"Um cansaço sem sentido
E terei medo de ficar sozinho
Com esta sala cheia de pelerinos coloridos
Aqueles que você tricotou em mim"
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Era tão bom sentir o ar puro da floresta, agora que estava sozinho — por consequência — voltei o meu foco para a roseira vermelha, um pouco ao meu lado. Aquele aroma me trazia lembranças dele, eu precisava levar uma daquelas rosas pra casa e faria isso assim que Yunho voltasse. Pensando melhor, resolvo levantar e me aproximar da roseira, arrancando uma cuidadosamente por causa dos espinhos. Atrás de mim, ouço pegadas e som das folhas molhadas do chão sendo pisadas, além disso também sinto uma presença, então resolvo me virar.
- Yun, você não demor--- paraliso no instante em que vejo um lobo enorme a poucos metros de mim.
Nem se eu tentasse o meu corpo responderia aos meus comandos, eu desejava muito sair dali correndo, mas minhas pernas estavam cansadas e eu realmente não conseguiria. Aquele animal também estava paralisado e eu não sabia explicar como poderia ser tão bonito, seu pelo era escuro, tendo a parte inferior acinzentada, seus olhos eram castanhos claros e eu estava hipnotizado. Aos poucos notava os seus olhos ficando cada vez mais brilhantes, era como se a qualquer momento fossem cair lágrimas dali, quando um som sofrego veio dele eu pude ter certeza daquilo.
- Tem algo lhe machucando? - questiono receoso, principalmente quando ele se aproxima - n-não me machuque! - me exalto por estar com medo e me encolho, protegendo inconscientemente a minha barriga.
Nenhum outro som é escutado por mim além da ventania daquela madrugada, aos poucos sinto o meu corpo relaxar e o arôma das rosas se intensificarem. Isso me faz lembrar dele... penso erguendo lentamente a minha face para enfim encarar o animal, porém me surpreendo pois já que havia ninguém ali. Olho rapidamente a minha volta e nada, onde aquele lobo enorme foi?
- Wooyoung - dou um pulo de susto quando Yunho se projeta em minha frente - eu pedi que ficasse sentado, o que está fazendo aí?
- Você me assustou! - ele sorri.
- Me desculpe.
- Yun, eu vim pegar algumas rosas para poder levar comigo e de repente apareceu um lobo enorme - vejo ele se espantar.
- Um lobo?
- Sim, ele estava aqui e parecia triste... mas de repente sumiu - vejo ele sorrir e então se aproximar para acariciar o meu rosto.
- Woo, lembra que eu comentei sobre as alucinações? - assenti - então, você tem certeza que realmente o viu? - fico pensativo.
- Mas parecia tão real... - falo cabisbaixo.
- Quando você me confundiu com o Choi, também parecia real - engoli em seco, realmente parecia - no caminho de volta, não vi nenhum movimento estranho e posso afirmar que é raro ter esse tipo de animal por aqui - então... realmente pode ter sido uma ilusão.
- Deve ter sido coisa da minha mente - digo por fim.
- Tudo bem, acho melhor retornarmos, parece que vai chover a qualquer momento - assenti, então ele deixou o meu braço junto ao seu, para que eu pudesse me equilibrar bem enquanto caminhávamos.
- Vamos - mesmo que estivesse se esforçando para me deixar confortável e feliz, sabia que havia algo que lá no fundo o incomodava, sabia que ele era forte, mas desabafar aquilo com alguém seria bom - Yun... eu posso perguntar se você está bem? - questiono quebrando o silêncio que havia se instalado enquanto seguíamos juntos de volta pra casa.
- Estou - respondeu simplista.
- Você está realmente bem? - ele pareceu hesitar um pouco - quando eu te conheci, você parecia confiante para realizar algo que eu não sabia, e confesso ainda não saber. Durante algum tempo até os últimos dias que ficamos no castelo, eu senti que de alguma forma você mudou Yun... E agora que estamos longe de lá, sinto que você não está bem.
- Você é realmente um bom observador Wooyoung - ele dita com um sorriso - a verdade é que... entrei no castelo no intuito de vigiar o Rei, ele pretendia acabar com o meu reino e foi por esse motivo que eu o enganei - até o momento eu entendia - estava tudo sobre controle, até... nós começarmos a nos envolver - me espanto.
- Você e o rei? - ele assentiu - céus...
- Imaginei que conseguiria me livrar do sentimento a partir do momento em que me afastei dele, mas tudo parece piorar - ele suspira - de forma alguma podemos nos reencontrar, tenho a plena certeza que ele cortaria a minha cabeça se voltasse a me ver - a situação chegava a ser pior que a minha?!
- Teria a possibilidade dele não estar te caçando para matá-lo? E se ele só...
- É impossível Woo, é realmente impossível - depois disso não dissemos mais nada, apenas continuamos a seguir.
Yunho pensava nas palavras do Jung e por consequência, se lembrava daquela feição que tomava o rosto do alfa quando estava prestes a deixá-lo. "O que aconteceria se eu realmente tivesse ido embora?" Se recorda da vez em que fez esse questionamento ao rei. "Eu iria te esperar..." O ômega sente um aperto no coração "...se por acaso não voltasse, eu iria atrás de você aonde quer que estivesse" Ele se perguntava se ainda seria esse o seu pensamento.
Não muito depois de finalmente terem chegado em casa, uma chuva forte caiu — ambos agradeceram aos céus por não terem sido pegos no caminho — logo cada um seguiu para o próprio quarto no intuito de se higienizar e enfim descansar, já que faltava poucas horas para amanhecer. Ao se deitar na cama, Wooyoung fechou os olhos tentando focar apenas naquele aroma que as rosas que haviam colocado próximo a si produziam, ao mesmo tempo que relaxava se entregando ao sono, ele se recordava da suposta alucinação... parecia tão real, pensou antes de apagar.
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- Não sabia que voltaria tão cedo, o Choi está bem? - o irmão do beta questinou assim que o mesmo chegou em casa.
- Ele ficará, um médico foi até lá - Minho notou que seu irmão parecia mais estranho que o normal, principalmente ao falar sobre o tal médico.
- Felix... o que aconteceu? - o Lee mais novo sabia que o seu irmão lhe conhecia como ninguém.
- Não aconteceu nada, e eu realmente espero que não aconteça - ditou com seriedade.
- Ainda tem medo de se apaixonar?
- Eu não quero me apaixonar, não fui feito pra isso.
- Apenas não se esqueça que eu sempre dizia o mesmo - Felix o encarou, de fato era verdade - isso até eu conhecê-lo - Minho abaixou o olhar para quem estava deitado em seu colo — que a pouco tempo atrás tinhas os olhos fechados — até ouvir aquilo.
- Todo esse pensamento irá pelos ares quando encontrar aquele que realmente está destinado a ser seu - o marido de seu irmão diz com confiança.
- Mas... e se ele não for um beta? - questionou um tanto temeroso.
- Se o que sentir for verdadeiro, isso não importará, acredite em mim - Jeongin lhe tranquilizou.
- Eu realmente tenho um ótimo marido - o alfa se inclinou um pouco para beijar o seu ômega.
- Não esqueçam que eu ainda estou aqui!
- Mas não foi você que disse que queria um sobrinho - Lino revelou, deixando o marido surpreso e fazendo o irmão rir.
- LEE FELIX! - o mesmo gargalhou - pare de colocar coisas na cabeça do Lino! E você! - voltou a atenção para o alfa - nem pense nisso!
- Quando menos esperar, terá um filhote crescendo nessa barriguinha - brincou.
- VOCÊ ME PAGA! - se levantou e correu atrás do cunhado, que gargalhava alto enquanto fugia.
Os irmãos Lee pareciam ser bem diferentes um do outro, porém ainda assim se davam muito bem e eram parceiros. O mais velho, nasceu como um alfa, trazendo orgulho para a família e por mais que na época ele ainda não compreendesse, acabou se acostumando com a forma que seus pais lhe tratavam. Isso até Felix nascer, Minho não entendia a indignação de seu pai por ter tido um filho beta, o mais novo sofreu por ter nascido assim e para evitar algo ainda pior, Lino decidiu criar o seu irmão mais novo. Sua mãe, admirando a sua coragem decidiu se separar de seu pai até que Felix estivesse grande o suficiente para o irmão mais velho cuidar dele sozinho.
Com o tempo ambos foram crescendo e desde sempre o mais novo se mostrou muito apegado ao Lino, a amizade com o Lorde veio da adolescência quando ambos frequentavam constantemente uma biblioteca que antes era muito próxima ao castelo. Minho nunca interferiu na amizade que o mais novo tinha com o Choi, ele sabia o que o seu irmão estava fazendo e o entendia, sendo assim... não achava que tinha direito de opnar em nada. Alguns anos depois, Lino conheceu o seu atual marido, por um momento achou que haveria ciúmes da parte de algum deles, mas tudo ocorreu muito bem já que ambos se tornaram amigos.
- Não conseguiu dormir? - Minho se aproxima do sofá, vendo o mais novo com uma xícara de chá em mãos.
- Não... estou um pouco pensativo.
- Então, o que realmente aconteceu?
- Foi apenas um olhar Lee Know, nada além disso - ditou o que na realidade aconteceu.
- E você acha que começa de que forma? Quando eu olhei para Jeongin pela primeira vez, pensei que era apenas isso, mas olha pra mim agora... estou casado com ele.
- O que... está dizendo que eu e o médico iremos ter alguma coisa só por causa daquele olhar? - Minho não o respondeu, apenas sorriu de canto - é sério? - questionou surpreso.
- Se não acredita, apenas pare de pensar nisso e vá dormir - Felix solta um riso e assente, se levantando e indo até para o próprio quarto.
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Amanhecia lá fora, mas o céu pernamecia escuro por conta das nuvens carregadas. Wooyoung despertava aos poucos por ouvir certa movimentação lá fora, todo aquecido pelo edredom que estava sobre si, ele se sente confortável ao ponto de não querer levantar, porém a fome lhe incomodava. O Jung não havia dormido o suficiente já que voltou tarde da floresta naquela madrugada junto a Yunho, pensando sobre aquilo, acaba lembrando sobre o lobo que supostamente viu em sua alucinação.
Ele pareceu tão real... mas eu não poderia ficar sempre pensando naquilo não é? Resolvo sair da cama, mas demoro um pouco para levantar já que minha barriga estava um tanto mais pesada do que antes. Quando finalmente levanto, sigo até o banheiro para fazer uma breve higienização, para depois ir até a sala, eu sentia uma fome fora do normal e isso com certeza devido ao filhote que eu carregava.
Assim que me aproximei da porta, conseguir escutar claramente a voz do doutor Hwang, ele estava aqui pra me ver? Ou será que algo tinha acontecido? Era provável que Yunho optou em não me acordar, então eu deveria ir até eles, certo? Decido sair do quarto e caminho lentamente pelo corredor, mas antes de chegar na sala o meu corpo trava. Depois de ouvir aquilo os meus movimentos simplesmente cessaram.
- Mas é exatamente isso que estou falando Yunho... o Lorde está doente - poderia ser outro Lorde, por que eu estava reagindo dessa forma?
- E você acha que é alguma tipo de reação? Hyunjin, isso é impossível! - Yunho responde com confiança em suas palavras.
- Estamos falando de Choi San - o meu coração se aperta no mesmo instante - o alfa com a saúde de ferro. Ele está claramente abalado - sinto meus batimentos mais fortes e aquilo doía - não esperava ser chamado para o castelo, muito menos conhecê-lo, mas pelo que vi posso confirmar que tem algo diferente. Aquele não é o Lorde que me descreveram.
E-então o Lorde estava doente? — sinto o meu corpo tremer — mas o que havia acontecido? Eu não conseguia compreender, por que ele estava assim? Ele estava muito mal? Minha mente fica nublada com esses pensamentos, em seguida sinto uma pontada forte na cabeça. Minha visão fica turva e meu corpo cada vez mais leve, sentia que iria desmaiar e de fato iria, isso até ser segurado por alguém.
- Wooyoung!? - era Yeosang.
- O que aconteceu? - Yunho questionou assim que se apressou e apareceu junto ao Hwang, no corredor.
- Tragam ele para o sofá - Hyunjin pede e rapidamente eu, sem nem perceber estava no sofá deitado.
- Woo, você está bem? - Yeosang pergunta após se aproximar, acariciando minha cabeça e me deixando mais calmo.
- O Lorde... ele está doente? - vejo a troca de olhares entre o doutor e Yunho - não iam me contar?
- Como eu poderia permitir? Não queria que algo assim acontecesse - se referiu ao estado que eu estava.
- Saber ou não sobre ele não mudará em nada, quando Choi San nem ao menos se importa em encontrá-lo - sinto o meu coração doer com as suas duras palavras.
- Jongho! - Yeosang o repreende - se for pra falar coisas desse tipo, permaneça calado!
- Eu... quero voltar ao quarto - peço com a voz um pouco mais baixa.
- Não posso permitir Wooyoung - Hyunjin se pronuncía - ainda é manhã e você não comeu nada.
- Não sinto mais fome...
- Te contarei sobre o Lorde se você comer, mesmo que seja um pouco - fico em silêncio por um tempo, logo suspirando pesadamente.
- Tudo bem.
Por concordar com Hyunjin, Wooyoung acaba fazendo a sua refeição — não tão bem como o habitual, por realmente ter perdido o apetite — mas ainda sim, ele comeu. Logo em seguida, o Hwang lhe explicou sobre a situação do Lorde, o mesmo teve febre alta, sentia dores na cabeça e estava aparente instável. O doutor arrumou um modo de tranquilizar o ômega, dizendo que o outro não corria risco de vida e que não era nada além de algo normal já que aquele alfa não tinha contato com ômegas.
Depois de ouvir aquilo, Wooyoung ficou pensando sobre o estado do Choi, Hyunjin não tocou novamente naquele assunto, mas havia a possibilidade do lorde estar daquele jeito por sua causa? O doutor não tinha como provar aquilo, mas o Jung se lembrava claramente de tê-lo escutado bem. Todo aquele tempo que ficou no castelo, o ômega nunca presenciou nem ao menos uma gripe vinda do alfa, no máximo dores musculares, então isso era de fato muito estranho.
- Ainda está pensando nele? - Yeosang questinou, chamando a minha atenção assim que adentrou o quarto.
- Não é como se eu pudesse controlar... - digo um tanto envergonhado.
- Você me preocupou, sabia? - disse se sentando na cama, onde eu estava deitado.
- Me perdoe, não foi a minha intenção.
- Eu sei que não, posso te perdoar se você me deixar fazer carinho na sua barriga - sinto o meu rosto esquentar.
- O-o que? - pergunto meio desconcertado.
- Bem... eu sempre quis alisar a sua barriga grandinha, afinal de contas você carrega um filhote nela - eu daria o filhote a ele... então não teria problema não é?
- Tudo bem - levanto a blusa e o casaco de modo envergonhado, sentindo o ar gélido batendo contra a minha pele descoberta.
- Sente frio? Sua pele se arrepiou - comentou sorridente me fazendo corar no mesmo instante.
- U-um pouco - sinto o seu toque em minha barriga e me arrepio ainda mais, sua mão estava um tanto fria, mas era tão aconchegante.
- Se tiver sono, pode descansar, te acordarei mais tarde - eu assenti, fechando os olhos e focando no carinho que recebia.
Por um breve momento comecei a imaginar como seria se ali fosse as mãos do Lorde me acariciando, acho que pensar sobre aquilo me faria mal já que aquilo nunca aconteceria, mas por que eu me sentia tão aquecido só por imaginar aquilo?. Suas mãos eram bem maiores, me lembro também que eram quentes, me deixava confortável ao ponto de esquecer qualquer tipo de problema que eu tivesse. Lembrando de algumas sensações que eu já tive antes, acabo pegando no sono com mais facilidade.
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- Sabe o quão preocupado eu estava? - Seonghwa questiona assim que o primo adentra o castelo, estava quase amanhecendo - você está instável, pensei que algo havia lhe acontecido - o príncipe havia notado que a feição do outro estava diferente, ele se perguntava o que havia acontecido.
- A floresta estava realmente boa para um bom passeio noturno, acabei perdendo a noção do tempo - respondeu simplista.
- Hm... tudo bem então, você está bem?
- Estou sim - Seonghwa concordou, achando tudo aquilo realmente estranho.
- Voltarei ao quarto, espero que possa descansar também.
- Farei o mesmo - ambos seguem caminhos opostos, o príncipe de fato seguiu para o próprio quarto, onde o marido o esperava, mas o Lorde foi até os aposentos do rei - ainda está vivo? - questinou ao ver o outro na janela.
- Como pode ver...
- Deixe-me perguntar... o que você faria se encontrasse o Jeong? - no mesmo instante, Mingi se vira para o primo.
- Por que está me perguntando isso? - questiona de fato curioso.
- Primeiro me responda.
- Eu não o farei mal, se eu realmente quisesse, você sabe muito bem que iria pessoalmente caça-lo - respondeu de modo sincero.
- Então aquele ômega realmente mudou você...
- Choi San! - o repreendeu.
- Eu os encontrei, Mingi - os olhos do alfa brilharam e o coração acelerou.
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