Me espreguicei na cama com total preguiça ao mesmo tempo que o meu despertador tocava. Desde que papai me passou algumas responsabilidades da empresa, eu tenho de estar sempre preparada para assumir novos compromissos e hoje não seria diferente.
Tomei um banho e vesti-me de modo social: saia justa cinza, camisa de botões branca, um blazer feminino, meia-calça escurecida e sapato de salto alto. Apenas passei um batom vermelho escuro nos lábios e um pouco de rímel para contrastar os meus olhos castanhos; os meus cabelos pretos ondulados ficaram sustentados por uma presilha e, por fim, passei um perfume, agarrei a minha tiracolo e a minha pasta de negócios e saí.
O tempo na Holanda estava fantástico para conduzir, mamãe sempre me dizia para ter cuidado, mas eu adorava acelerar, pelo que não tardou nada quando parei em frente ao edifício da Maximum Volkers Companies, deixei o carro estacionado e entrei no arranha-céu.
-- Bom dia, vim para o café coletivo do senhor Leonard Volker. Sou Jasmine Allen, filha e representante do senhor John Allen Evans. -- falei para a secretária, a mesma confirmou a minha presença e chamou outra moça para me acompanhar até o elevador.
Papai me contou algumas coisas sobre Leonard Volker e disse para eu ser o mais profissional possível porque ele era um ótimo sócio, também me disse que Leonard fora seu amigo na escola e esse seria mais um motivo para eu me comportar bem para o meu pai ser ainda bem visto.
Uma terceira mulher me recebeu no elevador e me levou até a sala onde estariam todos os executivos para o café coletivo. Ela deu dois toques na porta e me introduziu.
-- Senhorita Jasmine Allen, da Allen-Evans Enterprises.
Logo de seguida eu adentrei na sala.
-- Senhorita Allen! -- Leonard estava trajado formalmente e exibia um enorme sorriso na cara. -- O John teve uma brilhante ideia de te mandar como representante.
-- Muito obrigada, senhor Volker.
Passei o olhar pela sala e contei sete homens bem arrumados, quase todos mais velhos, mais ou menos da idade de papai, menos um último que... Pisquei os olhos e recuperei o foco.
-- Sente-se ali, querida, vamos dar início ao café coletivo.
Fiz como Leonard pediu e assim algumas mulheres entraram para completar a mesa cheia de alimentos saudáveis. Reconheci algumas marcas alimentícias da empresa de papai e sorri ao saber que muitos daqueles homens gostaram dos nossos produtos.
A Allen-Evans Enterprises era uma enorme empresa de distribuição alimentícia; tínhamos várias marcas associadas ao nosso nome e éramos sócios de uma famosa cadeia de supermercados na Holanda. Fazíamos exportações para o mundo inteiro e isso rendia um ótimo lucro para a minha família. Mas todo o meu propósito de conhecer executivos nesse café da manhã ia por água a baixo quando eu olhava para o homem que me chamou a atenção, e me surpreendi com a atitude dele, conversando com dois empresários, mostrando certo poder e autoridade.
Alto, ombros largos, rosto masculino, cabelos castanhos, lindos olhos claros e um corpo que ficava milimetricamente bem dentro do terno preto; olhando-o assim, ele deveria ser pouca coisa mais velho que eu. Foi então que os nossos olhares se encontraram e eu mudei rapidamente a direção do meu. Meu Deus, que homem é esse que me fez agir como uma adolescente?!
Alguns executivos iniciam conversas paralelas e eu fico momentaneamente bebericando o meu chá, ao fim de uma troca de diálogo com um dos sócios de Leonard Volker. O mais velho encerra a conversa e eu pego no meu celular.
-- Jasmine Allen. Filha de John Allen-Evans. -- me arrepio com a voz firme e baixa perto de mim -- Não sabia que John tinha uma filha.
Olhei para o lado e vi o bonitão sentado, fitando o interior dos meus olhos castanhos, ao mesmo tempo que os seus lábios se curvavam, exibindo um estranho e leve sorriso vitorioso.
-- A própria. E você é?
-- Me sinto ofendido por você não me conhecer.
Eu também. Penso, e em simultâneo os meus olhos desceram pelo terno dele.
-- Creio que tem razão. -- respondi, deixando de lado a minha mente ativa e adotando a pose profissional.
-- Sou Aaron Volker. -- Volker? -- Filho de Leonard Volker. O dono de 60% das ações da MVC, Maximum Volkers Companies. E com certeza, o empresário mais gostoso da Europa.
-- Esqueceu de dizer o único cara mais conhecido que eu já conheci.
-- Eu espero que seja apenas o "único" cara que você irá conhecer.
Ele sussurrou e eu enguli em seco, mudando logo a minha atenção para outra conversa bem mais real até o café da manhã coletivo acabar.
***
-- Muito obrigado por ter vindo, senhorita Allen. Cumprimentos a John.
-- Com certeza darei, senhor Leonard.
Dei um passo em direção a porta só que a sensação de estar sendo acompanhada me fez parar, olhei para trás, encontrando Aaron me encarando.
-- Vou acompanhá-la até a saída.
-- Obrigada.
-- Você não acha que é um pouco nova para assumir um cargo já tão elevado como representante?
Voltei a minha atenção para ele. Esse cara está pensando o quê? Eu já tenho 25 anos!
-- Você não acha que é errado subestimar as mulheres pela idade? -- rebati baixo mas mantendo a voz firme. Isso fez o moreno sorrir de canto. Machista.
-- Talvez, mas o que eu posso fazer se não te conheço?
-- Então tente conhecer, senhor Volker.
Avançamos em direção ao elevador, porém ao passar em frente de uma porta, o meu corpo foi puxado para dentro da divisão e uma mão cobriu a minha boca para não gritar; de seguida a porta foi fechada e o meu olhar mortal se fazia presente no filho de Leonard, que me tinha soltado.
Ele não ligou e andou até mim, parando bem na minha frente. Num rápido, pousou a mão na lateral da minha coxa direita, e o que surgia era um arrepio que subia e se alastrava por lugares insanos do meu corpo; Aaron observava a minha reação enquanto continuava o seu movimento. Então a realidade caiu em mim e eu segurei rápido a sua mão, antes que ela avançasse para norte.
-- O que está fazendo?! -- sussurrei.
-- Te conhecendo. Você pediu.
Cretino.
-- Fique sabendo que nunca na sua vida vai me conhecer dessa maneira.
Empurrei-o minimamente e andei em direção a porta, mas antes que desse sequer dois passos completos, o moreno me empurrou firmemente até a parede junto da porta, segurando os meus braços no concreto, da mesma forma que o seu corpo me prendia.
-- Vou te fazer me desejar, Allen. E depois disso, vou te fazer minha e foder você até ouvir seus suplícios. E quando eu acabar, você vai se rastejar até mim e mostrar o quão obediente você pode ser.
-- Você nunca vai me tocar, seu imbecil! Não te conheço de lado nenhum! Nunca te vi na minha vida! Agora me solte antes que eu te denuncie!
A minha respiração estava alterada pela proximidade e pela adrenalina; Aaron se afastou consertando tanto o colarinho da camisa azul escura como o nó da gravata preta.
-- Considere-se avisada, senhorita Allen.
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