Anos depois
A garota, agora oficialmente formada numa faculdade, sendo maior de idade e agora podendo dirigir, ela segue rumo a sua cidade natal, para cumprir a promessa que fez a si mesma antes mesmo de iniciar sua vida universitária.
Com suas mãos no volante de seu carro, a garota respira fundo, mantendo total atenção no trânsito e tentando não se sentir mais ansiosa do que já estava.
Em sua mente, ela cria diversas expectativas de como vai ser sua volta para a pequena cidade. A única coisa que ela tem certeza é que encontrará com Gon assim que por os pés na frente de sua antiga casa.
Os dois nunca pararam de se falar, e nesses últimos anos, foi o esverdeado quem segurou a saúde mental da garota e impediu que ela trancasse a faculdade e fosse viver à base de vender sua arte na praia.
Ela se pergunta se ele ainda tem o contato das pessoas que eram próximas dele na época da escola, e isso inclui Killua também.
Após mais ou menos um ano que ela estava na faculdade, acabou perdendo o contato do albino, sem mais nem menos, eles simplesmente pararam de se falar e tão de repente, a (cor do seu cabelo) havia perdido o número do rapaz.
De vez em quando, sem nem esperar, ela acabava se lembrando dele, muitas das vezes se questionava como ele estava, se ele havia achado um outro alguém, se ele ainda pensava nela.
De qualquer forma, nada disso era da sua conta mais, e embora ela queira muito uma resposta, não vai mudar o fato de que ele não pertence mais a sua vida, e isso já faz tanto tempo, que chega a ser idiota como ela ainda pensa nele.
Após passar horas dirigindo, ela finalmente chegou em sua tão amada cidadezinha, onde nasceu e cresceu.
Haviam algumas coisas diferentes, como lojas que não existiam, alguns rostos novos caminhando pelas ruas.
Chega a ser incrível como tanta coisa muda em questão de anos.
Assim que entrou no começo da rua onde fica a sua casa, não conseguiu controlar a sensação nostálgica de estar ali com seus 16/17 anos, caminhando rumo a cafeteria que ficava na esquina da próxima rua, sempre na companhia de Gon, e as vezes, na companhia de outros amigos.
Ela estacionou o carro na frente de casa, onde viu logo de cara os cabelos esverdeados e espetados de seu melhor amigo, juntamente de seu sorriso largo, expressando felicidade genuína.
(S/n) desligou o carro e retirou o cinto de segurança quase que na velocidade da luz, se atirando para fora do veículo e correndo até o maior/ menor, para o abraçar o mais forte possível.
— Que saudade!! — Exclama ela, enquanto se balança de um lado para o outro, já abraçando Gon, que acompanha os movimentos com uma risada.
Após minutos de abraços e palavras embaralhadas junto com choro, os dois se acalmaram e começaram a levar as malas da garota para dentro de casa.
Adentrando no local, parecia com uma casa abandonada, já que fazia muito tempo que alguém não ia ali.
A (cor do seu cabelo) observa o estado da sala de estar completamente empoeirada e repleta de teias de aranha nos cantos das paredes, se questionando o quão destruído os outros cômodos estariam.
— Nossa.. vai levar uma eternidade pra limpar tudo isso. — A garota comenta com desânimo. Ela realmente não estava esperando encontrar aquele lugar naquele estado.
— Que nada, (S/n). — O pequeno raio de sol, vulgo Gon, anima a mais velha. — Vamos limpar isso aqui rapidinho! Depois a gente pode ir naquela cafeteria que costumávamos ir quando éramos crianças.
Se dando por vencida, (S/n) e Gon passaram a limpar toda aquela casa, abrindo as janelas, tirando pó e as teias de aranha, claro que não machucaram nenhuma aranha, apenas as levaram para o lado de fora.
Após passar quase o resto do dia inteiro limpando, eles haviam finalmente terminado.
Se jogaram no sofá da sala de estar, sem acreditar em seu feito.
— E aí, vamos na cafeteria ou não? — A (cor do seu cabelo) olha para o esverdeado, sorrindo e se arriscando a usar a gota de energia que ainda lhe restava.
Como Gon nunca recusa uma proposta de sair, ele aceitou sem nem pensar duas vezes.
Caminhando pelas ruas, sendo iluminadas pelo pequeno resquício de luz solar que ainda restava antes que a noite tomasse conta de tudo, a dupla de amigos conversa sobre como a cidadezinha havia mudado desde que a garota se mudou para fazer faculdade.
Em menos de quinze minutos eles já estavam na cafeteria, e para relembrarem dos bons momentos de quando eram crianças, fizeram questão de pedir as bebidas que sempre pediam.
Enquanto estavam sentados numa mesa bem no cantinho da cafeteria, os assuntos vinham e iam, até o momento em que o sininho acima da porta fora ouvido, chamando sempre a atenção da maioria das pessoas para a porta do estabelecimento, para curiar quem estava a entrar no local.
A garota que estava bebendo tranquilamente um/uma (bebida de sua preferência), quase veio a cuspir todo líquido que estava ingerindo ao ver um rosto familiar e que não via há muito tempo. Cabelos tão brancos quanto a neve, olhos tão azuis quanto o vasto oceano, quase sem brilho, e uma expressão séria.
Não era possível ser ele, simplesmente aquele momento não parecia ser real.
Os olhos sem vida do garoto, por algum acaso acabou se encontrando com os da (cor do seu cabelo). Uma troca de olhares tão rápida e repentina, mas que foi capaz de deixar a pele pálida do albino ainda mais clara.
Gon, por sua vez, estava tão distraído comendo e bebendo, que nem notou o olhar de desespero de sua amiga, e por pura inocência, assim que avistou os cabelos inconfundíveis de Killua, o esverdeado quase pulou em cima da mesa, acenando freneticamente e o chamando em voz alta, chamando a atenção de literalmente todo mundo que estava naquele estabelecimento.
Sendo chamado, o albino não teria como escapar dali, muito menos a (cor do seu cabelo).
Ele caminhou lentamente e levemente trêmulo até a mesa onde os dois estavam.
— Oi.. Gon.. — Diz ele, desviando o olhar totalmente da garota, e fingindo tranquilidade, quando na verdade a expressão de desespero em sua face era nítida.
A garota estaria fazendo o mesmo que o garoto, virando o rosto para o outro lado e bebendo a sua bebida freneticamente, a fim de ter alguma desculpa para desaparecer dali o mais rápido possível.
— A (S/n) acabou de voltar de viagem! Agora pra ficar de vez!! — O esverdeado comenta com ânimo, piorando ainda mais a situação do albino que até pensou em fingir não reconhecer a face da garota.
— Bem vinda de volta, (S/n). — Ele tenta falar o mais natural possível.
— Obrigada. — Ela se atreveu a olhá-lo de relance só um pouquinho, apenas para ver seu rosto uma última vez.
Sem muito mais o que falar, Killua apenas se despediu brevemente e voltou ao seu rumo na direção do balcão de atendimento para fazer seu pedido.
— Céus, o que foi isso?! — Ela questiona indignada para Gon, mas ainda sim mantendo o tom de voz baixo, para não chamar mais atenção ainda.
— Por que vocês não conversaram direito? — O esverdeado faz um biquinho, parecia não entender o que estava realmente rolando ali.
— Porque não tem o que conversar!
— Eu achei que você sentia falta dele... — O garoto fala em tom tristonho.
— Já senti, mas não rola, Gon, são águas passadas.
— Mas ele parecia sentir falta de você também. — Ele olha para a garota, agora a vendo entrar em choque, sem saber como reagir.
— Você.. acha que eu deveria ir falar com ele?
Em resposta, o esverdeado assente positivamente com a cabeça.
Ela sentiu uma sensação de dejavu a invadindo. Onde havia visto esse momento acontecer? Oh. Sim. Há anos atrás, quando finalmente teve coragem de se aproximar de Killua para iniciar uma amizade.
Assim como foi da primeira vez, ela bebeu a bebida que estava tomando, como se aquilo lhe desse uma dose a mais de coragem.
O albino estava já se retirando do estabelecimento, e assim, a (cor do seu cabelo) foi rapidamente atrás do maior/menor, atravessando a porta de entrada do estabelecimento e cutucando o ombro dele, o fazendo virar automaticamente para ver quem era.
— Killua, nós precisamos conversar.
Assim, ambos os dois decidiram que conversar e caminhar pela cidade durante a noite seria uma boa opção para colocarem todos os pontos nos “is”.
A (cor do seu cabelo) avisou Gon que iria dar uma volta com o garoto albino, o mais novo concordou completamente e a encorajou dizendo para só ir e ser quem ela é.
Agora ela e Killua caminham pelo parque da pequena cidade. Estava bem vazio e quieto, com pouca iluminação graças as árvores que cobriam boa parte da iluminação dos postes de luz. Se Killua não desse medo em qualquer um que olhasse para ele, a menor/maior estaria totalmente preocupada em ser assaltada ali no meio do nada.
Eles mantiam uma conversa constante e tranquila, sem desconforto ou silêncios no meio, os assuntos fluíam como a água de um rio.
Acabaram parando em frente ao grande lago do parque, embora estivesse escuro de mais para apreciar qualquer coisa, ainda parecia confortável a ideia de apenas parar ali por alguns minutos e continuar conversando.
Quando menos perceberam, acabaram entrando no assunto de interesses românticos que encontraram durante esses anos, e pela primeira vez na noite, a garota se sentiu um pouco envergonhada em revelar os altos e baixos que passou durante todos esses anos.
Ela esperou que Killua terminasse de contar a trágica história de como acabou partindo o coração de uma simples garota que se arriscou a se apaixonar por ele.
Ele contou que conheceu a garota por um de seus irmãos, e que logo acabou gostando dela tanto quanto ela gostava dele. Eles pareciam o casal perfeito, porém, havia um problema entre esse relacionamento, algo tão pequeno que acabou por causar sua separação para nunca mais voltarem.
— E qual era o problema? — A menor/maior questiona ao albino enquanto o mesmo conta sobre a tal história.
Ele hesitou antes de falar, abrindo a boca e logo a fechando, comprimindo os lábios e soltando o ar pesadamente pelo nariz, como se buscasse coragem para proferir as palavras a seguir.
A espera de segundos demorados estava deixando a garota ansiosa, o que a fez agir automaticamente, se virando mais na direção do garoto que estava ao seu lado e se aproximando um pouco mais, com a expressão séria, misturando curiosidade e ao mesmo tempo uma leve tensão.
Após mais um longo suspiro o albino finalmente abre a boca para falar.
— Ela não era você... — Ele solta as palavras no ar, desviando o olhar para sua mão apoiada no parapeito que os impedia de cair no lago, notando que sua mão estava quase encostada com a da menor/maior.
Com a resposta do garoto, ela veio a arregalar seus olhos (cor) e corar um pouco, mas sem que o albino percebesse, já que estava desviando o olhar. Sua expressão se suavizou e então, também desviando o olhar e sorrindo sarcasticamente, ela levou sua mão até a dele, encostando sua palma nas costas de sua mão tão pálida quanto a neve.
— Aconteceu o mesmo comigo. — Ela se atreveu a olhá-lo, para ver que ele também estava a encarando, com aqueles olhos tão azuis quanto o profundo oceano. — Eu não consegui seguir em frente, porque ninguém era como...
Antes que pudesse terminar sua frase, ela foi totalmente cortada por um movimento brusco do maior/menor, que veia a aproximá-la dele e cortar o curto espaço que havia restado entre eles.
Um ósculo tão inocente, repleto de sentimentos inacabados. Um contato tão simples que pôde ser capaz de acabar com a saudade e angústia que permaneceu por anos.
Após separarem seus lábios, ficaram a se encarar por mais alguns curtos segundos.
— Killua, esses poucos anos que passamos separados, eu percebi que não importa o que aconteça, eu te amo da lua até a volta.
O albino, então corou e desviou o olhar, ficando totalmente desconsertado, contudo, ainda sim ameaçava dar um sorriso.
— Idiota... Vem cá. — Ele a puxa para um abraço, fazendo com que o rosto da menor/maior ficasse contra o seu peito.
Ela riu um pouco e o abraçou de volta, logo erguendo o olhar para visualizar seu rosto.
— Então... Você acha que podemos tentar de novo? — A (cor do seu cabelo) questiona, o vendo desviar o olhar e abaixar um pouco a cabeça, fazendo a sombra de sua franja cobrir seus olhos, contudo, um sorriso curto prevalecia em sua expressão facial.
— Acho. — O maior/menor ergue o seu olhar e afasta os cabelos da testa da garota, depositando um beijinho ali. — Vamos tentar de novo.
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