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História Domart Desire - Vento quente do deserto - História escrita por RCKSmith - Spirit Fanfics e Histórias
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História Domart Desire - Vento quente do deserto


Escrita por: RCKSmith

Notas do Autor


AVISO IMPORTANTE SOBRE A FIC NAS NOTAS FINAIS!! LER APENAS A PÓS A LEITURA.


Aah, eu ameei escrever esse capítulo! Espero muito que vocês também! Por favor, me digam o que acharam❤️

Capítulo 10 - Vento quente do deserto


                   Pov: Narrador

 O cansaço e o sono nunca vieram fácil para Lawliet. Mesmo se fizesse todos os esforços físicos e levasse seu raciocínio à exaustão, ao deitar-se a noite, a mente não descansava. 

 Via números e padrões o dia inteiro, enxergava nas entrelinhas e repassava os processos de criações de absolutamente tudo. 

  Ele remontava um automóvel parte por parte ao vê-lo cruzar a rua. Via geometria nas pétalas das flores, a classificação dos seres vivos por agrupamento genético, e cálculos sobre quanto tempo levaria para cada gota de café esfriar, todas as vezes que tomava um. 

 Tudo  sempre em um segundo. Sempre

  E era por isso que estava ali, na presença dos primeiros raios de sol que adentravam pelas grandes janelas de seu escritório. Com os pés afundados no estofamento branco de sua poltrona, enquanto inclinava-se para mais perto dos dois monitores sobre a mesa de mármore branco. Mal vendo a hora passar

  Lawliet reorganizava os padrões e números do caso que o FBI lhe passara ontem, sem parar de calcular e redefinir estáticas. Sempre pensando. Sempre.

  Levantou os olhos para as três televisões que estavam pregadas na parede - também branca - a sua frente. 

 Cada uma tinha seu com seu próprio conteúdo. E ele leu rapidamente uma delas e desceu a imagem com mouse pousado na mesa. 

  Por que ele abandonou o acordo? 

 Pensou, enquanto rackeava mais uma das salas de bate-papo da décima camada deep web e quebrava sua codificação, voltando-se para o segundo monitor da mesa. 

  O FBI estava a sete anos trabalhando naquele caso. Eles vinham monitorando o mercado negro que corria por ali  a décadas, efetuando prisões e abaixando o número de tráfico humano. 

 Mas, aparentemente a sete anos, um único usuário, auto entitulado por 67, se tornou o maior fornecedor de escravas sexuais, cadáveres, órgãos e crianças.

 E mesmo usando todos os recursos que o governo dispunha, 67 se esvanecia como neblina e o FBI já considerava uma eminentemente derrota.  

 Fora então que recorreram a L. Como todos sempre fazem quando se veem em um xeque-mate. E fora então que estava ali. Sem dormir, encaixando as peças do quebra-cabeça que ocupavam as imagens de suas cinco telas.

  Lawliet semicerrou os olhos, lendo um usuário encomendar dois bebês do sexo feminino a 67, que confirmou ter o produto em mãos apenas na segunda semana de setembro. 

 Tão seguro com a natalidade...

  E seguindo na antiga conversa, o criminoso apontava South Kensington como o local que seria efetuada a transação.   Sete minutos para as três da manhã. Entretanto, cinco dias antes da data, ele cancelou a entrega e não deu explicações.

 Ryuzaki mordeu a carne do polegar, organizando aquelas informações com as demais que o FBI lhe passou.

 - Conseguimos destravar apenas algumas das conversas dele, Sr. L - A agente Smith lhe dissera, em uma das chamadas de vídeo anônimas (de sua parte) que fizera com o departamento -  E sempre que chegamos no local da troca, nunca encontramos ninguém, não importa o quanto rondamos o perímetro.

 Local da troca.

 Aquela frase pulsava na cabeça dele.

 South Kensington...que tem a Universidade Imperial College London como referência. Imperial C... Akane.

 Lawliet suspirou fundo, exasperado.Fechou os olhos com força e afundou ainda mais os dentes na carne do dedo. 

 Não era a primeira vez que ela interrompia seus pensamentos. 

 Aquela era a Universidade que informou a Watari para matrícula-la.  No momento em questão, o grisalho apenas o fitou, em misto de perplexidade, confusão e emoção.

 Não era do seu feitio se introduzir nos assuntos das pessoas, ele sabia. Não se manifestava muito mesmo quando solicitado, e tampouco deliberadamente.

 Mas Akane era um caso a parte. Era inteligente, esperta, e queria se assegurar de que ela tivesse opções. Boas opções.

 - Tinha em mente Oxford. Que como sabe, a considero a melhor Universidade do Reino Unido. - Prosseguiu após mostrar sua opinião - Mas fica a 90 quilômetros de Londres, e imaginei que você não gostaria de tê-la longe. - nem eu, completou apenas para si - Entretanto, não vejo problema em lhe dar essa opção.

  Oxford...Watari repetia aquela palavra. 

 Lawliet realmente estava conversando sobre qual universidade sua filha faria?.    

 Realmente estava interessado ao ponto de ter selecionado as opções?. 

 Um sorriso singelo inevitavelmente se formou nos cantos dos lábios, mesmo que tentasse dissimular. 

 Claro que estaria.  

 Já fazia três dias que via os dois passando a maior parte do dia na companhia um do outro. E Watari gostava de ver o rapaz preferindo a presença de alguém do que a própria.

 Lawliet fixou novamente os olhos na terceira tela da parede, voltando-se ao presente. Mas não conseguiu desvincular os pensamentos da garota, e um sorriso pequenininho tremelicou seus lábios.

 Imperial College London será boa para ela. 

 Já fazia três dias, antes dele aceitar o caso, que ambos passavam suas tardes chuvosas na biblioteca. Em paz na companhia um do outro, de vez em quando conversando, mas principalmente lendo.

 Akane lhe pedira certa vez que mostrasse sua genialidade com estratégias - palavras dela, não dele - e colocou perante ambos um tabuleiro de xadrez, e Lawliet o fizera. 

 Sempre detestara se exibir, mas Akane o tinha ouvido e jogado com tanto prazer e divertimento, que não sentiu o desconforto habitual após vencer em, especificamente, dois minutos.

 - Incrível! - Um sorriso resplandescente surgiu, e ele juraria que aquele sorriso poderia iluminar Londres inteira - Você é fantástico!

 Apensar de todos os casos que resolveu, de todos as congratulações que já recebeu, e de saber que era muito acima da média, Lawliet realmente se sentiu fantástico naquele instante. 

 E quando achava que seria mais uma vitória, mais um presidente agradecendo, mais uma justiça sendo feita, que o faria se sentir assim, era ela, Akane Clark, com seus sorrisos vividos, seus olhos caramelados e suas bochechas salpicadas de rosa, quem o fizera se sentir fantástico

 Aquilo teve um efeito instantâneo em seu peito, que cujo a única constante era ter a temperatura fria e os batimentos cardíacos estáveis, se viu em chamas e em pulsação frenética. 

 Como magia, ou destino - não que acreditasse nessas baboseiras -, duas batidas na porta o retiraram de seu tupor.

 - Ryuzaki? - Santo Deus, era ela.

 Não entendeu por que ficou tão aturdido. Ou satisfeito. Mas não de todo surpreso. 

 Akane vinha habitando uma parte de seus pensamentos e sendo o motivo de seus frequentes sorrisos, claro que apareceria batendo na porta, as... - ele chegou no relógio - nove da manhã, justo quando estava pensando nela. 

 Havia um tipo de lógica insana nisso. 

 - Entre - conseguiu buscar a voz, pigarreando para livrar-se dos sentimentos que não eram bem-vindos em um momento de trabalho.

 Entretanto, quando a porta foi aberta, com a forma pequena da garota aparecendo em seu campo de visão, seu coração deu um sobressalto tão forte que o fez prender o fôlego.

 Não a tinha visto durante o dia inteiro ontem.

 Era estranho e atordoante, mas a primeira coisa que procurava ao descer para o almoço, durante aqueles três dias, era ela. E sempre a encontrava lá, fazendo Amelia rir de alguma piadinha, que compartilhava com ele em meio a tentativas de recuperar o ar.

 Durante aqueles dias, os três se demoravam ali. Lawliet escutava mais as conversas triviais do que participava, mas tinha algo em estar na companhia de Akane que era confortável.

  Ela tinha um modo único de deixar as pessoas à vontade. Ryuzaki acreditava sinceramente que isso era um talento.  

E, quando inevitavelmente chegava a hora de Amelia recolher os pratos, Akane se levantava e mencionava ao acaso que aproveitaria o clima excessivamente gélido na biblioteca.

 Ele nunca dizia que planejava se juntar a ela, mas sempre o fazia. 

 Ao quebrar aquela rotina quando assumiu o caso, não cogitou a hipótese de sentir falta daqueles momentos. Mas ao avista-lá, carregando uma bandeja com doces e depositando no espaço vago de sua extensa mesa, seu coração pulsou acelerado e se deu conta de que de fato sentira

 Sua mente podia não ter percebido, mas seu coração certamente sim. 

 Saber que seu cérebro não raciocinou uma coisa que para seu coração era importante, foi uma descoberta incrível e...aterrorizante. Lawliet nunca teve mente e coração em conflitos.

 Era tudo simples como matemática.

 Até agora.

 - Amelia ainda não chegou, e sei que ela sempre trás seu café aqui essa hora. Aí eu... - percebeu que cada pele exposta dela assumiu um tom cor-de-rosa - Me prontifiquei a trazer seu café.

 Novamente Akane mostrara que sempre podia surpreendê-lo.

 Você, por puro livre-arbítrio, trouxe meu café?

 Não perguntou aquilo, óbvio, mas sentiu os cantos da boca subindo em um sorriso. E reconheceu claramente que fora uma ordem do seu coração.

 Por não ter conseguido dizer nada, tamanha sua surpresa, Akane se inquietou.

 - Me desculpa por ser tão intrometida. Mas você não apareceu ontem, e Amelia não me disse se tinha comido. Então aí ela não chegou. Eu não queria te deixar com fome, sabe? - Ela se afobou e se estabanou, gesticulando com as mãos - Não que eu ache que você pareça com fome!  Ou que não possa buscar seu café! Mas você provavelmente estaria com fome e deveria estar ocupado demais para descer e...

 Agora sorria livremente, e o começo de uma risada brincou em sua garganta. 

 Reconheceu que ela argumentava mais para si do que para ele. Provavelmente fora aquelas coisas que disse para si mesma ao estar em debate se deveria ou não levar seu café.

 E aquilo fez seu peito, que ultimamente não era mais tão frio como de costume, se esquentar com um tipo de felicidade.

 Você sentiu minha falta.

 - Eu apreciei sua visita - interrompeu os argumentos, porque ela ainda não tinha parado de tagarelar.

 Pode presenciar as gemas douradas dos olhos de Akane reluzirem, um sorrisinho tímido entortar os lábios delicados e as bochechas adotarem um tom rosado diferente e...delicioso.

 Delicioso?! Santo Deus! 

 Ela voltou-se para os pratos com doces na travessa posta na mesa, e começou a retirá-los da prata e pousar no mármore.

 Quando chegou ao último, ela lhe estendeu a porcelana com waffles, e ao pegar, suas pontas dos dedos encostaram os dos dela. E foi uma explosão de calor.

 A pele de Akane era quente, tão quente como um dia de verão, e tão suave como glacê de morango. Que ao encostar nos seus, gelados como o Ártico e finos como galhos, o choque térmico fora instantâneo.

 Tão rápido como se encostaram igualmente se afastaram, mas Lawliet ainda podia sentir o calor alastrando-se por suas mãos, braços e abraçarem o coração, que agora, o coitado, ricocheteava no peito com força.

 - Então aqui é um do seus escritórios? Que chique! - Se Akane sentiu o mesmo que ele, conseguiu disfarçar muito bem, porque estava girando sobre os calcanhares para analisar seu escritório, enquanto Lawliet, ou melhor, seu coração, o pobre coitado, tentava manter a pulsação em normalidade.

  - É tudo tão claro - Girou mais uma vez, reparando nas três grandes telas fixadas na parede - Wow! Que incrível. - voltando-se para ele, maravilhada - Sabia que eu sempre achei que branco era a sua cor! 

 Andou pensando que cor combinava comigo? Em que águas seus pensamentos nadam, Akane?

 - Por que? - cortou um pedaço de Waffle e enfiou na boca. Realmente estava com fome.

 - Não sei. Mas é uma cor tão clara, pura e etérea. Combina - deu de ombros, desviando o olhar para a estante de livros atrás dele, que cobria de ponta a ponta a parede.

 Como aquele não era o tipo de comentário que se tinha reposta, Lawliet se limitou a sorrir. E ao engolir, apontou com a mão a poltrona à frente dele, indicando que se sentasse. Como imaginou, Akane não hesitou, ela não era dada a falsa modéstia.

 - Você já tomou café? - quando ela negou, ainda meio área com a atenção no ambiente, Lawliet separou um prato e colocou a metade de tudo ali, pousando na frente dela.

  Na confortável poltrona, Akane admirava a decoração do lugar. A maioria dos móveis eram brancos, e Ryuzaki tinha um número exorbitante de tecnologia e livros ali. 

 Era como se o passado e futuro se chocassem no mesmo cômodo. 

Engraçado... ela  não esperava nada diferente vindo dele.

 Era verdade que tinha repassado na mente todos os motivos dos quais deveria lhe entregar o café, mas também passou o mesmo número de vezes os motivos dos quais não deveria  incomodar.

 Ele estava ocupado. Especificamente trabalhando. Como todos a informaram que estaria quando Ryuzaki não apareceu ontem no almoço (para sua decepção).

 Não queria bancar a apegada ou desesperada - apesar de ser ambas as coisas - ao aparecer ali lhe trazendo a refeição. 

 Tá que talvez tenha exagerado ao pensar que ele poderia estar morto de fome. Mas tampouco ignorava de fazer uma boa ação quando aparecia uma.

 Bem...era isso que tentava se convencer. Que apenas estava sendo uma pessoa legal em não o deixar morrer... okay, okay... em não o deixar ficar com fome. Não que estava indo porque sentiu sua falta e queria vê-lo de novo.

 Sem essa.  

 Com certeza era a primeira opção.

 Ao virar-se para Ryuzaki, saindo de seus devaneios, percebeu que ele fizera um prato para ela, e que estava lhe entregando um dos garfos.

 Ele estava querendo que tomasse café com ele? 

 Seu coração, emocionado, falhou umas boas três batidas, se recuperou e disparou feito louco. 

 Akane não admita sua saudade porque não sabia como seria recebida. E uma partinha dela, que abrigava no fundo de sua alma, preferia não saber a verdade e morar na ignorância.  Aonde poderia interpretar seus gestos como sinais de que também sentira sua falta.

 Os três dias que passaram juntos foram, com toda sua sinceridade, maravilhosos.  Haviam se tornados amigos, se divertiam e contemplavam a companhia um do outro. 

 Passara a conhecer Ryuzaki melhor, e começou a não compreender como Londres podia não cair sobre seus pés.  

 Ele era engraçado, em seu próprio modo afiado, extremamente inteligente, cavalheiro, simpático. E às vezes, quando se permitia estragar aqueles momentos de amizade com seus pensamentos impuros, ele era lindo de doer.

 Akane não podia escolher apenas uma parte da qual gostava nele. Seus modos eram peculiares, verdade, mas se olhasse com calma, perceberia que isso só o tornava único. 

 Em certo momento, em um dos almoços, reparou como Ruyzaki parecia bem mais à vontade e relaxado em sua presença. E, acabou perguntando-se quantas pessoas o fizeram se sentir mal apenas por ser quem era.

  Akane odiou todos naquele segundo. Odiou que o fizeram se sentir qualquer coisa que não fosse menos que especial e incrível. 

 E seu coração jurou que, enquanto estivessem juntos, ela passaria todos os segundos o fazendo perceber o quão fantástico e único ele era.

 - Não vou te atrapalhar? - perguntou ao aceitar o garfo, cravando em um dos morangos e mordendo.

 - Não. E ontem não almoçamos juntos, creio que um café da manhã possa recompensar isso - Aquela voz, tão suave como orvalho, mas tão máscula, a deixava zonza.

 Seu coração vibrou tão forte que um nó se formou na garganta. 

 Ele sentiu minha falta! Sentiu minha falta!

 Levou um tempo maior que o necessário para engolir o morango, mas apenas porque não queria que a voz falhasse e demonstrasse seu sentimentalismo.

 - Você estava trabalhando? - levantando os olhos para ele, permitiu-se degustar da visão que Ryuzaki era em constraste com a luz límpida do sol.

 Os dias anteriores foram seguidos por uma chuva torrencial, abordando o céu com cinquenta tons de cinza diferentes. E ali, com o céu limpo e o sol em toda sua glória de tons em mel e amarelo, entrando pelas janelas vitorianas, o cabelo negro dele reluzia.

 Suas orelheiras estavam mais fundas, mas em compensação a boca estava pecaminosamente avermelhada, provavelmente devido a algo que comeu, e as bochechas levemente rosadas.  Ryuzaki parecia tão etéreo, tão soberbo, que as obras de Da Vinci eram uma ofensa a sua beleza.

 - Sim. E não vou poder te acompanhar em muitos almoços de agora em diante... - uma partinha dela inevitavelmente murchou - Contudo, posso pedir que Amelia traga seu café aqui também, e podemos tomá-los juntos de vez em quando.

 A partinha que murchou se inflamou dez vezes mais, esparramando um sorriso resplandecente no rosto de Akane, que apenas a verdadeira felicidade era capaz de fazer.

  Ele estava vendo meios de passarem um tempo juntos!

 Ele gosta de mim! Ai, meu Deus!

 Sua mente era exagerada, mas quem a impediria de sonhar?

 O homem dos seus sonhos estava a convidando para tomar café com ele! E a frase “algumas vezes” indicava... indicava... Oras! Indicavam algumas vezes! Que com certeza não se referia a um dia só.

 Ele queria sua companhia regulamente!   

 Se não estivesse em sua presença, com certeza ergueria os braços no alto da cabeça, e dançaria uma dancinha da vitória.

 Lawliet escondeu o sorriso com um pedaço de torta de morango, fingindo não perceber como o rosto dela se iluminou com sua proposta.

 Akane respondeu baixinho um “Eu iria adorar”, assumindo um tom rosado e tentando esconder a expressão de felicidade com outro pedaço de morango.

 Ele não soube o porquê, mas algo se agitou dentro dele ao presenciar sua reação, quase como um sentimento de contentamento. E pegou-se querendo ser mais vezes o motivo daquela alegria tão sincera.

 Sentindo isso, seu coração não aguentou guardar para si por mais um segundo e fez seus lábios dizerem:

 - Percebi que você tem apenas um livro para ler. E tomei a liberdade de encomendar alguns - levantou os olhos para ela, capturando sua reação - A livraria não conseguia entregá-los aqui durante a chuva, mas devido ao estiamento presumo que estejam aqui pelo almoço. Não poderei recebê-los com você, mas pedi ontem que Amelia esvaziasse uma das estantes da biblioteca para não tivesse problemas para guarda-los.

 Dizer que Akane ficou pasma séria pouco para expressar sua reação. Mas em um segundos os olhos estavam arregalados, tão imóveis que jurou ver suas emoções passar por eles, e em seguida, foram tomados por um marejar intenso.

 - Ai, meu Deus! - E antes que compreendesse os movimentos dela, a garota se atirou sobre ele, por cima da mesa e tudo. Passando os braços por seu pescoço e encostando o tórax no seu.

 Atônito, sufocou na erupção de temperaturas que explodiu agressivamente em seu peito, ricocheteando para fora as mais diversas cores e voando pelo escritório. Iluminando o local - se não Londres inteira - como fogos de artifício. 

 Não conseguia processar uma única maldita frase com o corpo dela tão colado com o seu. 

 E se achara que Akane era quente antes, com aquele simples e ridículo roçar de dedos, não era nada comparado ao que sentia agora!

 Santo Deus! 

 Toda a pele dela ardia. E seu próprio corpo, que já vinha estando quente com o efeito que ela lhe causava, naquele instante se incendiava.

 Jurou que pegava fogo em todos os sentidos possíveis.

 Boquiaberto, o espanto dele para tamanha intensidade fora tanta, que abaixou o rosto para o próprio corpo, tentando conferir ridiculamente se não estava de fato queimando. Mas ao fez isso, sem querer fez o nariz roçar na pele cáustica do pescoço dela.

 E aquele fora seu fim.

  Lawliet compreendeu algo que foi como um vento quente do deserto a atingi-lo.

 Eu a desejo.

 Ele perdeu a respiração. 

 Meu Deus, o que estava acontecendo com ele? Sim, Akane era muito bonita e, sim, ela havia habitando seus pensamentos a uma semana e o fazendo sentir a pessoa mais sublime do planeta terra.

 Mas ela era Akane. A Filha de Watari. E ele era um fodido detetive que tinha um número infinito -  multiplicado por um - de inimigos a sua cola.

  Viva sempre com uma espada pendurada no topo de sua cabeça. E já era o bastante ter Watari para magoar quando enfim ela caísse.

 E ele não sabia como era um vento quente do deserto. De onde diabos essa ideia surgira? 

 Akane se afastou rapidamente e aumentou ainda mais seu sorriso. Não percebendo o efeito que causou nele.

 - Você... Ah, Ryuzaki! - sua voz estava embargada e trêmula - Você é maravilhoso! Isso é tão gentil!

Por um momento Lawliet não se moveu. Não conseguiu. Ainda estava tentando entender o que diabos estava acontecendo com ele.

 - Eu não sei como agradecer! Isso... - aturdido, piscou diversas vezes - Isso é uma das coisas mais gentis que já fizeram por mim. 

 Lawliet levantou a cabeça para ela. Mas realmente não deveria ter feito isso.

 A luz tonalizada com tons de pêssego batiam no rosto alvo de Akane. Transfigurava suas madeixas em um tom tão forte de louro que era como contemplar ouro.

  As bochechas estavam naquela maldita cor avermelhada deliciosa.

E desceu para mais baixo.

Novamente não deveria ter feito isso.

 Porque o que encontrou foi uma boca delicada, com lábios cheios e rubros, que se mexiam com graça e delicadeza. 

 Naquele momento, o desejo o atingira como...

 Ah, maldição, não como um vento quente do deserto. Tudo menos como um vento quente do deserto.

  - Ryuzaki? - Akane insistiu, com certa aflição - Está tudo bem? 

 - Desculpe-me - murmurou, aplacando a garganta seca com um grande pedaço de torta, ainda pasmo.

  Ela estava tão perto. Que agora a ideia de se inclinar sobre a mesa e tocar aqueles lábios carmesim com o polegar, não deixava espaço para quaisquer outros pensamentos.

 Lawliet apertou mais o polegar e o indicador no garfo. Tentando procurar alguma desgraça de alto controle.

 - Quer alguma coisa? Alguma água ou suco? Parece pálido - ela franzia as sobrancelhas. Mas sua gentileza não teve a mesma conotação para ele.

 Sim, ele queria. Queria debruçar sobre aquela mesa e tocar o rosto de Akane.   Queria percorrer - dessa vez com a mão toda - por aquela pele que parecia veludo e descer por aqueles amaldiçoados lábios.

Então queria os contornar, milímetro por milímetro, sentir sua maciez e calor enquanto inclinava-se para mais perto e...

 - Você está me ouvindo? - Era incrível pensar que ela não notara sua aflição, que não sabia que ele estava perto de... 

 Ah, Maldição. Perto de perder pela primeira vez o controle.

 - Não. Desculpe. Estava pensando.

 Foi a única coisa que conseguira dizer.


Notas Finais


Então, gente linda, vamos para o aviso: Vocês perceberam que o caso em que, o nosso amado, Lawliet está trabalhando, foi bem detalhado?
Pois bem, esse novo trabalho é o sub plot central da fic. E aconselho, de coração, que prestem atenção nos detalhes. Irão envolver muito os nossos dois protagonistas.
Mas, apesar do caso ser bastante bruto, pesado e estar mais presente no decorrer dos capítulos, a fanfic vai continuar tendo romance como pegada central.
Beijos beijos.


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