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História Dolce Cuore - O baile - História escrita por BzZando - Spirit Fanfics e Histórias
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História Dolce Cuore - O baile


Escrita por: BzZando

Notas do Autor


Heeeey! Eu sei que sumi, sim sim sim.
Mas achei importante voltar nesta semana, porque- mesmo que muitos não saibam- a fic completou 1 ano!

Eu me senti em dívida com cada um que acompanha, e por isso tenho me esforçado pra entregar mais resultado em menos tempo.

Sou muito grata por cada favorito, por cada comentário e por cada visualização!
Sou muito grata pelas pessoas que conheci, os amigos que fiz, as bênçãos que me foram concedidas e por tido a chance de fazer parte da vida de cada um. Aos elogios que já recebi durante esse longo tempo, agradeço também!

Nunca poderia retribuir ou agradecer plenamente tudo que Dolce Cuore me proporcionou, bato na tecla e acredito fielmente que escrever esta história foi uma de minhas melhores escolhas.

Obrigada a cada um de vocês, em especial para Mar e Vic que foram tão importantes pra mim neste caminho todo.

Sem mais delongas... Aqui está mais um!
Espero que gostem.
Boa leitura 💙

Capítulo 54 - O baile


Fanfic / Fanfiction Dolce Cuore - O baile

Chiara's POV

O espelho parece meu inimigo agora.


Não sei se é o nervosismo pela chance de encontrar Isabella, ou o medo de que Ana fique com ciúmes ou até mesmo a insegurança de não estar bela o suficiente.

Sigo mexendo em meus cabelos, faço e desfaço penteados.


Assim como faço com os botões do terno que decidi usar, fecho-os e abro-os.

Me olhava no espelho buscando imperfeições, mas sem nunca esquecer da beleza que eu podia ver também. Um fio de cabelo fora do lugar, um botão que disfarçaria mais ou menos a pele por baixo do tecido. A maquiagem majestosa que eu passei horas a tentar fazer. Os pés postos e guardados no salto preto, valorizando-me ainda mais.


Eu me sentia um tanto Ana Carolina agora. Me sentia tão atraente e sexy quanto ela era para mim.

Conferi a mim mesma antes de sair do quarto e fechei os olhos a suspirar quando me lembrei das palavras que Ana havia me dito a algumas horas.


"- E não importaria se todo tempo do mundo acabasse, o nosso amor seria eterno não só porque te amo como Chiara; mas te amo enquanto alma. Te amo enquanto tudo que és pra mim. - Ela sorriu neste intervalo. - E talvez você não saiba que todas as noites, eu sonho com o "nós". E não me surpreende que eu pareça louca ou obcecada... Eu sou feliz contigo, amor. E não poderia fazer de você menos do que a mulher da minha vida, mesmo que eu acredite que esta vida é pouco para todo amor que guardo para você."

Abri meus olhos com a doce sensação de amar, e enquanto descia pelo elevador; fui preenchida pela ansiedade.


Ansiei a saudade de Ana, Por querer pôr um fim nela.

Busquei seus olhos quando encontrei um mar de gente bem vestida, perfumada, elegante e de nariz em pé.


Olhei todo o redor e via aquelas vias de vestidos longos pretos, brancos, areias, vermelhos, azuis. Justos, rendados, soltos, vulgares e outros não.

Mas sem saber no que buscar, sem saber o que esperar... Busquei o quase ruivo intenso que eu reconheceria até em outras vidas.


Vermelho, ela trajava.

Eu a vi, delicada e discreta do outro lado do salão. Ela tinha um sorriso tímido, e um olhar quase perdido. Pude ver que ela também me buscava, e notei também o brilho dos olhos castanhos ao encontrarem os meus... Tenho certeza que eles passavam tanto quanto os meus.


Eu caminhei sorrateira por entre as pessoas perdidas e parei diante da dama que havia me dito palavras bonitas enquanto eu tinha Meus olhos quase fechados. Eu não cometeria a audácia de fazer menos do que amá-la. Mas eu precisei sorrir indiscretamente, e talvez mais maliciosa do que eu costumava ser, quando a analisei.

O salto deixava a ruiva mais alta, o corte do vestido fazia ela parecer mais esbelta do que era para mim, seu rosto... maquiado levemente; expunha os lábios tão desejados por mim por trás de um batom tão aceso quanto o que eu usava.


Eu quis beija-lá no instante em que lhe olhei, mas contive em apenas em dizer o quão bela estava.

Encantadora. Magnífica. Incrivelmente sexy. Linda.

Eu poderia passar o resto da noite rasgando elogios pra mulher a minha frente, mas o olhar que lhe lancei e o estalo das taças de cristal ao fazer um brinde; valeram muito mais.

- Você sabe como me surpreender, Carol! - Eu disse analisando-a toda. De fato, eu já havia imaginado que seria um vestido; mas vermelho, tão feminino. Nunca imaginei que veria Ana de tal forma, ou talvez tenha imaginado em uma daquelas minhas fantasias em que ela parece muito mais mulher assim. Eu gosto dessa versão pomposa de Ana, a majestosa pose lhe cai bem.


- Você também não saiu atrás não é, amor? - Ela passa a mão pelos botões do terno que uso. Ela dá um passo à frente. Pondo-se a centímetros de mim. - Não vou mentir, você fica linda assim.

Acabei por sorrir e me sentir corar outra vez. Olhei de relance para o chão para esconder a timidez.


-Vamos dar uma volta, amor! - Eu chamei dando lhe o braço que ela me acompanhasse. Braços entrelaçados, ombro a ombro, cinturas se esbarrando por algumas vezes.

Ana pareceu ter visto um fantasma ao chegarmos à beira da piscina que, aliás, trazia um olhar intimista e delicado aos jardins iluminados e bem floridos. Eu olhei ao redor, temendo um medo passado. Medo de encontrar o par de olhos sedutores que me causavam os arrepios até a espinha.


Não que houvesse outro par de olhos que eu ame mais do que os castanhos-chocolate- de Ana, mas eu temo aqueles olhos e toques. Temo as mãos, de sutil e derradeiro sentimento que me faz correr perante a mim quando rente a nós.

Era notável a insegurança nos meus passos medrosos e nos desajeitados sobre saltos que Ana decidiu usar. Era incomum vê-la de tal forma e eu fiquei- e ainda estou- imensamente impressionada por vê-la vestida de tal forma. Chegava a transbordar elegância.


- Com licença. - Um sonoro tom nos chamou atenção. Desconhecido som de voz para mim fez Ana respirar fundo. Talvez um conhecido que ela desgoste.

-Ciao, caro ragazzo! - Eu sorri, sendo retribuida no instante que se sucedera. Ele era encantador, eu diria. Negro, alto, esbelto. Olhos profundos, braços musculosos. Ficava bem em trajes sociais.


- Italiana? - Parou por um instante. - È un piacere conoscerti. - Ele emendou e riu da minha notória cara de surpresa. - Sono Jorge. - Ele estendeu sua mão num gesto de cavalheirismo.

- Chiara. - Eu ri. - Fala muito bem italiano. - Foi minha vez de surpreende-lo. - Alias, acho que não fomos apresentados... - Eu olhei desconfiada para Ana ao notar seu nervosismo e o olhar do tal Jorge sobre ela. O tal nome não me parece familiar.


-Ah sim. - Ela pareceu ter voltado ao planeta Terra. - Este é um colega de infância.

-Colega, Carolina? - Carolina?- É esta a nomenclatura que cabe a mim depois de tanto tempo?


- Vocês já tem certa intimidade, não? - Insinuei a mostrar meu descontentamento.

- Uma linda história do passado. - Ele disse, sem sequer disfarçar o olhar sobre Ana- que começara a ficar sem jeito.


-Linda história... - Ana repetiu mais pra si, tal como se estivesse entrado num flashback.

-Me admira você, Ana, nunca ter falado de mim para sua amiga.


- Na verdade, querido... - Maldito olhar que correu por trás dos ombros do rapaz. Outros cabelos ruivos balançavam conforme o vento que passava e nos banhava a pele. Outros passos se tornaram cautelosos.

- Amor. - Ela disse tocando o ombro do rapaz que etão deixou de encarar a minha mulher. - Civello. - Ela fez uma reverencia com um sorriso escondido no canto dos lábios. - Você é...? - Seu tom fez soar o maior dos cinismos sobre Ana.


- Ana Carolina. Já fomos apresentadas?

- Não. Prazer, Isabella. - Ela sorriu.


Foram as unicas frases que rolaram até eu ficar nervosa o suficiente diante de Isabella e então dar as costas para pegar um bebida. Sei que não tenho cacique para manter a pose por tanto tempo diante de Isabella. Uma hora olharia diferente, uma hora Ana notaria.

A tal da luz das estrelas criava um reflexo belo sobre a piscina e alua, além de nomear o drink que eu tomava, presenciava a música suave e as risadas exageradas do salão. Pessoas desconhecidas demais para mim cumprimentavam Ana com um ar de saudade e nostalgia. Toda essa confraternizou me lesou ao lado de minha amada que, aliás não só surpreendeu a mim mas a todos que a encontravam, se escondia e fugia do tal cavalheiro Jorge.

Poderia apenas parecer coisa da minha mente enciumada, mas jamais deixaria de notar os olhares do bom rapaz sobre minha mulher. Enquanto bailava tranquilo com sua dama, que já fora minha, passava despercebido pela multidão e até por Ana que parecia estar, agora, mais preocupada com suas memórias. 

Minutos se passaram até Beatriz chegar em um belíssimo vestido verde escuro, que lhe valorizava as curvas e lhe deixava exposta a perna esquerda em uma fenda bem desenhada. Bia era linda e eu não podia negar isso. 

Eu a vi cumprimentar Jorge, que estava perto do barman. Seu sorriso sutil me fez pensar se ela não fora apaixonada pelo rapaz a alguns anos. Vendo por seu jeito galanteador, eu não duvidaria nenhum pouco. 

Bia acenou pra mim, e eu levantei minha taça em menção a ela antes de tomar outro gole enquanto ainda era observada por ela; que buscou Ana a alguns metros de mim e lhe cumprimentou.

- Que indelicadeza a de sua namorada, ein. - O cheiro de alcoól misturado ao hálito menta de Isabella era conhecido para mim, trazia pessimas lembranças. Não que ela não trouxesse, mas já era de se esperar que uma hora nos esbarraríamos. - Deixar você aqui sozinha...

- Eu respeito o o momento dela, sabe? Ela está de volta a sua cidade natal. Deve estar doida de saudade das pessoas daqui. - Eu sequer lhe olhava nos olhos agora, e nem nervosa me punha a esta altura. A proximidade de meus pensamentos com Ana era tanta que sua presença... Era apenas mais uma.

- Eu entendo, Jorge também está todo saudoso. Quer reviver momentos aqui, mesmo que seja impossível. - Ela disse, parecia um pouco amargurada. - Eu realmente não vejo graça nenhuma nesse monte de mato.

- Talvez não tenha graça, Isabella. - Eu recebi seu olhar surpreso. - Mas existe sentimentalidade no ar. Partidas nunca são exatamente perfeitas, sabemos disso. Eu e você estamos acostumadas a partir e ver as coisas partirem, estamos acostumadas com a grandiosidade e por fim nos esquecemos da magnitude e beleza da simplicidade que se pode encontrar no coração de outras pessoas... - Bebi o ultimo gole de minha taça.  - Ou nesse monte de mato. - Ela riu.

- Você a ama, Chiara? - Ela repousou seu olhar no meu, talvez com o medo que eu jamais vi em seus olhos.

Sua pergunta me fez pensar em respostas magníficas e em respostas insignificantes.

Me peguei pensando no quanto havíamos passado em todo esse tempo. Fiquei pensando no que de fato era amor, e não; não me convencia de que o beijo de amor verdadeiro dos contos de fadas nos era suficiente. éramos mais do que isso. Estamos longe de ser convencionais e cair nos descasos iguais e desiguais que você pode encontrar em qualquer casal que diz "sim" diante de um matrimônio. 

Acho que atravessamos essa intimidade. Acredito imensamente no quanto eu posso ter sido presenteada por alguma força divina e por fim caí nos encantos dela. Lembrei da primeira vez que a vi, e uma lagrima rolou de meus olhos. Era muito mais do que encontrar uma mera pessoa. Encontrei tudo que busquei na levezas dos ares do mundo. E a dádiva de se encontrar nos olhos de alguém, eu jamais provaria de outros olhos... Pois o brilhos daqueles castanhos, a luminosidade daquele sorriso e força do "nós"... Me fazia acreditar de que a vida vale muito mais do que só nossos desejos carnais e mimados. Eu havia encontrado amor em alguém que eu sequer imaginei que um dia conheceria e sim, acredito agora na força do que o destino nos prevê! Se estaremos juntas, se continuaremos nos amando, se seremos tão intensas e tão nossas quanto somos agora daqui a um ano; eu realmente não sei e nem temo tal resposta.

Eu sei quem sou, e sei que encontrei a outra metade de meu coração quando uni o meu ao dela. Quando fiz do cheiro dela o ar de meus pulmões e de quando fiz de mim muito mais... para ela. 

- Sim, Isabella, eu a amo. - Ela riu, mais para si do que qualquer coisa. Parecia debochada.

- E  aquelas juras de amor feitas em Cecilia? Não valeram de nada, né? 

- Cecilia? Tá ai... Não valeram mesmo, Isabella. Acho que as coisas mudaram muito de lá pra cá... Eu sequer sabia se o que tinhamos pode ser chamado de amor, ou alguma forma dele. 

- Você costumava ser menos fria, Civello.

- Você costumava ser menos cínica, Bella. - Eu disse, debochando. - O nosso mundo deu voltas, não?

Eu recuei de sua mão quando ela encostou na minha, sabia de seus efeitos a mim e não negligenciava nenhum deles. Havia muita saudade dela no ar, mas já não era mais do que só desejo. Controlável. E não... Isabella não tinha nada de bom pra me oferecer agora. Não podia oferecer a mim a calmaria que Ana... ah, ela não trazia a calmaria, de fato. Ana é tudo de conturbado. Mas aquele meu vazio... Se preenche sempre que me sinto próxima a ela.  

- Vou pegar mais bebida. - Ela disse após o silencio ensurdecedor que ficou no ar, e então foi se levantando e me deixando só outra vez.  - Eu volto, amor. - Debochou.

Eu não sabia ao certo o que passava dentro de mim agora, mas apesar de já não me sentir refem da portuguesa; sentia algo no ar entre Jorge e Ana. Não acho que serei traída, por mais esta vez. Nem acho que exista algo entre os dois... Mas ele a atrai, e é nítido para quem quer tenha curiosidade de ver. 

Fui despertada de meu transe por Beatriz, que me notou sozinha nas dezenas de segundos a seguir. 
Mas me por ao lado deles, não mudou muita coisa. Afinal, eles falavam de passado. E o meu passado, imposto tão presente ali, era tudo que eu queria esquecer.

- Seria bom se nos encontrássemos algum dia, poderíamos visitar o antigo bar que frequentávamos... - Beatriz, tão oferecida que ousei acreditar que Ana, que agora se comportava mais discretamente, não era a única atraída por alguém ali. 

- Ah claro, Bia. Acho que podíamos nos reunir outra vez, convidar Sabrina talvez! Ela era muito sua amiga não, Ana? - Foi o momento em que Ana parou um pouco, não sabia ao certo o que havia com ela. Sabia sobre Sabrina, soube de seu marido homicida, e da loucura- que já não me era estranha- de Eva que mandara matar a jovem moça. 

Ela respirou fundo, eu busquei sua mão e a apertei. Talvez fosse um gesto simples, mas eu imagino o quanto era importante pra ela. 

- Era minha amiga sim, mas acho que ela não vai poder comparecer. - Ela foi servida por um garçom que encheu sua taça, e prosseguiu. Mais firme do que eu mesma havia imaginado que estaria. - Ela faleceu, Jorge. Vai fazer 3 anos, não ficou sabendo? 

- Na verdade, não. Meus sentimentos, querida. - Ela apenas sorriu fraco. Um silencio se instalou e vimos Ana sumir por um instante; talvez porque ha tempos que sequer tocamos no nome de Sabrina.

- Pode deixar que eu falo com ela, sempre foi assim. - Antes que eu pudesse dizer algo, Jorge deu alguns passos atrás dela. Ela se assustou com seu toque, mas seu olhar se fez em calmaria quando o viu. Ele lhe tocou as mãos e a abraçou firmemente lhe transmitindo uma segurança, tão grande que eu duvidei se um dia veria Ana diante daquela vulnerabilidade outra vez. Ele emendou outros assuntos e fez ela rir, ela se soltava cada vez mais proximo dele. Sorria timidamente, escondia seu desejo. Eu não fazia ideia do que passava em sua cabeça... Mas garanto que minha vontade era ir até lá.

Diante da minha tomada solidão outra vez, observei. Beatriz bailar com um paulista engraçado, Ana se embebedar de risadas com Jorge. E Isabella se aproximar outra vez.

- Como se sente, Chiara?  Não se incomoda nenhum pouco com isso? 

- Você podia recolher seu noivo, não? Acho que ele se engraça demais pra quem está prestes a casar. 

- Vai me dizer que não sabe o porquê? 

- Sei de que, Isabella? 

- Não está óbvio pra você? Eles namoraram no passado! Mas Jorge decidiu seguir carreira em Portugal e teve que deixá-la... Foi doloroso pra eles e parece que não se superaram, porque o grude desses dois está me dando nos nervos! - Ela riu. - Mas acho que você não vai querer falar disso, não é? 

Olhar para Ana agora me dava um bocado de sensações diferentes. Eu me sentia um tanto enganada, duvidava da confiança de Ana por não ter me contado sore Jorge a esta altura! Talvez estivesse sendo hipócrita por também não ter contado sobre Bella, mas eu tive o minimo trabalho de não valorizar a situação por saber que é algo que já não me trará mais nada de bom. Será que Jorge traria a ela? Talvez a sua ausência ao meu lado essa noite valorize ainda mais os fatos, mas o que posso dizer? Me senti ainda mais sozinha, senti como se não fossemos uma só. Pois diante do que eu via, notei que não havia mais nada para notar. Era simples.

Os olhares, os toques, o vestido, a delicadeza. Ana não era apenas Ana, ela voltara ao que já foi um dia, e por mais que eu ame vê-la de tal forma. Sou banhada por ciumes quando lhe olho agora.

- Não vai perder tempo com isso vai, meu bem? - Isabella me despertou. - Toma um drink e baila comigo? - Ela me fez rir, era uma boa lembrança de um festival de música brasileira na Italia. Rita Lee havia cantado essa música e nós, com nossos copos de cerveja barata e juventude transpirada na pele, bailamos juntas no meio da multidão. 

- Só um drink. - Eu disse.

- Eu prometo que te deixo em paz depois, ou não. - Ri outra vez e ela me puxou pela mão. - Ainda gosta de romã? 

- Claro, vai me trazer um banho de lua? - Eu lhe questionei, eram lembranças atrás de lembranças. Por um instante não era só Ana e Jorge que se mostravam saudosos. Também estávamos, longe de nossa terra natal. Mas um pouco preenchidas no breu daquela noite de gala. 

- Claro, Mea Dea. Trabalho com lembranças aqui, bem me lembro de quantos você bebeu na festa de 25 anos de Giorgio. 

- A gente combinou que esqueceria aquele vexame. - Disse rindo enquanto pegava minha taça e ouvia o estalar do cristal ao brindar com Bella. - Você não deveria ter me deixado beber tanto. -  Foi engraçado recordar das 7 rodadas de álcool que invadiram minhas veias naquele aniversário. Eu subi no palco da boate e cantarolei como uma louca, como em Eclipse Twist. Me sentia como a deusa que Isabella me punha em todas as nossas noites. Eu era soberanissima diante daquelas centenas de pessoas.

- Ainda me acompanha tão bem quanto das outras vezes? 

Dentro do salão víamos além de nós duas, eu pude ver o olhar de Ana buscar algo ao entrar acompanhada de Jorge. 

- Não estrague sua noite, Civello! Mantenha sua pose. - Ela riu e disse assim que notou, não posso negar que, sim, Isabella me conhece de outros carnavais. - Mas não precisava me ouvir, se quiser. 

Ela me puxou pra bem perto, grudou seu corpo no meu naquele salão. 

- Só não me deixe te levar. - Ela sussurrou, logo ao mordiscar o lóbulo de minha orelha. Me guiou pelo salão diante de uma música animada, dançante; que lhe dava o toque sensual e nos confidenciava a proximidade.  

- Você não presta, Isabella. - Eu disse entre suspiros quando sua cintura acompanhou a minha. De costas pra mim, com seu corpo encaixado no meu; ela riu. Sempre fora traiçoeira. 

- É por isso que você gosta. 

Não demorou muito pra meus olhos rodarem pelo salão a buscar Ana outra vez. 

Sem sucesso, apenas continuei a daançar. Sem nem notar, a música se lesou e eu estava costa a costa com ela. Isabella me fez rodopiar e cair nos braços de seu noivo.

- Vocês combinam isso? - Eu lhe perguntou assim que ele se colocou a me guiar. 

- Na verdade, não. - Ele diz diante dos nossos "dois pra cá e dois pra lá". - Eu tenho permissão pra lhe guiar, madame?

 

 

- Já não está fazendo-o, cavalheiro?

- Cê parecia mais doce do lado de Ana, o que houve? 

- SSó acho conveniente que você e Ana estejam tão proximos.

- Isso tudo são ciumes? 

- Ela é minha mulher, queria que eu lhe aplaudisse ao galantear ela? 

- Me parece que não é a única com ciumes. Observê-a. - Ele inverteu nossos lados e eu pude ver que Ana buscava outros olhos além dos de Isabella. 

Ela franziu o cenho como se conversasse comigo, eu fingia não entender e a gente seguia na nossa linguagem de sinais. 

Não durou muito até que eu me irritasse silenciosamente e pedisse licença a Jorge. 

- Mas a sua dança ainda não terminou, querida! - Ao me guiar, Jorge me levou as mãos de Ana dessa vez. 

Lá estava eu, diante da mulher que eu amava, com raiva dela. Que não me guiava como Isabella e que não tinha controle como Jorge. 

Ana jamais poderia tomar as rédeas diante de nós, e isso é algo que preciso me acostumar... Porque se já estamos acomodadas e satisfeitas do jeito que estamos há 10 anos, não sei o que pode ser do amanhã. 

(Ainda mais com o interesse repentino de Ana em Jorge.)

- O que estava fazendo com Isabella? 

- Dançando, oras. Não viu? - Eu falei desinteressada, querendo irrita-la. 

- Interessante a maneira como você dança com ela. 

- Você não cansa de se fazer de vítima? 

- Desculpe? 

- Você tem me deixado sozinha durante toda noite e agora vem me dizer que interessante é a maneira que eu danço com ela? Se quisesse dançar comigo, era só me chamar. Eu aceitaria estar ao teu lado como tenho feito esse tempo todo, mas parece que só lhe é conveniente se seu cavalheiro lhe convidar, certo? - Eu soltei suas mãos de meu corpo com um pouco de rigidez nos toques, não queria lhe passar a dor que sentia ao fazê-lo. - Não gosto dessa música, perdi a vontade de dançar. - Foram as ultimas palavras que disse antes de me virar e seguir caminho aos jardins outra vez, tomaria os elevadores e voltaria ao nosso quarto. Tentaria descansar e esquecer as revelações e indignações da noite. 

Se não fosse pela voz pouco grave e rouca que me chamou, eu ignorei na primeira vez ao acreditar que era Ana. Era só Isabella, e esse se tornou meu maior problema. 

- Não vai, Civello! Ana é uma babaca e não sabe te dar valor, nunca soube! Fica comigo, cara. - Visivelmente bebada, ela chamou um pouco de atenção e me fez corar diante do constrangimento.

- Isabella, acho melhor você voltar para perto do seu noivo. Obrigada por não ter me deixado sozinha, mas eu vou pro meu quarto. - Foi tudo que consegui dizer antes dela jogar a taça no chão. 

Estraçalhada como eu. 

Isabella voltou a ser mais rápida e me empurrou contra uma parede qualquer, suas mãos foram até os botões enquanto olhava atraentemente pra dentro de meus olhos. Senti minhas pernas fraquejarem quando suas acariciaram levemente minha barriga. A sua boca ficou rente à minha, antes de tocar-me os lábios... Ela desceu até meu pescoço onde seguia a estimular meus arrepios. 

Senti repulsa naquele instante, de mim. Me senti suja ao sentir teu toque.

Lágrimas escassas escorreram pelo canto de meus olhos, eu me senti indefesa e apenas a empurrei. 

- Você não poderia ter feito isso comigo! Está me fazendo mais um de seus joguinhos, não cansa nunca disso?

- e você não cansa nunca de me fazer sentir dessa forma? você me chama, me provoca, me deseja e depois me ignora.

- Eu só preciso ficar sozinha. Preciso ir pro meu quarto, não suportaria mais um minuto olhando pra Ana. Se você, faria o mesmo. Seu estado está desprezível. -Neste segundo, eu vi Jorge atravessar o jardim e chegar perto de nós. Acompanhado por Ana, é claro. Que parecia um pouco mais atenta ao que a portuguesa diria.

- Então é isso que eu mereço, Civello! Seu desprezo no fim da noite? E por que você briga com ela?! Porque ela está de papinho com o ex dela? FAÇA-ME O FAVOR, CHIARA. DEIXA DE SER DISSIMULADA E VAI LÁ DIZER QUE VOCÊ TAMBÉM É MINHA EX. CONTA PRA ELA QUE VOCÊ GOSTOU DE REVIVER ESSES MOMENTOS COMIGO. - Ela abaixou o tom quando Jorge tocou seu ombro- Vai, Chiara! Conta pra ela que você ainda me deseja! Ou mantém tua postura de repetir que o passado não existe, mas não seja hipocrita! Não coloque uma ruína em tudo só por um erro dela... Porque você fala tanto de passado, mas é burra! Repete os mesmos erros. - E então ela chorou. Isabella foi abraçada por seu noivo, e se debatia nos braços dele como se não quisesse ser controlada. 

- Isso é sério ou ela tá bebada a ponto de inventar isso? - Foram as palavras que Ana disse, assim que Isabella se calou. - porque parece que a dona da razão foi pega no erro.

- Não me surpreenderá se ela te disser que vai embora, é tudo que ela faz. Ela foge, fez isso antes. Você é só mais uma, Ana. - Isabella murmurou, cuspindo seu veneno.

- Isso não é verdade! - Eu disse em resposta da última frase que eu consegui processar, as coisas aconteciam rápido e eu não sabia como lidar com isso. - Jorge, contenha sua noiva, por favor! 

- Vaaai! Dê as costas mesmo, é só isso que sabe fazer. - Isabella gritou. - Poderia ter um pouco de coragem e pelo menos enfrentar a situação. 

- Depois de tanto me pedir confiança, depois de tanto repetir que o passado não nos interessa... É isso que faz? Assim que você põe em pratica? Acho que vou ter meus motivos pra duvidar um pouco agora. - Por sua vez, Ana gritou. E sem saber, estraçalhou-me por dentro. Como eu já estava, como a taça havia ficado... Talvez eu estivesse quebrada em mais pedaços agora, mas não vai fazer diferença alguma.

Foi a última coisa que ouvi depois de meus passos largos. Entrei no elevador e com as mãos trêmulas, fui fechando os botões de meu terno outra vez. 

Entrei em nosso quarto e bati a porta como um estrondo, não me dei o trabalho de passar a chave. 

Joguei-me no colchão e arranquei meus sapatos. Respirei fundo. 

Ouvi a porta se abrir.
Seu cheiro estava aqui e, eu amo este cheiro. 

Mas minha raiva, meu desgosto pulsa mais forte. 

- Já cansou de arrastar asa pro seu primeiro amor? - Eu disse, provocando-a.

- Isso é sério, Chiara? Na primeira oportunidade, cê tava lá com a portuguesa. Não estava? Pelo menos, não precisei ficar me esfregando em ninguém.

- Ah, não precisava se esfregar, nao é mesmo, ana Carolina? Os olhos deles te comiam. Porque na verdade, quem queria te comer era ele. E vocês não se desgrudaram. Minhas atitudes são reflexo das suas. - Eu me levantei, a sua altura, discutia com a mesma proporção de como ela me respondia.

- Não exagere, Chiara! Ele está noivo da sua ex namorada, que aliás adora me provocar, né? Sonsa até umas horas! Não me coloque contra parede como se você fosse santa. Pensa que ela não me falou sobre a piscina? Porque se tem alguém que estava comendo alguém com os olhos era você de olho nela.

- Não posso fazer nada se a minha namorada estava querendo reviver o passado e esquecendo o presente. 

- E fui só eu? Você parecia muito feliz "bailando" com ela, não?

- Você está com problema de memória? Ao chegar na festa, eu era inteiramente sua. Mas, você decidiu viver o seu passado mais uma vez e sozinha. Fiquei sozinha naquele bar. Eu e uma bebida até que Isabella chegou e conseguiu me deixar mais alegre por mais que tudo o que ela falava, eu ignorava oitenta por cento e só lembrava dos seus olhos. Engraçado né? Porque enquanto eu estava sozinha, você não fez questão de lembrar de mim. E agora vem com essa? Menos, muito menos. - Falei, quase sem pegar fôlego. Gesticulando minha indignação gritante perante ais nossas lembranças. 

- Você fala como se tudo fosse absolutamente horrível pro seu lado. Se eu me descuidei e te deixei sozinha, me desculpe! Mas não haja como se não gostasse da companhia dela. Quando você não quer algo, você não faz! Mas dançar com ela, e relembrar o passado foi muito cômodo pra você a essa altura. Não faça parecer que eu sou a única errada da história! Custava me contar que sua ex namorada tava aqui também? Que ela provocou você e sabe Deus mais o que... É horrível ouvir isso da boca dos outros. - Assim como eu, Ana falava com o corpo. Sua revolta era nítida, assim como a minha.

E vindo de ambas as partes, eu não sabia como terminaria a noite.

- Custava me contar que você reencontrou seu ex na piscina, a noite e que você ficou bem desconcertada por isso? Ou você acha que eu também nao fiquei sabendo por terceiros? Erro por erro, você foi pior. Que me deixou sozinha para mais uma vez, repito, viver seu sonho hétero. Olha Ana, Isabella foi uma paixão e não amor. Bem diferente do seu amado Jorge. Então não venha de hipocrisia. Eu ja disse que a companhia dela não foi ruim. Mas a pessoa que eu queria ao meu lado essa noite queria outra pessoa. Lamento desaponta-la. 

- Então diante desses 10 anos, você acha que a companhia que eu queria pra minha noite era Jorge e eu simplesmente estou com o meu "amor" aceso outra vez? Você espera que eu saia pela porta e passe o resto da noite com ele pra viver "meu sonho hetero"? - Não sei se ela havia baixado a guarda como parecia, mas eu permanecia a ataca-lá como se o sangue ainda corresse a 150Km/H em minhas veias.

- Você faz o que você quiser. Por mim, você ja não estava comigo mesmo. Aproveite sua estadia e sua origem.

- Você está me expulsando? Quer compensar seus erros com meus e agora vai se fazer de vítima? 

- Eu não estou expulsando ninguém. Faça o que bem entender. Vou tomar meu banho e dormir, ok? Ótimo.

- Ótimo, Chiara! Faça o que quiser, eu não vou escutar mais das suas ladainhas, Ok? Ótimo! 

- Não será necessário, meu amor. - Eu disse, ironicamente.

- Boa noite, Chiara! - Foi a última frase que Ana disse antes de virar as costas.

- Good night, dreamer. - E nossa discussão se encerrou, com um abismo tremendo entre nós. 

Ela não trocou mais palavras comigo durante a noite.

Eu me banhei, ela entrou em seguida.
Eu lia meu livro, ela apenas escrevia.
Eu olhava a vida e a beleza além da janela, Ana não largava seu violão.

Eu me deitei na cama quando o sono bateu, ela me acompanhou. Ou não.

No mesmo colchão, dividíamos o espaço. Com uma estrada longínqua de pelo menos 7752km. 

Eu apaguei a luz do abajur de fusa e ela repetiu o ato. 

De costas, eu a ouvi silenciar de forma gritante.

 


Notas Finais


Heeeey, amores! Que será que Jorge e Isabella ainda vão nos render? Vish!

Espero que tenham gostado.
Até o próximo.
Já sabem onde me encontrar, xingar, e/ou conversar: @BzZando
Beijos 💙


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