O dia da festa havia finalmente chegado. Hyungwon estava fitando seu reflexo na frente do espelho de corpo inteiro em seu closet, ajeitando a gravata borboleta em um vermelho sangue, com Jinsoo ao seu lado e completamente arrumado para o tal evento do time de Hoseok – que viria buscá-los numa limusine provavelmente. Hyungwon não fazia questão daquilo. Limusine, carro normal ou ônibus, tanto faz. Não sentia diferença nenhuma. Desde que estivesse com Hoseok e Jinsoo, estaria feliz. Não se importaria com mais nada.
– O Seokie já está chegando aqui, pai? – Jinsoo indagou pela vigésima vez, isso só naquela hora. Hyungwon abriu um enorme sorriso, abaixou-se em frente ao seu filho, olhando-o diretamente nos olhos castanho brilhantes. Era óbvio perceber que Jinsoo gostava do atacante de futebol.
– Logo ele estará aqui, anjinho. Fique calmo, hm? – ditou com a voz suave e doce. Jinsoo sorriu e uma mecha de sua franja colocada para trás caiu sobre a testa e os olhinhos puxados. Chae logo colocou o pedaço teimoso de cabelo para trás e riu – Vá brincar na sala, mas cuidado para não sujar sua roupa, tudo bem?
Jinsoo assentiu e saiu correndo do quarto, indo diretamente para a sala de estar onde estava parte de seus brinquedos. Hyungwon sorriu e levantou-se, buscando seu telefone celular sobre o criado-mudo ao lado de sua cama de casal. Viu que já havia recebido uma mensagem de Wonho, e clicou sobre a mesma sem receio.
De: Hoseok
Hey Doutor! Já estou indo. Fiquem prontos! Estou indo com um motorista particular. Não é bom eu dirigir, considerando que vai estar lotado lá, e um pouco difícil para encontrar onde estacionar. É só isso.
Beijos ;*
Até logo.
Hyungwon riu da mensagem e logo respondeu rapidamente. Dez ou quinze minutos depois, Hoseok apareceu na porta do apartamento do outro, com um sorriso de orelha a orelha e vestindo um belo smoking vermelho vivo, com detalhes em preto e com a camisa social branca por baixo, sem gravata alguma. Chae naquele exato momento pensou na bela escolha do jogador de futebol, pois a vestimenta falava por si só, e não necessitava de adereços. A única coisa que havia de diferente em Hoseok era os cabelos – agora pretos e recém-pintados – e os vários brincos e piercings em suas orelhas – que ele não usava frequentemente e nem em jogos. Além disso, havia uma coisa que deixara o outro totalmente sexy. Um piercing novo – provavelmente falso – no lábio inferior.
– Um piercing novo, é? – Hyungwon disse apontando para o rosto do outro. Hoseok tocou o adereço de metal, riu e balançou a cabeça em negação, assim como o fisioterapeuta previra.
– Não mesmo! Esse é um falso. É mais estético, na verdade – ditou – Se eu colocasse esse, seria uma trabalheira para treinar e jogar o tempo todo. Ter que ficar colocando e tirando. Seria muita coisa.
– Gostei do resultado. Combinou com seus brincos e com o anel de cobra também – Wonho olhou para o anel em forma de cobra enrolada em seu dedo anelar direito e sorriu – Bem seu estilo, se quer saber.
– Meu estilo de bad boy dos sonhos? – Wonho sorriu de canto – Eu sei que todos me amam.
– Pega leve aí, Dream Man. Convencido demais, não acha? – Hyungwon questionou enquanto o abraçava de forma terna e carinhosa, deixando um leve selar no canto da boca do outro homem, sentindo o metal frio do piercing falso contra seus lábios – Mas você é bom no que faz, então tem o mínimo direito de tal. Ficou bem bonito, aliás.
– Obrigado – Hoseok sorriu e virou-se para a criança ao lado do fisioterapeuta – Ei campeão! Aposto que quer sorvete, não é mesmo? – Jinsoo assentiu de forma animada – Lá na festa haverá quilos e mais quilos de sorvete de todos os sabores inimagináveis. Se quiser, poderá rolar em sorvete ou até tomar banho nele.
Jinsoo abriu um enorme sorriso para o pai, que estranhara aquilo.
– Eu posso, pai? – questionou sonhadoramente.
– Tomar sorvete sim. Rolar e tomar banho em sorvete não. Hoseok tem ideias bobas, Jinsoo – respondeu voltando-se para Hoseok com um sorriso – Não sei quem é mais criança, Jinsoo ou você.
– Aposto que temos a mesma idade mental – rebateu o jogador de futebol com uma piscadela. Hyungwon gargalhou alto – Vamos?
– Claro. Está pronto, Jinsoo?
O menino assentiu.
– Ótimo – Hyungwon estendeu sua mão para o filho, que a segurou, e após colocar suas chaves e a carteira em seus bolsos do terno, finalmente puderam sair do apartamento. Desceram de elevador até o saguão e o carro preto os esperava com discrição em frente ao prédio. Chae notou depois que Hoseok havia colocado um par de óculos escuros, com objetivo de esconder seu rosto das pessoas que poderiam reconhecê-lo. Viu o motorista sair do carro e abrir a porta para eles.
– Fique tranquilo. Tem um assento elevado lá dentro para colocar Jinsoo, eu providenciei isso – o jogador havia se aproximado o suficiente do fisioterapeuta para sussurrar aquilo em seu ouvido. Hyungwon virou-se para o mais velho e sorriu ternamente, depois assentiu, indo ajudar a criança a entrar no automóvel. Afivelou o cinto de segurança corretamente e entrou, deixando Hoseok entrar e sentar-se ao seu lado.
Sorriram um para o outro, seus dedos tocando levemente e respirando com dificuldade pela proximidade. Pareciam adolescentes apaixonados no ensino médio, só que eram adultos bem resolvidos de suas vidas e profissionalmente realizados. Não eram mais crianças. Eram bem grandinhos e responsáveis por suas vidas e pela criança ali.
Hyungwon estava nervoso pelo que Wonho iria decidir sobre anunciar ou não para a mídia, o que havia entre eles, além de explicar quem era Jinsoo e o que a criança representava para ambos. Era mais do que óbvio para os rapazes que, Jinsoo era quase um filho para Shin Hoseok. A mídia podia ver, podia constatar que a pequena criança era apegada ao jogador de forma paterna. O que o fisioterapeuta queria era que os repórteres não invadissem suas vidas, não ficassem xeretando tudo ao redor de Hoseok, tirando a liberdade de nenhum dos três, incluindo Jinsoo.
– Fique relaxado. A imprensa só estará na porta, assim que entrarmos, só a equipe completa do time e os convidados estarão lá – Hoseok o tirou de seus pensamentos profundos. Ele assentiu e o outro entrelaçou seus dedos aos do médico – Tudo vai ficar bem, okay? Não precisa se preocupar.
– Eu não estou preocupado, Hoseok – respondeu – Só não quero que a mídia especule como louca sobre o que eu e meu filho estamos fazendo lá, junto de você.
– Você é meu fisioterapeuta além de ser meu... Bem... Meu interesse amoroso, fato sobre o qual eles não sabem – disse com um sorriso de canto – Tenho motivos para levá-lo lá, em meio ao meu time e meus colegas de trabalho. Você é o responsável por me fazer jogar de novo, não é mesmo? É um ótimo fisioterapeuta, Hyungwon. Eles têm que saber sobre o seu incrível trabalho.
– Tudo bem – Chae respirou fundo – Tudo okay. Eu vou ficar relaxado.
Hoseok assentiu.
A mansão que havia sido escolhida para a festa não era muito longe dali. Estava bem iluminada, em estilo grego com colunas coríntias bem detalhadas, com partes em ouro e prata, além do mármore puro. Hyungwon mal sabia que havia casas daquele tipo em Seul, mas aparentemente elas existiam e eram enormes. Quase como castelos europeus da Idade Média ou coisa parecida.
As portas eram pivotantes, assim como as janelas eram tão grandes que possivelmente iam do chão até o teto. Os jardins eram divididos em áreas para cada ambiente. Havia uma parte asiática com laguinho e uma ponte em estilo japonês, além de um outro jardim europeu cheio de rosas de cores diferentes e bancos de cimento, além de uma fonte. O fisioterapeuta já estava embasbacado com o lado de fora, não conseguia imaginar como era dentro. Deveria ser quase como um conto de fadas, um mundo mágico.
Mas assim que saíram do carro, Chae se arrependeu de ter aceitado ir com Wonho. Havia tantos fotógrafos ali fora, que quase podia ficar cego. Mal conseguiu tirar seu filho de dentro do carro, quando Hoseok pegou Jinsoo no colo e o puxou para dentro da mansão de festas. Depois ele entendera tudo. O burburinho de fora era a mistura de vozes dos repórteres e dos flashes, as perguntas sendo jogadas neles como “Quem é o menino, Wonho?”, “Ele é seu filho?”, “E esse homem? Quem é ele?”, “Por que ele está aqui?”, “Qual é a relação de vocês dois?”.
Havia mais coisas do que isso. Mais perguntas. Mais de tudo.
Mais curiosidade.
E sufoco. Era sufocante.
Hyungwon não entendia como Hoseok conseguia lidar com aquilo de forma correta e há tanto tempo, todos os dias. O médico havia permanecido menos de dois minutos naquela multidão de paparazzi e havia se sentido como se houvesse ido ao inferno e voltado na mesma hora. Sentiu os dedos de Hoseok se enroscarem na manga longa de seu terno preto e puxá-lo para longe daquele emaranhado de pessoas, luzes, vozes e perguntas nada convenientes e super invasivas.
Quando ergueu a cabeça, viu o rosto preocupado de Hoseok, que ao mesmo tempo em que o puxava para dentro, tentava esconder seu semblante das câmeras. Hyungwon assentiu para assegurar Wonho de que estava bem e o jogador respirou aliviado. Assim que estavam num ambiente livre de paparazzi sedentos por um escândalo, Hoseok colocou Jinsoo no chão e ajeitou as roupas da criança.
– Me desculpe por isso, eu não...
– Está tudo bem, Hoseok. Não tem problema nenhum. A mídia quer arrancar histórias a todo custo – ele sorriu quando viu o brilhante olhar que Jinsoo tinha no rosto ao observar o ambiente a sua volta – Eu e ele entendemos.
– Fico feliz por isso – Hoseok pousou a mão no ombro do mais alto, sentindo-se mais calmo – Achei que vocês fossem querer ir embora assim que vissem o tanto de fotógrafos que estaria na porta.
– É assustador, porém é um desafio que eu quero enfrentar – Hyungwon respondeu, sentindo a pressão não muito grande dos dedos calejados de Wonho contra o blazer de seu smoking. Os calos eram obviamente por conta da malhação que o jogador provavelmente enfrentava todos os dias de sua vida profissional. Tinha que se manter em forma, com o pique bom para correr sem parar num campo, dum lado pro outro – Seu tornozelo... Como está?
O olhar compenetrado de Hoseok foi parar em seu próprio tornozelo antes machucado e sorriu, logo depois assentiu.
– Bem, muito bem. Não sinto mais nada. Nem qualquer rigidez – falou.
– Isso é bom. Quer dizer que estará mais do que pronto para jogar no próximo domingo – Chae ditou. Hoseok assentiu.
Alguns minutos depois, perceberam que ainda estavam no hall de entrada da mansão, e dirigiram-se para onde a festa estava realmente acontecendo. Havia tantas pessoas ali que era impossível contar. Todos em trajes de gala e totalmente rebuscados. Os jogadores estavam acompanhados de suas famílias, esposas ou namoradas. A comissão técnica também tinha chamado seus acompanhantes, assim como os médicos e o administrativo do time também.
– Quantas pessoas têm aqui exatamente, Wonho? – Hyungwon questionou completamente chocado. O jogador riu baixinho e segurou a mão de Jinsoo, para que não o perdesse de vista.
– Quase trezentas, talvez? Eu não sei direito – respondeu confuso – Por quê?
– É que é muita gente.
– Sim, muita gente. Mas com o tempo se acostuma.
– Claro.
De longe, viram um homem de meia-idade em um terno cinza acenar para Hoseok com um sorriso de canto. O atacante acenou de forma animada e virou-se para o mais novo.
– Eles querem te conhecer – disse – São o técnico do meu time, os outros jogadores e os médicos.
Hyungwon sorriu levemente e acompanhou o jogador até o grupinho de seu time. Em um dos momentos, ele captou vários idiomas falados naquela rodinha. Iam desde o coreano até o chinês, passando pelo português brasileiro, espanhol e chegando ao inglês e o italiano.
– Vince! – Hoseok trocou um abraço cheio de camaradagem com um jogador que apesar de ter aparência asiática, tinha olhos da cor de mel brilhante e os cabelos ondulados. Com certeza era mistura de asiático com ocidental, apesar de não ter sotaque algum – Como está, cara?
– Bem. Só um pouco dolorido aqui nas costelas por que caí de forma errada no treino, mas com a animação de um foguete – Vincenzo respondeu. Hyungwon franziu a testa e respirou fundo.
– Já falou sobre isso para um médico? Pode ser algo bem pior do que uma dorzinha simples e é bom buscar tratamento – Chae disse inconscientemente, mas logo notou que tanto Hoseok quanto Vince o olhavam de maneira curiosa – O que? Ah, eu disse isso em voz alta. Tudo bem, ignorem.
– Não, não – Vincenzo sorriu de canto, um sorriso totalmente encantador que provavelmente só perdia pro de Hoseok – Você é o fisioterapeuta do Wonho, certo? O único que provavelmente o aguentou por tempo suficiente para tratá-lo e não trocá-lo de médico?
– Ele me trocou de médico, Vincenzo – Hoseok rebateu – E quase foi por duas vezes, mas sim, ele é Chae Hyungwon, o meu fisioterapeuta.
O sorriso sacana no rosto do atacante passou desapercebido, assim como o “meu” mais intensificado que viera de Shin. Hyungwon se controlou para não socar o mais velho e tirar aquele risinho do rosto do mesmo.
– Sim, eu consegui o aguentar. Foi uma tarefa difícil, porém recompensadora – disse – Ainda mais quando ele puder marcar um gol quando voltar aos campos, não é mesmo?
– Totalmente – Vincenzo concordou. O rapaz olhou para o menininho de mãos dadas com Hoseok e sorriu ternamente, abaixando-se para fitá-lo nos olhos – Olá garotinho fofo. Se lembra de mim? Vincenzo? – Jinsoo assentiu – Ótimo! Achei que não ia se lembrar. Pode me chamar de tio Vince, tudo bem?
Jinsoo assentiu alegremente. Vincenzo olhou para Hyungwon.
– Eu e ele podemos tomar sorvete? Os garçons estão passando com sorvete por aí – Vince disse com um olhar esperançoso. Tão jovial mentalmente quanto Hoseok, pensou Hyungwon.
– Podem ir – Chae concordou – Mas tomem cuidado.
– É claro. Pergunte a Wonho, cuidado é meu nome do meio – Vincenzo deu uma piscadinha. Hoseok riu com vontade.
– Sim, Vincezo. É mesmo – o mais velho ironizou. O outro jogador se afastou deles, levando Jinsoo segurando sua mão. Wonho engatou em uma conversa com o homem de meia-idade e logo os dois olhavam para Hyungwon.
– Então esse é o famoso fisioterapeuta Chae Hyungwon? – o técnico do time sorriu e estendeu sua mão logo depois de curvar-se levemente em respeito. O médico estendeu sua mão de volta, aceitando o cumprimento, depois de repetir todo o processo – É um prazer conhecê-lo, doutor Chae.
– Oh, por favor. Me chame de Hyungwon apenas – pediu – E não acredito que sou famoso.
– Não acredita? – o homem parecia perplexo – Sabe o quão difícil é fazer o Wonho seguir as prescrições e as ordens médicas? Normalmente ele é tão teimoso quanto um bebê de três anos. Nunca quer tomar remédio algum, nunca quer seguir o que os ortopedistas ou fisioterapeutas dizem. É quase um milagre que ele nunca teve nada sério por pura teimosia. Sempre jogava contundido.
Hyungwon pousou o olhar fuzilador em Hoseok, que sorriu meio incomodado e deu de ombros. Chae sabia que o atacante era tão teimoso quanto um búfalo, mas nunca pensou que chegasse àquele ponto, de ele recusar-se a ter tratamento médico, continuava a jogar com machucados, contusões e lesões não tratados.
– Não sabia que ele fosse tão relutante assim – Hyungwon respondeu seriamente e logo depois engoliu em seco.
– Relutante é pouco para definir Wonho nesse quesito – o técnico riu soprado e deu um gole em seu vinho tinto – Ele é um dos jogadores mais difíceis dos médicos lidarem. Aceita acupuntura em momentos raros como tratamento, por isso achamos que você é um médico incrível só por conseguir tolerá-lo.
Hyungwon sorriu de canto junto com o técnico, porém no fundo estava preocupado. Como Shin Hoseok, que estava ao seu lado, nunca havia se machucado seriamente por exceder demais um machucado ou uma lesão?
Jogar machucado deveria doer muito, mas ele se lembrou do desejo anterior de Hoseok. Ele não queria se ausentar em seu posto de atacante astro do time, além de ser o capitão. Todas as jogadas dependiam dele, o time dependia dele. Era o responsável, se via como o encarregado de tocar o time para frente. Esse era um dos receios do mais velho, deixar o time na mão. Isso poderia explicar o porquê de se arriscar e jogar em longas partidas cansativas, sentindo dores musculares, ósseas e nos tendões.
– Aprendi a lidar bem com ele – disse Chae – Aprendemos a nos tolerar.
– Correto – Hoseok murmurou depois de um tempo calado, apenas ouvindo – E eu queria conversar depois sobre o que irei anunciar para a imprensa.
– Claro – o homem de meia-idade sorriu – Iremos falar sobre isso após a festa. Amanhã no meu escritório.
Wonho assentiu e logo o técnico deslanchou a falar sobre como o atacante era um ótimo jogador, tinha o maior número de gols da temporada entre todos os atacantes do time da casa e de outros times rivais.
Hyungwon ficou meio alheio a tudo depois daquilo e só acordou de seus pensamentos quando ouviu Vincenzo se aproximar fazendo barulho de alarde, com a voz alta e berrando alguma coisa insistentemente. Hoseok ficou agitado e Hyungwon finalmente viu que nos braços de Vince, estava um Jinsoo quase roxo e que lutava contra a falta de ar, com as extremidades inchadas.
– O que aconteceu?! – Wonho gritou alarmado enquanto olhava o menino engasgar sem ar – O que houve, Vincenzo? Mas que merda, caralho! O que você fez com o meu filho?
Na pressa, Hoseok nem notou que havia dito aquilo. Apenas fitava Vince com curiosidade e apreensão.
– O que fez com ele? – Hyungwon parecia anestesiado. Sentia seu corpo arder em vontade de pegar o menino no colo e abraçá-lo fortemente – Por que ele está assim?!
– Eu não fiz nada! Ele tomou sorvete e alguns minutos depois estava sentindo falta de ar e coceira na pele! – Vincenzo exclamava com a voz grossa quase chorosa e o olhar de culpa – Não sei o que causou isso, mas eu não fiz nada com ele! Agora ele está assim!
– Sorvete? De que?! – Hoseok questionou desesperado.
– Creme com nozes – Vince disse nervoso.
Naquele momento, uma lâmpada se acendeu acima da cabeça de Hyungwon. Nozes. Poderia ser uma alergia forte, apesar de não saber de nenhuma alergia do garoto. Pegou o celular do bolso e discou o número de Changkyun – que estava de plantão naquela noite –, pegando o menino no colo e segurando a mão do filho que ofegava em busca de ar.
– Alô? Changkyunie? – disse desesperado assim que ouviu o primeiro “alô”.
– Hyungwon? O que foi? Por que está desesperado assim?
– Eu acho que Jinsoo está com uma crise alérgica. Ele comeu nozes. Estou indo o mais rápido que puder e chego aí logo – falou rapidamente – Esteja preparado.
– Já estou. Pode vir.
Ele desligou o celular, fitou Hoseok brevemente e assentiu.
– Vou levá-lo ao hospital. Se quiser ficar...
– Eu vou com você, Hyungwon – o jogador sequer pestanejou. Tirou o celular do bolso do smoking vermelho e discou o número do motorista, pedindo que o carro estivesse na porta da mansão. Os dois nem se despediram das pessoas que pareciam chocadas. Apenas correram até a saída mais próxima e finalmente entraram dentro do automóvel.
Hyungwon checava se seu filho ainda respirava a cada minuto. A mão nas costas pequenas do menino, fazendo um carinho, como se dissesse “eu estou aqui, vai ficar tudo bem”. A pele pálida e quase roxa, as mãos vermelhas e provavelmente coçando, os bracinhos em volta do homem. O tempo passou rápido e logo estavam em frente ao prédio enorme do hospital. Changkyun os esperava do lado de fora, e assim que os viu, saiu correndo para socorrer Jinsoo. Colocaram-no numa maca e foram em direção ao elevador. Lá dentro, Changkyun começou a examiná-lo, checando as pálpebras, frequência cardíaca, a boca, garganta e a respiração.
– Ele está com uma crise bem forte de alergia, e as culpadas provavelmente são as nozes. As características são bem óbvias, coceira, vermelhidão na pele, lábios inchados, garganta fechada, falta de ar, língua inchada... Acho que serei obrigado a dar uma injeção de adrenalina – Im respondeu com um suspiro – Eu queria que não precisasse de injeção, mas é isso Hyungwon, um antialérgico não irá fazer efeito imediato.
Chae respirou fundo e assentiu. Tudo para fazer seu menino ficar bem, em segurança e respirando direito. Assim que chegaram ao andar da pediatria, moveram a criança para um quarto, onde receberia a injeção e ficaria de observação pelo resto da noite. Hoseok ajudou o outro a vestir Jinsoo e inclusive preencheu a papelada de Jinsoo novamente e a entregou a Jooheon, que havia ido checar a criança depois da aplicação da injeção.
Quando a noite foi se estendendo, Hyungwon estava sentado na poltrona ao lado da cama de hospital onde Jinsoo dormia – agora vestido com uma roupa de hospital mais confortável. O fisioterapeuta parecia abatido e cansado, totalmente acabado. E quem não estaria? Quando o filho tem alta do hospital e alguns dias depois volta para o mesmo lugar. Era doloroso, apesar do menino estar somente em observação.
– O exame que fizeram depois atestou que era realmente alergia a nozes – Wonho murmurou entrando no quarto depois de falar com Changkyun e Jooheon sobre a condição alérgica da criança – É só mantê-lo longe de nozes, explicar que não pode comê-las senão ficará bem doente. Eu sei que Jinsoo irá entender.
Hyungwon assentiu e fechou os olhos, soltando uma lufada de ar. Alguns segundos depois, ele mordeu o lábio inferior e abriu as pálpebras, vendo aquele homem maravilhoso parado ao lado da cama de hospital. Os olhos cansados, as olheiras profundas, o piercing que já não estava lá, os cabelos pretos – agora bagunçados – e o smoking vermelho em uma completa desordem.
– Obrigado por tudo – Chae falou baixinho – Obrigado por estar comigo agora. Obrigado por me apoiar. Obrigado por cuidar de Jinsoo. Obrigado por ser pai dele.
O olhar de Hoseok se iluminou. Se aproximou da poltrona de Hyungwon e abaixou-se para ficar com o olhar na altura dos olhos do outro.
– Eu faria qualquer coisa por você e Jinsoo, okay? – disse calmamente, aproximando seus lábios dos do mais novo. O beijo fora um simples tocar de lábios, com um sorrisinho por parte de ambos e duas palavras para reforçar: – Qualquer coisa.
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