Chiara's POV
Eu pensei em ir com ela, eu ia com ela...
Eu pedi desculpas, porque por um momento pensei em ficar, mas;Eu senti que ela vinha ao meu encontro e eu não estava pronta pra largar tudo de mão, e o maldito Enrico fechou a porta na cara dela!
- Você não pode fazer isso com a nossa família, Chiara!
- Não vou... Mas eu não continuo nesta casa nem mais uma noite! Eu só aturo isso, por todos os outros;
- Você não vai sair desta casa!
- Vamos ver se não vou, sr. Civello! Porque enquanto você não aceitar Ana... Considere-me morta. - Como doía jogar tudo aquilo na cara dela, mas eu precisava me livrar daquilo. - Mas eu vou manter minha palavra, não vou te "envergonhar", vou manter tuas aparências.
- Se está indo embora... Por que quer manter suas aparências?
- Não sei se você lembra, Enrico... Mas a primeira tradição dos Civello é "Sempre Cumprir A Promessas"! E eu prometi a você que minhas relações seriam secretas por sua posição na igreja e no parlamento... Se tem alguém errado aqui é você! - Eu disse subindo as escadas, decidida a sair daquela casa.
- E por que estou errado? - Ele tinha um ar soberano, carregava um sorriso maldoso no rosto.
- São muitos "por quês"... - Me virei pra ele, na metade da escada. - Mas eu te respondo cada um.
- Então diga. - Ele subiu os degraus e parou no mesmo degrau em que eu estava. - Onde eu quebrei minha promessa?
- No dia do meu aniversario de 11 anos, você me pediu desculpas por ter feito o que fez. Você prometeu que colocaria minha felicidade acima de qualquer coisa, da igreja, da lei, das tradições, até do seu próprio ego; - Ele desceu um degrau e sua expressão mudou. - É por isso que eu sou a "princesa" da família... Você me colocou nesse posto, Enrico. E se não se lembra, você ainda completou: "E Chiara, se eu um dia eu quebrar minha promessa... Você está livre para ir, mas por favor; Espere por mim, porque eu bato a tua porta pra te ter de volta". - Ele desceu as escadas com sua expressão abalada, e deixou que lágrimas escapassem. - Estou apenas cumprindo ordens, foi só o que aprendi a fazer a vida toda. - A nossa discussão acordou algumas pessoas e chamou a atenção de alguns serviçais e de alguns primos, e todos observavam o "Soberano" sucumbir em seu ego. - Débora, pode me ajudar minhas malas?
- Pra onde você vai, ChiChi? - Ele perguntou se escondendo atrás das expressões da minha avó, que tinha o alcançado.
- Qualquer lugar é melhor do que aqui! - E bati a porta do quarto. Comecei a separar o que tiraria logo dali; Peguei algumas malas e taquei metade do guarda-roupa dentro delas... Peguei sapatos, blusas, casacos; Eu pego o resto depois!
Débora bateu à porta um tempo depois.
- Você vai mesmo embora, Chiara? - Ela me perguntou um pouco acanhada. - Pensa um pouquinho, Tá fazendo por impulso!
- Por impulso? Eu acabei de magoar a pessoa que mais amo. - Eu me sentei na cama, passando a mão por meus cabelos. - Nem me despedi dela direito, eu estraguei tudo! - Disse olhando pro nada.
- Que horas é o vôo dela?
- Acho que é as 10:00! - Olhei o relógio. 09:01. - Ainda dá tempo de encontrá-la.
- O que você está esperando? - Não respondi nada, peguei as chaves do meu antigo carro e fui do jeito que estava e sai correndo pela casa. Minha avó me parou quando saía.
- Aonde está indo?
- Eu não posso deixar ela ir embora sem me despedir... - E sai.
Eu atravessei diversos sinais vermelhos, e com certeza vou parar na delegacia na próxima manhã... Mas vou tê-la de volta. Deixei o carro no meio da rua e corri até o hall do aeroporto, não tinha nenhum sinal de vôo para o Brasil. Liguei pra ela! E nada dela atender... 1, 2, 3, 4, 5... E ela não falava comigo!
- Pelo amor de Deus, me diz! Portão de embarque do vôo para o Brasil. - Eu estava desesperada naquele balcão de informações.
- Portão 9. - Sorri em lembrar do dia de seu aniversário. Corri até o portão 9 e ela estava entregando sua passagem; Quase entrando no avião.
- ANA. ESPERA. NÃO VAI EMBORA ASSIM! POR FAVOR... - Ela olhou para trás e eu não sabia decifrar o que seus olhos diziam, sei que doía saber que aquela olhar era destinado a mim. A alguns metros de mim, ela caminhou. Parou na minha frente e secou a única lágrima que lhe escorrera, agora eu podia ver... Era desprezo!
- Você não vale meu sacrifício, Chiara!
- Não fala isso, por favor... Eu te amo. Não fecha as portas assim!
- O nosso amor não foi suficiente para lhe impedir de fechar a porta na minha cara... Devia ter escutado minha tia, minha mãe, Rubio e até Eva!
- Ana... - Eu tentei segurar sua mão e ela hesitou friamente... Eu já nem sei o que eu sentia. - Não era pra terminar assim.
- A vida não é um conto de fadas Chiara, embora as vezes pareça.
- E Veneza? E tudo que aconteceu nesses últimos dias, não valeram de nada pra você?
- Sou eu quem te pergunto Chiara! Foi você que quis assim.
- Eu não quero que termine assim...
- Ah claro, e você achou que ia chegar aqui e eu ia te receber de braços abertos, depois de tudo que eu te falei, depois de tudo que a gente superou... Eu tenho um show pra fazer daqui a algumas horas e eu estou exausta! Fisicamente, emocionalmente e psicologicamente desgastada. Eu sabia que estaria cansada, mas nunca imaginei que voltaria pra casa dessa forma. Eu nem sei mais se é realmente isso; - Ela apontou pra nós duas. - É o que eu quero pra minha vida. Você nunca se decide, Chiara! E a gente fica nesse vai e volta impiedoso, só que agora as coisas vão mudar, pode ter certeza...
- O que vai mudar, exatamente?
- O "nós" vai mudar... Porque eu cansei de ser a namorada perfeita, e acima de TODOS os meus defeitos Chiara; EU FIZ TUDO POR VOCÊ. - Ela segurava as lágrimas como nunca vi antes, apesar da sua voz que estava chorosa. - Sabe por que chegou a esse ponto? Porque sempre que a gente se machucava, falávamos uma estrofe qualquer e fim... A gente tinha medo do tempo! A gente estava sempre de braços abertos, deixando o medo afogar as mágoas! Mas a acabou Chiara, a gente tem todo o tempo do mundo... Mas chega! Eu não aguento mais brincar de gato e rato com Enrico e seja lá quem seja; Eu nem sei mais quem é você, Chiara. Está sendo hipócrita... A meia hora atrás fechou a porta na minha cara, escolheu me deixar partir e agora olha pra você! Veio até o hall do aeroporto atrasar minha viagem e dizer que sente muito? Essa não foi a Chiara que eu conheci, e essa é a Chiara que eu me recuso a conhecer!
- No fundo, eu sou a mesma! Eu continuo te amando do mesmo jeito...
- Disso eu não duvido, mas eu estou cansada de estar sempre te acolher em um abraço e tomar um apunhalada nas costas! - Ela se virou e foi andando.
- Carolina... Eu...
- Me deixa em paz... - Ela disse enquanto entregava seu bilhete, e pôs-se a caminhar até a porta do avião sem ao menos olhar para trás...
Eu precisei me sentar e digerir o que acabara de acontecer, a ficha só caiu quando a tela do aeroporto indicou "Rio de Janeiro - Embarque encerrado".
Eu chorei como uma criança, senti o mundo desabar... Um vazio me preencheu; E eu não tenho noção de quanto tempo eu fiquei derramando lágrimas naquele aeroporto... Não existia nada que não fosse dor.
Quando eu tive coragem de me levantar e, finalmente, sentir o chão embaixo dos meus pés eu recebi uma ligação de Rubio.
*Ligação On*
- Chiara, você está bem?
- Ela nem olhou pra trás Rubio.
- Vai continuar na sua casa? Tem algum show por esses dias?
- Não, eu tenho alguns na Espanha, depois em Washigton, e voltaria para Nova York..
- Quanto tempo até o próximo show?
- 1 semana.
- Vem pra Nova York! A tua casa é aqui, Chiarinha... Eu compro tua passagem, vou te enviar por e-mail! Ok?
- Eu quero ir pro Brasil, Rubio!
- Deixe Ana comigo, foi um mal entendido... Ela está magoada! Você errou; Arque com as conseqüências, e pelo que estou vendo o próximo vôo é as 16:00. Esteja pronta e com a passagem em mãos, eu estarei te esperando. Prometa que vai vir. Que não vai toma outro rumo que não seja a 5th street de Nova Jersey!
- Me prometa ela vai me perdoar.
- Não farei promessas que não posso cumprir, Chiarinha! Mas eu farei o que estiver no meu alcance.
- Estarei ai Rubio.
*Ligação Off*
Dirigir até em casa foi difícil, eu parava em cada esquina quando minha visão ficava embaçada pelas lágrimas. Eu entrei pelas portas do lugar onde todos os meus problemas começaram e peguei minhas malas... Fiz uma bolsa com tudo que Ana me dera, peguei minha mala e botei na mala.
- Chegou essa encomenda, Chiara. - Bianca me dera os dois álbuns que Ana e eu mandamos fazer, uma das embalagens permaneceu intacta e eu jurei a mim mesma fazer aquele álbum chegar às mãos dela.
Era Veneza, dois sorrisos sinceros e um amor em foco... Eu deveria ser forte, mas eu sentei na minha cama e me pus a chorar sobre as fotos do álbum; Eram todas lindas, nossos sorrisos, as mãos sempre juntas, os beijos, os brindes, o nosso amor...
- Seu taxi chegou, querida! - Minha avó bateu à porta, um tanto acanhada. - Tem certeza que é isso que quer?
- Eu quero liberdade vovó. E ele vai ter ter que entender, se eu não puder ter Ana; Eu também não quero ter vocês... E agora, estou fazendo isso por pura birra! Porque eu podia muito bem acabar com tudo, podia assumir Ana publicamente e pronto. Não existe mais "Civello" na lista das famílias tradicionais; Mas isso é muito maior que eu, é um bicho de 5 cabeças... - Eu peguei minhas malas, Débora veio me ajudar a descer com as malas e antes de entrar no taxi eu ainda murmurei pra minha avo. - Eu não posso simplesmente bagunçar a vida de todo mundo, eu não quero ser um empecilho na vida de ninguém. Se eu fizesse isso, eu seria um Enrico!
- Chiara, não faça nada imprudente. Mantenha sua palavra; Mas me desculpe por você não poder ser feliz!
- Não poder ser feliz? Desculpa vovó, mas eu vou atrás da minha. Queira ele ou não! - Eu fechei a porta e o taxista me levou até o aeroporto, estava até um pouco vazio.
Ainda estava de tarde, eram umas 14:30 quando eu mandei minha bagagem e sentei na mesma mesa que havia a encontrado antes de ir pra Veneza... Eu pedi uma Coca-Zero e fiquei vendo e revendo o álbum de fotos. Eu devia ter ido com ela quando tive a chance!
Perdi a noção de quanto tempo eu fiquei ali.
Ouvi o meu vôo ser chamado e entrei no avião.
Arriverdeci, Roma.
-.-
- Chiara! - Ele me apertou dentro de seus braços, e eu nem tive ânimo para o corresponder. - Ei! Sorria. Você está em casa;
- Ela chegou bem? - Eu disse enquanto andávamos até o carro dele.
- Ela deve estar entrando no palco agora. São 22:30 lá! - Ele disse pegando minha mala e colocando no porta-malas. Entramos no carro em silêncio e ele me deixou em meu antigo apartamento. - Não quer mesmo ficar na minha casa? Vai ficar se afundando em lágrimas!
- Quero ficar sozinha, Rubio. Só de estar longe de Enrico... - Fiz uma pausa e respirei fundo. - Eu só quero pensar em uma maneira de ter Ana de volta, entende?
- Entendo sim, Chiarinha. - Ele me abraçou mais uma vez. - Só não esqueça que ela te ama; Toma. - Ele tirou de sua vestes o CD de Ana, o do show que ela esta fazendo... Eu ainda não o tinha e olhei surpresa para o objeto.
- O que vou fazer com isto?
- Tem algumas musicas, que talvez te interessem em ouvir. E algumas até que te façam rir... Mas tem uma que ela escreveu pensando em você, eu vi! - Ele disse indo até a porta. - E Chiara, é bom te ver de novo. - E me deixou.
Fiquei um tempo encarando a capa do CD.
Eu sorri ao ver que estava de volta a minha casa. Abri as cortinas e me pus a observar as luzes de NY, minha cidade!
Coloquei minhas coisas no lugar, tomei banho, vesti preto (Eu aposto que é a cor que ela está usando agora) e me sentei no piano me pondo a tocar as mesmas notas que tocava todas as manhãs, e ao juntar cada uma... Eu reencontrei "Resta"! Era a música que me atormentava por tanto tempo, e eu nunca havia encontrado; Eu encontrei, nos braços da brasileira e dessa vez não chorei, eu sorri.
Com aquele filme de boas lembranças que a nossa mente faz para tentar nos iludir, eu coloquei o tal do "Ana Rita Joana Iracema e Carolina" para tocar; Ela e seus trocadilhos...
"O Rio" me tocou o coração.
"Confesso" me emocionou.
"Ela é bamba" me lembrou Dona Cida.
"Implicante" me fez recordar as vezes que chamei Ana de insuportável.
Parei de ouvir em "Quem de nós Dois";
Foi pesado demais ouvir verdades, que eu que foram escritas pra mim, Cantadas por ela! E saber que acabou...
E com as janelas abertas, com as mãos sobre as teclas do piano, e a dor que me preenchia; eu comecei uma nova melodia... Eu definiria como melancólica, afinal não experimentei outro tipo lado da vida! Até agora...
Mas. Eu estou livre, de Enrico e suas cobranças, de satisfações, do medo.
Eu mantenho minha palavra e machuco a mim mesma e aos meus amores...
Mas agora, livre, fecho a porta para os fantasmas do meu passado...
Agora com 26 anos, finalmente sei o que é "voar"... Livre.
E com os pensamentos longe do Brasil, eu adormeci sobre as teclas do meu velho piano.
-.-
As batidas na porta me acordaram. Olhei vagamente para o relógio; 11:43.
Levantei, ainda um pouco sonolenta e com a cabeça pouco dolorida, e caminhei até a porta. Abri e era Julio.
- Caçulaaaa! - Ele disse soltando um grito que só me fez doer mais a cabeça.
- O que você está fazendo em Nova York? - Eu disse fechando a porta e observando-o se jogar em meu sofá. - Tire os pés do meu sofá, você sabe que eu odeio isso!
- Hey Hey Hey! Isso tudo é por causa da brasileira? - Eu me joguei ao seu lado. - Foi por isso que eu vim; Eu estava aqui nos EUA e Rubio me ligou falando que você estava aqui...
- Eu não preciso de mais uma pessoa me lembrando de como eu fui idiota e no quanto eu magoei Ana, Ok?
- Abaixa a guarda, caçula. Sabe que eu só quero o seu bem!
- E eu só queria não ter dito "Buongiorno Gabs", me pouparia de tudo isso!
- Você chamou ela de Gabs? - Assenti. - Ahhh, e por isso essa treta toda?! Ana supera isso rápido!
- Meu avô me mandou escolher entre deixar ela ir ou ir com ela... Por 1 segundo eu achei que era certo ficar; Mas Enrico fechou a porta na cara dela antes que eu pudesse responder...
- Ahhhhh sim! - Ele coçou a cabeça. - Vai ser mais difícil do que eu pensei!
- O que?
- Rubio está preocupado com você, ele quer que Ana te perdoe... Mas ela se recusa a falar com qualquer um! Ela nem atendeu aos fãs, nem imprensa, nem convidados ontem depois do show; Dona Cida disse que ela não sai do quarto.
- Ela sempre se tranca pros problemas...
- Ela tenta se proteger do mundo! Agora, está se protegendo das pessoas; E não duvido nada que ela esteja jogada na cama,vestindo preto, com um milhão de fotos de vocês, chorando e tocando Resta no violão. - Examinei as roupas que usava, olhei para o piano que tinha o álbum repousado sobre as teclas... Nos entreolhamos e rimos. - Você não está muito diferente! O que é aquilo? - Ele disse andando até o piano e passando as folhas do álbum.
- Veneza... - Eu disse enquanto me escorriam lágrimas, de felicidade.
- É seu? - Ele disse se referindo ao álbum. Eu me levantei e fui até o meu quarto, voltei com o álbum dela e dei nas mãos dele a caixa.
- É nosso. - Só sorri ao entregar nas mãos dele.
- São dois. - Ele se sentou no sofá. - Quer que eu entregue?
- Sim, só vou colocar um cartão para ela.
- Eu volto pro Rio daqui a dois dias, tenho que produzir o CD da filha de Gil. - Voltamos a nos jogar no sofá. - Mas eu prometo que chegará as mãos dela!
- Foi você que produziu o "Ana Rita Joana Iracema e Carolina"?
- Foi sim!! Você gostou!?
- Estava ouvindo, mas parei em "Quem de nós dois". - Botei o CD pra rolar. - Rubio disse que tinha uma música que se referia a mim...
- Que ele saiba...
- Tem mais?
- Tem algumas que ela disse que escreveu pensando em você! E algumas musicas ela só decidiu cantar porque lembravam você...
- Ela disse isso?
- E mesmo que não dissesse, qualquer um notava...
- Mas e todos "os outros"?
- Ela procurou pessoas que preenchessem a falta que você fazia, mas nunca encontrou; - Ele disse pegou minha mão e a apertou. - Ela pode pegar metade do Rio de Janeiro, mas o coração dela é seu!
- Pode até ser meu, mas eu duvido que ela ainda queira que eu seja a dona... - Eu continuaria falando mas a voz dela cantou "Sinto dizer que amo mesmo, tá ruim pra disfarçar...", algumas lágrimas voltaram a me escapar e eu pausei o som.
- Tá tudo bem?
- É só que...
- O que?
- Eu a amo também...
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