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História Dolce Cuore - A Mulata Baiana Metida a Mineira - História escrita por BzZando - Spirit Fanfics e Histórias
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História Dolce Cuore - A Mulata Baiana Metida a Mineira


Escrita por: BzZando

Notas do Autor


Desculpem-me pelo atraso. Vou contar a história pra vocês.
Ontem a noite estava fazendo muito frio no Rio (sim, 20ºC é muito frio no RJ). Então minha família teve a brilhante ideia de apostar se: a Bruna (vulgo eu) pula ou não pula na piscina.
Obs: Eu não conhecia a dona da casa, primeira vez que ia lá; e já pulei na piscina. (Não tenho vergonha).
Então lá fui eu; tirei os sapatos, tirei o casaco, rezei pelo meu cabelo pranchado e me joguei na piscina por 80 reais.
Moral da história: Estou com pneumonia. HAHAHAHAH #NãoFaçamIssoNaCasaDePessoasQueNãoConhecem

Agora que eu terminei meu drama... Pelo meu atraso - e por pedido de uma leitora - postarei dois capítulos hoje.
Sintam-se especias. HAHAHAH

Aqui está mais um. Espero que gostem.
Boa Leitura :)

Capítulo 33 - A Mulata Baiana Metida a Mineira


Fanfic / Fanfiction Dolce Cuore - A Mulata Baiana Metida a Mineira

Ana's POV

Hoje estava pensando no nome que coloquei em meu disco, 'Dois Quartos'.

Lembro de quando decide nomear o CD por ter um casamento onde haviam exatamente dois quartos na casa.

Meu antigo apartamento, que agora pertence somente a Eva. Depois da gravação do DVD nós concordamos em dar um tempo e eu já queria comprar uma nova casa, foi a brexa que eu precisava. E não comprei uma casa. Comprei uma bela casa, a mais bela que já vi até hoje!

Projetada pelo mesmo arquiteto que fez a casa da Chiara em Nova York, se bem me lembro. Índio do Brasil.

Na verdade, a casa lembra bastante Guaratiba! Madeira, vidro e verde. Muito verde.

Passei todos os dias das minhas férias organizando cada pedacinho da casa.

Desde o meu quarto de pinturas.
O quarto dos fãs.
O quarto de hóspedes.
O quarto que eu inventei de decorar com o decorrer do tempo.
O meu próprio quarto.
O estúdio.
A varanda.
A sala.

TUDO.

Escolhi a dedo cada um que trabalharia comigo e tratei de iluminar toda a casa. Tinha música e vento correndo em todo o ar daquela casa e era a proporção alegre que eu precisava. Nada de cinza.

Tinha cores por todos os lados, minha vitrola e meus vinis, meus instrumentos num cantinho mais musical, minha televisão, meus quadros decorando algumas paredes da casa e a luz do sol que ocupava tudo.

Pedi que colocassem música no elevador que vai do jardim até a entrada da casa.

E escolhi um bom jardineiro para cuidar do jardim, ajudei-o em cada semente para que tudo estivesse perfeito.

Sabrina iria gostar daqui. 
E foi justamente uma foto nossa que eu coloquei num porta retratos do lado de minha cama, para que eu sempre visse o sorriso de minha mulata. O sorriso do meu amor 'seguro'.

Maldita hora em que roubei-lhe um beijo.

Ela que havia visto essa casa, disse que um dia compraríamos ela, moraríamos nela com o cachorro dela e com nossos filhos. Disse que colocaria o nome do cachorro de Duke. E disse que tomaríamos café todos os dias sentados naquela varanda.

Nada daquilo seria concretizado. 
E hoje, é o dia de minha mudança.

No exato dia em que se completam  6 meses que ela me deixou. Mas o dia está ensolarado hoje, não está chuvoso como naquela noite.

Ela me deixou seus quadros. Estão todos guardados meu quarto de pintura, tenho a obrigação de um dia expor todos eles.

Expliquei aos serviçais que passaria alguns dias fora, pedi para que eles organizassem cada canto da casa seguindo minha orientações e que poderiam sair assim que terminassem.

Então chamei o elevador e entrei nele, que foi descendo vagarosamente enquanto o rádio cantava "Retrato em Branco e Preto.

Me despedi do porteiro com um "bom dia" caloroso, guardei minha malinha, e entrei no meu carro, o mesmo que eu havia machucado o rosto a meses atrás.

E fui, devagar e ressentida, vendo o motorista dirigir até a casa de minha mãe. Ela desceu em silêncio, guardou sua malinha e me acolheu em um abraço silencioso quando me viu.

O motorista nos levou até o aeroporto e nós fomos vagando por ele em total silencio. Duas horas depois eu estava na Bahia, em Porto Seguro.

Tomamos um táxi, também silencioso, até o hotel em que estávamos. Fizemos o chek-in, e saímos em direção a Trancoso, ainda em silêncio.

Paguei o taxista e subi junto de minha mãe até o Quadrado de Trancoso, passei pelas casinhas que ajudei a pintar, me benzi na entrada da capela e passei por ela. Cheguei até o cemitério, mais silencioso que todo o meu dia.

Procurei a lápide com o seu nome e li a frase que ela sempre elogiou.

"Outro tempo começou pra mim, agora'' - AC

Sorri.

- Você vai ficar para sempre neste silêncio? Parece que quem morreu foi você. - Minha mãe disse nada discreta, e depositou a coroa de flores sobre o tumulto. - Ela era a última pessoa que eu imaginei que te deixaria assim, se precisar de mim... Estou ali na capela.

Eu beijei minhas flores antes de colocar lá também. Sentei-me sobre seu tumulto e me pus a conversar com ela com o violão depositado no colo.

- Lembra de como nos conhecemos?

 

*Flashback On*

A manhã é bem gelada aqui em Minas, se olharmos para a cadeia de montanhas sobre nós podemos ver a névoa que ainda espreita por aqui.

São 06:15 da manhã.

Estou caminhando lentamente para perder o primeiro tempo, não que fizesse diferença. Não tenho assistido as aulas para fugir de um carinha que vem me infernizando nos últimos tempos. - Mentira.

Na verdade, estou fugindo da dúvida. Ninguém quer duvidar do que sente, só pelo fato de ser uma garota! Que não é só uma garota, é a garota que todos os garotos querem para si.

E eu sou só a garota desleixada, que toca violão pelos cantos, bebe todas as noites, ouve poesia e ouve música. Que mal há nisso? Nenhum. De fato.

Mas o que me asseguraria que ela também tem desejo por mim?

Então eu chego diante dos portões da escola. Cumprimento o porteiro e caminho, como uma zero à esquerda, passo por centenas de alunos vazios, ou transbordando, e subo as escadas; interminavelmente.

Subi uns 8 lances de escadas até chegar ao telhado. E lá estava ainda mais frio, mas estava solitário; na proporção em que eu precisava.

Sentei-me no canto de sempre. Eu tirei minha mochila das costas, de lá tirei meu caderno de cifras e uma garrafa de vodca barata. Por hora, era tudo que eu precisava!

E seriamos só eu e meu violão ali se, depois de 4 copos, uma garota não me observasse.

Era bonita, pele escura, cabelos charmosamente cacheados, olhos penetrantes, um corpo belo. Era bela. Mas nada que fosse levado a sério.

- Quer companhia? - Ela disse se aproximando.

- Não.

- Pensei que fosse mais educada, Ana! Sai por aí esbanjando personalidade e sua força, chega a ser cômico te ver nesse estado. - Ela se sentou do meu lado, sorriso bonito ela tinha. Também tinha manchas de tinta na blusa, mas realçavam o pano velho e surrado.

- O que você quer? - Disse, encarando-a pela primeira vez e levando o copo a minha boca mais uma vez.

- Beber com você, posso? - Ela puxa o copo de minha mão, pouco depois que ele toca meus lábios. Vira o copo e me olha de relance, parece saber o poder que tem. Mas eu soltei uma meia risada. - E então, por que está aqui?

- Você ainda não entendeu que quero ficar sozinha, não é? - Eu disse, tentando ser um pouco mais ignorante do que o normal.

- E você ainda não entendeu que eu quero companhia.

- Que procure outra então! - Já estava quase explodindo com a garota. - Eu não sou uma boa amiga hoje.

- E vai ser amanhã? - Eu não estava acostumada a ser ovacionada da maneira que a garota fazia, ela era sorrateira e confiante. Demonstrava seu desejo, pois ninguém era capaz de nega-lo! Muito menos eu.

- Você fala muito! Não dá pra calar a boca e ficar quieta? Já me basta o falatório lá embaixo e os problemas de casa.

- Você é sempre idiota assim? - Ela se levantou bruscamente e me deu as costas, caminhou até onde poderia simplesmente ir embora.

- Qual seu nome? - Eu perguntei. Ela parou, respirou fundo.

- Me destratou e agora quer saber meu nome? Pra quê? Vai vir falar comigo quando estiver sóbria? - Ela estava irritada, muito irritada.

- Exatamente.

- Idiota! - Ela revirou os olhos e bateu o portão que levava as escadas. Foi a única maneira que encontrei de me livrar dela.

*Flashback Off*

- Eu sabia ser irritante, não? Foi até engraçado, mas você não desistiu de mim. - Eu sorria enquanto as lágrimas pingavam de meu nariz. - Lembra do nosso primeiro beijo? Eu nem sabia teu nome. Demorei para descobrir!

 

*Flashback On*

- Sabe que eu estou começando a goste de você aqui em cima? - Era a terceira vez que a garota permanecia comigo.

Ela não disse seu nome, mas sabia o meu.
Não falávamos sobre coisas pessoais, mas sim de arte.
Não andávamos juntas pelos corredores da escola, mas nós falávamos todos os dias.
Ela me entendia mais do que qualquer outro, mas não éramos amigas.

- O que te fez mudar de opinião?

- É bom ter alguém para conversar sobre poesia, música ou pintura. Sem que te olhem como se você fosse uma louca. - Ela riu. Escapou um sorriso de seus lábios.

- Saiba que isso não muda nada, ainda acho você muito ignorante! - Afagando seus cabelos com as mãos, encarou meu olhos quando disse. - Mas você sabe enganar bem, as pessoas acham que você é um anjo.

- Talvez eu seja... - Disse, fazendo uma expressão um tanto quanto pura.

- Um anjo caído, né? - Ela gargalhou, fortemente. E sua risada era comum, mas soava muito bem!

- Acho que quem está caído aqui é você! - Disse empurrando-a com o ombro esquerdo. - Talvez não seja nem uma quedinha, talvez você tenha um abismo por mim. - Ela me olhou surpresa.

- Quem disse? - Ela tornou a prender sua atenção nos meus olhos e intercalava para minha boca.

- Eu disse. - No fundo eu tinha medo de estar errada sobre ela e que fosse só amizade mesmo, mas ela era só mais uma que ia me odiar no futuro. Qual a diferença?

Eu cheguei mais perto dela e ataquei seus lábios rapidamente, de início ela resistiu mas logo estava tão entregue quanto eu.

Seu beijo era doce, tinha gosto de frutas vermelhas. 
Suas mãos eram suaves, seguraram minha nuca com doçura.
Seu toque era calmo, e mesmo assim tinha sua parcela de necessidade.
Sua timidez era notável, mas logo se escondeu quando deitou sobre meu corpo e continuou a tirar meu fôlego. Ela se separava de mim e voltava a se unir, os extremos firmes e doces que ela reproduzia, beijava-me e beijava-me. Sem parar.

*Flashback Off*

- Seu beijo era bom, eu lembro que voltei para casa atordoava depois disso tudo. - Eu já dedilhava o violão agora, olhava para a bela vista que tinha além de mim.

- Ainda está ai, Ana? - Minha mãe voltara.

- Eu tenho saudade dela.

- Então toque para ela a música que ela gostava, e depois me conte o que aconteceu naquele dia. - Ela se sentou ao meu lado.

- Não sei se estou pronta para falar sobre aquele dia, foi culpa minha.

- Mas você fez o que pode, querida.

- Eu não tive coragem de ir no enterro dela, mãe. Eu não fui na missa de sétimo dia. Eu só pude garantir que ela fosse enterrada aqui, em sua terra natal. - Sorri ao olhar para o horizonte outra vez. - Minha mineira baiana.

- Talvez esteja na hora de colocar isso para fora. - Minha mãe pegou uma flor e colocou em meu cabelo.

- Lembra de como você me deixou, Sabrina? - Eu deitei sobre seu túmulo agora, com a cabeça sobre o colo de minha mãe.

Eu precisava desabafar.
             E então eu comecei a contar.

 

*Flashback On*

Tínhamos acabado de chegar do aeroporto, voltamos da Porto Alegre hoje e voltamos para Guaratiba para pegar nossas coisas e começar continuar a vida. Estávamos preparadas para nos amar e passar por cima de tudo! Eu disse que não poderia me separar de Eva pois a amava e mesmo que quisesse tinha um contrato com a mesma. Porém aceitou ser dona da minha metade, então ela se separaria do marido, era simples. 
Na teoria era muito simples.

Paguei o taxi e ajudei Sabrina com as malas, entramos na casa e logo puxei a nega para o sofá ao meu lado. Toquei seus lábios rapidamente.

- Eu amei nossa viagem. - Ela disse brincando com minha franja, e tirando meus óculos para encarar meus olhos. - Podíamos fazer uma para o Caribe futuramente, o que acha?

- Praia? Não, amor! Prefiro que a gente vá pro Canada ou pra Rússia. O frio é melhor. - Ela riu de mim.

- Vamos dormir logo, amanhã a vida continua! Não é só férias não. - Ela me puxou até o andar de cima e colou seu corpo no meu debaixo do chuveiro,  depois colou seu corpo ao meu quando deitou-se na cama, e então colou seu corpo com o meu na manhã seguinte antes de entrarmos no carro.

Carregamos o carro e trancamos a casa, ela se sentou ao meu lado no banco do carona e colocou meu próprio CD pra tocar.

- Não se cansa de mim, não? - Eu sorri. E peguei sua mão. - Engraçado como tudo começou a 15 anos atrás, né?

- Eu nunca imaginei que um dia te reencontraria, Ana! Nunca imaginei um dia dividir a cama com você - Ela dizia se referindo ao que vivemos na juventude, nada que fosse muito na minha opinião. Mas significou muito para ela, as migalhas que dei e que ainda dou! Sabia que ia acabar com a vida da moça, em algum momento, mas não estou disposta a estragar agora. Estou realmente apaixonada por Sabina. O que custa dar essa chance?

- Mas agora sou sua. - E permanecemos cantarolando até estacionar em frente à casa dela, em Botafogo. Três meses depois.

Eu pude vê-la entrar pelo portão de seu condomínio e só então me senti segura para dirigir de volta à Barra da Tijuca, e me preparo psicologicamente para isso.

Quando cheguei fui ovacionada, me perguntaram o porquê de ter sumido. Fiz a sonsa e não expliquei nada entrei em meu quarto e me preparo para os dias que sucederiam.

Sabrina voltou a trabalhar um tempinho depois e eu estava ensaiando. Até o final de setembro, ficamos sem nos ver frequentemente... O que foi bem ruim. Nos falávamos por telefones, ela chegou a ir em alguns ensaios mas nada que fizesse muita diferença. A saudade foi grande por muito tempo, e tratou de se alongar interminavelmente quando nos vimos pela última vez.

No dia 25 de setembro, eu busquei Sabrina para jantarmos. Eu tinha acabado de sair de um ensaio, eram mais ou menos 20:00 quando ela entrou no meu carro.

Abracei-a imediatamente e senti mais uma vez seu cheiro cítrico, absorvi todo o aroma de seu pescoço e logo em seguida encarei seus olhos escuros, quase cintilantes agora.

- Terminou o ensaio mais cedo só para me ver? - Ela disse beijando-me os lábios rapidamente e saudosamente. Seu beijo estava mais doce esta noite.

- Estava na hora, não acha? - Arfei, e logo voltei a abraçá-la. - Você é a única coisa que me impede de ficar me agarrando com qualquer uma na noite  carioca. - Ela riu.

- E nem precisa ir pra noite, né Ana? Acha que eu não vi aquela diretora se engraçando para você nos ensaios? Teu cheiro é diferente cada vez que a gente se encontra. Eu só parei de ligar, entendeu? - Ela se soltou de meu abraço. - Qual o destino?

- Eu nem me agarro com tanta gente assim, Sabrina.

- Eu sou dona de 1/8 seu. Já entendi isso! - Ela ria sozinha enquanto me pus a dirigir mais uma vez.

- Que divisão é essa? - Olhei de relance para seu rosto.

- As oito partes de Ana Carolina! As principais, ao meu ver. - Ela fez uma breve pausa.

- E quais são? Respectivamente, por favor.

- A música, sua mãe, Eu, seu violão, Chiara, seus fãs, Eva, viagens e seu falecido pai. - Ela sorriu para mim quando parei no sinal e a encarei. Pensei por alguns segundos e voltei a fitar a rua, uma chuva fraca começara a cair. - Acertei? - Eu a olhei, temia que não gostasse da resposta.

- Claro. - Forcei um sorriso.

- Seja sincera.

- Quer mesmo a verdade? - Voltei a dirigir.

- Somente a verdade, Ana Carolina. Não ouse mentir pra mim. - Suspirei. Fazia tempo que não falava nela.

- A posição de Chiara não está tão correta quanto pensa. - Ela me olhou confusa. Sai do carro e entreguei a chave ao manobrista, guiei Sabrina a entrada do restaurante. O gerente nos levou até uma mesa mais reservada, sentei-me de frente para ela e senti o clima pesar. Mas fingi que nada aconteceu, pedi a comida e fomos servidas ainda em silêncio.

- Vamos ficar nesse silêncio? - Ela me chamou atenção enquanto eu olhava o rabo da saia de outra mulher. - Ei.

- Achei que tivesse falado algo errado, você parecia brava. - Bebi um gole de vinho.

- Você não está ajudando olhando para a bunda das outras. - Ela arqueou a sobrancelha direita.

- Ficou chateada com o que eu disse sobre a Chiara? Eu já a esqueci, nega.

- Não, sei que ela está abaixo de mim. Então não tem importância. Bobeira ligar pra ela. - Pigarreei, e apertei minha coxa. Bati os pés no chão, fiquei inquieta por iludir tanto assim a menina. Quase ouso dizer que comecei a me sentir culpada. - Está abaixo de mim, não é Ana. - Notavelmente, ela tinha ciúmes. Abri a boca para falar, ela me interrompeu. - Não ouse mentir pra mim. - Suspirei novamente. 

- A Chiara está mais acima disso.

- Antes de seu violão?

- Antes de tudo. Ela está em primeiro lugar, sempre vai estar. - Respondi de olhos fechados, sorri ao lembrar da cor de seus olhos. Não obtive resposta. Abri os olhos vagarosamente e vi que Sabrina não estava mais a minha frente. Ela atravessava a porta agora.

Peguei minhas coisas rapidamente e joguei algumas notas de cem em cima do gerente, sai correndo atrás de Sah.

- Sabrina? - Ela nem ousou me responder. A chuva caía sem piedade. Eu não a via, perdia-a de vista. Entrei no carro e procurei ela aos arredores do restaurante, mas não havia sinal dela; Corri por aquelas ruas mais uma vez até chegar à frente de seu condomínio. Não era longe, uns 5 minutos de carro. Talvez 20 a pé!

Sentei-me, debaixo de chuva, na calçada; rezando para que tudo estivesse bem com ela! Após tocar inúmeras vezes o interfone e não obter resposta, fiquei mais agoniada. O meu telefone já não aguentava mais água da chuva e ele gritava 1% de bateria, e nada de sinais dela.

Com risco de ser assaltada, sequestrada, estuprada, morta ou até pegar uma doença... Me rodavam na cabeça milhares de pensamentos, e foi a voz dela que abafou o silêncio no meio daquela rua deserta.

- O que está fazendo aqui? - Ela disse com o rosto encharcado, não só pela água da chuva mas também era marcado por lágrimas.

- Vim ver como você estava.

- Pareço bem? Me entreguei inteira pra você nesses últimos meses pra ouvir que o fantasma da Chiara ainda te assombra, pra ouvir que aquela louca ainda é presente no teu coração. Eu fui assaltada, quase estuprada e estou sem nenhuma dignidade agora! Tem noção do que é isso? Você tem o dom de estragar as coisas, Ana Carolina! Você tem o dom de destruir as pessoas. VOCÊ É CRUEL. - As palavras dela me serviram como a vida me cortando a carne com seu guizo, eu que estava preocupada me senti horrível por não te-la procurado mais e me senti pior ainda por ser a culpada de vê-la naquele estado.

- Me perdoa. - Foi tudo que eu consegui dizer.

- Você acha que eu deveria te perdoar? Seja sincera, olhe para mim e veja tudo que fez comigo. - Eu a analisei, a seus olhos medrosos, seu vestido rasgado, seu rosto marcado. - Agora responda, eu devo te perdoar?

- A gente pode...

- A gente não pode nada, Ana! Pare de iludir as pessoas. - Ela passou por mim. Segurei seu braço.

- Sabrina, nós podíamos conversar!

- Nós não podemos nada. O "Nós" nunca existiu. - Ela estava prestes a fechar o portão na minha cara quando  eu voltei a força-lá a ficar de frente para mim.

- O nosso amor é mais que isso tudo, Sabrina. Sabe que podemos passar por isso! - Eu tentei segurar tua mão, ela recuou.

- Nosso amor? - Ela acertou meu rosto com tapa. - Ele nunca existiu de verdade, você sabe que eu fui a única que amei aqui. - Ela limpou suas lágrimas. - Faça algo de útil para a vida, Ana, que o 'nosso amor' sirva de lição. - Então eu puxei o corpo dela para entrar em choque com o meu, ela olhou para o chão. Sabia que não ia resistir, e eu era muito menos que a canalha que estragou tudo naquele momento. Eu era a canalha que ia matá-la, sem nem saber. - Eu te amo, Ana. - Ela disse quando meus lábios estavam a menos de um centímetro dos delas, ela tentou se afastar mais uma vez. Mas eu a puxei para meus lábios dessa vez, senti todo o seu corpo corresponder aos meus toques! Explorei mais um pouco os extremos de Sabrina, senti as lágrimas dela tornarem nosso beijo mais molhado do que a chuva já o fazia.

Mas foi quando tudo aconteceu.

Um homem, de pele bronzeada e roupas pretas, me empurrou contra meu próprio carro. Bati meu rosto e fiquei um pouco zonza, teria permanecido mas ouvi Sabrina gritar meu nome, ela gritava por socorro.

O portão se fechou e o homem arrastava Sabrina escada acima, ela se debatia, ela gritava e chorava. Eu a ouvi gritando.

Ainda bati no portão na esperança de abrir-lo, ineficaz.
Peguei meu telefone, estava sem bateria, ineficaz.

Gritei desesperadamente naquela rua e então um casalzinho, que seria fofo se o momento não fosse desesperador.

- Ana Carolina. Ah meu Deus, sou sua fã. Lembra de mim? - A menina ia falando alguma história que nem prestei atenção. Senti que eles não tinham percebido meu desespero. O rapaz já havia sacado o telefone quando a menina finalmente me olhou nos olhos, eu sei que eles gritaram por ajuda.

- Ana, está tudo bem? - A jovem disse.

- Está ouvindo esses gritos? É da minha namorada, me ajuda por favor! Meu telefone não tem bateria, liga pra polícia, pra uma ambulância, pros bombeiros, pra NASA... MAS PELO AMOR DE DEUS, FAZ ALGUMA COISA. - Eu abracei a garota sem nem saber quem era e vi o garoto discando diversos números. A menina foi solidária, se sentou comigo na calçada e ficou tentando me acalmar enquanto a chuva ainda caia e os gritos de Sabrina ainda me torturavam.

- ONDE ESTÃO ESSES IDIOTAS?

- Já devem estar chegando, Ana, fique... - Ela parou de falar e um silêncio devorador se apossou do ar a nossa volta. Eu a olhei, ela me olhou e eu voltei a olhar para a janela que sabia que era de seu apartamento.

A luz estava acesa. Sempre acesa. 
Era como Sabrina sinalizava pra mim que estava em casa.

A chuva cessou brevemente e um vento balançou meus cabelos. 
Eu não tive reação alguma depois disso.

A garota ameaçou me abraçar, eu recuei. 
Então o menino abraçou ela, estava em prantos agora.

Então os policiais chegaram, seguidos pela ambulância.

Eles abriram o portão em um estalo, eu corria frente deles, subi as escadas tropeçando e desenfreadamente.

Bati a porta do apartamento dela, então ouvi passos e um último grito abafado. Fiz o trabalho dos policiais quanto arrombei a porta à próprio punho.

Eu olhei as paredes marcadas de sangue, e o meu mundo entrou em câmera lenta. Eu ainda vi a luz deixar seus olhos, fui incapaz de me mover! Eu cai sobre meus joelhos.

Então a polícia me alcançou e tirou o cara de cima dela.

Mas já era tarde.

Seu corpo estava machucado, os olhos escuros e sem luz, seu vestido estava banhado sangue. Ela estava imóvel.

Vi alguns policiais levarem o cara, apartamento a fora.

Vi o casal abraçado, chorando.

Abracei o corpo estático de Sabrina no chão. Chorei incansavelmente pelo que pareceram anos. Deixe-me sujar de seu sangue.

- Eu também te amo, Sabrina. - Por fim, eu disse.

Mas já era tarde.

*Flashback Off*

 

- Foi tarde, Sabrina. Tarde demais para me declarar ou para qualquer coisa! Mas me desculpe, me desculpa por não ter me doado como deveria, me desculpa por não ter te amado como você merecia, desculpa por ter tirado tua paz, desculpa por não ter te dado beijos mais doces, desculpa por não ter feito nada por você, desculpa por ter tirado tua vida. - Eu segurei as lágrimas e me levantei do colo de minha mãe.

Cantei para Sabrina e chamei atenção quando o violão me acompanhou, terminei a música com uma proporção de aplausos.

Agradeci por sempre ter publico, não importava onde fosse. 
Me despedi de Sabrina e sentei-me à beira do mirante, vi um barquinho rumando para longe, vi uma mãe abraçar o filho, vi o sol brilhar mais uma vez, e por fim...

Ouvi a voz da mulata baiana metida a mineira, quando fechei os olhos.
Senti teu abraço quando sorri.

- Eu te amo, Ana. - Ela disse.

- Eu te amo, Sah. - Eu respondi.


Notas Finais


Um toque de drama pra essa fanfic minha gente!
E ai? Posso postar outro?
Até o próximo.
Me encontrem no Twitter: @BzZando :)


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