História Dusk Till Dawn - How did you do that?

 

Pov´s Hope 

 

 Ando em direção a carteira lentamente, incapaz de quebrar o contato visual com a ruiva que me olha curiosa. Me sento ao seu lado e sinto-a analisar meu rosto, depois solta um sorriso gentil e seus olhos se recaem para um livro que está em baixo da mesa, provavelmente escondido do senhor Field. 

 O restante da sala para de nos encarar e o professor volta a dar matéria, percebo o ar dos outros alunos mudar de um completo tédio para animação quando o mesmo diz que vai mostrar um filme, ao invés de escrever na lousa e nos mandar copiar. 

 Mas não minha dupla, essa não mostra nenhum tipo de reação. Ela está tão focada na leitura que não move nem mesmo um musculo facial, apenas os olhos percorrem as páginas amareladas com ansiedade, e antes que eu perceba, minha atenção tambem está presa nele por causa da sua intensidade perante a esse objeto. Tento olhar de relance para não parecer intrometida, porém não acho que preciso me esforçar muito já que sua atenção não está em mim. Quando finalmente consigo ver o titulo da capa, minha respiração falha por um instante. 

 A frase da capa está escrito no que eu acredito que seja grego antigo e não tenho nenhum conhecimento sobre a lingua, mas o simbolos presentes nela, eu não confudiria de nenhuma maneira. Ele é um grimorio, um bem poderoso e antigo, se posso julgar. 

 Desde muito nova, quando estava começando a aprender sobre o mundo bruxo, tia Freya me ensinou tudo sobre os grimórios. Alguns bruxos modernos criam sua própria metodologia para afastar seus inimigos de seus feitiços, entretanto, na antiguidade, a forma mais comum de serem feitos esses livros, era com a metodologia das cores;

 Sendo vermelho para feitiços de amor, verde para os da natureza e saúde, roxo para tudo que é misterioso e desconhecido, branco para os que necessecitam se comunicar com a magia ancestral, preto para os feitiços proibidos e dourado para grandes maldições que demandam enorme energia sobrenatural. Com essa separação, os mentores conseguiam ensinar seus dicipulos com mais facilidade. 

 Será que minha mais nova colega de classe é uma bruxa? Porque se for, estarei encrencada, o grimório em sua mão comporta uma capa branca brilhante e enormes letras douradas.

 O tempo passa por mim sem que eu me dê conta, o senhor Field me fez alguma pergunta relacionada ao filme que está passando, é um classico, Hamlet, e tio Elijah ama filmes classicos, então respondo sem precisar prestar atenção porque já o vi várias vezes. 

 Meu coração está acelerado em pura ansiedade, droga, falei que ia fugir do mundo sobrenatural e acabo me sentando do lado dele no primeiro dia de aula?

 

 "Que má sorte você tem, Hope" - Penso.

 

 Renesmee não faz mensão de falar comigo durante a aula e eu decido que é melhor assim, quanto menos ela souber sobre mim, melhor. E pretendo ignorar a parte de mim que quer saber mais sobre ela, tenho que honrar minha promessa.

 Quando o sinal toca, suspiro aliviada por sair do tormento que é minha mente quando fica agitada, a ruiva se levanta, coloca o livro e os materiais na bolsa sem expressar nenhuma reação até chegar na porta e esbarrar com um adolescente que tem o dobro de seu tamanho, ela abre um sorriso gigantesco e o moreno a abraça pelos ombros, saindo então da minha vista e seguindo pelo corredor. 

 Antes que eu consiga fazer o mesmo, uma garota para em frente da minha mesa. Ela tem um cabelo loiro enrolado por babyliss, olhos azuis bem maquiados e veste um casaco de pelo da mesma cor, o perfeito estereótipo americano que eu venho fugido todos esses anos. 

 

 - Oi!  Você é a garota nova, não é? Eu sou Sophie Newton, representante da sala. 

 

 - Sim, sou Hope Marshall.

 

 - Não consigo imaginar o quão deve ser dificil para você no seu primeiro dia, em um lugar totalmente desconhecido, podemos ser amigas. - Sorri forçadamente, aposto que algum professor solicitou que fizesse isso. - Minha familia já esta na cidade por cinco gerações, nós nascemos, vivemos e morremos aqui.

 

 -  Deve ser entediante. - Respondo sem cacular minha fala e me permito divertir um pouco quando vejo seus olhos se arregalarem pelo espanto da falta de educação iminete.

 

 - É um pouco, mas lidamos bem... Então, qual é a sua proxima aula, Hope? - Muda de assunto.

 

 Olho para a caderneta e sorrio quando vejo qual é o proximo horário. 

 

 - Educação fisica.

 

 - Ótimo, a minha também, vamos juntas, vou te apresentar ao meu melhor amigo, Liam!

 

 Guardo minhas coisas rapidamente, vou até a mesa do senhor Field para assinar minha caderneta enquanto a loira me espera. Depois, entrelaça seu braço no meu e saímos correndo pelo estacionamento da escola. Ela não para de falar, boa parte do tempo sozinha, sobres os mais diversos assuntos possiveis. 

  Tento não ficar irritada. 

 

 “Socializar é importante para os humanos, ature.” - Penso. 

 

 *****Dusk till Dawn *****

 

 Chegamos na quadra antes do professor, Sophie acena para um grupo de meninos que estão do outro lado e um deles vem em nossa direção com um sorriso no rosto. Ele é bem bonito e alto, com traços asiático e um ótimo porte físico. 

 Ele nos cumprimenta com um abraço e a loira ao meu lado fica extremamente vermelha, tenho vontade de rir, mas não o faço, obviamente ela tem uma quedinha por ele. 

 

- Você deve ser Hope, eu sou Liam Yorkie. - Diz e nos conduz para sentarmos no primeiro andar da arquibancada. 

 

 - Isso, como sabe meu nome? - O olho desconfiada e ele ri da minha reação defensiva. 

 

 - Todos da escola sabem, não temos muitas novidades por aqui, provavelmente você será a fofoca do mês. 

 

 Estremeço, mais atenção sobre mim. 

 

 - A professora chegou! - Sophie nos corta ansiosa e aponta para aonde uma mulher negra que veste um uniforme de ginástica está conversando com os meninos que Liam estava anteriormente. - Tenho que falar com ela sobre o comitê do baile. Já volto. 

 

 A Newton sai saltitando pela quadra e Liam ri mais uma vez, esse garoto realmente tem um bom humor. 

 

 - Ela é sempre assim. - Comenta. - Agitada. 

 

 - Você a conhece há muito tempo? 

 

 - Desde que nasci, nossas mães são melhores amigas desde o colegial, crescemos juntos… A mãe dela surtaria se soubesse que é péssima em esportes, ela era capitã do time de vôlei. Você gosta de esportes, Hope? 

 

 - Adoro… E modéstia à parte, sou muito boa. 

 

 - Parece que vou ter uma competidora a minha altura finalmente. - Ele sorri e eu faço o mesmo, Liam parece uma boa pessoa. 

 

 O asiático puxa os mais variados tipos de assuntos, ele é um bom conversador assim como a sua amiga, mas sem sobrecarregar o ouvinte. Respondo tudo realmente empolgada com a nova amizade, isso, até que meus olhos recaem sobre Renesmee do outro lado da quadra e minha atenção é totalmente roubada.

 Ela está sentada com o mesmo menino do corredor, agora posso vê-lo melhor,  ele conta uma história completamente animado, mexendo as mãos freneticamente enquanto a ruiva sorri concordando com a cabeça, a cena se torna engraçada já que o moreno é grande e forte demais para demonstrar essa energia infantil.

 

 - … Então é por isso que eu adoro praticar esportes. - Liam termina seu raciocínio e me puxa de volta para a realidade. 

 

 - Ah sim, eu também. - Tento disfarçar, não ouvi uma palavra do que ele disse anteriormente. 

 

 - Você não prestou atenção em nada do que eu disse, não é? - Ele gargalha e eu me sinto culpada. 

 

 - Desculpa, estava meio distraída. - Não consigo evitar de olhar para a Cullen mais uma vez e ele segue meu olhar. 

 

 - Vou te desculpar só porque ela é realmente muito bonita. 

 

 - O quê!? - Me exalto. - Não é isso, quer dizer, ela é realmente linda, mas não é por isso que estou olhando. 

 

 - Ah, não? - Ele me encara se divertindo com a situação. 

 

 - Não! Ela me intriga de algum modo… E como você sabe que eu estava olhando para ela e não para o garoto ao seu lado? 

 

 - Essas coisas a gente só sabe. - Dá de ombros. - Mas então, o que te intriga nela? 

 

 - Não sei bem dizer… - Minto, não posso falar sobre o livro de magia. - Você a conhece?

 

 - Só de vista. Os Cullens não são muito comunicativos. 

 

 - O que quer dizer? 

 

 - Minha mãe costuma falar isso, ela e meu pai estudaram com os pais de Renesmee durante o colegial, até foram no casamento deles, mas logo depois eles mudaram de Forks e cortaram os laços com todos os seus amigos daqui. Isso até ano passado quando voltaram para cá, três meses atrás meu pai esbarrou com Bella no trânsito da avenida principal, disse que ficou surpreso de como ela não mudou absolutamente nada nesses anos, nem uma ruga apareceu. Com certeza é porque são ricos. - Fala brincando e eu rio forçadamente. Essa história só piora minha curiosidade.

 

 - Deve ser… - Meus olhos se desviam novamente para a adolescente, me surpreendendo quando a vejo me encarando de volta.

 

 Sustento a troca de olhares por alguns instantes até Liam voltar a falar: 

 

 - Se eu fosse você manteria distância deles, não sei exatamente o quê, mas alguma coisa me dá calafrios naquela família.

 

 - Não é como se eu estivesse desesperada para fazer amizade, então… - Finjo não me importar, mas a adrenalina já corre por minhas veias. 

 

 Com certeza isso não vai dar uma história boa para se contar. 

 Um estrondo me tira de meus pensamentos e ouço alguém gritar: 

 

 - LIAM, HOPE! CUIDADO! 

 

 Em nossa frente, a pilastra de concreto que prende a luz da quadra ao teto está desmoronando em cima de nós. Tudo acontece muito rápido, não consigo encontrar uma solução melhor, minhas mãos sobem a cabeça em sinal de proteção e afasto a mesma com mágica para que caia centímetros ao nosso lado. Nada que será percebido por olhos humanos, acredito eu. 

 Meus ouvidos estão tampados pelo sangue que corre quente em minhas veias, então não consigo ouvir a multidão que começa a se formar ao nosso redor, meu coração parece que está na boca de tão agitado. 

 Tento analisar as pessoas, procurando indícios de que alguém tenha percebido o que fiz, completamente tensa. 

 A voz do meu pai continua repetindo em minha mente: “ Você terá uma vida humana de agora em diante. Sem magia”. 

 Entretanto, para o meu alívio, ninguém parece notar que é matemática impossível a pilastra não cair em cima de nós. 

 Liam está estático ao meu lado, me pergunto como ele está se sentindo. 

 Vasculho mais uma vez o local e todos os olhos, seja de professores e alunos, carregam um ar de preocupação e alivio. Todos, menos um par de olhos chocolates que me encaram ainda no mesmo local de antes do incidente. Renesmee está com uma expressão rígida e as sobrancelhas estão franzidas como se estivesse tentando entender uma equação muito difícil. 

 

 Ela viu o que eu fiz. 

 

 Assim como sei que tem algo de diferente na garota ruiva, agora ela também sabe que tem alguma coisa estranha em mim também. 

 Não tenho certeza se isso é algo bom. Não tenho certeza se é ruim.

 

 *****Dusk Till Dawn****

 

 Sou dispensada das últimas aulas por conta do acidente, o que é um alívio, não tenho mais paciência para ficar nessa escola hoje. 

 Mas sei que essa sensação será passageira, só até eu chegar em casa, a diretora me disse que irá ligar para meus tios para conversarem sobre o ocorrido, tentei dissuadi-la dizendo que não é necessário e que estou completamente bem, sem nenhum ferimento, a mesma retrucou que não pode arriscar que eu sofra de estresse pós-traumático e que iria passar o contato de um bom psicólogo para eles. 

 Naquele momento eu quis rir, se ela soubesse que esse acidente não estava nem no meu top 10 de piores acontecimentos, com certeza não me oferecia isso. 

 Estou esperando o tempo passar encostada na minha moto ouvindo minha playlist de músicas com os olhos fechados, evitando ir para casa por saber da bronca que vou levar. 

 Um perfume levemente adocicado de frutas vermelhas invade minhas narinas e eu abro os olhos para procurar de onde ele vem, como minha cabeça está voltada para o chão, a primeira coisa que vejo são saltos amarelos. 

 Subo o olhar lentamente e me assusto quando vejo a dona deles em uma distância curta demais para ficar com um desconhecido. Guardo o fone no bolso esperando que ela se pronuncie, analisando cada traço de seus rosto, procurando um sinal de qualquer mísera imperfeição. Não encontro.

 Renesmee morde os lábios de maneira nervosa, então, como se tivesse tomado uma carga de coragem repentina, pergunta:

 

 - Como você fez aquilo?