- Juliano entrou no quarto, interrompendo Duda e aí que seu sorriso aumentou.
- Amor!- ele foi andando rápido até ela e lhe abraçou.
A cena foi realmente emocionante.
P.O.V Henrique
Entrei no hospital acompanhado do meu irmão e logo vimos a mãe e o pai na sala de espera.
- Cadê minha mulher e meu filho?- Nim correu até eles.
- Eles já estão no quarto, Luisa e Theo estão lá com eles.
- Eu...eu tô indo lá!- meu irmão tratou de ir correndo, mesmo ouvindo reclamações da enfermeira, dizendo que não podia correr.
- Ele tá feliz demais!- disse meu pai, enquanto abraçava a mãe.
- Sem dúvida! - me levantei - Vou lá ver meu afilhado, vamos?- perguntei e eles levantaram também.
Seguimos no mesmo corredor e logo vimos a placa na porta, anunciando a chegada do meu afilhado. Entramos no quarto e vi meu irmão abraçado à Duda e Luisa mostrando Lucca pro Theo. O meu filho tentava tocar no pequeno dentro do berço, mas Luisa o alertava que seu primo era pequeno demais.
- O dindo chegou!- anunciei nossa chegada e meus pais foram até meu irmão e minha cunhada, fui até eles, lhes parabenizando e depois voltei pro mesmo lugar.
Luisa ainda tinha os olhos sobre o bebê enquanto Theo brincava, agora com um copo plástico, sentado na poltrona logo ao lado. Continuei analisando Luisa até que a mesma percebeu e sustentou meu olhar. Eu a conhecia tanto pra saber, logo de cara, que ela estava magoada pelo ocorrido logo cedo e eu entendo, sei que fui rude demais, mas a verdade é que parecia que ela não queria casar. Fui despertado dos meus pensamentos por meu filho, agarrado à minha perna.
- Papai, papai!!!- me olhou esticando os braços e foi quando percebi que estávamos dias sem nos ver, a saudade era imensa.
- Hey garotão! Papai tava morrendo de saudade! Você se comportou?- questionei e ele sorriu. Isso queria dizer que sim.
- Amo, papai!- disse um pouco enrolado, aumentei o sorriso.
- Papai também te ama meu amor, muito!- beijei sua bochecha e ele soltou uma gargalhada alta, que fez Lucca choramingar.
- Xiu, filho, cê vai acordar seu primo!- bocejei falando e ele logo colocou a mão sobre a minha boca e sorriu.
- Mãe, mamãe...- chamou Luisa, que veio até nós em passos lentos, mas não esboçava nenhuma expressão.
- Vem filho, vamos pra casa, seu pai está cansado.
Luisa pegou Theo do meu colo com toda a calma e foi até Duda, deixando um beijo em sua testa e recebendo um 'muito obrigada por tudo' da amiga. Se despediu de todos e me olhou por alguns segundos, segundos esses que pareciam eternidade naquele momento, nossos olhares se sustentavam até ela abrir a porta e sair do quarto.
- O que aconteceu? Vai me dizer que brigaram?- perguntou minha mãe e apenas assenti.
- Eu sou um burro, dos grandes!
Sentei na pequena poltrona e fiquei ali, até a hora de ir embora. Juliano iria ficar com Duda no hospital, então seguimos para casa, mas pedi que me deixassem na casa da Luisa. Cheguei e abri a porta, vendo meu filho quieto no colo da minha mulher, a TV ligada em um filme e eles dormindo.
Peguei Theo no colo e o levei para o quarto, deixando no pequeno berço. Cobri seu corpo com a manta e desliguei a luz, deixando apenas o abajur aceso.
Voltei pra sala e Luisa já não estava lá, então segui para o quarto e a luz do banheiro acesa denunciava sua presença.
- Amor?- chamei por seu nome mas não obtive resposta. Ela continua brava. - Luisa, por favor, para com isso!- entrei no banheiro e lá estava ela, retirando o vestido, ficando apenas de calcinha, já que o mesmo não precisava de sutiã.
- Eu não quero brigar, ok? Me deixa tomar um banho e dormir. Eu tô exausta, cuidar de um filho cansa, ainda mais nessa fase que ele tá!- resmunga, virando de costa e entrando no box.
Com a gravidez, Luisa ganhou mais corpo, suas curvas se acentuaram, seu bumbum tá mais redondo e chamativo e aquela visão de trás me deixava excitado pra caralho, eu sempre sentirei desejo por aquela mulher, a minha mulher.
- Eu não quero brigar, quero pedir desculpas pelo modo como te tratei hoje cedo, eu sei que fui rude demais, mas é que...- fui interrompido.
- É que nada! Henrique eu não aguento mais isso. Chega!- virou seu corpo pra mim, e eu conseguia ver sua silhueta através do vapor preso entre o blindex. - Já percebeu que a gente tá brigando de novo? Por besteira! Desconfiança sua.- mostrou as mãos e baixei minha cabeça, certamente envergonhado.
- Eu só tenho medo...- sussurrei as palavras, incapaz de olhar pra frente e me sentir um verdadeiro crianção.
- Medo do quê Henrique? Pelo amor de Deus! Eu achei essa sua fase de tolice já tivesse passado. Faça-me o favor né!- bufou enquanto ligava o chuveiro e entrava debaixo do mesmo.
- EU TENHO MEDO DE TE PERDER!- aumento o tom de voz - Era isso que você queria ver? Queria ver minha fraqueza? Então pronto!- desabafo batendo as mãos sobre o mármore da pia e logo desço o ombro, baixando a cabeça.
Sinto meus olhos se encherem, mas continuo firme, não queria chorar, demonstrar mais fraqueza ainda. Eu não sei, ultimamente sinto tanto medo de perder Luisa e meu filho. Não no sentido ruim da palavra, apesar de todos os sentidos da palavra PERDER sejam ruins, mas é como se, com a minha ausência por conta dos compromissos e shows, Luisa fosse se cansar de ficar "só" e quisesse me largar, quisesse alguém presente na sua vida. Saio dos meus pensamentos quando ouço a água parar de cair.
- Vem aqui - Luisa pede, colocando a mão esquerda pra fora do box - Vem!
A olho por cima do ombro e a vejo com os seios pressionados no vidro transparente, deixando-os maiores, eu não consigo deixar de desejá-la, não consigo não pensar nela quando estou na estrada ou em cima de um palco cantando, ela é linda, com todas os defeitos, é a mulher mais linda. Sorrio de lado e sigo até ela.
- Eu tenho que repetir quantas vezes pra você entender que eu te amo?- passa seus braços por meu pescoço, quebrando qualquer espaço que nos separe. - Henrique, eu não entendo o por quê você se sente inseguro. Eu tive tantas escolhas, tantas oportunidades que mudariam minha vida completamente, mas em todas essas escolhas eu escolhi você! Porque você é a minha vida, Henrique, não tenho dúvidas disso!- disse segurando meu rosto entre suas mãos e eu não consegui segurar as lágrimas diante toda essa declaração.
- Eu te amo, em todo o sentido da palavra amor, talvez vá além do sentido. Mas me perdoa por ser assim imaturo, mas é que eu tenho medo de você não querer mais casar ou ter se arrependido. Não sei.- digo limpando meu rosto e ouço seu riso fraco.
- Bobo!- diz enquanto desabotoa minha calça, eu já estava sem camisa. - Eu não só quero casar com você, quero também viver pra sempre ao seu lado, com nossos filhos correndo pela casa, com você ensinando Theo a barulhar as meninas, com você enciumado porque Sofia tem um namoradinho na escola. Eu quero tudo isso com você, pra sempre.- sorri largo e a beijei rápido.
- Sofia não vai ter namorado, eu não vou deixar nenhum Zé Ruela quebrar o coração da minha filha.- disse fechando a cara e Luisa gargalhou alto balançando a cabeça.
- Isso a gente decide mais pra frente, agora me diz uma coisa, eu tô aqui de calcinha e você tá de cueca, estamos abraçadinhos, eu tô com saudade de fazer aquele amor gostoso com você, pra matar a saudade, a gente passou uma semana longe...- mordeu o canto da boca e puta que pariu, minha ereção já estava presente.
- Amor...não brinca com fogo, cê vai se queimar fácil, fácil.- disse pegando na barra da sua calcinha e, em um único puxão, a rasguei. Luisa me olhou com os olhos arregalados e depois sorriu maliciosa, virando-se de costa pra mim e empinando a bunda, que logo roçou na minha ereção.
- Só vai com carinho, ok?- me olhou com uma carinha de safada.
- Filha da mãe....
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.