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História Eclipse - JenLisa - Cap 14 - História escrita por NManobal - Spirit Fanfics e Histórias
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História Eclipse - JenLisa - Cap 14


Escrita por: NManobal

Capítulo 14 - Cap 14


<Jisoo>

Sentada no banco do meu carro, tinha um misto de emoções dentro de mim quando olhava o edifício a minha frente. Lali estava cinco meses presa numa cama aqui, e agora Jennie estava para completar dois meses. O que estou deixando passar¿ Droga! Esmurrei o volante em tamanha frustração. Lembranças do meu sonho da noite anterior preencheram minha mente.

/ flashback on /

“Caminhando por um imenso campo de plantação de trigo, forcei minha vista para a garota de cabelo castanho que estava sentada a beira de um lago mais afastado do campo em que eu estava. Caminhando até ela, franzi o cenho ao ver a Lali. Usando uma calça branca e uma camisa de linho branco, Lali olhava seu reflexo na água. Tão serena como eu me lembrava.

- Preciso que cuide da Jennie.

- Lali...

Assim que virou a cabeça em minha direção, dei um passo para trás. Lali tinha os olhos completamente pretos, suas unhas haviam sumido e suas garras afiadas brilhavam, assim como suas presas, mas não eram suas presas caninas. Lali estava em suas duas formas? Isso nunca aconteceu, e eu nem sabia que isso era possível.

Desviando o olhar para o seu reflexo na água, franzi o cenho ao ver metade do rosto de um senhor. Seus olhos eram mais azuis que a água, e em seu olho esquerdo tinha uma cicatriz. Na outra metade, uma mulher. Ela me lembrava a Lali, exceto pelos olhos castanhos. Quem eram eles¿

- Sooya, preciso que cuide delas.

Sumindo como fumaça, tentei correr a trás dela, perguntar mais sobre o que estava acontecendo, mas ela simplesmente sumiu diante dos meus olhos.

- Lalisa!”

/ Flashback off /

Aquela noite eu não conseguia pensar em mais nada que não fosse aquele sonho. Todos estávamos animados com a notícia que seria uma menina e provavelmente seria uma pestinha como a Lali, mas infelizmente esse sonho não me deixava e saber que Jennie havia sonhado algumas semanas com a Lali e ela disse que voltaria no tempo certo, me fazia criar mais perguntas que eu não tinha acesso as respostas.

Ligando o carro, dirigi o mais rápido para a reserva. Se eu não tinha as respostas, podia tentar achá-las em outro lugar, melhor, com outra pessoa. Assim que desci do carro, ergui o braço e chamei pela Jiwoo.

- Jisoo, o que faz aqui¿

- Preciso ver o Senhor Lupin.

- Claro! Vem comigo.

Enquanto caminhávamos para uma tenda mais afastada, Jiwoo me encheu de perguntas sobre o estado da Jennie. Tão preocupada quanto eu, prometeu que tentaria descobriu algo com uma amiga bruxa. Me deixando em frente a tenda, se despediu e pediu que eu desse um beijo na Jennie por ela.

- Senhor Lupin¿ - entrei um pouco receosa.

- Como vai criança¿

- Acho que posso ficar melhor se o senhor puder me ajudar.

Me estendendo a mão, apontou para o banco a sua frente e me sentei. Perguntando sobre o que me afligia, contei o sonho nos mínimos detalhes, principalmente a parte que a Lisa estava em suas duas transformações.

- Por que isso te perturba¿ Lalisa é dos dois mundos.

- Eu não me importo com isso! Sinto que isso possa significar algo, que talvez possa nos dar respostas do porquê a Lisa está em coma.

- Entendo. Criança, há certas respostas que devemos achar sozinhos.

- Como assim¿ Está dizendo que sabe o significado mas não irá contar¿

- Posso dizer uma coisa, lembre-se de algo muito importante que aconteceu no dia que Lalisa levou o tiro, então volte aqui. Essa é a chave para desvendar seu sonho.

Chave... Eu queria atacar uma chave na sua cara. Velho! Me segurando internamente, agradeci o seu tempo e sai da sua tenda. Eu estava cansada e querendo arrancar a cabeça de qualquer pessoa que me olhasse torto.

Entrando em minha casa, cumprimentei meus pais que jogavam algum jogo de tabuleiro e subi para o meu quarto. Jogada na minha cama com os braços abertos e olhos fechados, eu tinha certeza de duas coisas; De alguma forma Lali estava falando com a gente e esses sonhos tinham significado. Segundo, as respostas vão nos ajudar a descobrir o porquê de a Lisa estar em coma. Só precisamos descobrir qual é essa maldita chave que aquele velho desgraçado falou.

Bufando, me enrolei no meu edredom e fechei os olhos pronta para finalmente dormir.


< Roseanne >

Assim que deixei Jennie no quarto, caminhei pelos corredores até parar no quarto da Lisa. Hesitação. Eu havia hesitado alguns segundos antes de entrar no quarto e encontrar uma Lisa calada e inconsciente. Era uma sensação horrível ver entes queridos em leitos de hospital. Puxando a cadeira para mais perto da cama, arrumei sua franja antes de me sentar e entrelaçar nossas mãos. Droga! Eu fico sempre tão sentimental.

- Lalisa, você está horrível! - sorri por saber que ela não retribuiria. - Mas seu cabelo castanho combinou com você, espero que tire aquele loiro falso. Nesse grupo só pode existir uma loiro odonto, e sou eu. – brinquei com seus dedos, esperando que descordasse - Tenho uma novidade e espero que isso faça você voltar logo para nós, para Jennie e sua filha. É uma menina e estamos fazendo de tudo para mantê-las bem, mas Jennie precisa de você mais do que precisou de qualquer outra coisa. Se ela continuar assim, morrerá no parto e nem temos certeza se a bebê poderá viver. Precisa levantar, droga!

Funguei meu nariz na tentativa de me fazer parar de chorar. Eu não podia perder a Jennie e nem acreditava que a Lisa estava ouvindo, mas precisava colocar para fora. Precisava tirar essa frustração do meu peito. Todas nos sentimos impotentes de alguma forma, e talvez isso seja o pior de tudo, querer ajudar e não saber como.

Me assustando com a porta sendo aberta bruscamente, olhei confusa para o Dr. Wesley que entrou com uma péssima expressão.

- É a Jennie!

Correndo até o quarto da Jennie, senti minhas pernas falharem e um medo terrível de perdê-la tomar conta do meu corpo e mente. Encarando os três enfermeiros que tentavam mantê-la deitada na cama a força, me aproximei e agarrei o pescoço de um deles, jogando do outro lado da sala.

- Rosie, tem algo de errado com a minha filha.

Tentando me aproximar da Jennie, grunhi ao sentir mãos fortes e ásperas em volta do meu corpo. Me tirando a força do quarto, chutei a porta com toda minha força, fazendo com que todos me olhassem. Desgraçados.

- Se a machucarem, mato vocês!

Esbravejei chutando a porta novamente. Sentindo um nó se formar na minha garganta, peguei meu celular e liguei para Jisoo. Sua voz era rouca e arrastada, se tivesse sido em outras circunstâncias, eu teria me arrepiado com isso. Mas lembrando o porquê ter ligado, expliquei por cima que tinha algo com a Jennie e os enfermeiros me tiraram do quarto a força.

Após alguns minutos que havia desligado o celular, os enfermeiros saíram do quarto e me lançaram um olhar que não me importei decifrar. Ao ver o Dr. Wesley sair, senti uma vontade de agarrar seu pescoço e forçá-lo a falar o que estava acontecendo. Vendo-o virar o corredor, afundei meus dedos no meu cabelo e joguei para trás.

- Roseanne!

Sua voz continuava rouca, mas tinha uma mistura de irritação em seu tom, e ainda mais confuso que essa mistura em sua voz, era sua expressão preocupada enquanto seus olhos analisavam meus braços e pescoço. Relaxando o corpo, não me importei se ela não gostava ou se não éramos intimas o bastante. Agarrando seu corpo, afundei meu rosto em seu pescoço e me permiti desabar. Eu podia sentir o chão se abrindo bem debaixo dos meus pés, e por pouco não cai com a falta de força nas minhas pernas. Seu braço em volta da minha cintura e sua mão delicada no meio das minhas costas me impediram de cair, e me pressionaram ainda mais contra seu corpo. Poderia até dizer que tinha certa força em seu abraço.

- O Dr. saiu e passou reto por mim. Não me disse se ela está bem, ou se algo aconteceu.

- Fique calma. Me conta direito o que houve.

Ainda sendo amparada pelos seus braços, contei tudo para Jisoo, até mesmo quando ataquei o enfermeiro e como fui tirada da sala. Sentindo seus braços me apertarem mais, fiquei com dúvida se a ouvir xingar ou resmungar. Independente do que ela havia feito quando ouviu isso, soube que ela se preocupou e ficou irrita em saber que me tocaram e me tiraram a força. Falei como podia sentir a dor em sua voz, a preocupação com sua filha.

Se afastando para limpar meu rosto com a manga da sua blusa, Jisoo tinha a mesma expressão de quando a conheci, de quando a Taeyeon foi até sua casa, isso não era uma boa coisa. Jisoo estava muito irritada, e eu podia perceber pela forma que trincou seu maxilar. Virando o rosto, semicerrou os olhos em direção ao Dr. que vinha escrevendo algo em sua prancheta.

- Me desculpem meninas, mas minhas ordens são dê informar qualquer mudança na situação da Jennie primeiramente para o Senhor Manoban, ele é responsável por ela. - assentindo, Jisoo relaxou um pouco o corpo. - Venham comigo.

Se mantendo ao me lado, Jisoo continuava com a expressão que mataria alguém, e confesso, ela ficava bem atraente assim. Nos sentando de frente para o doutor, mexia minhas mãos impacientes debaixo da mesa. Seu olhar percorria por sua prancheta, deixando o silêncio ainda mais torturante. Segurando minha mão, Jisoo me olhava como se quisesse dizer que tudo ficaria bem.

- Jennie está estável. As notícias não são boas. - respirando fundo, tirou seus óculos e jogou seu corpo para trás. - Temos que achar uma solução o mais rápido possível para nutrir o que está dentro da Jennie.

- O que está dentro da Jennie¿ - Jisoo perguntou num quase rosnado.

- Desculpem falar assim, mas como médico, não a reconheço como um bebê.

- Seu desgraçado! Você está brincando com a minha cara¿ Seu médico escroto de merda!

Me surpreendendo com a forma agressiva que Jisoo falou com o Dr, encarei seu rosto quando apertou minha mão que estava por debaixo da sua, sobre minha coxa. Poderia chamar de milhare se algum dos meus dedos ficassem intactos. 

- A criança está se alimentando do sangue da Jennie. - sentindo o mesmo nó em minha garganta, foi minha vez de apertar a mão de Jisoo. - Acredito que Jennie não resistirá se ela sugar novamente seu sangue. O Senhor Manoban me ordenou salvar a Jennie, e se essa coisa for um perigo para sua vida, eu não hesitarei.

- Se... E somente se a criança sugar novamente o sangue da Jennie, quais são as chances de a criança nascer com a Jennie morta¿

Olhei incrédula para Jisoo. Tentando soltar minha mão, me surpreendi ao perceber que ela tinha mais força que eu. Mantendo minha mão sobre sua coxa e com sua mão sobre ela, Jisoo me olhou de relance. Seus olhos marejados me fizeram parar de lutar, permanecendo com a minha mão ali, virei a palma para cima e entrelacei nossas mãos.

- É arriscado, mas acredito que teria boas chances.

- Ótimo! Avise o Senhor Manoban que essa decisão não é dele, muito menos sua. Se a Jennie escolher continuar com a gestação e dar uma chance para a sua filha, é isso que ela terá. E se ela escolher não correr o risco, ela vai decidir tirar a sua filha. - soltando minha mão, Jisoo se pôs de pé e olhou friamente para o homem a sua frente. - Se eu perceber que o senhor é uma ameaça para uma das duas, não me importarei de ser presa por homicídio.

- Jisoo! - segurei em seu braço, afastando-a dele. - Não fale essas coisas.

- E mais uma coisa. Se algum dos seus funcionários tocar novamente a Roseanne sem permissão, o senhor passará a atender seus enfermeiros extremamente machucados.

Puxando-a para fora, encarava aqueles seus olhos castanhos claros cheios de fúria. O que ela estava pensando em ameaçar um médico assim?! Tudo bem que eu queria estrangulá-los até que seus olhos saíssem de suas cabeças, mas me contive, diferente da Jisoo.

Sentadas na sala de espera, eu pensava em tudo que estava acontecendo. Era para estarmos felizes com a notícia, pensando em chá de bebê e nomes, encher a Jennie de mimos e paparicá-la até que nos mandasse ir a merda, mas ao invés disso ganhamos preocupação e a notícia que teríamos que escolher uma das duas caso fosse necessário. E eu não estava preparada para ouvir a escolha da Jennie.

- Rosie, vai ficar tudo bem. - erguendo meu queixo com o dedo indicador, Jisoo tinha um sorriso sincero. - Não vamos perder nenhuma das duas.

Estendendo a mão para mim, assim que toquei seus dedos, Jisoo sorriu e entrelaçou nossas mãos. Me puxando pelos corredores, segurei o choro ao ver a porta do quarto da Jennie.

- Podemos vê-la¿

- Ela ainda está sedada, mas podemos ficar com ela. O senhor M conseguiu que a diretoria nos deixasse ficar o tempo que quiséssemos.

Assenti. Jisoo entrou primeiro, me puxando pela mão em seguida. Parando ao lado da sua cama, encarava Jennie desacordada e com alguns hematomas em seus braços. Uma vontade de caçá-los e matá-los com minhas próprias mãos preenchiam minha mente. A imagem deles a segurando a força, a forma que gritou dizendo que tinha algo de errado com sua filha, tudo veio de uma vez.

Soltando a mão da Jisoo, me arrumei com cuidado na cama, envolvendo Jennie possessivamente. Ninguém a machucaria, ninguém faria nada que ela não quisesse.

- Não sabia que era possessiva nesse nível.

- Você não tem ideia.

Ergui uma sobrancelha. Observando seus lábios se abrirem em um sorriso, me sentia mais aliava por ela estar mais calma, já que eu podia matar aqueles enfermeiros agora mesmo. Encostando minha cabeça na sua, fechei os olhos por alguns minutos. Ouvindo seu coraçãozinho bater, relaxei o corpo sobre a cama.

{...}

Deitada no sofá, estávamos horas e mais horas de olhar na Jennie. Fora do quarto, Matthew e Seong faziam vigia para que não acontecesse de novo. Se sentando na beirada do sofá pequeno, Jisoo me olhava por cima dos ombros.

- Rosé, o que a Jennie te disse sobre o dia que foram atacadas¿ - me sentando com as pernas cruzadas, analisei seu rosto cansado.

- Elas estavam cercadas e Lisa se transformou assim que a mandou correu.

Sorri com a forma que mordia o lábio inferior enquanto pensava. Jogando seu corpo para trás, grunhi ao sentir seu peso na minha perna.

- Molenga. - eu até iria responder, mas vi seu sorriso curvo e percebi que estava tirando com a minha cara. - Acho que encontrei a chave.

Chave¿ Interrompidas com os resmungos da Jennie, nós duas pulamos para perto dela. Ficando uma de cada lado, podíamos ouvir ela falar algo sobre ser só um bebê e ninguém saberia os riscos. Sangue, foi a última coisa que ela falou.

- Seu sonho parecia confuso. O que ela estava sonhando para fazê-la resmungar assim¿ - perguntei mais para mim do que para Jisoo, que tinha o cenho franzido e tinha um olhar analisador sobre Jennie.

- Caralho!

Saindo correndo, fiquei parada vendo a porta se fechar sozinha. Primeiro, Jisoo falava palavrão, céus, que interessante. Segundo, ela pensava sozinha e não tinha intenção de compartilhá-las, isso me irritava. Abrindo os olhos lentamente, Jennie chamou primeiro pela Lisa e depois por mim. Pegando em sua mão, me aproximei para deixar um beijo demorado em sua testa.

- Cadê a Jisoo¿

- Ela acabou de sair, não vai demorar. Como está se sentindo¿

- Tonta. - assenti, dando-lhe um pouco de água. - Se eu te contar algo, não vai me achar uma louca¿ - assenti de novo. - Eu sonhei com a Lili de novo.

- Por que eu te acharia louca¿

- Ela disse para darmos sangue para nossa filha. O quão louco isso poderia soar¿ Lili me pediu para ficar forte até que ela voltasse.

Sangue, bebê, não sabemos os riscos.. Era esse seu sonho confuso. Ouvindo a voz do Dr. Wesley, me posicionei na frente da Jennie com minhas presas pressionando meu lábio inferior. Vendo a expressão assustada no rosto do doutor, tentei relaxar o corpo e guardar minhas presas, mas não conseguia.

Jisoo me analisava com aqueles olhos castanhos, me deixando desconfortável.

- O que está acontecendo¿ - Jennie perguntou tombando a cabeça para o lado. - O que são essas bolsas¿

- Você resmungou algo sobre sangue e sua filha, então lembrei que o Dr. Wesley disse que ela estava se alimentando do seu.

- Não vou dar sangue para minha filha!

- Jennie, essa é nossa única opção agora.

- Jisoo, não sabemos as consequências.

- Porra, Jennie! Se não tentarmos, voltaremos a estaca zero e eu não vou correr o risco de perder nenhuma das duas.

Eu disse que não deixaria ninguém fazer algo que ela não quisesse, mas agora estávamos em um impasse. Jisoo poderia ter razão, mas Jennie tinha razão em ter medo.. Aish..

“Ela disse para darmos sangue para nossa filha.”

- Jendeukie, não precisa temer nada. Você confia na Jisoo¿ - assentiu me olhando com seus olhos marejados. - E você confia na Lalisa¿

- Claro!

- Você acabou de me dizer que foi ideia dela. Acha que ela mandaria fazer algo que a machucasse ou machucasse a filha de vocês¿ - negou. - Se ela está se alimentando do seu sangue para se manter nutrida, ela pode ser meio vampira. Não seria um absurdo, Lisa é hibrida.

- Roseanne, você é um gênio. Jennie, ela é como a Lisa, não se sente satisfeita apenas com comida, e como é um bebê, deve precisar de mais nutrientes que uma vampira adulta.

- Ela precisa da única coisa que você não está fornecendo. Você não tem se alimentado com sangue porque acha injusto tirar daqueles que estão machucados.

- Você tem se privado de sangue¿ - ergui meu olhar para o Dr. estava pronta para perguntar se ele era surdo, mas um olhar da Jisoo me fez recusar. - Aqui, eu trouxe alguns tipos para testarmos.

Vendo-a vomitar a terceira bolsa de sangue, senti as mãos de Jisoo sobre meu ombro. Se essa teoria falhasse, estaríamos num beco sem saída e beirando ao precipício com a ideia de perdê-las.

- Esse é o último.

Observando seus movimentos cautelosamente, senti o ombro da Jisoo se chocar contra o meu. Negando com a cabeça, me perguntava se ela esconderia as barbaridades que esse idiota falou. Desviando o olhar para Jennie quando sugou a bolsa de sangue, fechei os olhos quando percebi sua vontade de vomitar, mas ao não ouvir o barulho, a olhei de novo. Não deixando nenhuma gota na bolsa, Jennie sorria contente.

- Ela gostou. - lambendo os lábios, Jennie tinhas às presas pressionando seu lábio inferior. - Eu acho que queremos mais.

- Isso é fascinante. Qual tipo de sangue você tomava¿

- Eu nunca gostei do sangue humano. Eu tomava de animais.

- Eu deveria ter feito essa pergunta antes de te dar as outras bolsas. Ela rejeitou porque está acostumada com o sangue que você toma, por isso está tão pálida e fraca, ela estava buscando até a última gota de sangue animal em seu organismo.

Revirando os olhos com sua animação, me aproximei bruscamente quando ergueu a mão em direção a Jennie. Todos estavam espantados e eu não estava diferente. Segurando sua mão com força, o soltei e me acomodei ao lado da Jennie. Desde quando fiquei tão protetora assim¿ Depois que o Dr. Wesley saiu, senti cada parte do meu corpo relaxar completamente.

- O que foi isso¿ - Jennie perguntou com sua voz calma e doce.

- Eu não sei... - falei sincera, sentindo sua mão me puxar para deitar ao seu lado. - Desculpa, não quis assustá-las.

- Não me assustei. - Jisoo disse dando de ombros. - Você o vê como uma ameaça. Nunca mais ficará confortável perto dele. - se deitando no meio das pernas da Jennie, Jisoo tinha os olhos fechados e um semblante calmo. - E se sentirá na defensiva se alguém que conhece ficar ao lado dele, conversar com ele.. Essas coisas.

- Mas porque o vê como ameaça¿ Eu perdi alguma coisa¿ - Jen perguntou afundando os dedos no meu cabelo.

- Sim! Ele estava disposto a deixar nossa pequena lobinha morrer para salvar você. - Jisoo disse de uma vez, deixando Jennie boquiaberta - E também teve o episódio que eles a seguraram a força na cama, mesmo que fosse para o seu bem. Isso causou hematomas em seus braços e Rosé ficou um pouco possessiva em relação á isso.

Me olhando assustada, chutei Jisoo até que caísse no chão. Idiota.

- Jendeukie, jamais deixaríamos eles fazerem isso. Salvaríamos as duas, ponto. - assentindo, olhou para Jisoo com a sobrancelha erguida. - Jisoo ameaçou matá-lo se ele fizesse algo contra vocês duas.

- Você o que Kim Jisoo¿ - alterando a voz, sorri com a expressão de culpada da Jisoo. - Você.. Como você ameaça um médico desse jeito¿ Depois eu sou a irresponsável.

- Não compare nossas situações! Eu estava cansada, estressada e muito puta com as palavras que ele falou. Se não está claro para ambas, deixarei agora. Não medirei esforços para mantê-las seguras, e não penso na possibilidade de perdê-las.

Se jogando no sofá, olhei para Jennie. Seu sorriso que eu amava estava ali, mostrando que estava feliz por saber que Jisoo lutava e lutaria bravamente por ela e sua filha.

- Depois a possessiva sou eu.

Falei divertida, tirando uma gargalhada da Jennie. Era tão bom ouvi-la de novo. Até mesmo Jisoo parecia compartilhar desse sentimento quando virou a cabeça para olhar Jennie.


< Jisoo>

Depois de quase uma hora jogando conversa fora e três bolsas de sangue, Jennie finalmente havia pegado no sono. Rendida ao cansaço, mandei que Rosé fosse embora com o Seong e acabei dispensando o Matthew também.

Observando sua cor pálida de vampira voltar ao normal, sorri com a certeza que as bolsas de sangue estavam funcionando. Ela não parecia tão indisposta e só dormiu por pura exaustão. Estava quase tudo normal com sua saúde, mas ainda assim continuava na mesma página do meu livro enquanto olhava um ponto fixo no chão. Eu sentia que estava deixando passar algo, algo muito importante, mas não conseguia pensar direito. Meu corpo clamava por rendição, minha mente parava por alguns minutos e me deixava no branco, mas então voltava com perguntas sem respostas e lembranças de uma Lalisa sorridente e me perturbando.

Será que ela está presa e os nossos sonhos são o único caminho que achou para entrar em contato¿ E se está presa, quem a mentem lá¿

- Jisoo¿

Mas e se ela estiver se mantendo-a lá sem saber¿ Por que não nos diz algo com clareza¿ Porra!

- Kim Jisoo!

Erguendo meus olhos para Jennie, percebi a confusão em seu olhar. Eu havia desligado por quanto tempo¿ Droga! Me analisando de longe, sabia que ficaria preocupada com meu estado.

- Desculpa, estava viajando imaginando uma cena do livro. - menti.

- Você está bem¿

- Claro! E você, como se sente¿ - me aproximando, fechei o livro e me sentei ao seu lado.

- Eu me sinto bem. - sorriu, passando a mão por sua grande barriga. - Eu realmente me sinto bem agora.

Ouvindo o som dos sapatos do Dr. Wesley, desviei o olhar para porta. Ao vê-lo entrar com mais duas bolsas de sangue, pediu minha permissão para fazer alguns exames na Jennie. Assentindo, me mantive em uma distância que conseguiria alcançá-lo com apenas um pulo.

- Você está se recuperando muito bem, Jennie. Creio que em uma semana possa voltar para casa.

Observando a forma gentil que Jennie o agradeceu, ou como olhava para ele sem repulsa ou raiva, me deixaram intrigada. Ele pensou em matar sua filha, como podia ficar tão tranquila em sua presença¿

- Eu não o odeio por pensar em salvar minha vida em primeiro lugar.

- Eu o odeio. - a sinceridade escapou da minha boca. Eu odiava quando isso acontecia. - Ele nem pensou na possibilidade de salvá-las, apenas pensou no que lhe traria paz interior. O que é pior; deixar morrer a criança que estava matando a mãe, ou uma paciente da família Manoban¿

- Jisoo, e se ele quisesse salvar pelo menos uma das duas. Não tínhamos mais ideias.

- Não me importa! Ele foi um escroto, Jennie. ‘Como médico, não a considero um bebê’... Se soubesse a vontade que senti de agarrar sua garganta e rasgá-la.

- Você é muito boa em esconder seus sentimentos. Precisa chegar ao seu limite e explodir para ser sincera e sem modos. - erguendo uma sobrancelha, olhava seu sorriso. - Rosie não é a única que o vê como ameaça, né¿

- Não é tão intenso quanto o dela.

Um silêncio nos cobriu por completo. Eu havia sido sincera demais e joguei minhas palavras de frustração em cima da Jennie. Minha raiva pelo Dr. me fez repetir suas palavras apenas para mostrar o quão horrendo ele havia sido. Mas e se eu não fosse diferente¿ Cheguei perto de querer arrancar-lhe a cabeça.

- Obrigada! Você é uma ótima amiga, Jisoo Unnie.

- Não me chame assim! - falei cobrindo seu corpo com a manta do hospital. - Se quiser e se não fizer gracinhas, pode me chamar de Chu.

Abrindo a boca para falar algo, sorriu e apenas assentiu, desistindo da brincadeira que faria.

{...}

Essa semana não podia ter passado mais rápido. Jennie estava voltando para casa, bem e saudável, o que nos deixava totalmente aliviados. Sua barriga estava um pouco maior por finalmente mandar nutrientes necessários para a pequena lobinha.

Terminando de guardar suas coisas, peguei a bolsa térmica com as bolsas de sangue animal que o hospital estava fornecendo e me arrumei ao lado da Jennie. Avisando que mandaria mais bolsas quando acabasse, maneei a cabeça e conduzi a Jennie para fora do quarto.

- Jisoo, preciso ver a Lili.

Assenti. Mantendo Jennie no nosso meio, Rosé e eu acompanhávamos seus passos. Esperando do lado de fora, Rosé havia entrado apenas para ajudá-la sentar na cadeira. Antes de fechar a porta, coloquei minha cabeça para dentro do quarto.

- Desculpa, Jendeukie, mas eu preciso perguntar. Você disse que viu a Lali transformada, como ela é¿

Puxando em sua memória, Jennie tinha o cenho franzido, que sumiu assim que abriu a boca e fechou em seguida.

- Jisoo, Lisa se transformou em uma grande loba branca com fusinho preto.

Tombando a cabeça para o lado, me sentia confusa, Lisa fazia parta de uma alcateia com distintas raças, mas nenhum era branco... Merda! Merda!

- Jennie, a lenda da Lua é real. Só pode ser..

- O que¿

- Os sonhos que tivemos, não eram sonhos, era a Lisa entrando em contato com a gente. Eu sei que parece loucura, mas acho que esse coma da Lisa é um jeito que seu ancestral achou de entrar em contato com ela, e eu acho que vi seu ancestral.

- Jisoo...

- Eu sei que pareço aquelas doidas, mas eu conheço a Lisa e você também, sabe que ela faria o possível para voltar para nós.. Para você! Tem algo a segurando lá. Eu preciso falar novamente com Senhor Lupin, Rosé, leva a Jennie direto para casa.

Sem ouvi sua resposta, corri direto para o estacionamento. Eu não tinha tempo a perder, quanto mais esclarecesse essa história, mas cedo podia passar de fase e trazer a Lali de volta. Pela primeira vez conseguia entender o porquê todas falarem que minha direção era perigosa, passando por alguns faróis e quase causando um acidente, estacionei meu carro de qualquer jeito e o deixei ligado e aberto.

Invadindo a tenda do velho desgraçado, me ajoelhou em sua frente.

- Lisa é descendente do primeiro lobo, o da lenda.

- Vejo que a chave foi encontrada.

- Por que ele está mantendo-a lá¿

- Criança, nossos ancestrais não tem um poder tão grandioso assim. A uma lenda que diz; A guerra entre bem e mal vem de épocas trás. Quando a sangue puro der à luz, uma batalha interna será travada, a criança deverá escolher seu caminho sozinha; bem ou mal, sua escolha dará fim á guerra, porém, os dois lados se curvaram.

- “Sangue puro der à luz”, a Senhora Manoban era uma sangue puro... Lisa é a criança que dará um fim nessa guerra¿

- Lalisa tem dor, raiva e mágoas em seu coração, mas também existe bondade, amor e compaixão para com os outros de ambos os clãs. Ela luta uma guerra interior que só ela pode guerrear.

- Isso não faz sentido. E suas duas transformações¿

- Alguém está ensinando-a controlar seus dois lados, aceitar seu lado vampiro tanto quanto já aceitou seu lado lobo. Quando entender o poder que tem e que em seu coração não pode existir ódio, ela será grande. Importante entre as raças.

- Lisa jamais machucaria alguém!

- Minha jovem, seu amor por ela a cega. Lalisa não sentiu remorso por matar os de sua própria espécie, muito menos de outra espécie. Ela é uma pessoa com quem ama, mas pode se mostrar uma outra pessoa para os que ameaçam o que é seu. Me escute com atenção, pois precisaram ter isso sempre em mente e em seus corações. A bala não era para acertar a Lalisa, mas sim Jennie Kim. Nosso ancestral mostrou seu futuro, debruçada sobre o corpo sem vida da mulher que ama, Lalisa sucumbiu ao rancor e vingança.

- O que¿ Como o Senhor sabe disso¿

- Digamos que tenho contato direto com nossos ancestrais e eles sempre estão olhando por nós. Em frações de segundo, Lalisa se viu sem a Jennie, se viu perdendo o amor de sua vida e ela fez sua decisão. Ela sabia que se deixaria levar pela sede de vingança, então se pôs em frente a bala.

Me sentia tonta com tanta informação de uma vez. Ele sabia de tudo isso e sequer pensou em compartilhar esses fatos. Idiota. Poderia ter nos dado a certeza de que Lisa voltaria para nós, que independente do seu estado, estava bem.

- Mas..- encarando seu rosto, me vi acertando um belo soco de direita. Ele estava dormindo¿ - Senhor Lupin!

- Você precisa ir, Jennie corre perigo. Tem que salvá-la. Vá criança.

Como assim Jennie está em perigo? Correndo até o carro ainda sem entender nada, dei partida e sai cantando pneu. Sabendo que não chegaria a tempo, seja lá do que, peguei meu celular e liguei para a Roseanne.

Por Deus, que essa menina atenda.

- Alô!

- Roseanne, ainda está com a Jennie¿

- Não!

Eu acabei de chegar em casa.

Por quê¿

- Seong está com você¿

- Sim...

Jisoo, o que está acontecendo¿

- Mande-o ir até Jennie o mais rápido possível.

Ela está em perigo.

- Como assim em perigo¿ Ele acabou de sair.

Jisoo, por favor, o que está acontecendo¿

- Daqui cinco minutos fique na calçada, eu vou passar para te pegar.

Não se preocupe, Jennie ficará bem.

Desligando o celular, liguei para o Matthew e o mandei para casa da Lisa. Sem muito tempo, expliquei que Jennie estava em perigo e Lisa não podia perdê-la.


< Lalisa >

Sentada olhando meu reflexo na água do lago, sentia um aperto no peito, como se algo estivesse muito errado. Se sentando ao meu lado, minha mãe tinha o olhar sobre mim.

- Você precisa voltar! - disse baixo, quase como se não quisesse. - Jennie precisa de você.

- E se eu não conseguir¿ Não quero perdê-la.. Não como perdi você.

- Você nunca me perdeu, filha, e sei que não perderá a Jennie, mas precisa acordar. - me abraçando fortemente, senti algo me puxando para longe. - LALISA, ACORDA!

Como se eu tivesse sido ressuscitada, busquei o máximo de ar que conseguia. Meu peito doía e minha respiração estava afobada e ofegante. Tirando cada fio que estava monitorando meus batimentos, arranquei o tubo que estava na minha garganta, quase vomitando com meu ato imprudente.

Um pouco tonta, tentava manter o foco no que realmente importava, Jennie. Encarando a aliança no meu dedo, sorri ao lembrar da sua confissão. Colocando em cima da roupa dobrada em cima da cama e minha aliança em cima da cômoda que ficava ao lado da cama, respirei fundo, fechei meus olhos e deixei que cada osso no meu corpo se quebrasse. Como havia treinado diversas vezes, foquei em manter minha sanidade e o meu eu no controle, não a fera que morava em mim.

Transformada, conseguia sentir o cheiro de cada vampiro, humano e lobo que esteve aqui. Cheirando minhas roupas na cama, tentei diferenciar dois que emanavam da minha camiseta. Ao perceber qual era o da Jennie, segui seu cheiro para fora do hospital. Pulando da janela sem hesitação, torcia para que não estivesse no andar mais alto. Sentindo um incômodo na minha pata ao aterrissar, uivei baixo. Sentindo o cheiro da Jennie, me concentrei apenas nela. Correndo o mais rápido que podia, entrei no meio da floresta, sentindo a terra debaixo das minhas patas, o cheiro suave de cada flor, e as folhas das árvores caírem sobre mim. Como havia sentido falta disso, dessa liberdade.

Aumentando minha velocidade ao pensar que poderia chegar atrasada, um uivo alto o bastante para a tribo do norte ouvir rasgou minha garganta. Assim que fechei minha boca, pude ouvir em claro e bom som os diferentes uivos de resposta.

Quanto mais me aproximava, mas o odor de sangue entrava em minhas narinas e me dava náuseas. Minha vontade era arrancar a cabeça de qualquer um que tenha chegado perto dela. Qualquer um que tenha a olhado.

“Mantenha a calma, não deixe que seus pensamentos lhe traiam. Por seis meses perdeu as pessoas que amava por não conseguir controlar sua raiva, precisa se manter o mais calma possível, filha.”

Dessa vez não vou perdê-las.




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