(Fazenda)
Hoje é o dia do torneio. Todos foram dispensados de seus serviços, pois é tradição prestigiar o evento. As mulheres vestem suas melhores roupas, enquanto os homens fazem suas apostas em quem será o vencedor. As pessoas estão em festa. Ou melhor, quase todas
— Que os deuses me protejam. — Disse Jon quando viu a entrada da arena aonde ocorrerá o torneio.
O rei levantou cedo nesta manhã. Fez sua higiene, bebeu um pouco de líquido e comeu um pedaço de pão. Depois, deixou a fazenda antes que qualquer pessoa o visse. Pensou em ir falar com Daenerys antes de partir, porém desistiu no meio do caminho. Pensou que assim evitaria estresse antes das lutas. Nada poderia atrapalha-lo hoje.
Jon já havia se apresentado como participante, fora um dos primeiros a chegar. Usava as roupas de sempre: calça básica e blusa de algodão com manga 3/4. Não tinha qualquer armadura, apenas sua fiel espada amarrada ao quadril, e botas de couro. Mas que suficiente para ganhar esse torneio, era o pensamento do nortenho.
Olhava atentamente os competidores que aos poucos iam chegando, sabia que precisava manter-se atento a todos os movimentos daqueles homens e jamais subestima-los. A maioria dos participantes tinha nas costas um arco e flechas, e usavam uma espécie de ferro sobre o tórax. Imediatamente Jon lembrou de Daavid comentar algo sobre os nativos da ilha serem grandes arqueiros e bons com lanças. Felizmente, o rei passou muitas horas ouvindo o garoto, e já estava preparado para esse tipo de habilidade de seus concorrentes.
De toda forma, não teve um competidor sequer que passou por Jon e não tentou amendronta-lo. Como o rei não é dos mais altos, muitos guerreiros riam e faziam piadas dele. Todos sabiam que um estrangeiro magro e branco estava no torneio. Jon, sem dúvida, seria a grande novidade esse ano. As apostas variavam em até quantas lutas ele se manteria vivo, ou se morreria logo após segundo inicial. Todavia, o nortenho não se abalava com esses comentários. Na verdade, ele estava mais interessado em saber qual seria a aposta de uma certa mulher sentada na plateia.
Daenerys não dormiu bem na noite passada. Teve pesadelo com seus dragões, e acordou chorando desesperada. Sabia que este era um sinal de mal presságio.
— Que não signifique o insucesso de Lorde Snow. — Pensou olhando o local aonde Jon costumava dormir, enquanto tentava controlar as lágrimas que escorriam por seu rosto.
Foi difícil descansar depois disso. Logo, terminou por ficar toda a madrugada remoendo seus sentimentos pelo rei. A mulher não compreendia porque estava tão aflita. Tentava convencer-se que era uma reação natural depois do sonho ruim. Além disso, mesmo a contragosto, teria que assistir o torneio.
— Por que és tão teimoso? Por que não consigo ter paz desde o momento que o conheci? — Repetia em pensamento.
A rainha estava na primeira fileira das arquibancadas. Ao seu lado estavam Eloisa e Charles. Esses lugares foram cortesias do dono da fazenda. De lá têm-se uma visão privilegiada de todas as lutas, que ocorrem alguns andares abaixo, bem como do espaço aonde os competidores esperavam suas batalhas.
— Jon está bem ali. — Eloisa disse apontando o homem. Ele estava parado olhando na direção da arquibancada.
Daenerys suspirou tentando acalmar o arrepio que percorreu seu corpo ao simples vislumbre do rei. Talvez esta fosse a última vez que ela visse aqueles olhos cinzentos fitando-a como se pudesse falar.
— Ele vai conseguir, Dany. — Charles falou segurando a mão da rainha.
— Vai sim, minha filha. — Eloisa a abraçou, enquanto a Targaryen não conseguia desviar o olhar do homem parado do outro lado da arena.
— Ele é tão teimoso. — Suspirou em resposta ao casal.
— Como a maioria dos homens. — A mulher idosa falou com um sorriso. — Não vai acontecer a Jon o mesmo que ocorreu com meu filho, querida. — Continuou fazendo a rainha olhá-la.
— Jon irá voltar para você. — Eloisa falou acariciando o rosto de Daenerys.
— Obrigada. — A Targaryen respondeu com um suspiro.
— Charles, o Jon ficou no primeiro grupo. — O garoto Daavid apareceu correndo. — A luta dele será dentro de alguns minutos.
— Como você conseguiu chegar aqui, menino? — Eloisa falou espantada.
— Ah... eu meio que consegui passar pelas barreiras e vou ficar sentado aqui. — Daavid respondeu coçando a cabeça desconfiado, buscando um assento ao lado de Daenerys.
— Sua mãe sabe disso, garoto? — Charles perguntou sério.
— Eu disse a ela que ia tentar ficar mais perto de Jon. Afinal, eu praticamente acompanhei todo o treinamento dele. Sou quase um treinador, entendem? — O garoto falou sério.
— Sim. — Charles e Eloisa falaram sorrindo.
Antes que as batalhas comecem, é sempre bom explicar as regras do jogo.
Esse torneio é muito simples. São dois dias de lutas e 6 combates no total. No primeiro dia serão 4 combates. Foram 20 inscritos no torneio, os quais foram divididos em grupos de 5 homens, com base na ordem de inscrição. Cada prova dura 25 minutos, aonde os guerreiros devem manter-se vivos para passar para a próxima etapa. No final, deve haver no máximo 1 sobrevivente por grupo, ou seja, apenas 4 homens estarão vivos e competindo no segundo dia de torneio. Isso se tudo ocorrer conforme o planejado, pois muitas vezes nenhum sobra para o último dia de combate. Depois serão duas grandes lutas, homem contra homem. Restando, por fim, o melhor e mais habilidoso de todos.
Embora não tenha sido dito, é costume nesses campeonatos ocorrerem algumas surpresas, tipo animais gigantescos ou armadilhas pela frente. Jon sabia disso. Sabia também que, certamente, ele seria o alvo de todas as flechas e lanças que aqueles homens portavam.
Jon e os outros quatro homens estavam no centro da arena. Faziam um círculo, um de frente para o outro. Aguardavam o sinal que a prova teria início. A plateia estava em completo silêncio. Então, uma flecha cortou o ar, caindo na lateral do campo. Era o início do torneio.
Mal começou o combate e, por puro reflexo, Jon estava usando sua espada para cortar a mão de um dos homens que estava prestes a atacá-lo com o arco. Depois, puxou-o para ficar a sua frente, usando o corpo do homem como escudo. Este terminou por ser atingido por três flechas diretamente do peito, sendo o primeiro a morrer. A plateia gritava de exaltação. Não esperavam um início tão eletrizante.
Mas, foi quando o som de um tambor soou, que a arena explodiu em gritos. Portas foram abertas permitindo que um macaco gigante entrasse na arena. O bicho tinha 3 metros e devia pesar uns 500 Kg. Era uma espécie comum em uma das ilhas inabitáveis que compõem o mar de Verão. Conhecido por ser o grande caçador. Não é para menos esse apelido, basta olhar os dentes gigantes e o tamanho daquele animal.
Jon largou o corpo do homem que ele usava como escudo e tentou achar uma forma de esconder-se. Via os outros quatro competidores tentando atacar o macaco com as flechas, porém estas eram facilmente desviadas.
— Que merda de animal é esse? — Pensou o nortenho, enquanto afastava-se de onde o macaco estava.
Logo o animal conseguiu segurar um dos homens, que tentava a todo custo atingir o macaco com a lança. Contudo, sem demorar muito, o animal devorou aquele competidor, arrancando a cabeça do homem fora do corpo. Menos dois homens no grupo.
O sinal de que a batalha estava concluída soou. Agora, nenhum competidor poderia atacar o concorrente. Contudo, o macaco ainda estava na arena. Logo, os três homens que sobravam precisavam driblar o animal se quisessem sair daquela luta. Precisavam correr para chegar até a porta menor, por onde saíram. E foi isso o que um dos homens fez: aproveitou que o macaco estraçalhava um dos oponentes e conseguiu deixar a arena.
Agora, restavam apenas Jon e mais um homem. O rei não perdeu tempo, fez como o guerreiro anterior. Correu o mais rápido que pode na direção do portão. Logo atrás estava o outro competidor, que numa tentativa de escapar do animal, empurrou Jon Snow no chão, deixando-o aberto para o ataque do gigante.
Jon limpava areia do rosto quando sentiu seu corpo ser arrastado. O macaco o segurava pelas pernas, enquanto o suspendia. O rei via os dentes gigantescos o esperando. Ele seria devorado. Então, segurou a espada de forma que cortasse o interior da boca do animal. E foi isso o que aconteceu. A espada perfurou a região do palato do macaco, fazendo-o soltar o nortenho no chão.
A queda não foi de grande altura, nem parece ter machucado o bastardo. Todavia, Jon não fazia como os outros competidores; não corria em direção à saída daquela arena. O homem estava parado, pensando em como conseguiria derrubar o animal. Não que ele desejasse ser vangloriado por matar o primata gigante, mas precisava recuperar a espada.
Para a sorte de nosso rei, o sangue dos ferimentos, terminou por descer pelas vias respiratórias do macaco, sufocando-o. Então, quando o animal desmaiou aos pés do nortenho, este pôde, enfim, recuperar ‘garralonga’ e olhar a arquibancada. As pessoas estavam em pé, gritando e batendo palmas. Eles o chamavam de “Kelev”, numa referência clara a uma lenda local sobre o “Caçador de gigantes”.
Jon limpou a espada em sua blusa e a guardou. Não mostrou qualquer emoção após ter passado pelo primeiro desafio. Logo, começou a andar na direção da saída, porém antes de deixar o campo deu uma última olhada para as arquibancadas. Seus olhos novamente pararam sobre as pessoas sentadas na primeira fileira. Precisava ver o rosto da mulher de cabelos prateados. Talvez houvesse algo além de desprezo ali. Então, ele encontrou o que queria. Jon viu felicidade e alívio. Daenerys pulava abraçada com Eloisa e Daavid. Ela festejava a vitória do bastardo como se esta fosse dela.
— Eu vou ganhar esse torneio Daenerys. Vamos voltar para casa! — Pensou enquanto olhava o sorriso da rainha, que agora tinha seus olhos violetas voltados para o rei.
(Winterfiell)
— Não esqueça o nosso trato.
Arya ouviu a voz de mindinho.
Eles estavam em um dos lugares menos movimentados do castelo. Poucos sabiam que ali havia uma porta que levava até a biblioteca e ao corredor dos quartos principais. Arya, certamente, era uma das poucas pessoas que sabia disso, pois desde criança adorava usar esses caminhos secretos para escapar das lições de sua mãe. Ela só nunca imaginou que sua descoberta de criança, culminaria em ver Lorde Bealish agindo de forma super suspeita, juntamente com o Mestre de Winterfiell.
A garota, portanto, manteve-se escondida tentando ouvir parte da conversa entre os dois homens logo à frente. Não era de hoje que a Stark achava estranho que os feridos ainda não tivessem melhorado. Embora, ela não fosse conhecedora das artes medicinais, imaginava que o Mestre já deveria ter resolvido o problema dos dois soldados.
— Pelo visto alguém deve está interessado nesses feridos. — Pensou a garota enquanto observava o senhor do Vale entregar um frasco pequeno ao Mestre.
Arya continuou escondida até ver os homens se afastarem. Foi quando correu para falar com o senhor mais velho. Iria conseguir alguma informação do Mestre.
— Senhor! — A garota disse interrompendo os passos do homem.
— Senhorita Stark. — Respondeu em respeito.
— O senhor tem alguma notícia dos feridos? — Arya perguntou tranquila.
— Eles... estão como antes, senhorita. — Disse sério. — Inclusive, preciso vê-los agora. — Continuou voltando a caminhar.
— Então eu o acompanho. — A garota falou indo logo atrás do homem.
— Ah... sim. Claro. — O Mestre respondeu desconfortável.
— Sabe... o senhor não acha estranho que os dois cavaleiros ainda não tenham acordado depois desses dias de tratamento? — Perguntou séria.
— Eu não sei que tipo de traumatismos eles sofreram. Então, pode ser algo normal. — Respondeu sem mostrar nervosismo.
— Pode ser. Mas, Tormund estava acordado e falando quando o encontramos na floresta. — Arya insistiu.
— Estou fazendo o meu melhor por esses homens, senhorita. — O Mestre disse tentando acabar o assunto.
— Imagino que sim. Até tem conseguido frascos estranhos com o senhor do Vale, não é mesmo? — A garota falou fazendo-o parar a caminhada.
— Perdoe-me, mas não sei do que está falando. — O homem disse tenso.
— É simples... — Arya falou enquanto tirava agulha da cintura. O Mestre arregalou os olhos ao ver a arma apontada em sua direção.
— Estou falando do vidro que o Lorde Bealish acabou de entregar-lhe. — Continuou séria.
— Eu... — O homem gaguejou.
— Não venha com mentiras. Eu os vi. Agora, o senhor pode, por favor, entregar-me o frasco? — A garota disse interrompendo-o.
O homem colocou a mão por dentro do casaco e deu a garota o vidro pequeno. Era o mesmo que ela viu nas mãos de mindinho.
— Ótimo. — Arya disse enquanto analisava o objeto.
— Por favor, senhorita, eu não fiz nada de mal. Eu estava sendo ameaçado. — O Mestre falou nervoso.
— Lorde Bealish o ameaçou? — A garota perguntou séria.
— Eu... eu estou velho... não sei lutar.... por favor, deixe-me ir. — O homem falou nervoso.
— Responda-me ou não pensarei duas vezes antes de cortar-lhe a garganta! — A garota falou exaltada.
— Sim... ele me ameaçou. Disse que me expulsaria daqui se não colocasse, todos os dias, uma gotas dessa líquido na água dos feridos. — O Mestre disse nervoso, implorando com os olhos sua liberdade.
— Vá cuidar dos feridos. Se eles morrerem, o senhor morre! — A garota falou colocando a faca no pescoço do homem.
— Tudo bem, senhorita. — O Mestre respondeu tremendo.
— Vá logo. — Ela disse largando o homem.
A garota ficou observando até ver o homem desaparecer. Arya tentava raciocinar sobre seu próximo passo. Ela tinha nas mãos uma prova grande contra Lorde Bealish, mas sabia que não poderia apenas chegar com isso a Sansa e pedir que ordenassem a morte do Lorde. Mindinho estava ali representando o Vale, reino que sempre fora fiel à casa Stark. Quem conseguiria imaginar que eles podem está envolvidos na emboscada contra o rei do Norte?
Arya nem percebeu que caminhava até que parou em frente a biblioteca. Não sabia o motivo de ter chegado naquele local. Talvez eram os Deuses mostrando um caminho.
— Bran? — A garota disse espantada, ao encontrar o irmão sozinho em meio aos livros.
— Eu pensei que você estava no quarto. — Continuou confusa.
— As vezes quando não temos as respostas, os livros podem ter. — O garoto disse sem desviar os olhos da estante enorme de livros,
— Como é? — Arya perguntou confusa. A garota não conseguia entender como seu irmão pode ter mudado tanto. Ele agora vive sozinho e fala coisas totalmente sem sentido.
— Eu estava me perguntando: qual o motivo dos deuses terem tirado Jon e Daenerys de Winterfiell quando as pessoas aqui mais precisavam. — Bran falou pensativo.
— Eles estão vivos, não é? — A garota falou animada.
— Sim. Não sei até quando, nem porquê. — O garoto disse triste.
— Aonde eles estão? — Arya perguntou, ajoelhando-se ao lado da cadeira do irmão.
— Apenas o dragão sabe. — Bran disse sério.
— E por que o dragão não traz logo eles de volta? — A garota falou estressada. — Tudo aqui está uma bagunça! Lorde Bealish está querendo tomar o Norte para ele!
— Como você sabe sobre Lorde Bealish? — Bran perguntou sério.
— Eu apenas imagino que ele esteja envolvido no sumiço de nosso irmão. — Arya disse tensa.
— Bealish é perigoso. Sansa precisa ver isso, ou jamais será a líder que deseja ser. — O garoto disse olhando para longe como se visse algo além de livros.
— Sansa é egocêntrica! Não consegue ver o bajulador falso que é esse tal Lorde Bealish. — Arya disse estressada. — Eu não sei o que fazer. Ela não irá acreditar em qualquer coisa que eu fale.
O menino afastou-se um pouco e pegou um livro na estante. Depois entregou a Arya.
— Sansa vai acreditar em você. Só precisa escolher o melhor momento a falar. — Bran disse calmo.
— Se Jon estivesse aqui, os Stark estavam seguros. — Arya disse triste.
— Nós somos os únicos Stark vivos. Cuidar dessa casa não é mais a missão de Jon. — O garoto disse sério.
— Mas... — A senhorita olhou o irmão sem entender.
— Você também o descrimina por ele ser Snow? — Foi o pensamento de Arya.
— Agora, voltando a falar do dragão. Parece que ele está protegendo Daenerys e Jon de algo. Eu tentei entrar na mente do animal, mas não consegui decifrar muita coisa. Apenas sei que a criatura parece amar muito. — Bran disse sério. — A salvação de Winterfiell está nos dragões. — Continuou pensativo.
— O que faço com esse livro? — Arya questionou confusa.
— Os deuses sempre são sábios. — Bran falou sorrindo. — E as vezes as respostas estão nos livros. — Disse antes de fechar os olhos, concluindo a conversa.
A garota olhava a capa do livro, estava escrito: A canção de gelo e fogo.
(Fazenda)
Depois do episódio com o macaco gigante, Jon Snow ganhou um pouco de respeito dos participantes. Claro que isso não iria mudar o fato que o rei ainda tinha que lutar muito se quisesse sair vivo dessa competição. De toda forma, como no grupo do bastardo só havia outros dois homens, ninguém fez muito movimento de atacar o oponente, mas apenas de salvar-se das armadilhas que ocorriam nas provas.
A segunda batalha foi contra quatro guerreiros montando uma espécie de búfalo, aonde Jon Snow conseguiu mostrar a plateia que também sabia dominar animais exóticos enquanto degolava um homem com as rédeas. Nesta sobraram vivos apenas o rei e um outro competidor, ambos com muitos cortes e arranhões pelo corpo, no entanto.
Quanto a terceira prova, esta resumia-se a tentar desviar de apenas três onças famintas. Os guerreiros estavam extremamente cansados e doloridos, e acabaram por trabalhar em equipe contra as garras dos animais. Ou seja, enquanto Jon atraia as feras, o outro oponente atirava flechas nas onças. Sim, eu também concordo que não era o melhor dos planos.
Infelizmente, o arqueiro não teve tanta sorte, pois umas das onças não caiu na armadilha e o pegou desprevenido, pulando sobre seu pescoço. Jon concluiu a prova mantando a última onça com arco de seu companheiro. Ganhou um arranhão no rosto, depois disso. Porém, nada que o impedisse de seguir para a próxima prova.
A quarta batalha do dia foi, sem dúvida, a mais difícil para o bastardo. Basta lembrar que Jon Snow estava sozinho na arena. Ou seja, qualquer monstruosidade que aparecesse teria como alvo apenas o nortenho. Para piorar a situação do rei, era a hora mais quente do dia, e você bem sabe quão inadaptado ao clima das ilhas era o jovem.
Jon lutou contra uma mulher extremamente rápida e ágil com facas. Era nativa de uma tribo de Essos, conhecida por criar suas crianças para serem letais. Ela usava uma espécie de vestido de couro, e tinha algumas correntes rodeando seu abdome e tórax. Tinha os cabelos raspados e desenhos no rosto. Em cada perna, havia 2 facas amarradas. Sem falar nas outras duas presas ao bíceps da mulher.
O bastardo estava quieto, respirava lentamente enquanto tinha toda a atenção nos movimentos da mulher. Esperava que ela iniciasse os ataques. Então, depois de aproximadamente 2 minutos parados, Jon a viu lançar uma faca em sua direção, obrigando o rapaz a deslocar-se do objeto, que por pouco não atingiu sua garganta. Sem perder muito tempo, a mulher correu na direção do bastardo, tentando atingi-lo com a facas que carregava em sua mãos. Jon conseguia desviar da maioria dos movimentos, contudo sentia que se continuasse nesse ritmo acabaria sendo perfurado em algum local vital. Então, o rei atingiu a mulher com um chute no estômago, fazendo-a derrubar uma das facas no chão.
Todavia, antes que o nortenho conseguisse atacá-la com a espada, a mulher jogou a outra faca na direção do homem, atingindo-o no braço que segurava a espada. Jon sentia o sangue descer por sua camisa, enquanto tentava alcançar ‘garralonga’, que escorregara depois do golpe. Quando enfim tinha o controle de sua arma, novamente fora atingido pela mulher, agora com uma corrente, que sabe-se lá como acabou por ficar presa ao antebraço do rei.
— Merda! — O rei gritou quando sentiu a espada deixar o seu controle.
A mulher fazia movimentos com a corrente de forma que conseguisse quebrar o braço do bastardo. Ele certamente não iria aguentar muito tempo a pressão, pois já começara a ouvir os estalidos em seu ombro, e sentia a vista escurecer por causa da dor.
— Ahhh! — Jon gritou tentando, em vão, parar os movimentos que a mulher fazia.
Então, usando suas últimas forças e esnobando a dor que quase o dominava, o rei segurou a corrente com ambas as mãos e a puxou. Com esse movimento, a mulher perdeu o equilíbrio, e caiu. Foi pega desprevenida. Antes que ela pudesse se levantar, o nortenho a arrastou até onde ele estava e deu-lhe um chute na face, quebrando o nariz da mulher.
Jon tentava soltasse das correntes, mas percebendo que a mulher podia atacá-lo neste tempo, puxou novamente a guerreira, fazendo-a cair de cara no chão. O rei logo colocou um pé sobre a cabeça da matadora, fazendo-a emitir gemidos desesperados. A mulher ainda tentou reagir. Pegou uma das facas que havia em suas pernas, porém, antes que ela fizesse qualquer movimento, o bastardo colocou as correntes em seu pescoço, sufocando-a no mesmo momento que soou o sinal que a batalha tinha acabado. Era o final do primeiro dia do torneio.
Depois disso, tudo aconteceu muito rápido. Jon mal tinha conseguido tirar a corrente de seu braço quando sentiu uma multidão carregá-lo. As pessoas gritava animadas. Era como se o nortenho fosse um herói. E, de certa forma, não podia ser por menos, visto que apenas o rei e mais outro competidor conseguirá salvar-se para o segundo dia do torneio.
Logo, o bastardo estava no meio de um ritual de comemoração que ocorria na fazenda. Pode-se dizer que se tratava de uma festa, pois tinha muita gente, e muito vinho. Deram, inclusive um copo cheio do líquido para que o grande ‘Kelev’ tomasse. E, claro, Jon não iria fazer uma desfeita com aquelas pessoas, mesmo que todo seu corpo clamasse por repouso e sua mente não parasse de procurar por Daenerys no meio da multidão.
— Jon! — Daavid gritou de longe. — Jon!
O rei virou na direção da voz. Viu o garoto tentando passar pelas pessoas.
— Jon! Você foi demais! — O menino disse quando chegou perto do rei.
— Não é para tanto, garoto. — Jon respondeu dando um gole do vinho. Nunca bêbera algo tão delicioso.
— Eu nunca vi alguém mais corajoso que você. — Daavid disse animado.
— Um dia você também será. — O bastardo disse mexendo no cabelo do garoto.
— Você acha mesmo? Eu nem sei segurar um arco. — O menino respondeu confuso.
— Com treino e sabedoria você chegará lá. Contudo, nem sempre a violência é o melhor caminho de resolver as coisas. Lutar nunca deve ser a primeira opção, entendeu? — Jon disse ao garoto, fazendo-o lembrar-se da época que viveu na muralha e fora traído por seus irmãos.
— Bem... você pode me ajudar a sair daqui? — Jon perguntou sério.
— Você quer ver Dany, não é? — Daavid perguntou com um sorriso.
— Eu... — Jon falou nervoso. — Eu preciso ver esses ferimentos. — Explicou sério.
— Ah... claro. — O menino disse sorrindo. — Venha por aqui. — Disse puxando o homem.
Depois de alguns minutos Jon conseguirá chegar até a casa de Eloisa e Charles. Sentia uma forte dor no braço direito. Pensou que pudesse ter fraturado algum osso, mas, felizmente, parece que nenhum trauma maior ocorreu. Quando finalmente o nortenho entrou na cozinha do casal, viu que a senhora idosa já o esperava. Ela tinha uns baldes nas mãos e havia galhos de plantas sobre a mesa.
— Meu filho, pensei que não o deixariam vir! — A mulher disse nervosa ao por os olhos no nortenho.
— Bem... eu quase não consegui. — Jon suspirou quando sentou-se numa das cadeiras.
— Imagina a festa que teremos amanhã nesta fazenda, em Dona Eloisa? — Daavid disse sentando-se ao lado de Jon.
— Esse povo não precisa de motivo para beber vinho. — A mulher idosa disse enquanto olhava os ferimentos do bastardo.
— Acho que o pior foi esse corte no braço. Vai ser preciso fechar. — A senhora disse avaliando o corte.
— Pode fazer o que for preciso. — O rei disse olhando o sangue escorrendo pelo membro.
— Aqui não temos nada que tire sua dor, mas eu já tinha fervido a linha e agulha, pensando que seria necessário. Ainda não consegui esquecer que você quase foi devorado hoje. — A mulher falou enquanto andava até o fogão.
— Eloisa, aqui está as outras ervas. — Charles disse quando surgiu na cozinha. — Meu rapaz, você nos deu muitos sustos hoje. — Continuou animado quando viu Jon Snow.
— Desculpe por isso. — O rei respondeu triste.
— Não se preocupe comigo. Pense apenas na batalha de amanhã. Lembre que enfrentará um homem que também passou por tudo o que passaste hoje. — O homem disse com um sorriso leve.
— Verdade. — Jon disse pensativo.
— Jon, eu vou precisar lavar a ferida. Tire a camisa, por favor. — A mulher idosa disse tranquila.
Foi nesse momento que Jon lembrou-se que seu tórax poderia identificá-lo. Ele tinha uma cicatriz no peito.
— Eu prefiro ficar de camisa, Eloisa. — Jon disse sério.
A mulher o olhou confusa. Mas, não insistiu com o assunto. Ela, então, rasgou a manga da blusa que o nortenho usava. Depois, começou a limpar os cortes que havia pelo braço, tirando a areia que já estava grudada a pele do homem. Quando a pele parecia mais limpa, a mulher começou a costurar a ferida. Jon tinha os dentes trincados por todo o processo, enquanto bebia um pouco mais de vinho que o senhor Charles trouxera para o bastardo.
— Pronto. — Eloisa disse quando terminou o curativo. — Agora vamos olhar esse arranhão em seu rosto.
— Eu lembro desse. A onça quase arrancou os olhos de Jon. — Daavid disse empolgado.
— Parece que você tem um super fã. — Charles falou a Jon Snow, fazendo Eloisa e o próprio Jon sorrirem.
— Eloisa, o jantar... — Daenerys entrou na cozinha procurando pela senhora mais velha. Ela não imaginava encontrar Jon Snow ali, pois vira quando as pessoas o carregaram para uma grande festa, com muitas mulheres nuas e vinho distribuído aos montes.
— O que você está fazendo aqui? — A rainha perguntou logo que viu o marido.
— Ele está com alguns ferimentos, querida. — Eloisa disse calma, enquanto molhava um pano na água com ervas.
— Ah. — A Targaryen disse preocupada.
— Você estava falando sobre o jantar? — Daavid perguntou animado.
— Está tudo pronto. — Daenerys disse sem tirar os olhos de Jon.
O rei também parecia que não conseguia ver outra pessoa além de Daenerys. Desde o momento que deixou a arena estava louco para ouvir a voz da mulher. Queria saber se agora ela o apoiava. Afinal, ele era um dos finalistas do torneio.
— Charles, Daavid, o que vocês acham de irmos até a fazenda ver o jantar? — Eloisa disse quando percebeu a forma que casal se olhava.
— Eu acho uma ideia maravilhosa. — Charles falou sorrindo para a esposa. Ele compreendia as intenções de sua esposa.
— Depois eu vou. Quero ficar mais um tempo com Jon. Ele precisa me dizer aonde aprendeu a montar mamute. — O menino disse sério, fazendo o nortenho olhá-lo.
— Menino! Você vai sair agora mesmo! Jon está cansado! Deixe Dany cuidar dele agora. — Eloisa disse brigando com o garoto.
— Mas.... — Daavid suspirou.
— Amanha conversamos garoto. — Jon disse com um sorriso.
— Sim! Amanhã quando você for o vencedor! — Daavid saiu gritando. — Jon, Kelev!
Daenerys então pegou o pano de dentro do balde com ervas e foi sentar-se ao lado do rei. Jon observava os movimentos da mulher. Sentia o clima pesado entre eles. Então, tomou a iniciativa de começar a conversa.
— Eu pensei que você não fosse ao torneio. — Jon disse olhando a mulher.
— O patrão disse que eu estava dispensada de meus serviços. Ele achou que estava sendo gentil liberando-me e pagando meu ingresso e o de Eloisa para torneio. Afinal, meu marido é um dos competidores. — Daenerys respondeu sem olhar o nortenho. Ela estava sentada espremendo o pano.
— Entendo. — O rei respondeu tentando mostrar indiferença ao comentário. — Desculpa por fazê-la assistir aquelas mortes. — Disse sério.
— Já vi muito daquilo. Não se preocupe. — A rainha falou fria, antes de colocar o pano molhado no rosto do nortenho.
Ele tinha um corte na região da sobrancelha, no mesmo local de uma velha cicatriz que o nortenho carregava no rosto. O homem exalou um pouco pois a ferida começaram a arder e pinicar.
— Como só sobrou outro competidor, haverá apenas uma luta amanhã. — O rei tentou iniciar uma conversa com a mulher, bem como esquecer a queimação em sua cabeça.
— Desista dessa loucura, Jon. — A rainha disse séria enquanto segurando o pano contra o rosto do homem.
— Jamais. — Ele respondeu num suspiro.
— Você... — Daenerys respirou fundo antes de continuar. — Você quase morreu naquela arena. Teve momentos que pensei ser o seu fim. — Disse enquanto continuava a lavar as feridas do bastardo.
— Eu não posso deixar o torneio, eles me matariam se eu disser que não irei amanhã. Além disso, eu dei minha palavra e vou até o fim por ela. — Jon falou sério.
— Você sempre com essa história de palavra. — A mulher comentou revirando os olhos. Depois começou a olhar um corte que Jon tinha próximo ao pescoço.
— Eu fui criado sabendo o valor da palavra. — O rei respondeu com os dentes trincados. — Você deveria está me apoiando nesse torneio, não colocando dificuldades.
Daenerys o olhou por alguns segundos. Queria fazê-lo entender que ela jamais gostaria de vê-lo num arena daquelas. Como não conseguiu dizer qualquer coisa, a rainha deixou o pano no balde e fez como se fosse levantar.
— Se hoje estou neste lugar é por sua causa. — Jon disse mantendo-a sentada ao seu lado.
— Eu não pedi que me salvasse de nenhum dos ataques que sofri. Você decidiu isso sozinho. — Daenerys falou estressada.
— Por que você não compreende que esse torneio é nossa melhor chance de sair daqui? — O rei falou tentando manter a calma.
— É também a melhor chance de você morrer. — Ela disse sem emoção, mas o que ela queria dizer mesmo era: É também a melhor chance de você sair de minha vida.
— E você se importa? — O rei pensou sem desviar o olhar da mulher.
— Olha... — Daenerys falou desconfortável com a forma que o bastardo a estava encarando. — Nem sei porquê tento dar alguma opinião a você. A vida é sua, e eu não sou nada para você. — Completou tentando levantar-se novamente.
Jon, então, colocou uma mão no rosto da rainha. A mulher congelou ao mero toque do nortenho. Ele percorria com o polegar a bochecha da Targaryen, sentindo cada nova textura sem jamais desviar seu foco dos olhos violetas.
— O que você está fazendo? — Era o que Daenerys queria gritar, mas não conseguia fazer nada além de tremer e esperar os próximos passos do Rei.
— Eu não vou morrer. — Jon disse segurando o rosto da esposa. — Eu prometo-lhe. — Falou com intensidade, agora percorrendo com o dedo os lábios da rainha.
Daenerys tremia. Fechou os olhos ao senti-lo percorrer seus lábios. Era aquela mesma sensação de antes, como se um vento tomasse conta de suas emoções. Estava perdida, e Jon Snow era a causa disso.
— Abra... abra os olhos, por favor. — Jon falou suave, ainda segurando-a.
E a rainha fez conforme solicitado, deparando-se com olhos quase negros.
— Nós vamos voltar para casa. — Jon disse com um sorriso leve.
Daenerys suspirou e voltou a fechar os olhos. Não ia conseguir controlar-se se permanecesse mais um segundo encarando o rei.
— Dany... — O homem disse como se a lembrasse do pedido anterior. Quando ela o encarou viu que ele tinha toda atenção em seus lábios. Era como se o rei avaliasse se deveria tomar o próximo passo.
A rainha tremia descontroladamente. A ansiedade pelo o que estava por vir era grande demais. Sabia que se tomassem esse novo caminho, não haveria mais volta. Não depois do que sentiu hoje; não depois de pensar que pode perdê-lo para sempre.
Contudo, como se aquilo tudo não passou de um sonho, Jon deu um novo suspirou e soltou o rosto da mulher, quebrando o encanto.
— Devo ter bebido demais. — Pensou quando percebeu o que estava prestes a fazer.
— Vou... — Jon limpou a garganta, olhou ao redor, e continuou: — Vou deitar.
— Ah... S...sim. — Daenerys gaguejou mexendo em seu vestido.
— Amanhã será um dia importante. — O nortenho explicou enquanto tentava levantar-se apesar da dor que sentia.
— É. — A mulher suspirou afastando-se do homem, vestindo novamente a máscara de rainha sem emoção.
— Até amanhã. — O rei disse balançando a cabeça antes de sair pela porta dos fundos.
Daenerys correu para o banheiro depois disso. Precisava colocar os pensamentos em ordem. Todavia, mesmo depois de lavar-se, ainda sentia como se sua vida estivesse de ponta-cabeça. Vestiu uma roupa qualquer e deitou-se na cama sem ao menos pentear os cabelos. Não entendia porque sentia-se destruída e tão sozinha. Queria poder abraçar seus dragões e ouvir os conselhos de sua amiga Missandei.
Jon Snow, por sua vez, preferiu colocar os pensamentos em ordem deitando-se no mesmo lugar de sempre, junto aos cavalos. Ele apenas tirou os sapatos e jogou-se no chão. Estava exausto e sentia sua mente girando. Com os olhos vedados, deixou-se envolver com os sons da festa que acontecia no pátio da fazenda, desejando que a madrugada e o dia de amanhã passassem logo.
O rei estava adormecido quando sentiu alguém o abraçando pelas costas. Sentiu uma mão percorrer seu abdome lentamente, parando sobre seus órgãos genitais. Ainda envolvido pelo sono, o nortenho gemeu baixo, provavelmente pensando tratar-se de mais um dos sonhos eróticos que anda tendo.
— Oh... minha rainha...Daenerys.... — Gemeu quando sentiu a mão apertar seu pênis duro.
— Quem? — Jon ouviu uma voz aguda em seu ouvido. De repente, o homem estava completamente acordado. Virando o corpo bruscamente.
Nem nos maiores sonhos do bastardo ele poderia imaginar ser acordado por uma deusa ébano completamente nua.
— Kesiah?! — O rei disse espantado.
(Winterfiell)
Era final da tarde, quando Tyrion recebeu a notícia mais absurda de todos os tempos: Os dragões foram pegos!
— Isso é impossível! — O anão dizia a Missandei enquanto caminhava de um lado para outro em sua câmera.
— Mas aconteceu. Os soldados conseguiram capturar os dragões. Parecem que deram comidas com algum tipo forte de sonífero aos animais. Aí você pode imaginar o que aconteceu depois. — A morena dizia tensa.
— Isso não pode está acontecendo. Um dragão não é escravo! — Tyrion disse repetindo a frase que sua rainha adorava dizer.
— Pois os três estão presos um pouco afastado daqui. Eles estão acorrentados e presos a uma pedra gigante. — Missandei falou nervosa.
— É o fim dos Targaryen. — Tyrion disse triste.
— Pelo menos nossa rainha não chegou a ver isso. Ela sofreria muito. — A morena disse com o mesmo tom do anão.
— Nós precisamos deixar esse castelo Missandei. — Tyrion falou nervoso. — Lorde Bealish dominou as pessoas daqui. Ele vai nos matar.
— Não sairei sem o Verme. — A ama falou decidida.
— Nós levamos ele, então. — O Lannister falou exaltado.
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