Capítulo XVIII.
— Ela já deveria ter acordado, não é? — Draco perguntou pela enésima vez enquanto andava de um lado para o outro no corredor da sala de espera.
— Malfoy, você vai abrir um buraco até o outro lado do mundo ou o quê? — Harry perguntou, de braços cruzados, observando os passos do loiro enquanto sua esposa tinha a cabeça descansando em seu ombro, ambos sentados.
— Todos nós estamos preocupados, Malfoy! Dá um tempo e senta a bunda na cadeira, antes que eu sente você — George resmungou, apertando as têmporas, de forma a tentar diminuir a dor de cabeça.
O loiro olhou com desdém para o ruivo, mas obedeceu-o. Ele sabia que não estava ajudando em nada andando de um lado para o outro nas três últimas horas e, além disso, suas pernas estavam doendo!
— Porque não podemos entrar no quarto mesmo? — Gina perguntou, suspirando.
— Ótima perrgunta — Krum disse.
— Vou ver se encontro algum medibruxo por aí — Harry disse, levantando-se e andando para fora dali, sem esperar por uma resposta.
O moreno não entendia porque estavam impedindo-os de ficar no quarto com Hermione. Se fosse num hospital trouxa, poderiam ficar sem problemas. Bufou e seguiu seu caminho, olhando para os lados a todo instante. Quando encontrou um medibruxo, correu para chamá-lo.
— Doutor? Oi!
— Olá. Em que posso ajudá-lo?
— Minha amiga caiu da escada e desmaiou, nós a trouxemos para cá e de acordo com o medibruxo que a atendeu, ela teve apenas um corte superficial na cabeça e está apenas tomando soro e descansando...
— Sim?... — o medibruxo o incitou a continuar, sem realmente entender onde Harry queria chegar.
— Bom, eu e meus amigos gostaríamos de ficar com ela, sabe... pra quando ela acordar! Mas não nos deixam entrar!
— Hm... acabamos de fazer as trocas de turno. Diga-me qual o nome da paciente, por favor. Se for uma das minhas, posso deixá-los entrar, sem problemas.
Harry sorriu, esperançoso. Estava terrivelmente preocupado com Hermione e o fato da castanha estar desacordada há tanto tempo.
— Hermione Jean Granger.
O medibruxo olhou nas pranchetas em sua mão – um total de sete –, que tinha pego do medibruxo que estava antes dele e por sorte ali estava a prancheta que ele estava procurando.
— Aqui está. Quarto 310. Está tomando soro e tendo o sono velado, devido a pancada na cabeça durante uma queda da escada. Tudo bem. Me acompanhe, por favor.
Harry assentiu e seguiu o medibruxo pelos corredores, mas antes de irem diretamente para o quarto de Hermione, passaram pela sala de espera, onde o restante dos amigos – Gina, George, Viktor, Draco e Ronald – estavam esperando. Foi difícil convencer Molly e Arthur a ficarem em casa, mas George prometeu mandar notícias assim que tivesse uma e isso ajudou-os a se acalmar mais e ficarem n’A Toca, junto com o restante da família.
O grupo foi levado até o quarto de Hermione e uma vez lá dentro, espalharam-se pelo cômodo para ficarem velando a castanha, que parecia tranquila dormindo ali, um curativo tampava o corte superficial em sua testa, seu braço esquerdo estava enfaixado e apoiado em uma tipóia, mas de acordo com o médico, tinha sido apenas uma torção, e não uma ruptura do osso, ou algo do tipo, o que aliviou os amigos.
— Não deixem de nos chamar, caso ela desperte — o medibruxo pediu, e todos assentiram, agradecendo ao homem em seguida.
Gina era a única sentada, enquanto Harry, Ron, George, Draco e Vikor estavam de pé, espalhados pelo quarto pequeno, sempre de olho em Hermione, que parecia extremamente tranquila enquanto permanecia desacordada.
— Já que estão todos aqui... tem algo que eu gostaria de dizer — Draco disse em voz alta, após um rápido pigarreio.
Todos os presentes desviaram seus olhares de Hermione e olharam para o loiro, que deu uma última olhada na castanha, antes de olhar para cada um ali presente.
— Sei que vocês todos são os melhores amigos de Hermione, sei que são o mais próximo de uma família que ela tem, e sei que sempre farão tudo o que estiver ao seu alcance para mantê-la segura e por isso eu queria que soubessem que... — ele respirou fundo, porém, antes que pudesse dizer algo a mais, um barulho baixo fez com que todos olhassem na direção de Hermione.
A castanha lentamente tinha conseguido abrir seus olhos e se remexeu na cama, um pouco confusa sobre onde estava, os momentos que tinha passado com Fred ainda frescos em sua mente, trazendo lágrimas aos seus olhos.
— Hermione!
Todos aproximaram-se da cama, olhando fixamente para a castanha, que ainda mantinha seu olhar no teto do quarto enquanto suas lágrimas escorriam, sem que tivesse forças para impedi-las.
— Hermione, você está bem? — Gina perguntou, tocando o braço da amiga, que assustou-se e finalmente conseguiu olhar para os amigos, que tinham uma expressão preocupada no rosto.
— Eu... — Hermione calou-se, lembrando-se das palavras de Fred:
“Já faz dez anos… — Fred sorriu e alisou meu rosto. — Precisa seguir em frente. Eu sempre vou te amar, minha Mione! Seja feliz! E diga ao George que eu realmente agradeço a homenagem, sim?”
Seus olhos rapidamente vasculharam os que estavam em volta dela, rapidamente focando-se em George, que lhe sorriu.
— Que bom que acordou, Mi — o ruivo disse, sendo acompanhado por um coral enquanto todos falavam ao mesmo tempo.
— Eu dormi muito? — a castanha perguntou, repassando em sua mente o suposto tempo em que ficou com Fred. Um dia inteiro, ela pensou. Quanto tempo se passou?
— Umas cinco horas — Ron respondeu a amiga, que assentiu e suspirou.
— Porque está chorando, Mione? — Harry perguntou, passando uma mão pelo rosto da amiga, que sorriu de canto.
— Só tive um sonho bom... quando poderei ir embora?
— Vou chamar o médico — Viktor se ofereceu, saindo do quarto em seguida.
— Como está se sentindo? — Draco perguntou, chamando a atenção de Hermione, que lhe sorriu.
— Draco! Você veio...
— Claro, eu não deixaria de vir!
— Obrigada! Estou bem, sério... quero realmente ir embora — ela respondeu a pergunta anterior de Draco, que sorriu aliviado.
Antes que qualquer um pudesse falar mais alguma coisa, a porta foi aberta e Viktor entrou junto com o médico, posicionando-se num dos cantos do quarto, para onde todos os outros também foram, enquanto o médico se dirigia até a castanha.
— Olá senhorita Granger, como se sente?
— Estou bem — ela respondeu ao médico de forma automática. — Só quero ir para casa, estou me sentindo bem, juro.
— Acredito em você — o médico sorriu. — Só precisamos fazer uns últimos exames para termos certeza de que está tudo bem, e então estará liberada, está bem?
Hermione assentiu e depois de se despedir dos amigos, partiu para uma leve bateria de exames que lhe indicaram que estava dizendo a verdade: Nada de grave tinha acontecido, estava bem e podia ir para casa. Após as recomendações do médico para que não tirasse o braço da tipóia por uma semana e voltasse ao fim dos sete dias para verificar como estava, Hermione pôde se trocar e ir embora acompanhada dos amigos, que pareciam aliviados por vê-la bem.
Sua chegada n’A Toca foi agitada, como o esperado. Assim que pisou no Jardim, foi rodeada por ruivos e loiros e em algum lugar no meio da bagunça, uma cabeleira azul se misturava a todos que lhe perguntavam com frequência se ela estava bem.
— Desculpe por preocupar vocês! Estou bem, juro. Foi apenas um susto. Desculpem — ela disse diversas vezes, até finalmente acreditarem nela e deixarem-na respirar fora do círculo que tinham formado ao seu redor.
— Pobrezinha, deve estar morrendo de fome — Molly disse, acariciando as madeixas castanhas de Hermione.
Surpreendentemente, a castanha percebeu nesse exato momento que a matriarca estava correta: Ela estava faminta! Como resposta a pergunta de Molly, o estômago de Hermione roncou alto, fazendo todos ao redor rirem e a castanha corar. Ela foi levada para o quintal nos fundos e sentada à mesa, onde todos os Weasley também se sentaram, prontos para finalmente fazerem uma refeição juntos – neste caso, trocando o almoço em família por um delicioso jantar em família. Depois de horas de conversas agradáveis, risadas e tudo o mais que era típico de um dia n’A Toca, Hermione sentiu-se cansada e decidiu deitar um pouco. Seu corpo estava finalmente livrando-se dos efeitos do remédio e agora estava começando a sentir a dor da pancada que tomara ao cair da escada.
— Pessoal, quero agradecer a vocês por toda a preocupação e pedir desculpas pelo que fiz... — antes que protestassem, como ela sabia que fariam, ela ergueu a mão que não estava enfaixada e sorriu. — Vocês me conhecem, sabem que não costumo cair, tropeçar e essas coisas, então me sinto mal por hoje. Desculpem!
— O importante é que está bem, querida — Molly sorriu para ela, e Hermione assentiu. — Vá se deitar, querida. Amanhã Harry conversará com Shackelbolt e explicará que você precisa de uns dias de folga. Fique conosco, sim?
Hermione até pensou em protestar, dizer que era desnecessário e que poderia cuidar-se sozinha... mas então percebeu que não queria ficar sozinha... queria companhia e mais: Queria a companhia de sua família! Então ela assentiu para Molly, lhe sorrindo em seguida.
— Obrigada, Molly! Vou ficar sim... — e então, como num estalo, lembrou-se de seus dois convidados, sentados em locais opostos ao redor da mesa. — Posso falar com vocês, Draco e Viktor?
Ambos assentiram e se levantaram, seguindo a castanha até a sala d’A Toca. Hermione olhou para os dois assim que chegaram, e sorriu em seguida.
— Eu realmente sinto muito por ter feito vocês passarem por isso — ela começou, mas Draco a interrompeu.
— Você não se cansa de pedir desculpas, Granger? — ao invés de ficar brava ou irritada, Hermione riu, trazendo um sorriso aos lábios do loiro.
— Obrigada por virem. E Viktor — ela virou-se para o grandalhão, que lhe olhava com a feição séria de sempre. — Sinto muito que não tenha aproveitado o dia com os Weasley, e por ter que cancelar nossa saída de amanhã...
— Está tudo bem, Mione. O imporrtante é que está bem! Non ligo prro resto! Voltarrei em brreve e pode me recompensar.
— Combinado — ela abraçou o amigo, que retribuiu o gesto.
Draco esperou pacientemente enquanto via os dois abraçados, sentindo-se ligeiramente irritado pela aproximação dos dois. Precisam mesmo ficar abraçados por tanto tempo?, ele pensou, segurando-se para não começar a bater o pé, demonstrando assim sua impaciência. Uma parte dele lhe dizia que era normal, afinal, só Merlin sabe quando eles se veriam de novo... mas seu outro lado – e esse geralmente ganhava as discussões –, insistia em dizer que, por mais amigo que seja, não se deve abraçar alguém por mais de dez minutos e ainda sussurrar coisas nos ouvidos um do outro!
— Obrrigado por esses dias, Mi! Foi muito bom rever você.
— Eu também gostei muito, Viktor! Obrigada por me procurar! Desculpe novamente pelo encontro...
— Está tudo bem, de qualquer jeito, eu acabei adiantando minha viagem de volta. Vou emborra na segunda-feirra, parra resolver umas coisas antes de voltar ao trrabalho. — Hermione sorriu.
— Certo, volte logo, está bem? E me avise quando chegar lá, está bem? Estarei esperando sua coruja!
Viktor assentiu e beijou a testa de Hermione, acenando para ela e afastando-se em seguida, de volta ao quintal. Hermione finalmente virou-se para Draco e lhe sorriu.
— Vem pra casa? Eu posso ajudá-la a se cuidar, se precisar — ela negou com a cabeça.
— Obrigada, Draco... mas acho que realmente preciso ficar aqui, pelo menos esta noite. Preciso conversar com todos.
— Entendo...
Hermione aproximou-se do loiro e então, surpreendendo-o, lhe roubou um beijo. Foi rápido, um encostar de lábios, mas o suficiente para acelerar seus corações.
— Conversaremos melhor quando eu voltar para casa, está bem?
— Certo — ele lhe sorriu, levando sua mão até o rosto da castanha e acariciando devagar, fazendo-a sorrir também.
Permaneceram assim por poucos minutos, e então soltaram-se. Hermione lhe desejou boa noite e Draco lhe desejou melhoras. Deram-se as costas e cada um foi para um lado, porém antes que o loiro deixasse a sala e a castanha subisse os degraus para o quarto de Fred e George – onde sempre dormia quando passava a noite n’A Toca –, Hermione virou-se para olhar o loiro.
— Hey Malfoy — ele virou-se para ela rapidamente, curioso por ter sido chamado. — Obrigada por ter voltado!
Ela lhe mandou um beijo no ar, sorriu e então subiu para o quarto, deixando Draco sozinho, olhando para o mesmo local onde ela estava segundos antes, um sorriso bobo plantado no rosto do loiro, antes tão castigado por carrancas. Seu coração disparado e seu corpo leve como nunca antes... ela estava feliz por ele ter voltado! Ela tomara a iniciativa e o beijara, mesmo que tivesse sido apenas um beijo casto, ainda era um beijo!
— Céus, Hermione — ele murmurou consigo, apoiando uma mão em seu peito, bem em cima de onde podia sentir seu coração bater forte. — O que fez comigo?
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