Capítulo XVII.
Abri os olhos sentindo-me estranhamente leve e bem, de uma forma que não me sentia há anos! Quando meus olhos se acostumaram a claridade do local onde me encontrava, imagens aleatórias encheram minha mente, me deixando desligada da realidade por alguns segundos. Eu tinha caído da escada na casa dos Weasley, certo? Draco tinha voltado de sejá-lá-onde, certo?
— Será que estou no hospital?
— Não. Você não está no hospital.
Meus olhos se arregalaram antes que eu tivesse qualquer outra reação e então, um segundo depois, ergui meu corpo, sentando-me rapidamente enquanto olhava para o lado, minha boca se abrindo em surpresa enquanto meus olhos automaticamente se enchiam de lágrimas grossas que escorreram antes que eu pudesse reagir e limpá-las.
— O... o que está acontecendo? O-onde estou? — perguntei, cautelosa.
— Você é mais inteligente que isso, amor — ele sorriu para mim e eu não pude conter um grito de sair dos meus lábios enquanto eu me jogava em seus braços, já abertos à minha espera.
— Oh meu Deus! Fred! — apertei-o em meus braços com toda a minha força, sem me preocupar se o machucaria.
— Oi princesa — sua voz era risonha e meu coração se aqueceu naquele momento, sentindo seus braços ao meu redor, aqueles braços de que tanto senti falta.
Ficamos em silêncio por um tempo curto demais enquanto aproveitamos aquele momento especial nos braços um do outro, como sempre deveria ter sido. Eu não queria falar, não queria sair dali nunca mais, só queria poder ficar naqueles braços até o fim. Ele me apertou contra seu corpo e isso me fez chorar mais ainda, enquanto eu lembrava com clareza de como amava seus abraços, sempre apertados como se quisesse nos fundir em um só.
— Eu senti tanto a sua falta — sussurrei, os olhos bem fechados, com medo de que se os abrisse, descobrisse que tudo não passava de um lindo sonho.
— Também senti a sua falta, amor — ele sussurrou de volta, me fazendo sorrir e esconder meu rosto em seu peito, ouvindo-o rir. — Olha pra mim! — pediu, mas neguei com a cabeça. — Bobinha, olha pra mim...
Respirei fundo e ergui o rosto, abrindo os olhos e fixando-os em seu lindo rosto. Como senti falta daquele rosto! Passei uma mão pelo seu rosto devagar, sentindo cada centímetro de sua pele em meus dedos.
— Você continua tão linda quanto eu me lembro — ouvi-o dizer e logo sua mão estava em meu rosto também, acariciando-o.
— Oh Fred! Esperei tanto por esse momento, você não pode imaginar o quanto.
— Claro que posso... eu estava te olhando, sei o que tem passado nesses últimos dez anos.
— V–você estava me olhando? — perguntei, sentindo minhas bochechas esquentarem.
— Você esteve tão infeliz esses anos todos — ele sussurrou e eu mordi meu lábio inferior, esperando ele terminar de falar. — E a culpa foi toda minha! Eu não poderia ir embora de verdade, sabendo que te fiz tão infeliz…
— Fred... — murmurei, mas ele balançou a cabeça e sorriu em seguida, e eu sabia que aquele sorriso era usado apenas quando ele queria fingir que tudo estava bem.
— Vamos passear!
— Passear? Para onde? — perguntei, olhando em volta.
Tudo ao nosso redor era branco! Paredes, cama, cortinas, minha roupa e a roupa dele…
— Vem comigo — ele se levantou da cadeira (branca!) e estendeu a mão para mim.
Sem pensar duas vezes, segurei sua mão com firmeza e levantei-me da cama, sendo guiada por ele até a porta. Depois de segurar na maçaneta, ele se virou para mim e sorriu.
— Está pronta?
— Nasci pronta — respondi sorrindo, em tom de desafio, arrancando dele um riso verdadeiro.
— Essa é a minha Mione... Vamos!
Então ele abriu a porta e meus olhos se arregalaram. Ali estava o lugar mais lindo que eu já tinha visto em toda a minha vida! A grama era verde e pinicava os pés de forma agradável, árvores e mais árvores se espalhavam pelo terreno que era cheio de elevações, como pequenas montanhas verdes, além de flores por todo o lado e o céu era azul como eu jamais vira antes. Era perfeito!
Fred tinha soltado minha mão então rodei em volta de mim mesma, olhando tudo ao meu redor e só então notei que estava usando um vestido branco que chegava aos meus joelhos, seu tecido parecendo seda, seu toque maravilhoso em minha pele, a saia esvoaçando ao redor de minhas coxas e a parte de cima justa na medida certa. Meus pés descalços rapidamente começaram a se mover, sentindo cócegas durante o contato com a grama e amando a sensação. Virei-me para Fred e sorri, estendendo a mão para ele, que usava uma calça branca com as barras dobradas, assim como uma camisa também branca com as mangas dobradas, os seus pés igualmente descalços.
Sua mão tocou a minha e ele me puxou para si, abraçando-me com carinho. Seu queixo apoiou-se em minha cabeça e seus braços me apertaram, fazendo-me sorrir. Ergui meu rosto e olhei para ele, que retribuiu meu olhar, sorrindo.
— Fred…
— Sim, querida?
— Me beija!
Sem deixar de sorrir, Fred levou suas mãos ao meu rosto, segurando-o com cuidado enquanto aproximava os lábios dos meus. Fechei meus olhos, ansiosa por aquele beijo e senti meu corpo derreter ao sentir o toque de seus lábios nos meus. Uma sensação que eu não tinha há anos... Seus lábios moveram-se junto aos meus, aprofundando o beijo enquanto eu segurava as laterais de sua camisa com força, temendo que ele sumisse se eu soltasse. Quando o ar se fez necessário, nossos lábios se separaram e seu nariz roçou o meu, fazendo-me rir e ouvindo-o me acompanhar.
Passamos o que me pareceu horas, conversando um pouco sobre os últimos dez anos, correndo por aquela campina lindíssima, rindo juntos e nos abraçando. Não precisávamos de muitas palavras... só de estar ali, com ele, já era especial.
Quando o sol começou a se pôr, Fred sentou-se embaixo de uma árvore e puxou-me para sentar em seu colo, abraçando-me em seguida. A paisagem era divina e eu me aconcheguei melhor em seus braços.
— Fred…
— Sim?
— Eu morri? — perguntei em voz baixa, de repente com medo da resposta.
Fred riu e me soltou, deixando suas mãos na minha cintura enquanto beijava minha testa com carinho.
— Como vai se sentir, se eu disser que sim?
Me peguei sorrindo enquanto olhava para seu rosto.
— Se significar que vou poder ficar com você, vou ficar feliz.
— Você sempre foi uma péssima mentirosa — meu ruivo continuou sorrindo, uma de suas mãos subiu para o meu rosto, fazendo carinho e eu fechei os olhos.
— Não é mentira.
— Claro que é! Justo quando decidiu seguir em frente, depois de dez anos, e encontrou alguém com quem quer ficar, de repente morre e deixa tudo para trás. E pra você, estaria tudo bem?
— Fred! — balancei a cabeça. — Fred, não... eu estaria…
— Está tudo bem, Mione — abri meus olhos e os seus estavam fixos em mim, deixando-me corada. — Você notou que, em nenhum momento hoje, me chamou de amor?
Arregalei os olhos, lembrando-me do dia que passei ao seu lado, de tudo o que falamos durante o dia, mesmo que tenha sido pouco... Realmente, não o chamei de amor ao menos uma vez... O que isso significa?
— Fred... — tentei, minha voz não passando de um sussurro e o sorriso que surgiu em seus lábios era o mais verdadeiro que eu já tinha visto.
— Está tudo bem, de verdade! Tenho orgulho em dizer que você seguiu em frente, Mione... demorou dez longos anos — sua voz estava risonha —, e só Merlin sabe o quanto eu esperei por esse dia!
— Porque?
— Amor... — ele me abraçou novamente, deixando que eu repousasse a cabeça em seu ombro de forma confortável. — Quando eu parti, só conseguia pensar no quanto tinha te magoado, Hermione... eu estava sofrendo, e não conseguia imaginar como você poderia estar... Foi a pior dor que já senti na vida! Com o passar do tempo, você perdeu tantas oportunidades de felicidade por minha causa... tantos rapazes que pareciam bons, e que foram dispensados sem ter uma chance, por minha causa! Ano após ano, após ano, após ano…
Encolhi-me em seus braços e ele me fez carinho.
— Eu te amo, Hermione. Sempre vou amar e sei que você também vai me amar para sempre. O que nos aconteceu foi injusto, mas não há nada que possamos fazer para mudar isso, infelizmente... Eu sempre quis que fosse feliz, independente de com quem! Tudo o que eu quero é a sua felicidade, amor. Quero que realize seus sonhos, quero que ame novamente, que dê uma chance a este sentimento. Você não tem que me esquecer. Eu sempre serei seu primeiro amor, seu amor mais puro e verdadeiro — nesse momento, afastei meu corpo do seu e olhei para ele, vendo que seus olhos estavam tão cheios de lágrimas quanto os meus. — Por Merlin, não sabe como eu gostaria de estar ao seu lado para sempre... Mas está na hora de você ter um novo amor.
— Mas Fred…
— Chega, Hermione! Chega de temer, chega de sofrer... Você é jovem e não merece viver desta forma! Quando você conversou comigo no seu apartamento, depois de abrir a caixa de lembranças, eu pensei que tinha entendido... pensei que tinha aceitado meu sinal.
— E-eu... Eu aceitei, Fred — falei num tom baixo, sentindo-me envergonhada. — Ouvi você me dizer para ser feliz. Eu decidi tentar.
— Isso é maravilhoso! Então acho que simplesmente decidiram nos dar uma chance para nos despedirmos — ele sorriu e eu mordi meu lábio inferior.
— Não quero dizer adeus, Fred.
— Não é um adeus, Hermione. Nunca será um adeus. É um até mais…
— Fred…
— Já faz dez anos… — Fred sorriu e alisou meu rosto. — Precisa seguir em frente. Eu sempre vou te amar, minha Mione! Seja feliz! E diga ao George que eu realmente agradeço a homenagem, sim?
Eu sorri e abracei seu pescoço, sentindo-o retribuir com seus braços em volta da minha cintura de forma possessiva. Chorei por algum tempo antes de conseguir soltá-lo e notei que ele também estava chorando. Dei-lhe um selinho demorado e então encostei minha testa na dele rapidamente, antes de olhá-lo.
— Eu te amo, Fred! Com todo o meu coração e para todo o sempre! Te amo!
Ele assentiu e, sorrindo um para o outro, levantamo-nos, sem nos preocupar se nossas roupas estavam sujas de grama, nossas mãos juntas pela última vez enquanto caminhávamos devagar até o quarto de onde saímos.
Quando entramos, sentei-me cama e ele voltou a se sentar na cadeira ao lado, sem soltar minha mão.
— Seja uma boa garota e dê uma chance ao seu coração. Ele merece! Eu te amo, Mione.
— Te amo, meu anjo — sorri ao responder e então deitei, ainda sem soltar sua mão.
— Até logo — ouvi-o sussurrar, mas não consegui responder, e logo meus olhos se fecharam, levando-me de volta a inconsciência.
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