Sakura
Era o meu primeiro mês longe do Sasuke depois de uma vida inteira sendo amiga dele. Ele não tinha ligado, nem mandado mensagem, nem sinal de fumaça. E meu orgulho não me deixou fazer nada disso também, então oficialmente estava cada um seguindo a sua vida. Mesmo eu sentindo falta dele, eu iria continuar me mantendo forte até ele me pedir desculpas, afinal o errado naquela situação toda foi ele. Ta, eu até passei dos limites também, mas Sasuke tinha passado muito mais.
Naruto era um bom amigo, estava ocupando o lugar do Sasuke muito bem, ou pelo menos tentando. E ter Hinata trabalhando comigo como minha secretária me fez criar um laço de amizade com ela bem forte. Pelo que ela me contou Sasuke também não havia dado as caras procurando por ela, o que era estranho porque ele sempre á procurava, mas segundo ela, ela tinha dado um pé na bunda dele porque sentia que não era aquilo que ela queria. Historia complicada á deles e eu não estava a fim de me intrometer, já tinha problemas demais.
O dia estava muito movimentado na editora hoje, segundo e-mail enviado por Sasori o filho do dono iria assumir o cargo da presidência, então todos estavam dando o melhor para que quando o novo presidente chegasse tudo estivesse em perfeitas condições.
Eu estava analisando uma pilha de manuscritos quando Ino entrou na minha sala, parecia eufórica, o que é que tinha acontecido? Apesar de que qualquer coisa pra Ino era motivo de euforia.
-O que houve?
-O dono, presidente, sei la, chegou! Sasori o rodeou no exato segundo que ele colocou os pés dentro da editora, mas eu ainda consegui ver um pouco do cara, que gato! Tão novo e já dono disso tudo, é de deixar qualquer mulher admirada.
Me coloquei em pé sentindo uma pontada de curiosidade. Será que o cara era tão jovem assim? Se fosse como o pai ele seria bem bonito. Quando me movi alguns passos pra sair da sala Hinata entrou com os olhos arregalados e muito pálida. Que aconteceu com essas meninas hoje?
-Você não tem noção de quem está ai.
-Meu Deus, vocês estão me deixando curiosa.
Sai da sala sem esperar alguma resposta. As pessoas estavam em um pequeno grupo que rodeava o sujeito, tentei ver por entre as pequenas brechas que se abriam vez ou outra, mas não conseguia ver nada, apenas uma sombra de corpo entre tantos outros.
-Quero te apresentar a nova editora-chefe.
Ouvi a voz do Sasori sobressair sobre as demais vozes, então o grupo se desfez e a imagem de um Naruto usando terno e gravata chamou a minha atenção. NÃO PODE SER!
-Sakura?
Eu estava em choque, não podia acreditar que o novo presidente era filho do dono da editora que era o meu amigo. Como ele nunca havia me contado?
Ele se aproximou de mim me dando um abraço e deixando as demais pessoas curiosas, principalmente Sasori que nos olhava com suspeita.
-O que você está fazendo aqui Sakura?
-Eu que devia te fazer essa pergunta, eu trabalho aqui.
-Ela é nossa editora-chefe. Vocês se conhecem?
Sasori se aproximou de nós nos analisando, eu conhecia aquele olhar muito bem, ele estava desconfiado, cismado com aquela situação toda.
-A gente é amigo Sasori, mas eu não sabia que ela trabalhava na editora do meu pai.
-Você nunca me contou que era dono da Editora Konoha.
Ignorei por completo o Sasori dando atenção apenas pro Naruto, queria saber detalhes sobre aquela novidade, afinal agora ele assumiria o maior cargo da editora, seria o meu chefe.
-Eu sempre soube que você trabalhava em uma editora, mas são tantas espalhadas pelo país que eu sequer cheguei a pensar que podia ser a editora da minha família, não tinha nem como sonhar com essa possibilidade, mas acabei errando. E você também nunca disse o nome da editora.
Que historia mais louca, nunca que eu podia imaginar que aquilo fosse acontecer. Era muita coincidência.
-Eu não achei que era preciso, você nem comentou que sua família tinha editora.
-Eu sei, não falo muito sobre minha família, mas ai meu pai resolveu deixar as rédeas da empresa nas minhas mãos porque ele viajou sem data para retorno. Devo confessar que esse novo desafio me assusta, mas agora me sinto mais aliviado por saber que você está aqui. Terei ajuda direta.
-E a Hinata também.
Apontei o dedo para Hinata, ela estava parada sobre o umbral da minha porta e sorriu quando Naruto olhou para ela.
-Oi Hinata, que bom poder te ver novamente. Faz tempo que a gente não se via.
-Olá Naruto, tudo bem? Bem vindo!
-Muito obrigado. Tenho certeza que vocês serão uma ajuda e tanto nesse meu primeiro dia e nos demais é claro.
-Se precisar de mim senhor estou ás ordens.
Sasori enfiou no meio do assunto fazendo Naruto o olhar com desdém. Todo mundo que conversava com Sasori parecia conversar com ele sem um pingo de interesse. Ele era chato.
Naruto
Aquele cara era um mala isso sim. Puxa saco, nem me deu espaço quando cheguei na editora, e o jeito que ele olhava pra Sakura me fazia sentir um pouco de repulsa, eu teria que ficar de olho nele. Conhecia homens do tipo dele e com toda certeza não eram pessoas confiáveis.
-Preciso que você me leve até a sala da presidência por gentileza. Preciso fazer alguns telefonemas e depois quero uma reunião com toda equipe.
-Claro por aqui, o resto do pessoal pode voltar ao serviço eu comunico sobre a reunião depois via e-mail. Não tem porque vocês ficarem ai atoa só porque o filho do dono da editora chegou.
Eu era novo naquele ramo, mas sabia muito bem que aquilo não era jeito de se tratar as pessoas, eu teria que colocá-lo na linha, ele não podia continuar tratando as pessoas daquela forma.
-Sakura nos falamos mais tarde. -Voltei minha atenção para Sakura, ter ela e Hinata por perto me daria com certeza muito mais confiança nas coisas que eu estava pretendendo fazer naquela editora.
-Claro e seja bem vindo.
-Muito obrigado.
Segui Sasori pelo corredor até uma ampla sala, estava escrito na porta diretoria, mas o nome dele estava logo embaixo em uma placa bem chamativa. O grande problema do meu pai era deixar as outras pessoas tomarem conta do que era dele, mas comigo não iria funcionar daquela forma.
-Sua sala, ou diretoria? -Perguntei apontando pra placa e fazendo ele ficar um pouco envergonhado.
-É a diretoria, seu pai nunca está presente, então eu pensei...
-É eu sei, mas as coisas vão mudar por aqui. Se não for pedir muito você desocupa a sala ainda hoje, vou trazer minhas coisas e desejaria ficar a vontade na diretoria.
-Claro senhor, eu dou um jeito nisso logo.
-Obrigado. Eu vou fazer algumas ligações você pode ficar a vontade na sala enquanto isso. Marque a reunião pra depois do almoço, melhor, veja um bom restaurante vou levar a equipe pra almoçar e conhecer os demais funcionários.
-Todos os funcionários?
Ele me olhou assustando quando falei aquilo. O que esse cara estava escondendo?
-Todos, gosto de ter contato com as pessoas, é bom ter um relacionado íntimo com eles. Prepare tudo, por favor,
Dei as costas para ele entrando na sala e já pegando o telefone para fazer minhas ligações, conseguia sentir a onda de energia negativa que emanava dele. Eu ficaria de olho naquele sujeito.
Sasori
Quem aquele filhinho de papai pensava que era pra chegar dando ordens aos quatro ventos? Ele era um pirralho, eu conhecia pessoas da laia dele, sabia que não valiam nada e ele não duraria nem um mês naquele cargo, porque eu iria fazer o favor de lhe mostrar o seu lugar, não apenas o dele, Sakura também. Se ela pensava que podia ser promovida assim do nada e ficar por isso mesmo, ela estava muito enganada. Eu não estava naquele cargo há tantos anos pra deixar dois pirralhos tomarem o que é meu por direito, não eu não deixaria. Naruto podia pensar que mandava nas coisas por ali, só por enquanto eu lhe daria esse gostinho.
Sasuke
A vontade de sair e ir atrás da Sakura me atingia todo dia, praticamente todo segundo, mas o maldito do meu orgulho não me deixava fazer nada. O tempo havia passado e eu ainda estava sem a minha melhor amiga. Ela também não me procurou e eu sabia que ela não me procuraria, eu conhecia a Sakura e ela não é do tipo que dá o braço a torcer, infelizmente eu também não, e agora me via completamente sem saída da enrascada que havia me metido, eu havia ficado noivo!
eE não sabia o que havia dado em mim pra chegar naquele nível de loucura. Nunca me passou pela cabeça ficar noivo da Karin, mas esse um mês longe da Sakura e da Hinata me fez aproximar ainda mais da Karin, porque eu me sentia carente, sozinho e triste. Então eu tentava suprir as minhas necessidades naquela garota o que acabou virando uma bola de neve e por livre pressão dela agora éramos noivos.
Eu tinha plena consciência que nada poderia acontecer entre eu e Sakura, e agora depois de ter ficado noivo as coisas iriam piorar. Na minha cabeça o melhor a se fazer era deixar tudo como estava até ver onde aquilo iria dar apesar de me doer muito. Mesmo com aquele pacto ingênuo e bobo feito á tempos atrás eu sabia que nada daquilo iria se tornar realidade.
Me olhei no espelho percebendo meu rosto ficar bem vermelho com o passar do tempo, eu estava doente, estava assim á alguns dias e eu odiava ficar doente.
Me arrasto pra minha cama e me enfio debaixo do edredom, está quente lá fora, mas sinto tanto frio que dormir um pouco e ficar aquecido era uma boa opção.
Acordo mais tarde com o toque insistente do celular. Preciso me esforçar muito pra conseguir pegar o aparelho e o nome da Sakura na tela me deixa surpreso. Atendo.
-Sakura? -Sei que minha voz deve estar péssima, mas estou completamente surpreso por ela ter me ligado assim do nada.
-Sasuke, você está bem?
Ela sempre foi muito sensitiva com coisas que aconteciam com pessoas á sua volta, mas eu nunca esperava que ela fosse me procurar depois de tudo que havia acontecido.
-Estou sim. -Tento parecer o mais saudável possível, mas falhei miseravelmente. Eu estava me sentindo péssimo, sentia a roupa que eu usava molhada sobre o meu corpo ainda bem quente.
-Deixa de ser mentiroso, eu sei que você não está bem, eu sempre soube. Estou indo até ai.
Ela estava vindo cuidar de mim? Mesmo depois de tudo? Como aquela garota podia ser tão boa depois de tudo que havia acontecido? Ela só podia ser um anjo isso sim.
-Isso quer dizer que você virá com uniforme de enfermeira?
Houve uma pausa e eu pude ouvir um pequeno riso abafado.
-Você não presta, não tenho uniforme de enfermeira. Mas quer ou não que eu vá?
-Quero claro, preciso mesmo que alguém olhe minha temperatura, me sinto quente.
-O.K, mas esteja de roupa.
-Eu não prometo nada.
Não conseguia ficar sério sabendo que Sakura estava vindo cuidar de mim. Eu precisava ficar bom, precisava pedir desculpas pra ela, afinal ela tomou a iniciativa de me ligar, mesmo que na minha mente eu houvesse pedido tanto aquilo que com certeza o universo materializou a minha vontade.
Pouco mais de trinta minutos depois ouvi o barulho da porta sendo aberta e o barulho do salto dela pelas escadas. Não demora muito e ela entra no meu quarto segurando algumas sacolas e pegando um termômetro na bolsa, ela carregava o mundo naquela bolsa.
Mesmo me sentindo tão mal consigo ver ela caminhar até a cama onde estou, tirar os saltos e ficar de joelhos perto de mim. Ela coloca sua pequena mão na minha testa e puxa um pouco o edredom olhando meu corpo, provavelmente eu estava fedendo afinal estava suando como se tivesse corrido uma maratona.
-Você me parece muito mal, na verdade eu já sentia isso mesmo antes de te ligar.
Tento falar alguma coisa, mas minha voz mal sai. Sinto ela colocar o termômetro debaixo do meu braço e sair do quarto logo em seguida levando com ela as sacolas. O que ela iria fazer com aquilo?
O termômetro apitava, mas ela não tinha voltado ainda. Tirei o pequeno aparelho de mim olhando a temperatura, trinta e nove graus. Aquilo não parecia um bom sinal. Não demora muito e ela entra novamente no meu quarto segurando um potinho. O que seria?
-Isso é algum tipo de droga? Você vai me drogar?
-Tentarei, agora tome, é uma sopa e depois você vai tomar um remédio. Deixa eu ver o termômetro. Trinta e nove graus é muito quente. Melhor tomar um banho primeiro e depois comer.
Me remexo na cama quando ela puxa o edredom do meu corpo.
-Meu Deus, sua roupa está muito molhada, vá logo pro chuveiro.
Nem teimei com ela, me arrastei pra fora da cama indo em direção ao chuveiro. Ela sai em direção ao meu closet, pouco depois que eu havia começado meu banho, ouvi sua voz atrás da porta.
-Tem uma roupa aqui na porta, vista ela e volte pra cama. Vou ligar pro médico.
-Não precisa, eu vou ficar bom.
-Deixa de ser teimoso, vou ligar sim.
Eu odiava médico e hospital.
-Sakura, por favor, não liga, se eu não melhorar eu mesmo te peço pra ligar, mas agora não, eu estou bem, na verdade vou ficar.
-Ta bom, tome logo esse banho, você precisa tomar sua sopa.
...
Quando sai do banho ela estava deitada na minha cama, havia trocado toda a roupa de cama e me olhou indicando com o dedo a sopa. Me ajeitei na cama novamente pegando a sopa e tomando. Estava uma delícia.
Tenho que reconhecer que me sinto bem tendo ela por perto, sendo cuidado por ela. Ela sempre cuidava de mim quando eu ficava doente e mesmo brigada comigo ali estava ela toda atenciosa.
-Desculpa. -Falo entre uma colherada e outra. Ela me olha e apenas da um sorriso de lado.
-Ta tudo bem, já passou.
-É sério Sakura, me desculpa mesmo. Eu fui um imbecil com você e você aqui cuidando de mim.
-Eu sempre cuidei de você!
Era verdade, ela sempre cuidou de mim, até mesmo mais que minha própria família.
-Você me desculpa?
-Talvez for sua enfermeira á domicilio seja também um pedido de desculpas por tudo que falei e fiz.
Levanto uma sobrancelha e sorrio. A minha Sakura havia voltado!
-Então, cadê o uniforme?
Ela me dá um leve soco no ombro e faz cara de brava.
-Não tem graça, eu não tenho um uniforme.
-Você fica bem de branco.
Várias imagens dela usando roupa branca passam pela minha cabeça, mas uma visão em especial me assusta um pouco. Sakura usando um belo vestido de noiva. Com certeza estou delirando.
-Então, agora que sou sua enfermeira, o que você quer fazer?
Cogito tantas possibilidades, mas todas elas pervertidas demais para se fazer com uma amiga, então escolho a mais inocente opção.
-Podemos ver um pouco de TV.
-Ta certo.
Ela pega o controle e fica passando de um canal para o outro. Observo a pequena pessoa sentada ao meu lado. Ela estava trabalhando, reconheço o estilo de roupa que ela usava, ela tinha saído do serviço direto pra minha casa. Seu cabelo estava preso em um coque perfeito, talvez escondendo o rosa que ela fazia questão de manter em dia.
Depois de algum tempo de silêncio pergunto alguma coisa aleatória, só pra saber se está tudo bem entre a gente.
-E o serviço?
Ela me olha e se ajeita na cama.
-Você não vai acreditar, Naruto é filho do senhor Minato Namikaze, dono da editora.
Eu sabia que Naruto era filho do Minato, mas não tinha ligado o fato da Sakura trabalhar na editora daquela família.
-Eu sei que ele é filho do Minato, mas eu nunca liguei um ponto ao outro. Como você descobriu isso?
-Naruto assumiu o lugar do pai. Tecnicamente agora ele é meu chefe.
-Que mundo pequeno. Acho que estou tão sobrecarregado do serviço que nem me liguei sobre esse fato. A editora Konoha é cliente do escritório da minha família, todo processo judicial de vocês passa pelo meu avô e ate mesmo por mim. Eu sabia sobre o Naruto, mas não liguei os fatos, sou muito burro.
-Não tem problema, agora está tudo bem. Naruto chegou mudando muitas coisas. Levou todos os funcionários para um almoço pra conhecer todo mundo. Pra raiva do Sasori.
Ela falava muito naquele Sasori, eu não o conhecia, mas sabia que ele não era uma boa pessoa e sempre disse aquilo pra ela, mas ela nunca me deu ouvidos e sempre dizia que sabia lidar com ele. Agora com Naruto por lá eu ficava um pouco mais tranquilo.
Sakura falava coisas sobre o serviço, mas eu havia acabado de tomar um antitérmico e logo meus olhos não conseguiam mais ficar abertos, eu precisava dormir, e dormir sentindo o perfume dela era incrível.
Sakura
Acordei sentindo braços fortes em volta de mim. Abri os olhos tentando me localizar, estava escuro, mas a televisão ligada me dava um pouco de clareza sobre o local. Virei meu rosto para o lado onde Sasuke dormia tranquilamente. Eu nem percebi que cai no sono, olhei as horas, pouco mais de uma da manhã. Eu podia ir embora, mas Sasuke ainda estava com febre e meu medo de deixá-lo sozinho e algo acontecer era bem maior do que minha vontade de sair dali, mesmo eu não tendo essa vontade. A sensação de aconchego era incrível, eu já tinha dormido com o Sasuke, mas um para cima e outro para baixo, nada de abraços ou coisa do tipo, e agora ele estava ali grudado seu corpo no meu, sua respiração chegava a me incomodar de tão próximo ele estava. Eu não podia permitir aquilo, eu tinha que sair dali porque sabia que meu corpo e minhas vontades eram incontroláveis e eu sendo inconsequente como era poderia acabar fazendo algo que atrapalharia a nossa amizade. Aquilo não podia acontecer, afinal éramos apenas amigos!
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.