Chiara's POV
"Eu também Ana", eu sussurrei.
Eu estava tão encantada com a música, que ela cantou para mim. Ela só me surpreendia. Cada vez mais.
-Que música é essa, Ana? - Eu deitei em seu peito, como um cão sem dono que pede por carinho.
-Eu ouvi no primeiro sonho que tive com você. E dei uma melodia.
-Você também sonhou comigo? - Eu disse procurando seus olhos.
-Três vezes. Por isso falei de Veneza.
"Só um lençol nos cobria" - Falamos juntas. E rimos.
-Talvez seja o destino.
-Obrigada destino - Ana disse, arrancando de mim algumas risadas.
-Posso dormir com você hoje? Não quero voltar pro hotel e ouvir Rubio falar de como Joana é incrível. - DEIXA DEIXA DEIXA.
-Pode sim, Italiana. Só vai ter que encarar as moças achando que.... - Ela escondeu o rosto.
-Então vamos logo. - Me levantei e fui abrindo a porta, Ana me seguiu.
A blusa de Ana ficava realmente grande em mim. Ela já havia trocado de roupa então que visse aquela cena acharia que nós... Quase... POR QUE ELAS TINHAM QUE CHEGAR?
Ana pegou minha mão e me guiou até a cozinha. Os olhares de Dona Cida e A tia, qual o nome mesmo? Eduarda? Acho que sim, viraram para mim.
Dona Cida riu.
-Ana, está mais rápida do que nunca hein. Ela mal chegou e já está vestindo suas roupas. - Ana deu um sorrisinho sínico e eu corei. ÓBVIO.
-Não é nada do que as senhoras safadas estão pensando. Houve um problema na trilha e eu trouxe ela para vermos um filme. Só isso. E ela estava desconfortável com aquelas roupas; Eu emprestei uma blusa para ela, ora. Vocês pensam o que? Eu conheci a menina ontem, já acham que estou transando com ela. - Era exatamente isso que você ia fazer Ana, me deu vontade de dizer. Mas Dona Cida piscou para mim e eu ri;
-Ahn... Eu vou dormir aqui hoje. Tem problema? - Melhor avisar. Vai que elas são chatas;
-Nenhum problema, querida. Só não façam barulho depois das 22:00, eu tenho um sono leve - A tia de Ana falou e ela corou.
-Eu nem vou estar em casa, tia. Vocês que vão cuidar da Italiana;
-Como assim você não vai ficar aqui? - Vai me deixar aqui sozinha. Duvido. Encorporei a barraqueira.
- Chiara, Vamos para balada. - Dona Cida implicou com Ana.
-Nada disso, Chiara vai ficar em casa com vocês. Façam a bagunça que quiserem, eu até limpo depois.
Italiana do meu coração... - Adoro quando ela me chama de Italiana. - Lembra da surpresa? Eu tenho que terminar de arrumar.
-Então tudo bem. Mas não demore, se até 00:00 você não estiver aqui; Eu vou embora. Me recuso a dormir sozinha.
-A Italiana é exigente. Obedeça. - A tia de Ana falou, Dona Cida riu e elas anunciaram que iriam ao mercado comprar algumas coisas que começavam a faltar em casa.
-Você vai mesmo embora?
-Se você demorar, eu vou. - Disse fazendo birra e caminhando até me sentar no sofá da sala.
-Eu adoraria ficar aqui mas, vamos sair de madrugada. Quero fazer algo que seja inesquecível para você; - Ela deve dizer isso pra todas. A mãe dela insinuou que ela foi até "rápida" comigo;
-Quantas pessoas você já namorou antes de mim? - Eu perguntei desconfiada.
-Eu namoro com você? - Ela perguntou com uma carinha tão fofinha.
-Ahn... Não; Ou sim? Eu estou confusa. Esquece isso. - Ela só afirmou com a cabeça; - Mudando de assunto, de ontem... O que você mais gostou? Qual foi o melhor momento que você passou comigo?!
Ela ficou pensativa demorou a me responder. Fiquei imaginando se ela estaria montando uma resposta convincente; Ela não falou nada, ela reproduziu a cena.
Me puxou pra mais perto, me encaixou entre suas pernas, me deixando de costas para ela; Pegou minhas mãos e examinou o tamanho delas, eu lembrava exatamente de cada momento.
"Você é incrivelmente cheirosa." Ela sussurrou no pé do meu ouvido. E sua respiração quente arrepiou todo o meu corpo, dos pés a cabeça. Seus braços envolveram meu corpo e ela encostou a cabeça nas minhas costas;
Ficamos vento televisão, uma do lado da outra; Volta e meia eu examinava os traços de Ana, tão próximos. Deitava minha cabeça no seu ombro; Segurava sua mão.
-Atrapalhamos alguma coisa? - Minha sogrinha disse ao entrar.
-Jamais, sogri... Ahn; Dona Cida. Venham ver o filme conosco. - Ana se levantou e eu fechei a cara.
-Isso vejam o filme. Já vou indo para o local - ela mexeu suas sobrancelhas - Para poder voltar antes de 00:00.
-Me deixa ir com você. - Eu fiz um biquinho.
Ela e Dona Cida se olharam e não se deram por vencidas.
-Você não vai para o local comigo antes da hora. Se você for, estraga a surpresa - Ela cruzou os braços. - Confia em mim.
- Me surpreenda. - Eu disse me levantei e fui para o quarto dela, belo refúgio.
*Telefone tocando*
Peguei o celular é li o contato.
"Vovô Enrico" MERDA.
*Ligação On*
-Alô, ops... Ciao?
-Bambina mia. (Minha filha)
-Come sta il nonno? (Como está vovô?)
-Dove sei? Sono venuto a New York per vedere ed ho trovato te in casa tua. (Onde você está? Estou em Nova York para te ver e não te encontrei na sua casa.)
-Sono venuto in Brasile con Rubio, nonno. Siamo stati invitati a essere padrini di un matrimonio e non potevamo mancare. (Vim para o Brasil com Rubio, vovô. Fomos convidados para ser padrinhos de uma casamento e não podíamos faltar.)
Ana entrou no quarto.
-Chiara, meu amor. Você está brava? - Será que meu avô ouviu?
Ela se recolheu quando percebeu que eu estava no telefone.
-Chi è Chiara? Dove si trova Rubio? (Quem é Chiara? Onde está Rubio?)
*Ligação Off*
Desliguei na cara dele, não tive coragem para mentir sobre Ana. Mas também não podia contar sobre ela
O telefone tocou umas 5 vezes depois e eu preferi não atender.
Ana voltou ao quarto algum tempo depois.
-Está tudo bem? - Ela se sentou do meu lado.
-Ah sim... - Menti - Meu avô ligou para dizer que estava com saudades.
-Hm... Legal. - Eu tentei fingir estar bem mas Ana parecia me conhecer. - Vim me despedir, vou arrumar as coisas lá e depois volto para te buscar.
-Antes da 00:00?
-Você é Cinderela, por acaso?
-Então você vai chegar depois?
-Eu só volto de madrugada para te buscar. Umas 04:30. Fica atenta; E escova os dentes, odeio beijar pessoas com mal hálito - Ela beijou o topo da minha cabeça e saiu.
Observei ela sair com o carro da garagem e desci. Já era um pouco tarde, a tia de Ana estava dormindo e Dona Cida estava vendo TV. Sorriu ao me notar.
-Dona Cida, posso conversar com a senhora?
-Pode sim, querida. Sente aqui. - Ela afofou o lado do sofá onde eu devia sentar. Fui até ela e me sentei.
-Dona Cida, eu estou com medo.
-De que?
-Bom, eu também sonhei com Ana: Pelo que percebi, foram os mesmos sonhos. Eu estou muito apaixonada por sua filha, a ponto de já pensar em largar minha vida em NY e em Roma e poder viver com ela. - Ela me olhava atentamente com um sorriso abobado no rosto - Mas, a minha família é muito tradicional em Roma e Cinecittà. Umas das famílias de tradição do país e por isso são muito com rigorosos com as tradições da família sendo assim, também são muito preconceituosos. Já tiveram primos meus e tios que foram expulsos da família por serem homossexuais e eu amo tanto minha família, mas eu gosto muito de Ana. Ela não é a primeira mulher da minha vida, meu avô já me deu uma chance e ele será irredutível. Ele ouviu Ana me chamar de amor ao telefone e ficou desconfiado; Me ajuda, sogrinha. - Eu falava rápido, embolado, chorando, soluçando nem sei se ela de fato entendeu. Eu afundei minha cabeça no seu colo e fiquei chorando por muito tempo.
-Sogra, é? É isso que você quer eu seja? Então tá! Para começar, se sua família é tão irredutível você vai ter que escolher Chiara. Entre sua família e sua felicidade; Tem que pesar tudo. Você pode escolher ser feliz com Ana e o relacionamento de vocês não dar certo, eu espero que dê; os olhos de Ana brilham quando encontram os seus. Ou você pode escolher sua família e perder uma história linda. E ai? - Ela me disse. Vi ela secar uma lágrima.
-Eu não sei, eu quero morrer. Assim eu acabo com todos os problemas e não atrapalho a vida de ninguém.
-Nunca mais fale isso, querida! Você é uma pessoa muito talentosa, muito bonita, parecer ser muito boa e só está em dúvida entres amores.
-Amor? Mas eu amo a Ana? Eu a conheci a dois dias.
-E lá tem esse papo de "rápido" quando se ama? Não vou mentir meu anjo. Ana já ficou com muita gente. Lembro de vezes em que era uma a cada dois dias e ela nem lembrava o nome; As meninas corriam atrás dela e ela? Nem se importava. Se chorassem, ela nem dava bola. Mas com você e diferente, ela se importa com você Chiara. Se você chorar, ela vai te abraçar e vai cantar para você até que você se acalme. Se você precisar, seja em Roma; Ela vai te buscar. Se você quiser QUALQUER coisa, ela fará por você.
Confesso que quando ela falou que estava apaixonada, eu ri. Era impossível acreditar numa Ana apaixonada; Mas ela está apaixonada por você. Mas não permita que ela te controle, ela vai querer tomar conta da tua vida; E vocês devem construir uma e não dominar a da outra. Tome as rédeas, Chiara. - Ela sorriu.
-Dona Cida, eu não tenho como te agradecer. Vou fazer cada minuto valer a pena; Vou lutar pela minha Ana.
-Agora me deixe dormir e vá se arrumar para sua Ana. Tenho certeza que vai adorar a surpresa que ela está fazendo para você.
-A senhora sabe o que é?
-Sei! - Ela se levantou e foi para o seu quarto.
O relógio marcava: 01:25.
Fiquei esperando as horas passarem, e o tempo parecia estar de mal comigo.
Peguei o violão de Ana e toquei a música que ela cantou pra mim, decidi juntar a minha e a dela. Criei "Resta". E mostraria para ela; Demorei tanto para a melodia que já eram 03:00.
Peguei minha mochila, e o violão de Ana. Eram as únicas coisas que eu queria de fato levar; Tomei um banho, penteei os cabelos, escovei os dentes, estava higienizada (se é que me entendem, Chiara está sempre pronta ����), e vesti outra blusa de Ana.
Olhei mais uma vez para o relógio;
04:03. Aparece logo, Ana.
*Buzina*
Ela pareceu ouvir meus pensamentos.
Fui até a janela.
-O que vc fez com minha outra blusa?
-Eu deixei embolada em cima da cama- Sorriso sínico.
-Tomara que esteja com seu cheiro. Desce.
Deixei um bilhetinho para Dona Cida e tia Eduarda. Peguei a mochila, o violão e desci. Ela me ajudou a botar as coisas no carro; Eu a abracei forte, seu cheiro era tão bom.
-Te prendo em meus braços. - E um selinho. Dois. Três.
Entramos no carro e fomos até o hotel pegar minhas roupas, eu e Ana subimos. Entramos no quarto e Rubio logo nos notou. Rubio parecia estar exausto. Me abraçou no exato momento que entrei;
-Where were you, Chiara? I expected to find you in the hotel but nothing you appear. What clothes is this !? Ana? (Onde você estava, Chiara? Eu esperei te achar no hotel mas nada de você aparecer. Que roupa é essa!? Ana?)
Ana estava na porta fitando o chão e finalmente se pronunciou.
-Hey Rubio, como vai?
-Vou bem, não se esqueça de se preparar para o show na próxima quarta-feira.
-Não esquecerei. Chiara? Te espero no carro, ok? - Ela acenou e saiu.
-You go where with her? (Você vai para aonde com ela?)
-Do not come for free, she has given me much more attention you! Let's to party and I'll sleep there even. (Não venha de graça, ela tem me dado muito mais atenção que você. Nós vamos para a balada e eu vou dormir por lá mesmo.)
-Promises that when we return we'll talk? And promise me you'll take care of Ana? She does not know about the music business ... She can not do anything reckless! The label wants to sign a contract on Saturday the 11hrs. Q ensure it will be there. (Promete que quando voltar nós vamos conversar? E me promete que vai cuidar da Ana? Ela não sabe sobre o meio musical... Ela não pode fazer nada imprudente! A gravadora quer assinar contrato, sábado as 11hrs. Garanta q ela vai estar lá.)
-I promise. (Eu prometo) - Peguei a malinha que eu fiz com roupas e desci, ainda vestindo as roupas de Ana. Trocar para que?
Joguei minha mala no banco de trás e sentei no banco do carona.
-Você tem uma reunião, sábado as 11:00. A gravadora quer assinar um contrato! - Eu disse enquanto ela dava partida.
-Mais um motivo pra comemorarmos. - Ela sorriu.
-O que estamos comemorando?
-Você vai saber, Chiara.
O caminho foi falado apenas pelo rádio, eu e Ana nos contentávamos com olhares e com as mãos que cismávamos em não separar.
-.-
Chegamos ao alto de uma grande montanha. Existia uma casa, onde paredes eram feitas de vidro e madeira. Bem rústica, simples. Adorei!
Ela pegou minha mala, e levou até o quarto. Me guiou até uma varanda que estava decorada com rosas vermelhas em todos os cantos. Almofadas, em meio a velas, viradas pro mar e uma pequena mesa com uma garrafa de vinho e duas taças. Alguns petiscos para acompanhar, Ana queria me embebedar. Ri de meus próprios pensamentos.
-Ana... Eu - Estava extasiada. - O que estamos fazendo aqui?
-Eu apostei que você iria gostar de ver o nascer do sol. Então preparei um ambiente mais romântico só para ficar te admirando olhar a beleza carioca.
-Acertou, meu amor - Beijei Ana.
-Não me beija muito senão a gente perde o espetáculo.
Nos sentamos em meio as almofadas e Ana nos serviu. Ela deitou e ficou me olhando, e como se fosse combinado... O sol começou a nascer, timidamente, atrás do mar. Aos poucos os raios iam se abrindo e aquela bolinha amarela foi surgindo; Iluminando todo e cada cantinho. Eu olhei para Ana encantada, e ela só sorria;
-.-
Bebemos mais do que 1 garrafa de vinho. A manhã já brilhava e tudo aquilo era nosso! Eu já não conseguia falar português, minha visão estava turva e provavelmente Ana já não entendia o que eu falava.
-Che ne dite di curtirmos un po 'più? (O que acha de curtirmos um pouco mais?)
-Eu não entendo nada do que você fala, Deusa. - Ela disse, provavelmente, bêbada.
-Deixa que te mostro. - Grudei meu corpo ao dela. Nossas intimidades se chocaram. Ana gemeu.
Beijei Ana intensamente.
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