CAPITULO 5
Quem abriu a porta foi à tia da Sasha. Ela demorou alguns segundos pra vir me atender, e apareceu com um roupão de banho azul. Era meio ridículo, pois parecia mais uma lona de piscina enrolada por todo o corpo dela. Pigarreei e dei um meio sorriso.
— Ai, meu deus. Mikasa, o que aconteceu? — ela me perguntou. Cambaleei pra dentro, e me apoiei no balcão. Sinceramente, eu estava prestes a desmaiar.
— Ficar bêbada não é tão legal como dizem ser. Sabe? Nem.um.pouco.legal. E espera, eu não estou bêbada... Que merda. — falei, mais como um sussurro. Ela pareceu ter entendido minha situação.
Fiquei tonta de repente, e a minha visão ficou escura por alguns segundos. Ela veio em minha direção, e quando minha visão voltou ao normal, senti que algum filha da puta girou o mundo como se fosse a roleta do roda a roda, e eu me desequilibrei e cai, batendo meu tornozelo em alguma coisa. Não senti tanta dor como sentiria se estivesse sóbria, mas senti uma pulsação fraca naquele lugar. A batida fez um enorme ecôo irritante e estridente, e logo Sasha desceu as escadas com presa.
— Eu não acredito nisso! Meu deus! — ela pôs as mãos na boca e correu na minha direção. — Ai, Mika. Tudo bem? Você está bem? Obrigada tia, pode ir dormir. Eu cuido dela. — disse rapidamente, e logo sua tia subiu as escadas, de braços cruzados. Passei a mão pelo meu rosto. Eu estava suando. — Mi, eu não acredito que você bebeu. — falou preocupada, mas estava rindo.
— Tem balde por aqui? Acho que eu vou vomitar. — disse, enfatizado. Ela me levou até o banheiro daqui de baixo, e colocou minha cabeça na privada. Fiquei lá por alguns segundos, cuspindo minha saliva. Demorou um tempo pro vomito subir a tona. Botei tudo pra fora, sentindo meu corpo ter praticamente uma convulsão, enquanto eu sentia um aperto no coração. Cuspi o restinho, e me encostei na parede. Ela me deu um pedaço de papel higiênico pra limpar a boca.
— Eu vou buscar um remédio pra você. Fica aqui. — disse. Aspirei o cheiro do meu próprio vomito, e senti novamente vontade de vomitar. Mas eu não vomitei, então enfiei dois dedos na goela até conseguir. Sasha chegou com um copo, e o remédio, e me deu. Ela começou a tirar minha roupa, começando pela calça. — quando você ficar mais consciente a gente conversa. Agora você ta bêbada.
E então, ela tirou o meu moletom. O vento gélido que entrava pela pequena fresta da janela passou direto pelo meu corpo, e logo senti falta do moletom e o agarrei, puxando da mão dela, abraçando como se fosse à coisa mais preciosa pra mim.
— NÃÃÃÃÃÃÃO! — gritei. Ela me olhou sem entender.
— De quem é isso Mika? E cadê a sua camisa? E seus sapatos?
Logo percebi que estava apenas com o moletom. Minha camisa tinha sumido, e eu estava descalça... Não a respondi.
— Ui, Ui, Mi. Quem te deu o moletom? — ela perguntou agora, com malicia. Senti meu rosto queimar, e escondi meu rosto no moletom. — será que você já arranjou um Crush?
Senti um arrepio.
— Cala essa boca. — murmurei. — eu o odeio. Ele é chato, mandão e mimado. — falei. — odeio ele. — repeti. Logo ela tirou o moletom dos meus braços e me colocou dentro do Box, apenas de calcinha e sutiã. — SUA VADIA!
A água tava bastante gelada, nem um pouco aquecedor. Tentei abrir a porta do Box, mas ela trancou.
— Mika, me fala; o que você bebeu? — perguntou. Ela subiu em cima da privada, e começou a jogar xampu na minha cabeça por cima do vidro, e lavar meu cabelo que tinha cheiro de vomito de bebe.
— Whisky, pinga azul, choop de uva, Ice e cerveja. — contei. Ela deu uma risadinha, e na minha cabeça passava as vagas memórias de quando eu estava no carro virando tudo isso ai, ou quando o Levi me deixou beber o resto da garrafa de ice dele. — ah, e sorvete de leite ninho italiano com cobertura de morango, foi à melhor coisa que eu já tomei. — balbuciei, sentindo arrepios na espinha nada gostosos por conta da agua gelada, e uma imensa vontade de sair, mas toda hora que eu tentava sair, Sasha agarrava meus cabelos. Que filha da puta. — Vadia do caralho. Para com isso. — praticamente gritei, enquanto ela puxava novamente meu cabelo.
— Você vai me agradecer depois Mi. — falou rindo. Dei uma risada enfática. Sasha terminou de passar o xampu, e lavou o meu cabelo, que agora não tinha mais cheiro de vomito, mas eu acabei vomitando no ralo do chuveiro, o que foi nojento. Coloquei as mãos no Box de vidro, enquanto ela novamente lavava meu cabelo. Ela depois pediu pra mim me ensaboar, mas foi à coisa mais difícil que eu já fiz, tanto que eu escorreguei e cai uma cinco vezes.
— Xúa Xúa- Xúa no bleiss bleiss! — cantei, enquanto fazia a dança da ondinha. — CANTE COMIGO SASHA BLEISS BLEISS. AONDE VAI FIFI AONDE VAI FIFI? — gritei. Ela revirou os olhos, rindo. Logo ela saiu do banheiro, me deixando sozinha. Eu dava socos no vidro, chamando ela. — BLEISSSSSSSSSS! NÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOO!
Mas ela voltou, com um celular na mão, parecia estar me gravando.
— BLEISS? É TU?! — ela assentiu, rindo. — você não vai cantar comigo?
— Sim, eu canto com você bebê.
— SIIIIIIIIIMMM! — ela riu, enquanto eu apontava pra ela. Já nem sentia mais a água cair pelo meu corpo. — AONDE VAI FIFI AONDE VAI FIFI?
— Vou na janela, vou na janela. — ela cantou rindo.
— FAZER O QUE FIFI? FAZER O QUE FIFI?
— Vou fofocar, vou fofocar.
— DE QUEM FIFI? DE QUEM FIFI?
— Do Zé maluco, do Zé maluco.
— AAAAAAAAAAAH! Essa é a melhor musica que existeeeeee! SIIIIIIIIIM!
Ai então ela abriu a porta ainda gravando, e desligou o chuveiro. Pegou uma toalha vermelha que estava pendurada e me deu.
— Se seca, Mi. — Falou, se afastando e indo até a porta. Peguei a toalha, esnobemente, e joguei no chão, esticado. — Mika! — gritou me repreendendo. Joguei meu cabelo pra trás e comecei a desfilar em cima da toalha, dando um tapa na minha própria bunda, e mandando um beijo pra câmera. Sasha ria, acho que ela estava nervosa, mas parecia se divertir. Peguei a toalha e joguei nos meus ombros. Passei por ela e abri a porta e sai correndo para o andar de cima. Ainda estava molhada, e por onde eu andava, deixava pegadas de água, com a forma do meu pé. — MIKASA VOLTA AQUI! AONDE VAI FIFI? AONDE VAI FIFI? — tentou me chamar, correndo atrás de mim. Ri e fechei a porta do meu quarto na sua cara.
— VOU NA JANELA, VOU NA JANELA! — gritei de volta.
— NÃO, NÃO VAI NA JANELA NÃO! VOCÊ VAI CAIR!
— SIIIIIIIIMM! EU VOU FOFOCAR! VOU FOFOCAR!
— MEU DEUS MIKASA! ABRE ESSA PORTA!
Ai eu abri a porta, colocando só o rosto pra fora.
— Cadê ele? — perguntei, olhando para os lados. Tinha jurado ouvir a voz do Levi me chamando, aquela mesma voz irritada.
— Ele quem? — ela me perguntou. Percebi que ela ainda apontava o celular pra mim, ainda gravando. Mostrei o dedo do meio pra câmera e fui fechando a porta lentamente, só que antes de eu fechar, ela colocou o pé e ficou empurrando a porta.
— NÃÃÃÃÃÃÃOO!
— SIIIIIIIIMMMM! — ela gritou. Bufei, e abri a porta. Ela caiu pra dentro, aos tropeços.
— Sua débil-mental. — falei. Peguei meu celular e disquei o numero da Hanji. Demorou um tempo e ela atendeu.
— MIKASA! CADE VOCÊ MEU AMOR? — ouvi ela gritar, parecia estar bêbada.
— EU NÃO SEI! TEM UMA LOUCA AQUI ME GRAVANDO. ELA DISSE QUE O NOME DELA É BLEISS! ELA ME ENFIOU NA AGUA FRIA E COMEÇOU A PUXAR MEU CABELO!
— JÁ ESTOU INDO AI TE SALVAR MEU AMOR! — ouvi os passos apresados dela, mas então ouvi uma batida, e uma voz masculina ao fundo, irritada. Eu não acredito... Era a voz do Levi. Fiquei boquiaberta, ouvindo ele brigar com ela.
— MIKE! MAS QUE MERDA! EU JÁ DISSE PRA PARAR DE COMER ESSE SAPATO! HANJI, FICA QUIETA CARALHO! — gritou possesso da vida. Meu coração começou a acelerar do nada, enquanto eu ouvia sua voz gritar com os dois. Logo sua voz ficou mais alta, mas não como se ele estivesse gritando ainda mais, era como se ele tivesse pegado o celular da Hanji.
— Não! Me devolve! Minha Mikasa esta em perigo! — gritou a Hanji.
— Fica quieta! Porque você foi ligar pra ela?!
Me virei pra Sasha, que continuava a me gravar. De repente, senti meus olhos se encherem de lagrimas, ai eu comecei a chorar.
— Mika, o que aconteceu? O que ela disse? Por que ta chorando? — ela me perguntou, preocupada. Neguei com a cabeça e pedi pra ela sair por um segundo. Ai ela não disse nada, apenas parou de gravar e saiu do quarto.
— Levi... — o chamei, com a voz chorosa. Ele não disse nada, mas presumi que estava escutando. — por que você me abandonou aqui? Cadê você?
— Do que você ta falando? — perguntou, calmo, porém, incrédulo. Foi a primeira vez que ouvi a voz calma do Levi. Era tão suave e desejosa. Tanto que eu senti meu coração se apertar ainda mais. Comecei a soluçar e a chorar ainda mais. — Você ta chorando? Ta bêbada ainda?
— NÃÃÃÃÃO! Levi, ninguém pode me abandonar! Muito menos você! Ta me ouvindo? Você não vai me abandonar! Nunca, nunquinha. Diga que não vai me abandonar! — gritei com ele, mas ele não me respondia. Depois de alguns segundos sem ele me responder, comecei a me desesperar. — Levi?
— Tudo bem. — falou, e suspirou pesadamente. — eu não vou te abandonar. — disse.
— Nunca? — perguntei.
— Nunca. — respondeu. As lágrimas no meu rosto secaram, e um sorriso incondicional apareceu no meu rosto.
— SIIIIIIIMMMM!
Desliguei a ligação e fui correndo abrir a porta pra Sasha. Comecei a gritar por ela e ela logo apareceu correndo, comendo um pão puro. Ela ligou o celular e voltou a me gravar, dessa vez não estava tão incomodada com a ligação, eu estava tão feliz.
— Sasha! Me vista com minha melhor roupa e faça minha maquiagem! Essa noite eu vou me casar! — gritei, correndo pelo quarto. — SIIIIIIIIMMM!
Ela riu, e foi até meu closet, e voltou com meu top e meu moletom. Me joguei na cama, e levantei minhas pernas e meus braços pra ela me vestir.
— Acho que você está feliz. — comentou.
— SIIIIIIMM!
Ai, ela tirou minha calcinha e vestiu minha calça. Depois tirou meu sutiã, mas ela tentou me vestir com um top que eu não gostava. Não era minha melhor roupa, por isso não quis vestir.
— Mika, colabora. — pediu. Cruzei meus braços, tampando meus seios.
— NÃÃÃÃÃO! ESSA ROUPA É FEIA! MEU NOIVO NÃO VAI GOSTAR! BUUUUUUUUU! BUUUUU!
Ela subiu em cima de mim, segurando o celular pela capinha com os dentes, e tentou me vestir. Segurei seu pulso.
— BUUUUUU! BUUUU!
Enfim, ela conseguiu me vestir, e eu já estava exausta. Me enfiei debaixo das cobertas, e arrumei meus travesseiros. Quando ela tava saindo do quarto, encerrando a gravação e guardando o celular no bolso, eu me sentei rapidamente.
— Você disse que não ia me abandonar! — gritei. Ela se virou subitamente na minha direção, assustada.
— Disse?
— Disse!
E então, ela veio na minha direção. Dei espaço pra ela na cama, com um enorme sorriso no rosto. De repente, não era mais a Sasha na minha frente, e sim, o Levi. Ele se deitou comigo e abraçou a minha cintura, fiz o mesmo com ele. Fiquei me imaginando tocando seus músculos, mas quando coloquei a mão no seu peitoral, senti... peitos femininos.
— Não acredito... — murmurou ele, rindo. Mas eu ouvia a voz da Sasha misturada. Franzi a sobrancelha, e dei mais um aperto pra ver se estava sentindo o mesmo.
— Olha Levi, eu esperava tudo menos isso. — falei.
Logo depois cai no sono.
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