Um tempo depois eu me sentei, apreciando o show. Dava pra ver o quanto Rivaille se divertia, pulando de um lado para o outro, sempre inquieto. Levantando o punho, socando o ar e até mesmo dando um mortal. Eu estava impressionada, completamente pasma com o show que ele estava dando, e já estávamos na terceira música. Ele parou um pouco com a agitação e foi para perto dos fãs, mesmo ele só cantando de pé parado em frente a eles, muitos ficaram tocando e dando tapinhas nele, querendo sua atenção, até eu fiquei irritada pelas pessoas ficarem tão descontroladas e gritarem como se nunca tivessem visto um humano. Graham assistia tudo com pura classe, e nada o surpreendia. O olhei, e ele me olha de volta.
— O que foi?
— Não está gostando do show?
A pergunta parece ter incomodado ele.
— Não tem como não gostar. Esse cara é incrível. Mas eu já estou acostumado a vir aos shows dele, sou bastante amigo dele, senhorita. — respondeu cordialmente, mesmo que com tédio na voz ao falar comigo.
— Ah... É amigo do Rivaille?
— Sim.
Fiquei minimamente surpresa, já que Rivaille não tem cara de gostar de crianças, nem de animais e nem de nada. Para mim ele é um homem ruim, nunca pensei que ele pudesse ao menos interagir com um menor de idade. Rolam boatos que ele é bastante rabugento, mas agora, não parece tanto. Dei um sorrisinho.
— É fã dele?
— Com certeza.
— Sabe o nome dessa musica?
Ele respondeu prontamente.
— Afraid. Esse é um show especial pra ele, sabe... Então ele está cantando as músicas antigas dele, as músicas dos primeiros álbuns. Ele me disse. Eu gosto muito dessa música, mesmo que a guitarrista não saiba tocar que nem a outra. — falou, e voltou a atenção ao show, como se estivesse hipnotizado. Chamei Graham de novo, mas ele não respondeu. Sei que não foi pelo volume alto, ele só parecia estar viajando, ou me ignorando. O chamei de novo, a mãe dele me olhou em repreensão, então comecei a chamá-lo bem baixo.
— Ei, Graham, Graham... Ei... — Cutuquei seu braço, mas não recebi resposta, então o belisquei de leve.
— Aí!... — ele deu um sussurro alto. — Por que fez isso?! — sussurrou em choque pela minha ação.
— Então, eu tô precisando de ajuda. — ele me olhou esperando eu falar. — tem alguma saída a não serem as escadas e o elevador?
Ele me olhou com o cenho franzido.
— Por que quer saber?
— Olha, eu me separei da minha amiga, Rivaille me encontrou lá fora e me arrastou até o camarim dele. — falei rápido. — Porque ele tinha derrubado meu lanche e me sujado, então prometeu me arrumar e me pagar o lanche. Então depois de ele ter feito o que prometeu, me trouxe até aqui e disse pra eu ficar apenas aqui, e seu pai está de olho em mim agora a pedido de Erwin Smith. Mas eu quero ver a minha amiga, e esse era pra ser um reencontro de amigas, então eu quero sair daqui, pra encontrar elas. Pode me ajudar?...
— Por que quer sair da área V.I.P? — ele me atropelou quando eu mal tinha acabado de falar.
— Por quê quero ver minhas amigas. Só quero sair daqui logo.
— Está mentindo. — sussurrou.
— Não tô! — falei alto. Eles começaram a nós olhar, e Graham fez um sinal dizendo que não era nada com a cabeça e com as mãos. Todos se voltaram pra frente para olhar o show, a música ainda não tinha acabado, mas a mãe de Graham continuava a encarar. — eu não tô mentindo. Por que acha isso?
O garoto respirou fundo, parecia querer explicar da forma mais pacientemente, logo se aproximou, se apoiando no braço da cadeira.
— Primeiro, Rivaille nunca levaria uma desconhecida para o camarim, ele não deixa nem os integrantes da banda entrar sem ele permitir. Segundo, ele não faz favor nenhum a ninguém, conheço ele. Terceiro — fiquei pensando no quanto ele tava falando besteira, porque tudo o que eu disse foi exatamente tudo o que aconteceu. —, a área V.I.P é apenas para convidados e, para quem irá para sua festa. Se você está aqui, é porque ele iria querer te levar até a festa, o que provavelmente ele não faria com um estranho. Quarto, seja lá quem for que você encontrou, esse não é o Rivaille.
— Eu tô dizendo a verdade, garoto. — me irritei. — mas eu não sou desconhecida para o Rivaille, já que ele me passou o número dele e disse que queria me ver no show. A gente ter se encontrado foi pura coincidência. — parecia que eu estava me gabando, e eu me senti idiota por isso. Eu não o odiava?
— Então prova. É difícil acreditar.
— Eu tenho o número dele no meu celular. Vou te mostrar agora! — tateei meu quadril em busca do celular, porém, não havia nada. Meu corpo congelou, e eu não tirei os olhos daqueles verdes escuros zombeiro. Ele parecia dizer "Algo errado...?". — bosta! — soltei. Seu olhar ficou indignado pelo vocabulário. — Merda, merda, merda! — ele ficou totalmente espantado. — Era isso que estava faltando!
— Ei... Minha mãe vai ficar...
De repente, a mãe dele, que se encontrava nos observando, se levantou lentamente e veio até mim, e ela pediu-me acompanhamento, e que não iria demorar. Assenti confusa, mas concordei em ir com ela, e me levantei. Mesmo um pouco frustrada, também por que estava perdendo o show. Rivaille estava cantando outra música já assim que o baterista terminou de cantar 'Afraid'.
Ela me levou até o banheiro, abriu a porta do lugar branco, e eu a seguir. Mesmo de salto, eu era maior que ela, e ela não pareciam mais do que ter 1.55 de altura. Fiquei comparando isso enquanto me encostava na pia e a observava lavar as mãos e começar ajeitar os cabelos. Ela me olhou, notou as encaradas e limpou a garganta. Depois foi retocar a maquiagem. Revirei meus olhos, impaciente, e comecei a lavar minhas mãos também, ficando distraída.
— Você ficou incomodada? — perguntei, ela se virou rapidamente até de frente pra mim.
— Desculpe em dizer isso, mas você é totalmente sem classe. — disse séria. Eu fiquei apenas lavando as mãos.
— Eu já sei disso. — respondi sincera.
— Uma moça toda arrumada não deveria falar coisas de tão baixo calão. Sabe, meu filho está praticando palavras assim com os amigos, não quero mais influência. — foi curta.
— Mas eu só estava puxando papo com o seu filho por segundos. Não quer que eu fale mais com ele?
— Bem, não é só isso... Vim indagar do o que está fazendo aqui. Você quer sair daqui, não quer?
Fiz careta ao pensar no assunto estranho.
— Quer me ajudar? — perguntei.
— Meu marido disse que se uma ordem do Rivaille ou do Erwin Smith flor estabelecida, todos tem que cumprir e não deixar passar batido. Se foi um mal entendido você ficar aqui, sugiro você usar o elevador até em baixo. E sim, eu te ajudo. Eles estão de olho em você, e você não vai conseguir sair daqui sem ajuda. Entende?
— Sim...?
— Está bem. Eu conheço o Rivaille, sei o que ele está planejando, e você não parece ser bem desse tipo. Se você disse tudo àquilo com sinceridade, algo bom dessa ajuda do Rivaille não vai ter bons resultados à você.
Eu ainda não estava entendo porquê ela iria querer me ajudar, se estava me encarando feio a tão pouco tempo. Isso ainda assim, não fez o mínimo sentido pra mim.
— Bem, então... Eu vou entrar no elevador primeiro, e quando ele estiver se fechando, você entra correndo, entendeu? Explico-te o caminho até onde sua amiga está quando estivermos no elevador. Sabe onde fica o lugar dela?
— Alguma coisa de bastidores, não sei, era algo assim.
Ela me olhou com os olhos estreitos.
— Bastidores? O certo não era... — ela ficou em silêncio por alguns segundos. — bem, vamos deixar quieto. Vou te dizer o caminho até a entrada. — assenti. A mulher saiu na frente. Fiquei olhando minha forte maquiagem, e o pesado cílio postiço que pesava meus olhos. A visão era estranha, admito. Nunca tinha usado tanta maquiagem. Limpei um borrão do rosto e logo sai atrás da mulher, que terminava de falar com o marido e logo depois foi andando em direção ao elevador. Fui andando normalmente até a mesa onde estávamos sentados, dando olhares de relance para o elevador. A mãe de Graham entrou, escolheu um andar e ficou a minha espera, enquanto as portas começaram a se fechar. Fui correndo em na direção dela, atropelando tudo e todos que estava na minha frente. Um garçom de patins passou rápido na minha frente, e trombamos, todavia somente ele caiu.
Alcancei antes que as portas se fechassem por completo e me joguei para dentro, caindo de joelhos no tapete felpudo vermelho, nem dando chance de ao menos os seguranças se moverem. Meus joelhos ficaram ralados, e fiz um leve machucado no braço ao passar pelas portas.
Sorri em alívio para mulher, e ela revirou os olhos.
— Os seguranças vão descer pelas escadas. Vamos chegar antes. — Falo; Logo me explicou o caminho que eu deveria seguir, e que deveria ir correndo. Não sei porque, mas ela disse que se me pegassem, poderia dar em polícia. Isso me deixou ainda mais confusa e aflita. Quando estávamos chegando, tirei os sapatos para possibilitar melhor minha corrida, e me preparei para ir na maior velocidade que eu conseguiria.
— Bem, obrigadão. — falei. O elevador se abriu minimamente, mas o suficiente para meu corpo atravessar. Enquanto corria e atravessava os corredores vazios, novamente a música do show do Rivaille ecoava por tudo, alto e tão distante também. Fui correndo e correndo, pensando na loucura que estava fazendo, quando ouvi que já estavam me alcançando.
— Garota, é melhor parar! — ouvi gritar, o grito se misturando com a voz do Rivaille. Meus pés pareciam que iriam quebrar pois estavam congelados, doendo e ardendo cada vez que eu pisava no chão, foi quando eu bati em outra pessoa, e nossos corpos se encontrando foi uma das maiores dores inesperada que já senti. Eu caí, porém, a garota não, conseguindo apoio para se equilibrar.
— Você não olha por onde anda não?! Tá correndo pra aí que nem uma... — e então ela me olhou, seus olhos azuis perdendo o brilho cada vez mais, podia dizer que o vazio e o medo que eu senti me fizeram sentir como se meus olhos tivessem perdido o brilho igual. — uma... Mi... Mika...
Ela pareceu ter perdido totalmente a força da voz, eu também perdi. Só saiu um fraco sussurro rasgando minha garganta.
— Annie...
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