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História Domart Desire - Como o sol da Tunísia - História escrita por RCKSmith - Spirit Fanfics e Histórias
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História Domart Desire - Como o sol da Tunísia


Escrita por: RCKSmith

Notas do Autor


Amo vcs❤️

Capítulo 31 - Como o sol da Tunísia


Fanfic / Fanfiction Domart Desire - Como o sol da Tunísia

           Narrador.

 Em raras ocasiões a vida real era mais mágica do que a vida de fantasias que os livros proporcionavam. Anos de contos de fadas da Disney também influenciaram na ideia de que apenas princesas renegadas, bastardas maltratadas pela madrasta, donzelas trancafiadas em uma torre, seriam as escolhidas para terem uma história apaixonante de amor e aventura. Novamente, em raras ocasiões a vida real era mais empolgante do que a vida de fantasias. Mas, para Clark, essa era uma delas.   

 Talvez fosse o sol, brilhando no céu com raios doces e aconchegantes. Talvez fosse o ar, sussurrando poemas na brisa e trazendo promessas de romance. Ela não saberia dizer porque o mundo estava mais avivar naquela manhã. Mas tinha uma teoria; ele. O mundo resplandecia por causa dele. Era magnífico.

 Em contrapartida com a atmosfera rosé daquele dia, o medo e a ansiedade deveriam estar percorrendo pelo sangue de Akane como veneno de cobra. Afinal, era Segunda-feira. E ela estava a caminho da faculdade.  Em cada rua, cada calçada, e a cada bater de seu coração, a presença de Dain e de seus planos profanos espreitava. Tramando, sibilando.  Mas ela sentia-se apenas...apaixonada.  Era lógico que, aquela tranquilidade toda, não vinha dela. Para ser sincera, Clark sabia que tinha medo até da própria sombra. Poderia ser chamada de cativante e extrovertida, que falava pelos cotovelos e nunca ponderava muito os momentos em que deveria ficar em silêncio, mas com certeza corajosa não seria uma adjetivo que dariam para ela. A única razão para suas pernas não estarem tremendo como cordas de violoncelo, seu coração acelerado e respiração ofegante, era porque Lawliet tinha lhe instruído e acalmado com uma precisão cirúrgica. 

 —Existem 70% de chance dele estar lá. Como se nada tivesse acontecido.E você tera que entrar no jogo — ele não tirava os olhos dos dela, com a preocupação perpassando pelas íris ônix. — Peter irá te levar e buscar hoje. Temos de org...

 Ambos estavam sentados no escritório, com Lawliet atrás de sua mesa e Akane do outro lado, ainda com o Testamento nas mãos e a respiração entrecortada por pequenos soluços devido seu choro recente.

 — Eu tenho um plano! — dissera em um rompante, lembrando-se doque de fato viera fazer quando o procurou — A gente pode ir à França! Ou Estados Unidos. Já que Dain não foi pego e provavelmente ainda quer... — engoliu em seco, não conseguindo dizer em voz alta — Enfim, podemos fugir para outro lugar! Teríamos de ter passaportes... você deve ter, né? Eu não tenho. E tem o plano de viagem. E...Ah, sim! Tem o orfanato também. O Roger pode administrar integralmente? Porque eu tava pensando se...

 Sua linha de pensamento fora interrompida por uma risada alta, gostosa e genuína. Lawliet fechara os olhos e inclinara a cabeça para trás, com os ombros tremendo pelo som que reverberava para fora de seu peito.

 Clark estreitou os olhos até formarem uma linha fina, contendo um sorriso e cruzando os braços.

 Ele estava rindo dela. O demônio.

— Okay, o que foi? — sua voz tentara não entrar na brincadeira, mas falhará miseravelmente.

Levou alguns segundos para Lawliet se recompor, balançando a cabeça em negação e tentando conter um sorriso.

 — Você bolou um plano que é fugir?

— Sim! É a única solução e...

— Akane — seu sorriso era carinhoso, até paternal, como se dirigido a uma criança que errara a cor do céu ou tivesse com medo de monstros no armário — Eu sou o L. Acha que não tenho um plano para te proteger?

— Hum...

— Nunca — assegurou —, nunca deixarei que nada aconteça com você. E jamais irei permitir que tenha de sair da sua casa por causa de medo. Eu vou pegar ele, Akane.

 E então lá estava ela, sorrindo de novo. Com as bochechas coradas e o coração nas nuvens. Sua mente, a romântica, revivia mais os momentos doces do que as instruções de precauções. Mas Clark achava, na verdade, que apenas estava tentando evitar os pensamentos de que tudo podia dar errado e ela poderia ser sequestrada - ou morta, ou violentada. Todos os destinos profanos - com as lembranças felizes. Pois, caso o medo se avultasse, ela não conseguira se manter calma e acabaria estragando tudo. O plano era agir normalmente, evitar lugares em que pudesse se encontrar sozinha e, caso tivesse de falar com Dain, a versão da história seria de que fora atacada, sim, mas que conseguira fugir. Ser invasiva e obtusa era a chave. Não dar detalhes e, caso pressionada, achar alguma desculpa para escapar da conversa.

 Clark não sabia do plano inteiro que Lawliet tinha em mente, nem o que fariam nas próximas ocasiões. Ele dissera apenas como agir naquele dia e que conversariam quando ela chegasse em casa. Afirmara de que o comportamento de Dain naquele dia definiria o restante do plano, então ela não precisava se preocupar com as possibilidades futuras ainda. Todavia, Akane sentira que aquela resposta fora apenas uma desculpa. Um meio de tentar mantê-la longe de toda a realidade alarmante que ela se encontrava. Era como se sua visão novamente fosse tapada por um véu de neblina, que a mantinha parcialmente consciente do que acontecia a sua volta. Talvez fosse uma jogada arriscada e ensandecida saber disso e não pensar em libertar-se daquela ignorância. Mas, contudo, como fora dito, Clark era uma pessoa medrosa. E talvez estivesse com medo demais de ficar consciente de novos horrores e saber, definitivamente, que o demônio tinha planos para ela muito piores doque a morte.

 Então ela confiara em Lawliet cegamente. Com toda a vida. Confiava que ele sabia o que estava fazendo. Tentava seguir sua linha de raciocínio e obliquar a parte mais negra da situação. Era um mecanismo de defesa que encontrara para ser poupada da ansiedade e pavor. E talvez não funcionasse para outras pessoas, mas, bem, funcionava para ela. E era aquilo que importava.

 Quando entrara no auditório que seria a primeira palestra do dia, sentara-se ao lado de Elizabeth, que mal lhe dera tempo de a cumprimentar.

— Aonde você estava? — os olhos azuis estavam crispados de incógnitas — Não apareceu na festa.

 Ela foi a festa? Mas...

— Você foi?

— Lógico! A gente marcou de se encontrar lá. Você não apareceu. Achei que tivesse desistido.

 A mente de Clark dera um nó. Um nó firme de marinheiro e lhe arremessado como uma âncora ao mar.  De repente, toda a confiança que vinha sentido fora atacada por um balde de água fria. Ela pensava ter a vantagem naquele jogo profano, a carta na manga, mas a sensação de estar erroneamenteenganada suspirou em sua nuca. Arrepiou-se, da cabeça aos pés.

 — Um segundo... — sua mente maquinava — Em que endereço você foi?

 — Leste de Southing Kesigthon, N 34 — franzira o cenho, olhando-a como se tivesse brotado duas cabeças. — Dain passou esse endereço por mensagem. Você se confundiu?

  Dain me dissera dito Sul de Southing Kesigthon. Em um número completamente diferente

 Algo indefinível no mundo mudou com um silencioso clique, como uma chave destrancando uma porta imaginária. E essa porta abrigava todos os horrores do mundo. O torcer do medo nas estranhas de Clark se apertou, e ela tentou parecer calma apesar do martelar de seu coração e enquanto algo se insinuava dentro dela. E fosse o quê fosse, não era bom. À primeira vista, a situação soava como uma piada. Talvez um entendimento errado. Não sabia dizer como os fatos estavam ligados, mas quando ela prestou mais atenção, contudo, a ilusão partiu-se feito uma fruta podre. Pode sentir a conexão balançando na escuridão, feito uma corrente submersa. 

   Dain convidara as amigas de Akane para manter as aparência de uma festa universitária. Em seguida, as mandaram para outro endereço - provavelmente uma festa também organizada por ele -, afim ter um álibi quando a investigação do seu sumiço começasse a questionar seu ciclo social. Assim, ninguém encontraria um caminho para achar pistas. E ela seria esquecida. Presa em sabe se lá qual nível do O Inferno de Dante. Então o mundo de Clark caiu da cadeira. Passou-se um segundo doentio de leveza extrema, de obliqüidade dos sons, com um zunido em láque estancou seus sentidos. A realidade saiu feito veneno puro, como se nomeasse um pecado além da compreensão. As paredes ao seu redor perderam sua aparência diurna alegre, e tornaram-se descasques em um tom fúnebre, seco feito ossos velhos. Ela fora tomada por um medo terrível. A atmosfera mudou e açoitou, e veio dessa vez trazendo o cheiro de morte e perigo nas costas.

 Se perguntassem, Akane Clark não saberia dizer como enfrentou aquele dia. O que ressaltaria seria como o medo tirânico a acompanhou durante todas as horas. Deixando-a com a sensação vivida de que algo estava a espreita. Talvez Dain. Talvez uma das pessoas daquela festa. Talvez o Diabo. Durante todo o horário letivo, as lembranças daquela noite tenebrosa insinuavam-se sobre ela. E teve um segundo, que juraria ter visto, pela visão periférica, um par daqueles olhos esfomeados.

  Dessas aterradoras sensações brotou um único pensamento; Eu vou morrer.

 Era claro. Nítido. Vivo e feroz. O fato a encarava com dureza e malícia, e Clark sentiu-se exposta e vulnerável como um livro que fora lido diversas vezes. Alexandre Dain parecia sempre ter um passo à frente. Uma carta na manga. Cada ação dele fazia parte de um objetivo maior, e ela pegou-se presa em uma teia de planos perversos que sussurravam que nada era o que parecia ser. Um convite de uma festa não era só um convite. Uma carona não era só mais uma carona. E um olhar não era só mais um olhar. Tudo o que Dain fazia tinha um porquê. E Clark não sabia nem por onde começar a desvendar.

 Estava perdida. Cercada pelo Belzebu que a rondava como uma maldição. Ela iria morrer. Talvez não hoje. Talvez não amanhã. Mas Dain teria um plano muito em breve - se já não tivesse - e talvez nem Lawliet pudesse lhe salvar. O medo avultava-se sobre a razão. E ela esquecera completamente de quem Lawliet era.

 Não encontrou Dain aquele dia. E aquilo só aumentou ainda mais a ansiedade dela. Para contribuir com seu martírio, suas obrigações na faculdade tinham acumulado-se, e as provas e trabalhos a naufragaram em um mar de desespero.  O autocontrole dela, fino feito papel, foi esticado quase até rasgar, e havia um mar de terror por baixo. Precisou respirar fundo, uma, duas, três (mil) vezes até ter majoritariamente  disciplinas organizadas. E quando pulou da cadeira da biblioteca, como se o diabo estivesse à espreita atrás de uma das estantes, o relógio marcava 20h e uma tempestade despencava lá fora. Como um presságio maldito. Uma maldição. A confirmação lúgubre de que seu destino era profano.

 

  Um homem que comete um crime precisa encobrir seus rastros, mesmo que eles sejam deixados pelos melhores sapatos que o dinheiro poderia comprar. E para encobrir os seus, Dain havia saído do país. Lawliet sabia disso. Quando aquela tarde nublosa de Segunda-feira - que destoara completamente da manhã magnífica que fizera - trouxera a notícia de que um massacre havia acontecido no Novo México, ele soubera quem fizera aquilo.

 Quando os planos de um psicopata sádico-sexual são destruídos, ele tem tendência a recorrer, o mais rápido possível, a qualquer forma de alívio. Algo que o faça sentir-se vivo. No controle. E, caso o psicopata em questão tivesse uma inteligência acima da média, o que era o caso de Dain, ele seria extremamente meticuloso em seu acesso de raiva. Novamente, no caso de Dain, sua forma de alívio fora a chacina de 14 garotas. Todas tão exorbitantemente parecidas com Akane que chegara a passar da morbidade padrão que seu ofício trazia por si só. Fugir da jurisdição da polícia dos países em que eram realizadas investigações sobre 69 fora uma jogada impecável. Mas não tão impecável para Lawliet. Seu ofício era descobrir os rastros dos criminosos, mesmo encobertos por sapatos ilustrados com champanhe.

 Era de uma natureza óbvia que a situação, como um todo, tendia a encurvar os nervos de aço dele. Lutava contra o contorcer das entranhas e da força dos batimentos cardíacos quando vira as vítimas assasinadas. Tão pavorosamentes parecidas com Clark.  Mas ele não iria admitir - para si ou para quem fosse - que aquele caso desenvolvera a capacidade de tremer suas mãos. De lhe fazer prender o fôlego. Precisava manter-se frio, amainar-se. Não por si. Mas por Clark. O medo titânico que vira nos olhos dela, enquanto explicava como teria de agir hoje, não teria doído mais se tivessem lhe cravado uma flecha no peito. 

 Ele protegeria ela. Nem que fosse com a própria vida. Protegeria para nunca mais ter de ver nada que causasse aquele olhar. Nada que a fizesse sentir vontade de fugir. Quando L Lawliet assumia a proteção de alguém, ele preferia morrer antes de deixar que esse alguém se ferisse. E fora nessas águas de raciocínio, que seus devaneios o enlevara para o dia anterior. Para a manhã em que o sorriso, incredulidade e amor de Clark, era tudo o que ele conseguia ver. Tudo o que queria ver. Dissera a verdade quando contou que o fizera o testamento por causa da promessa, afinal ele era um homem honrado e de palavra. Mas seria mentira se admitisse que era apenas isso. Pois, a cada segundo que permanecia na presença do que deveria ser o amor que Shakespeare se referia, a certeza de que queria dar tudo de si para Akane só tornava-se mais sólida.

 Lawliet não era um homem materialista. Muito menos ambicioso. Reunira mais fortuna do que poderia gastar, mais ações do que poderia vender e mais conhecimento da bolsa de valores do que qualquer um poderia desenvolver. Mas tudo isso...bom, para ele não importava.  Então aquilo tudo ganhara um novo significado - o primeiro significado - quando passara a amar. Akane Clark tinha lhe salvado de todas as formas possíveis, mostrado a beleza sublime do mundo. Tal sublimidade que impunha tamanha magnitude que a emoção era de marejar os olhos. Ela trazia consigo uma realidade vivida, aonde os tons eram rosa, a brisa era lírica e os beijos eram poéticos. Um mundo aonde a aura da Terra era romântica, a atmosfera era mágica e o brilho do sol era exótico.  Akane o fazia se sentir em uma realidade diferente, onde era possível viagens em tapetes mágicos, navegações por oceanos místicos e procuras à tesouros em ilhas tropicais. Com ela, era como se cada olhar, conversa ou toque, tendia a tomar rumos fascinantes. Clark era fascinante. E ele nunca conseguiria, por mais que tentasse anos a finco - e ele iria - retribuir e lhe mostrar como era feliz com ela, como ela mudara sua vida. Então lhe dar tudo o que podia fora o único gesto, um minúsculo gesto, que podia demonstrar e explicar o quão ele estava empenhando em passar o resto da vida com ela. Em como se preocupava. Em como era inaceitável que, quando ele morresse, ela ficasse a esmo, que não tivesse estabilidade. Para Lawliet aquela fortuna não valia e nem estava aos pés de um simples olhar de Clark, mas, mesmo que fosse insignificante comparado ao amor que ela o fazia sentir, aquilo a garantia todo o conforto e segurança que merecia, então passara a ter importância.

 Uma batida suave na porta o tirara dos devaneios, jogando-lhe em uma realidade em que a noite e a tempestade ganharam vida lá fora. O som da chuva caindo sobre o telhado, como milhares de dedos tamborilando em algum lugar ao longe, mostrou o tanto de tempo que ele passou inerte, sem ver o mundo real.

 — Oi — A voz que ele conhecia melhor do que a própria chegou aos seus ouvidos, reverberando-se pela parede. E a chuva, que antes fustigava o coração de Londres com a ferocidade de um animal enjaulado, agora tinha adotado uma aura pacífica.

 Jesus Cristo! Que bruxaria aquela mulher havia feito para conseguir mudar até o tom das forças da natureza? Ou talvez... talvez não fosse a natureza mãe que ela mudava. E sim ele. Novamente seu coração derreteu-se, e ele degustou da visão de Clark apenas vestida com sua blusa e os cabelos molhados.

 — Senti saudades — ela dissera, enquanto andou até ele e salpicou um beijo em seus lábios.

 Jesus Cristo!

 Não era um enigma do Oráculo de Delfos que Lawliet não era acostumado com demonstrações de afeto. Muito menos físicas. E aquele beijo o pegara desprevenido. Piscara algumas vezes, vagamente enviesado pela explosão cegante e causticante de cores e sensações que explodiram-se de dentro de seu corpo para fora. Fora como um sacolejo de navio, mas que virara de ponta cabeça e o naufragara em um mar quente.

— Desculpa não vir antes, tinha muita coisa na faculdade e eu tomei uma chuva do cão! Tive que tomar um banho quando cheguei porque senão você ia levar um susto. Eu tava igual a Samara. Mas uma Samara loira. — ela sentara-se na beirada da mesa, de frente para a cadeira de Lawliet, não se importando com as coxas nuas — Você acredita que eu passei horasna biblioteca? E você não sabe o que eu descobri sobre o...

  O corpo de Clark inegavelmente irradiava  calor. E isso destruiu a linha de raciocínio dele. Meus Deus, será que aquela mulher havia mergulhado no sol do Egito? 

 A cada nova sensação que rompia dentro de si, como uma corda de violino, mais Lawliet ficava aturdido. O cheiro de sabonete, calor e mulher resetaram sua mente. O ar ficara rarefeito e a atmosfera ficara abafada. De repente, ele sentia calor. Um calor causticante que lambeu-o dos pés a nuca. Sua mente bradava palavras, avisos para prestar atenção no que Clark dizia, mas seu corpo experimentava uma ardência e um formigamento coçante. O coração dele começou a bater mais forte. Seu sangue reagia prontamente aquela mulher e isso o espantou.  Ele já tivera experimentado o desejo antes. Mas aquilo... A nova reação o deixara perplexo, uma que nunca vivenciara antes. 

A pele dela parecia o chamar. E todo seu corpo reagia a isso.

 O brilho da lua entrava pela janela e iluminava o escritório, produzindo um brilho exótico no contorno do corpo de mulher. A luz que estava acesa, amanteigada com a promessa de um desejo, adornou o ambiente com os ofegos de dois amantes. Lawliet não precisava ver com clareza sua própria alma para adivinhar o que ela clamava. Estavam ali. Preenchiam o cômodo, estavam no ar, que causavam arrepios. 

 —... Ai eu pensei que ele poderia estar tramando. Não é? Mas ai aconteceu que... — oh, sim, ela ainda continuava a falar.

 Uma sequência de frases que narravam algo que Lawliet encontrava-se incapaz de processar. Como se tudo aquilo não bastasse, todo o tormento que sua alma encontrava-se, Clark pegara um dos doces que estavam ao lado do computador, mordera e deixara com que gotas do recheio de chocolate caisem na camiseta e na coxa.

 Ele perdeu a respiração.

— Ai, me desculpa! — ela correu os dedos para limpar a camiseta — Foi sem querer e...

 Mas a atenção dele não estava na camisa. Que fosse pro inferno aquele pedaço de pano! Sua mente travara naquela gota de chocolate, bradando a coxa cor de alabastro que irradiava o sol da Tunísia. Aquele amaldiçoado pedaço de pele cuja presença tornou-se uma tentação para que, em um segundo, Lawliet se esquecesse de todas as crenças e resoluções que ancoravam sua vida. O encantamento sensual dela provocava o caos, o mistério e uma estupefação que o deixava sem ar. Sua mera presença era um feitiço. Como se para confirmar o feitiço que encontrava-se, o corpo dele inclinou-se para frente, capturando aquele pedaço de pele com os lábios, limpando a gota de chocolate.

 Clark arfou, ou ele, ou ambos. A excitação do ambiente agigantou-se sobre os dois e tremeu todos seus pilares. Talvez até o mundo. Todas as tênues fontes de luz se juntavam e se intensificavam em um lugar. O abafo da chuva sorvia a brisa para agravar o ar sensual que centuplicava. De repente, seus corpos estavam quentes com o inferno. Lawliet não se apressava, a mão direita pousara na lateral da coxa e se deixou queimar-se em sua ardência. Sensações maravilhosas davam vida ao corpo dele. Como se enfim pudesse respirar. Como se tocar em Clark fosse seu oxigênio. Ela arfara mais uma vez, e a excitação ficara mais intensa. A sensação cresceu entre eles de forma tão maravilhosa que se tornou um dos maiores prazeres que ele jamais experimentara.

 Seus lábios seguiram a intensidade, e deixara com que a ponta língua saboreasse o toque e aquela combinação tão ardente. O desejo intensificou todos os sentidos e o resto da realidade desaparecera por completo.

 Veja, Lawliet não ganhara seu título de detetive por ser um investigador excepcional. Mas sim por ser um gênio que quisera ser detetive. Nesse víeis, a consciência de que ele compreendia todos os assuntos adornados no mundo e as frivolidades de uma sociedade, não era de espantar-se que suas faculdades mentais envolviam anatomia e o conhecimento do corpo humano. Com isso, ele não mantinha-se acanhado e resguardado com sexo e as bagagens que ele trazia, seus receios eram apenas sobre não trazem conforto e prazer a ela. Não sobre o que fazer. Entretanto, a teoria não contava e preparava para turbulência de sensações e emoções que qualquer toque físico desencadeava. Conhecer a prática de uma coisa era muito divergente de praticá-la.

 O aroma de Clark, uma mistura provocante de sabonete, calor e mulher, o deixara ansiando por mais. E se vira envolto naquelas pernas puras e doces, tocando, sorvando, bebendo. Ele não saberia dizer o que ela pensava naquela hora, ainda assim, tinha a sensação - tão certo quanto a eminência do ato de amor que aconteceria naquele sala - de que Akane estava desesperada também por mais. A respiração dela era arfante, as pernas estavam trêmulas e as mãos agora apertavam a beirada da mesa. Ela deveria tê-lo parado, afastado-o e o feito recobrar o pudor. Em vez disso, ela sucumbiu a ele, e Lawliet soubera que fora sentenciado.

 A ansia, o calor e a excitação do ar foram demais. Ele avançou a boca, beijando cada pedaço de pele. Devagar e a cada prazeroso minuto, ele içara as âncoras que o mantinham, deixando com que as mãos percorressem e firmassem em ambas as laterais das coxas dela, puxando-a para perto. A sensação de necessitar de saciedade avultava-se. Dentro de si, desejos ressonantes despertavam, enviando arrepios profundos que se acumulavam e se espalhavam, aumentando a tortura até ambos quererem implorar por alívio.

 Então Lawliet soubera aonde tudo aquilo iria parar.

 Aninhando-se melhor entre as coxas dela, levara os lábios para mais fundo. Um beijo. Profundo e íntimo, tão lento e sedutor fora deixado no interior alto da coxa quente, cujo ascendera um anseio doce que venceu sua paciência. Lawliet levantou a cabeça, encontrando as faces afugentadas pelo vermelho, os lábios entreabertos e a feição contorcida pelo prazer.

 — Eu posso? — pedira, subindo as mãos, mergulhando-as no esconderijo que a barra da camisa fazia e traçando as laterais da calcinha dela com os polegares.

 Os lábios de Akane tremeram. Os olhos caramelados não deixavam os seus e a expectativa do que estava por vir estourou nos pensamentos dela que fora impossível impedir que fossem materializados em sua fisionomia.

 Ela concordou. Uma, duas, três vezes. E, como se não tivesse sido o bastante, dissera;

 — Pode.



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