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História Drama Club - Ato III Grease contra lesbofobia - História escrita por chaeracutiepie - Spirit Fanfics e Histórias
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História Drama Club - Ato III Grease contra lesbofobia


Escrita por: chaeracutiepie

Notas do Autor


Volteeei
demorou um pouco, mas esse começo de ano tava doido
agora finalmente aqui estou
não tenho muito o que falar, apenas que espero que gostem e boa leitura

Capítulo 3 - Ato III Grease contra lesbofobia


Fanfic / Fanfiction Drama Club - Ato III Grease contra lesbofobia

Cena 1: Na história da humanidade, toda mudança começa com uma péssima ideia.

-Vocês ouviram a música que eu pedi pra vocês? Em casa? – Foi uma das primeiras coisas que Sandara Park perguntou para os alunos do segundo ano naquele começo de ano letivo. Ela era relativamente nova na escola, recém-contratada oficialmente, tendo chegado no começo do ano passado. Tinha se formado em Seul e retornado para Busan com sua noiva, Lee Chaerin. Ela chegou com ideias novas, ensinando aos alunos do penúltimo ano sobre a independência dos EUA com o musical Hamilton. Ela era uma professora pra frente que gostava de se envolver na vida dos alunos – claro que até onde era eticamente aceitável. E continuava tentando usar música e teatro nas suas aulas.

-Muito boa aquela música profe Park. – Kim Jiwoo tinha respondido. – Eu já tinha escutado Six, mas com a matéria foi tipo super diferente. Eu já sabia que o Henry XVIII era muito tóxico e gado demais, agora saber que ele era tão gado ao ponto de mudar as regras da Igreja só pra casar de novo...

Ela conhecia a garota de franja, já tinha a visto como Dorothy no teatro escolar de primavera. E sabia o motivo dela não ter participado dos espetáculos de outono. Infelizmente a professora só ficou sabendo muito tempo depois do caso de lesbofobia na escola, e como as garotas do primeiro ano foram punidas injustamente. Sandara era bissexual, mas ela sentia que em seu lugar como uma adulta da comunidade tinha o dever de fazer algo por essas meninas. E foi assim que ela teve a ideia.

-Eu não sei se definiria como “tóxico”... ou “gado” alguém que cria uma Igreja nova só pra poder se divorciar e casar novamente e no fim usa rumores de que a esposa nova traiu ele pra poder decapitar ela. Talvez a gente precise de uma palavra mais forte. – Brincou. – Você faz parte do grupo de teatro, né Jiwoo?

...

-Com licença, diretor Jeong. – Dias depois a jovem docente entrou na sala da autoridade escolar.

-Sim, senhorita Park. - Ele apenas acenou, enquanto ainda encarava os documentos na mesa, era sobre algumas demandas novas do ministério da educação. Sinceramente, o ministro novo era muito progressista pro gosto do Jeong.

-Eu estrava pensando... em algumas atividades para incentivar a diversidade na escola. – A Park, como era recém formada, tinha feito todo um projeto bem planejado sobre sua ideia de fazer um teatro inclusivo. E ela sabia que o diretor não era a pessoa mais tolerante do mundo, então sabia que tinha que ser convincente na sua ideia. Com a palavra diversidade, ela teve a atenção do homem.

-Fale mais a respeito. – Naquele momento ele viu a senhora Park como um bote salva-vidas. Ela o salvaria de ter que trabalhar em um projeto novo para se encaixar nos planos do ministério. Sabia que podia confiar nela para terminar aquela tarefa por ele. Ele olhou para as mãos dela e com felicidade constatou que ela tinha uma pasta cheia de documentos, provavelmente com um projeto bem elaborado e de acordo com as regras novas. As vezes ele adorava recém-formados.

Ela ficou muito empolgada, se sentou pronta pra apresentar suas ideias. Tinha feito Chaerin assistir sua apresentação até tarde da noite, ensaiando.

-Eu pensei em envolver os alunos em projeto inclusivo de teatro, usando um musical como The Prom, é um musical da Broadway que fala sobre...

Para ser sincero, ele não estava de fato ouvindo e nunca tinha escutado sobre tal musical.

-Claro, claro, teatro é uma ótima ideia. – Ele a interrompeu, colocando os documentos sobre diversidade na pilha de tarefas concluídas e pegando mais alguns papéis. Agora era sobre currículo. – Porque você não fala com a Sunmi e adapta as duas ideias pro musical que ela já está organizando, eu acho que é Grease.

Muitas emoções passaram pela Park, ela nem sabia o que falar.

-Grease?

-Isso, é um musical que muita gente conhece e os anos 50 era realmente uma era de ouro.  – Ele disse sonhador. Ela não quis lembra-lo de que os anos 50 na Coreia significava a Guerra das Coreias.

-Mas o meu projeto não era bem esse senhor, o senhor não quer ler antes e...

-Ya, ya, ya. – Faltou mais alto, novamente a interrompendo. – Se seu projeto não era bem esse, é só adaptar, vocês jovens não são bons nisso? Então simples, você mostra pra senhorita Lee e vocês duas resolvem isso, agora se a senhorita me dar licença, eu tenho muito o que fazer.

Em todo o monologo, ele nem se quer a encarou, apenas lendo papéis e mais papéis. Ela respirou fundo, tentando não discutir. Agora ela teria que descobrir um jeito de transformar Grease em uma história LGBTQ+.

...

-Então você não vai mudar o seu cabelo? – Jiwoo questionou a ainda loira, Kim Jungeun.

-Eu ia, mas já que estamos fazendo Grease eu quero ser a Sandy, obviamente. Então espero que o cabelo ajude a professora Sunmi a me escolher. – Estavam caminhando nos corredores da escola, a caminho do clube de teatro, para saber o resultado da escalação. – Sooyoung pode até ser boa, mas ela não leva teatro a sério suficiente para mudar toda sua personalidade por uma personagem, ela vai ser melhor como Rizzo. Ela ainda é amadora. E as meninas novas são boas, mas também muito inexperientes, eu sou a escolha perfeita pra Sandy, já que você não pode participar e-Ai!

Levou um cutucão de Jiwoo nas costelas.

-Oi Hasoo – Jiwoo cumprimentou a garota que apareceu, vindo do lado oposto delas, fora do campo de visão de Jungeun. A loira sorriu amarelo, porque bem... ela não estava falando baixo. Sooyoung já sabia que a mais jovem levava teatro muito a sério como profissão, e que fazia ser uma atriz e gostar de musicais toda a sua personalidade, mas ela ainda não tinha escutado a opinião da menor sobre si. Bem, agora ela sabia. – Nervosa? – Tentou puxar assunto, logo que a mais velha apenas encarava a outra Kim com a sobrancelha levantada. Definitivamente, agora ela sabia.

As audições já tinham acontecido, estavam apenas esperando o resultado das call-backs. Já conheciam os alunos novos que entraram do primeiro ano e realmente não tinha ninguém que fosse a superar. Jungeun tinha começado o ano com uma atitude confiante e determinada de que ela seria a protagonista. Mais do que das outras vezes. Afinal, ela não era mais novata na escola, a professora Sunmi a conhecia e ela se dava bem com a maior parte dos alunos que já faziam parte do clube de teatro (talvez tirando Sooyoung nesse momento). Nada poderia dar errado.

-Tudo bem profe Sunmi? – Jiwoo perguntou quando as três chegaram no clube e o papel com os nomes não estava pronto ainda na porta, como de costume. – Profe Park? – A Kim morena estava surpresa pela professora de História aparecer por lá. Ela participava das excursões do teatro, como foi em Wicked, mas não participava do clube de fato.

-Tudo sim Jiwoo. – A professora de teatro tentou parecer calma, mas suas feições entregavam que estava no mínimo confusa, como alguém que tentava fazer informações recém recebidas fazer sentido. Dara apenas acenou para as meninas. Todo o pequeno elenco escolar estava na sala de reunião do Clube, que era o local das leituras dramáticas e estudo dos personagens. – Nós tivemos algumas mudanças de última hora e vamos ter algumas mudanças nas escalações, só isso.

Ao ouvir aquela frase, toda célula de Kim Jungeun naturalmente foi se inclinando para o drama. Será que ela não tinha conseguido a protagonista? Mas ela já tinha pensado em todas as motivações da sua versão de Sandra.

-Bem, a escola está começando um projeto contra homofobia, depois do caso de lesbofobia do ano passado. – Sandara começou a explicar. – Eu conversei com o diretor e agora com a professora Sunmi e nós chegamos à conclusão que o mais viável seria fazer um “Broadway Backwards”.

-São aqueles vídeos que eu te mostrei de atores masculinos cantando músicas de personagens femininos, e vice-versa, lembra? – Jiwoo explicou para Sooyoung.

-Isso. – A professora Lee concordou, parecendo mais empolgada com a ideia, ou como se apenas agora ela tivesse entendido. – Eu tenho algumas ideias de escalação, mas preciso saber se as principais vão concordar, claro. – Olhou na direção das Kim e da Ha. – Minha escolha para Sandy é você, Jungeun. – Queria que ouvir aquilo finalmente lhe tranquilizasse, mas tudo estava tão estranho, ela sabia que tinha mais. – E você Sooyoung, tinha sido escolhida como Rizzo, mas agora eu tive uma ideia perfeita! – A mais velha estava com uma cara muito confusa. Ela tinha mudado o visual nas férias de inverno. O cabelo estava curto na altura dos ombros, meio avermelhado e agora ela tinha uma franja. Fora que ela usava uma jaqueta de couro preta... – Se tudo bem por vocês, eu gostaria de escalar você como Danny.

...

Cena 2: Trocas no elenco e como adaptar uma história dos anos 1960

Aquilo era uma bagunça e ia atrasar todo cronograma de ensaios. Era muita dor de cabeça para a professora, especialmente porque agora que não tinha definição de gênero para personagens alguns pedidos inusitados apareceram.

-Eu poderia ser a Rizzo. – Seungkwan tinha sugerido. O Boo era um ótimo ator, alguém que Jungeun admirava com certeza e respeitava como companheiro de palco. E ele também corroborava para o estereótipo de que garotos no teatro são gays. A professora Sunmi olhou concentrada para as rasuras que estavam sendo feitas no papel de escalação do elenco. Aquela era a segunda reunião que tinham para tentar resolver o problema de distribuição dos papéis.

-Mas eu não quero tirar o Hansol do papel de Kenickie. – A professora disse. – E ele não quer sair do papel, certo? – Olhou para o garoto que confirmou. – Então vocês dois seriam um casal, os dois estão de acordo?

E o mais interessante foi que o Boo corou antes de dar de ombros, como se não fosse nada demais, mas parecia envergonhado. Ele era um bom ator, mas as vezes as resposta do corpo não são fáceis de controlar.

-Então o problema de quem vai ser Rizzo no local da Sooyoung está resolvido. – A Lee escreveu as mudanças no papel, sorrindo. – Acho que consigo colocar o Seokmin no papel de Doody.

Aquilo com certeza ajudava. Seokmin sempre ficava com os papéis masculinos principais e agora que Danny seria feito por Sooyoung a escalação dos personagens masculinos estava confusa.

-Professora Lee. – Hyejoo, uma das garotas novas levantou a mão. – Eu sei que eu coloquei que não me importava com a personagem, mas a Yerim me fez assistir o filme e eu queria saber se não posso mudar pra fazer um dos T-Birds, eu acho jaquetas de couro preta muito mais legais.

Jungeun podia ver a súplica nos olhos da professora Sunmi. Ela provavelmente nunca mais ia querer trabalhar com teatro escolar depois dessa montagem. Choi Yerim e Son Hyejoo eram garotas do primeiro ano que tinham entrado pro clube de teatro e pareciam muito próximas. Yerim era empolgada, animada e doce, parecia uma Jiwoo 2.0, amava teatro e queria muito fazer parte. Ela era uma das únicas que realmente ficou ansiosa na audição. Enquanto Hyejoo era uma garota legal, mas que claramente estava ali apenas para fazer companhia para sua amiga.

-Deixa eu ver aqui. – A professora leu. – Nós íamos tirar o Rump e a Jan, mas acho que podemos colocar você de Rump. – Respirou fundo escrevendo. Então era simples assim, conseguir mudar o personagem nessa versão. Claro que Jungeun não queria trocar, ela seria a melhor Sandy, com todas as nuances da personagem que é uma boa moça e amadurece para uma mulher decidida e apaixonada. O que ela queria era que Sooyoung desistisse de ser Danny. Mas infelizmente aquilo provavelmente não ia acontecer, a mais velha parecia empolgada em fazer o personagem, em estar nessa produção. Inclusive, as vezes que a loira acabou desviando o olhar da professora pela sala, seus olhos acabaram pousando na mais velha algumas vezes, essa que estava muito concentrada, fazendo anotações, sem nem notar os momentos que foi observada. Ela tinha uma expressão... sexy, enquanto estava focada. – Eu preciso falar com a professora Sandara sobre muitas coisas, na maior parte das vezes as versões escolares não tocam no tópico gravidez da Rizzo, e a nossa definitivamente não vai, mas eu quero manter a segunda música da Rizzo... – Leu mentalmente suas anotações. – Vamos tentar trabalhar a rivalidade de Rizzo e Sandy de forma diferente, não vai ter competição alguma entre os personagens... o que me leva a, quem vai fazer a Patty?

Parecia que a professora estava pensando em voz alta. Patty era a personagem que Hyejoo tinha sido originalmente escalada para fazer. Nessa mesma hora Jung Jinsoul entrou na sala de maquiagem que ficava entre os camarins e era onde o grupo geralmente se reunia, quando não estava no auditório. Ela usava uma tiara no cabelo loiro, uma saia xadrez azul. E Sunmi pareceu ter uma ideia brilhante naquele mesmo momento.

-Oi gente, eu trouxe algumas roupas de produções antigas pra gente tentar montar o figurino. – A outra loira começou a falar normalmente, mas parou quando percebeu que era encarada pela professora. – Tudo bem professora Sunmi?

-Você já pensou em atuar, Jinsoul?

...

-Isso virou uma piada! – Jungeun reclamou enquanto Jiwoo montava a apresentação de biologia.

-E Grease é um musical sério? Eu só conheço as musiquinhas e o John Travolta. – Heejin respondeu. Estava o trio na casa da Kim morena fazendo mais um trabalho escolar.

-É sobre gangues! E tem tipo um plot sobre gravidez, uso de álcool e cigarros na adolescência, evasão escolar e...

-É 1958 Jungeun, não é como se o filme problematizasse essas coisas, era normal. – Jiwoo rebateu. – E como você pode ver – apontou para Heejin com os olhos – o público geral só lembra de Grease por causa de Summer nights e You are the one that wanted. E várias temáticas são ultrapassadas, eu acho que as mudanças vão ser legais. – Ela editou um gif sobre pinguins na apresentação de slides, afinal era um trabalho sobre aves. – E quantas vezes tivemos oportunidade de trabalhar com temáticas LGBTQAI+? Todo mundo brinca sobre o grande publico da Broadway ser gay, mas quantos musicais por ai são realmente gays? – Refletiu. – Nós nunca fizemos nenhum, nem no teatro comunitário.

E com aquilo Jiwoo tinha ganhado a discussão, não tinha que a loira pudesse argumentar. Ou pelo menos, nada que ela pudesse compartilhar sem revelar muito de partes dela mesma que estavam escondidas ainda. Queria dizer muitas coisas. Mas no momento uma das coisas que mais a incomodava era Jinsoul ter entrado pro elenco. E como sua rival, Patty, pela atenção de Sooyoung. Digo, pela atenção de Danny, claro. Sem falar em Jung Eunbi como Charlene e as danças provocativas que ela teria com Danny também.

Bem, pensar nas coreografias eram seu maior gatilho no momento.

            ...

Tudo tinha mudado aparentemente. Inclusive agora tinha a professora de História nos ensaios também.

-Bem pessoal, eu e a professora Sandara adaptamos o roteiro escolar de Grease juntas. Nós finalmentes terminamos o primeiro ato e vocês vão poder começar a ensaiar agora! – Comentou empolgada. – É uma mistura, na verdade, do script escolar com a versão de Grease Live!

-Nós tentamos fazer o mínimo de mudanças possíveis, não vai ser uma releitura completa, porque se pensarmos em como os papéis de gênero realmente mudam as dinâmicas sociais, nós...

-Sandara... – Sunmi chamou a atenção dela, tentando parecer a professora sempre muito simpática e gentil, mas que aparentemente aquelas duas tinham discutido muito sobre o assunto.

-Claro. – Sorriu sem graça. – Enfim, não podíamos explorar todas as nuances que mudar o gênero e orientação sexual dos personagens ia acarretar, mas tiramos algumas coisas, tipo as indicações que as vezes aparece que Danny e Rizzo já tiveram alguma cosia. – Enquanto falava os roteiros foram distribuídos pela professora Lee. – Na nossa versão Danny e Sandy são lésbicas e Rizzo é gay. Nós não vamos mudar os nomes dos personagens, apenas não vamos usar o primeiro nome da Rizzo e ... Sim Hansol, pode falar.

O garoto tinha levantado a mão durante a explicação.

-Eu pensei... se eu vou ser par romântico do Boo... do Rizzo – se corrigiu e todos puderam ver suas orelhas ficarem vermelhas. – E já temos representação lésbica e gay... se meu personagem podia ser bissexual?

Sandara não conseguiu conter o sorriso animada.

-Claro! Representatividade é superimportante e...

-Então o meu personagem pode ser ace? – Hyejoo questionou. Para uma garota que não fazia muita questão de estar no grupo de teatro ela não tinha vergonha de pedir as coisas que queria.

-Acho que não tem problema algum, é uma boa ideia Hyejoo. – Dessa vez foi Sunmi que respondeu, finalmente não parecia estar enlouquecendo com as alterações que teve que fazer de última hora no musical do semestre. – Essas questões que vocês estão fazendo podem não aparecer no script, mas faz parte do trabalho do ator tomar decisões em como você vai apresentar seu personagem e essas características vão influenciar nas suas escolhas de atuação. Se mais alguém quiser acrescentar algo sobre a vida pessoal do personagem, desde que não altere o roteiro e faça sentido, fiquem à vontade. – Assegurou a todos. – Acho que podemos começar a leitura dramática e conforme for surgindo as alterações nós falamos sobre elas, pode ser, Sandara?

-Claro!

...

Cena 3: Os silêncios de Kim Jungeun

-Eu sinto que você anda muito quieta esse semestre. – Jiwoo observou em uma festa de pijama só das duas. – Só observando.

-Nada haver. – Tentou desconversar.

-Você nem discutiu com a Sooyoung quando ela falou que as músicas de West Side Story eram ultrapassadas. – As quatro tinham ido assistir a obra de arte do remake do filme nos cinemas. Infelizmente elas eram oficialmente um quarteto fora da escola, especialmente depois da Ha ser uma ótima amiga para Jiwoo e Heejin depois do incidente. E Jungeun tinha descoberto que era complicado para seu corpo e seus hormônios ficar sentada do lado de Sooyoung em uma sala escura de cinema sem ficar fantasiando sobre ela colocar o braço em volta de si. Ela acharia uma ofensa se qualquer pessoa ficasse se beijando em uma sessão do remake do clássico de Sondheim, mas a sua imaginação parecia pensar diferente.

-Porque você explicou pra ela que eram do musical original dos anos 1960 e ela reconheceu o equívoco. – Deu de ombros, mas a Kim de franja a encarou com os olhos semicerrados.

-Você ta oficialmente muito esquisita. – Continuou a observando com desconfiança. – Você nem reclamou dela ter sido escalada como protagonista mais uma vez!

-Eu reclamei das mudanças de roteiro! – Se defendeu.

-Sim, mas não exatamente do papel da Hasoo. E eu não lembro de vocês terem discutido ainda esse ano! – Se surpreendeu, se levantando da cadeira que estava sentada, indo até a cama e colocando a mão na testa da loira. – Você ta com febre?

Jungeun acabou rindo e empurrou a amiga de leve.

-Você é ridícula. – Brincou. – Mas fica tranquila, ainda é março, nós temos muito tempo pra discutir ainda.

...

- Ok pessoal, a professora Sunmi pediu para nos focarmos nas canções em grupos primeiro. – Ha Sooyoung começou, sua primeira tarefa como oficialmente a capitã de dança. – Então T-Birds para um lado, Pink Ladys e Patty pro outro, nós vamos tentar a coreografia de “Summer Nights”.

Enquanto ela falava e ficava na frente do grupo de adolescentes todo mundo se arrumava. A mais nervosa era Jinsoul, que tinha entrado de paraquedas na produção. Ela sabia o que fazer, claro, sempre esteve envolvida com teatro, entendia e até gostava, mas ela era uma garota tímida.

-Eu não vou ter que abrir um espacate como no filme né? – A figurinista questionou. – Na parte do baile...

-Não precisa Jinsoul, nós não vamos fazer a coreografia igualzinha de Grease Live, mas vamos seguir aquela versão dos acontecimentos. – Sooyoung respondeu normalmente, o que Jungeun achou estranho. Seu momento mais introspectiva a fazia criar mil teorias da conspiração. Mas as garotas estavam bem diferentes do ano passado, talvez ela tivesse imaginado toda tensão entre elas. Ou talvez elas já tiveram algo, que acabou no retorno das aulas. – Então vamos começar!

...

O bom de Grease era que as cenas românticas demoravam pra acontecer. E era fácil ensaiar a primeira música, onde Jungeun só tinha que contar como ela se apaixonou por uma pessoa especial no verão. E então Boo responderia “Você está brincando? Não existe tal coisa.”. E então começa Summer Nights. Depois disso elas descobriam que estavam na mesma escola e em seguida brigavam quando Danny tenta manter a pose na frente do seu grupo. O que era muito fácil para Jungeun, discutir com Ha Sooyoung.

Passamos para a festa do pijama, a música de Lee Suhyun e Boo Seungkwan cantando “Look at me I am Sandra Dee”, colocando uma peruca loira mesmo no ensaio, o que estava já bem legal. Tinha a música do T-Birds, mas então em Those Magic Changes as coisas começavam a mudar e ficar um pouco complicadas. A primeira parte que era estar brava com Sooyoung e a ignorar era fácil, mas até o final da canção elas deveriam fazer as pazes e marcando de ir baile juntas. Posteriormente tinha o plot da Frenchy largando a escola e logo o primeiro ato terminava. O que Jungeun tinha medo era as cenas do baile, onde ela teria que dançar com Sooyoung. E bem, todo o resto não seria fácil.

-Gente, eu consegui a banda! – Jiwoo comentou, infelizmente ela não podia participar atuando, mas estava sendo uma ótima diretora. – Na verdade a Heejin conseguiu, a Hyunjin, que joga no time com ela, é baterista. Eles concordaram em participar das nossas apresentações.

-Então vamos ter uma banda de verdade? Isso é muito legal! – Sandara tinha proposto a ideia depois de assistir Grease Live! Naquela versão uma banda real tinha cantado as músicas do baile, o que a Park achou muito interessante e perguntou se era possível. A Lee falou que não teria problema se eles encontrassem alguém que quisesse participar.

-Eles só vão precisar de um figurino, e ensaiar com a gente. – Sunmi comentou e todos puderam ouvir a respiração pesada de Jinsoul na palavra figurino. Claro que ela não cuidava da roupa de todos sozinha, mas ainda era a responsável por estar tudo pronto e perfeito para os ensaios e apresentações. E agora a mesma tinha que ensaiar para se tornar uma líder de torcida que tinha crush na personagem Danny.

-Claro, eles vão participar dos ensaios da semana que vem, quando começarmos com o segundo ato. – A Kim de franja respondeu a professora.

-Que bom, que bom. – Sunmi sorriu, lhes entregando os novos roteiros. – Aqui está o segundo ato pessoal e nós mudamos o final do primeiro ato, mas só acrescentamos umas duas cenas, vai fazer mais sentido e ficar mais animado. – A professora falou parecendo muito aliviada, como se tudo tivesse finalmente se encaixado. – E vai ser perfeito agora que temos uma banda. – Jungeun começou a ler a primeira página, que estava com as cenas 9 e 10 do primeiro ato. E dizia que era o começo do baile, com os pares chegando e dançando a animada “Maybe (Baby)”. – Vamos tentar começar a aprender a coreografia da primeira música do baile hoje, tudo bem?

Não, estava tudo mal.

-Ai! – Era a terceira vez que se ouvia Sooyoung reclamar que alguém tinha pisado em seu pé.

-Foi mal. – Jungeun deu de ombros, nem tentando fingir que se sentia culpada. – Você me puxou muito rápido. – Era verdade. A Kim loira não tinha problema com em dançar, ela não era totalmente uma triple threat (é como se chamam pessoas excepcionais em pelo menos 3 campos, no teatro musical geralmente significava alguém que canta, dança e atua muito bem, por exemplo, a Ariana Debose de West Side Story), mas se garantia e conseguia fazer o que era necessário. Também tinha aprendido que para ser uma protagonista você não precisava ser a melhor nas coreografias, era mais uma questão de carisma. De qualquer forma, o problema ali não eram os movimentos, mas com quem ela tinha que fazê-los. Ser conduzida por Ha Sooyoung, consegue imaginar?

-Jungeun, essa é a coreografia da dança. Eu preciso te puxar, no filme eles estão sempre se movendo rápido e batendo cintura com cintura, o tempo. – Explicou como se não fosse nada demais.

Ok, talvez aquilo também tenha mudado na dinâmica delas. Sooyoung não estava sempre respondendo as provocações da loira como antigamente. Pelo menos não parecia mais ter a tensão se antes. Ou talvez a tensão só estivesse da cabeça da mais jovem. Mas era tão injusto, como ela podia pensar em dançar tão perto, segurar a cintura da Kim, entrelaçar seus dedos, sem ser afetada por nada disso.  Será que ela tinha ficado chateada quando Jungeun disse que ela não levava teatro a sério? Ou outra coisa que a loira possivelmente falou? Não sabia.

-Vamos mais uma vez, do começo! – A Ha orientou depois que a dor em seu pé passou.

-Acho que por hoje chega. – Sunmi disse, a interrompendo e começou a se aproximar do casal protagonista. Sandara viu e parecia saber o motivo da movimentação da professora de teatro, porque também a acompanhou. – Ok meninas, os ensaios são segundas e sextas, certo. Vocês têm terças, quartas ou quintas livres?

-Acho que quintas. – Sooyoung respondeu sem pensar muito.

-Tenho terças e quintas – Jungeun respondeu, sem saber exatamente a intenção da professora. – Pelo menos até começar as audições e ensaios pro teatro comunitário.

-Então perfeito, vocês duas vão podem estudar as coreografias juntas nas quintas. – Ela sorria, mas parecia estar perdendo a paciência com elas. – E quem sabe vocês desenvolvem melhor a química, como um casal?

Ouch. Aquela crítica magoou. Estar criticando a dança de Jungeun já lhe feria o orgulho, mas se ela não conseguia convencer como casal, aquilo feria suas técnicas de atuação. Contudo, se fosse sincera, até agora não estava realmente tentando. Em defesa dela, eles ainda estavam fazendo leituras e aprendendo coreografias, não tinham ensaiado no palco ainda.

-Talvez vocês possam ouvir músicas da época, ou reassistir o filme original juntas. – Sandara sugeriu também. Ótimo, agora a professora de História queria lhe ensinar a atuar.

Cena 4: Eu não quero beijar você

Na semana seguinte a banda apareceu. O The Back of the Moon, mais conhecido como TBTM. Hyunjin era a baterista, e outra colega do segundo ano, Chaewon estava na guitarra. Uns garotos mais velhos, que já tinham se formado na escola, Yoo Jeonghan e Wen Junhui, também faziam parte, como baixista e tecladista respetivamente. O problema era a vocalista. Jo Haseul.

-Seulie? – Sooyoung tinha dito com surpresa e empolgação quando viu a garota que tinha a sua idade. E só naquele momento Jungeun tinha reparado uma coisa: Ano passado a mais velha chamava a figurinista de Soul, esse ano era apenas Jinsoul. Algo realmente tinha acontecido na volta das férias de inverno.

-Hasoo?! – A vocalista da banda exclamou, enquanto ambas corriam uma pra outra e se abraçavam, como uma cena de filme romântico. – Quanto tempo!

E elas começaram a conversar antes do ensaio começar. Aparentemente estudaram juntas no internato apenas para meninas até Sooyoung sair no ano passado.

-Ouvir a conversa dos outros é feio. – Jiwoo comentou se aproximando de Jungeun que estava perto das outras duas garotas. Ela não estava ouvindo a conversa delas por ser enxerida, é que as duas estavam perto e falavam alto. Estava tomando seu chazinho pra limpar a garganta sentada nas primeiras fileiras no auditório, a culpa não era dela se as amiguinhas resolveram conversar na entrada.

-Eu não estava nem ouvindo nada, to repassando minhas falas mentalmente. – Mentiu, felizmente ela era uma atriz, então mentir as vezes era fácil. Geralmente não muito fácil mentir para a outra Kim, a amizade de longa data fazia com que se conhecessem muito bem. E não foi diferente naquela vez.

-Sei. – A olhou desconfiada. – Mas me diga, o que elas estavam falando?

-Pelo amor de Deus Kim Jiwoo, você é muito fofoqueira. – A loira a repreendeu. – Acho que elas eram colegas no convento ou algo assim...

-Internato. – A Kim a corrigiu. – E já estabelecemos que eu sou fofoqueira. – Deu de ombros. – Mas você também é, senhorita “Eu não estava ouvindo a conversa delas”, mas escutou que elas eram colegas.

-Elas falam muito alto!

...

Aquilo era uma péssima ideia. Ficar duas horas sozinha com Sooyoung no auditório seria tortura. Já era bem complicado quando elas começaram a sair em eventos além dos do clube de teatro e por vezes eram só elas, Jiwoo e Heejin, saindo como fossem um encontro duplo. Quando assistiram West Side Story foi particularmente difícil, a proximidade e o fato de era inverno e frio, e o corpo de Jungeun buscava uma proximidade com a Ha. Por causa do frio, claro. A presença da mais velha era muito distrativa, cada vez mais isso piorava. E se fosse sincera, era por isso que não tinha discutido com ela naquele dia.

-O que você vai querer fazer? Ensaiar a música do final do primeiro ato? Ou talvez a gente possa dançar a outra e...

-Eu não queria dançar hoje. – Junegun a cortou. A segunda música era "Cake by the Ocean", uma música calma, que deveria ser dançada “colada”.

-Tudo bem, nós podemos ensaiar alguma cena? Como você sabe, eu nunca fiz uma história de amor antes, eu estou bem nervosa com...

-Eu não vou ensaiar a cena do beijo! – A loira deixou escapar. Finalmente, aquele era o maior motivo de todo nervosismo de Jungeun com essa peça. Pelo menos, desde que foi anunciado que elas seriam o casal principal. Ela sabia que em algum momento teria que beijar Sooyoung. Mesmo que fosse só um beijo, mesmo que fosse no final, mesmo que fosse rápido. Ele aconteceria.

-Eu ia dizer que estou nervosa com a minha música solo, o beijo é só no final do segundo ato, não tem por que ensaiarmos agora. – A mais velha franziu a ceno, parecendo confusa.

-Eu sei, eu só to dizendo que não quero ensaiar o beijo. – A mais nova falou pausadamente, constrangida, sem nem conseguir olhar para a outra.

-Como assim, nunca? – Sooyoung questionou, ainda com a feição confusa. A outra apenas acenou. – Mas você não marcou na sua ficha da audição que estaria disposta a beijar?

-Sim, mas...

-E não é você que leva teatro super a sério? – Questionou.

-Sim.

-Quando nos beijarmos vai ser apenas atuação Jungeun, você não precisa preocupada com nada...

-Eu não... não sou como você, ok? – A sua voz era fraca.

-Eu não me importo. – Revirou os olhos. – Eu sei que muitas atrizes hetero já fizeram papéis lésbicos e sáficos num geral. Não concordo, por questões de representatividade, mas acontece o tempo todo. Como eu disse, é tudo atuação, não, é? Eu sei que você não gosta de mim, que acha que eu não sou boa o suficiente para realmente me entregar a personagem, mas eu acho que o jeito que você ta tratando essa dinâmica de casal um desrespeito muito maior. Não sou eu quem está parecendo amadora aqui. – Ótimo, agora ela estava recebendo um sermão de Ha Sooyoung. Não respondeu, apenas deixando as palavras da mais velha fazer sentido. – Olha – respirou fundo, massageando as têmporas. – Eu não posso fazer tudo sozinha, isso é um trabalho em equipe, você tem que me ajudar a convencer que nós duas somos um casal apaixonado.

-Eu sei. – Respondeu por fim. – Desculpa. – Falar aquela palavra a deixou tão exposta, sentiu o olhar de Sooyoung sobre si, o que fez com que ainda não conseguisse a olhar de volta. – Eu vou parar de pisar no seu pé.

Aquilo pareceu pegar a mais velha de surpresa, que riu.

-Eu agradeço muito. 


Notas Finais


eai
o que acharam??? não deixem de comentar as opiniões, comentários me deixam feliz


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