História Eclipse - Capitulo Cinco

 

Eclipse

 

Encarávamos em silêncio nos olhando profundamente, eu estava completamente hipnotizados pelos seus olhos, fascinado. Como essa garota conseguia me deixar igual um idiota? eu não era normal quando estava perto dela.

Apertei minha mão em seu rosto e ela arfou balançando a cabeça enquanto me empurrava.

— Esquece. — Murmurou começando a andar apressada.

E lá se vai ela fugindo de novo.

— Sakura. — Corri atrás dela como idiota.

Parece que é só o que faço desde que cheguei nesse lugar.

— Me deixa em paz. — Gritou nervosa apressando os passos.

— Ta legal, vamos fazer um acordo. — Entrei em sua frente a parando e ela soltou um grunhido.

Eu estou sendo um pé no saco, mas a culpa é inteiramente dela.

— Não quero fazer nada com você. — Bufou cruzando os braços.

— Eu te deixo em paz se você ser minha amiga. — Disse levando as mãos aos bolsos e ela ergueu uma sobrancelha.

— Que tipo de acordo é esse? — Perguntou irônica.

— É pegar ou largar. — Sorri dando de ombros.

Eu preciso me aproximar dessa garota, eu preciso ficar perto dela, eu sinto que não posso ficar longe.

É coisa de louco eu sei, mas dane-se.

— Se eu aceitar ser sua amiga você vai continuar me enchendo do mesmo jeito. — Revirou os olhos soltando uma lufada de ar.

— E se não aceitar eu vou continuar te perseguindo. — Disse cínico e ela me fuzilou com aqueles olhos lindos.

— Se continuar me perseguindo eu te soco a cara. — Disse séria erguendo o punho me olhando sugestiva.

Sorri balançando a cabeça, Ela era hilária e eu não duvido que ela faça mesmo isso.

— Eu aguento. — Respondi confiante e ela abriu a boca piscando os olhos.

— Garoto você insuportável. — Grunhiu batendo o pé.

— E vou ser mais ainda se não aceitar minha proposta.

— Eu nunca tive amigos na minha vida Sasuke, não sei como isso funciona. — Elevou o tom de voz jogando os braços para cima.

Nunca teve amigos?

— Já vi uma garota conversando com você. — Disse me lembrando da garota que ficava sentada com ela de baixo da árvore no intervalo.

— Hinata é diferente. — Ela murmurou com um olhar perdido.

— Diferente como? — Perguntei confuso.

Ela soltou um suspiro e balançou a cabeça.

— Ta legal, agora para de me encher. — Bufou me dando as costas voltando a andar.

— Isso é um sim? — Sorri entrando em sua frente outra vez.

— É Sasuke, agora me deixa ir embora por que você já está me irritando. — Me empurrou voltando a andar.

— Sabia que tinha gostado de mim. — Gritei e ela levantou o dedo do meio me fazendo sorriu.

Dessa vez a deixei ir e fiquei parado sorrindo para o nada. Amigo de Sakura Haruno, inacreditável.

Uma barreira quebrada, estou quase lá.

— Como é? espera deixa eu limpar meus ouvidos por que acho que não te ouvi direito. — Naruto enfiou o dedo no ouvido e eu revirei os olhos.

No dia seguinte quando cheguei a escola, Naruto ficou no meu pé e eu acabei contando a ele sobre Sakura.

— Deixa de ser idiota. — Bufei entrando na sala de aula.

As luzes foram trocadas e a sala havia sido limpa, já tinha alguns alunos que conversavam entre si sobre o acontecimento da semana passada. Me sentei no meu costumeiro lugar e Naruto se sentou a minha frente se virando para mim.

— Cara você não pode estar falando sério.

— Qual o problema?

— Estamos falando de Sakura Haruno, a esquisita que tem poderes sobrenaturais. — Ele sussurrou olhando em volta.

De novo isso?

— Acho que você está assistindo muitos filmes.

— Santo Kami, eu nunca tive um amigo e quando arranjo um ele é louco. — Ele jogou as mãos para o ar e eu lhe dei um tapa na cabeça.

— Cala a boca.

— Você é louco Sasuke. — Ele resmungou se virando para frente quando professor entrou na sala.

Revirei os olhos e não consegui esconder um pequeno sorriso ao vê-la passar pela porta, tão calma e perdida em pensamentos que não parecia se importar com ninguém a sua volta.

A segui om os olhos até ela se sentar em sua carteira do outro lado da sala, jogou sua mochila na mesa e me encarou. Sorri acenando e ela revirou os olhos desviando o olhar me ignorando completamente.

Garota complicada.

— Você está parecendo um idiota apaixonado. — Ouvi a voz de Naruto e me virei para frente.

Ele me olhava  estranho balançando a cabeça.

— Vai a merda. — Bufei tirando meu caderno da mochila.

Que garoto intrometido.

— Mudei meu conceito sobre você, não é só um louco, é um maluco completamente pirado.

— Digo e repito vai a merda.

Ele começou a resmungar e voltou a se virar para frente me chamando de louco.

— Atenção aqui turma, vou passar um trabalho para fechar o bimestre, será feito em duplas. — Kakashi disse atraindo nossa atenção.

Todos começaram a conversar e ele mandou todos calarem a boca começando a explicar o trabalho.

Revolução Francesa, uma chatice total.

Estava quase dormindo quando ele começou a falar as duplas, e quando ele disse meu nome e o de Sakura eu quase pulei da cadeira. Olhei rapidamente em direção a rosada que estava com o cenho franzido, ela me olhou entortando os lábios e respirou fundo balançando a cabeça.

Tava bom demais pra ser verdade. Parece que a sorte realmente está ao meu favor.

— Isso já está ficando sinistro cara, primeiro você fica todo curioso por causa da esquisita  e foi a primeira pessoa fora a Hyuuga a conversar com ela, depois você vem me dizer que virou amigo dela e fica a olhando com cara de bocó apaixonado o tempo todo, e agora isso. É destino? — Naruto tagarelou no meu ouvido enquanto pegávamos nosso lanche.

Destino? isso é ridículo, se tinha uma coisa que eu não acreditava era destino. Patético.

— Pense o que quiser. — Murmurei pegando uma garrafa de suco de uva.

— Vou chamar de loucura, você é muito azarado cara. — Respondeu me dando um tampinha no ombro e eu revirei os olhos caminhando pelas mesas do refeitório.

Vaguei meu olhar pelo local e os fixei mais a frente, lá estava ela, sentada embaixo da árvore com sua amiga bem longe de todos. Sakura estava escorada no tronco da árvore olhando para o céu enquanto conversava com a garota ao lado.

Olhei para a mesa que costumava sentar com Naruto e passei direto seguindo em direção a garota que estava torturando minha cabeça desde que cheguei nessa maldita cidade.

— Onde você está indo seu doido? — Naruto veio atrás de mim me olhando surpreso.

— Preciso de ar fresco.

— Droga Sasuke, qual o seu problema? — Ele choramingou atrás de mim.

— Deixa de ser chato Naruto, não tô te obrigando a vir comigo. — Bufei lhe dando uma cotovelada.

— Eu não posso te deixar fazer doideiras sozinho, amigos não abandonam uns aos outros. — Ele disse baixo vendo que estávamos próximos das duas garotas e elas acabaram olhando para nós.

Sakura entortou os lábios assim que me viu e balançou a cabeça me olhando com reprovação.

— Podemos fazer companhia? — Perguntei me sentando em frente a elas e puxei Naruto o fazendo se sentar ao meu lado.

A garota que descobri se chamar Hinata nos olhou curiosa e meio tensa. Sakura me encarava com os olhos estreitos me desafiando com o olhar.

— Será que nem na escola eu tenho sossego de você? — Ela franziu o cenho fechando a cara.

— Somos amigos lembra? — Ergui uma sobrancelha colocando minha bandeja a minha frente. 

— Não sei onde eu estava com a cabeça em aceitar essa idiotice. — Ela soltou um suspiro  revirando os olhos.

Naruto se mexeu inquieto ao meu lado olhando para os lados.

— Maça? — Joguei uma maça em sua direção e ela pegou antes que atingisse seu rosto.

— Qual o seu problema? — Bufou mordendo a maça.

— Quando vamos começar a fazer o trabalho? — A  cortei mordendo meu sanduíche.

— Sakura eu acho que eu... — A garota ao lado dela começou a falar se levantando.

Ela parecia meio nervosa.

— Fica quieta ai Hinata. — Sakura a puxou de volta fazendo a garota cair sentada.

— Sakura. — Ela grunhiu olhando nos olhos da Haruno meneando a cabeça em nossa direção.

Ela não gostou de nossa presença.

— Qual é mesmo seu nome? — Sakura perguntou olhando para Naruto que congelou ao meu lado.

Idiota.

— Naruto Uzumaki. — Ele respondeu engolindo em seco.

Ela assentiu e deu uma cotovela na garota ao lado.

— O nome dele é Naruto Hinata. — Ela olhou para a amiga com um pequeno sorriso em seu rosto.

Parecia até maldoso.

Naruto se engasgou ao meu lado e eu lhe dei um tapa nas costas.

A tal Hinata a olhou incrédula e parecia querer matar Sakura  com os olhos.

— Eu sei o nome dele. — Hinata disse entredentes com um sorriso forçado e Sakura deu de ombros.

— Que bom, talvez agora você possa chama-lo para conversa e não ficar só olhando. 

Hinata abriu a boca ficando vermelha e Naruto se engasgou de novo.

— Sakura eu vou te matar. — Ela quase gritou se levantando.

— Hinata. — Sakura a olhou de uma maneira que eu não pude decifrar.

— Eu preciso ir no banheiro, a gente se vê na sala teme. — Naruto também se levantou olhando para Hinata que o olhou e desviou o olhar.

Ele saiu quase correndo e logo Hinata também saiu seguindo outra direção.

O que foi isso?

— O que aconteceu aqui? — Perguntei para Sakura quando o silêncio reinou.

— São dois medrosos, cansei desse mimimi. — Ela soltou o ar pela boca olhando para onde sua amiga tinha ido.

— Mimimi?

— É quando duas pessoas se gostam e ficam enrolando para assumirem seus sentimentos.

— Então está me dizendo que o Naruto gosta da sua amiga e vice versa? 

Esse eu não sabia.

— Pergunta pra ele, já falei demais, e o que ainda faz aqui? cai fora. — Ela cruzou os braços me olhando feio.

Essa garota é bipolar eu tenho certeza.

— Educação mandou lembrança. — Sorri sarcástico.

— E eu mando um dane-se.

— Tá de TPM?

Ela pareceu se irritar mais ainda.

— Se você não sair daqui eu vou socar a sua cara. — Sua voz saiu raivosa enquanto ela me fuzilava com os olhos.

— O que aconteceu com o lance de amigos?

— Eu não posso ser sua amiga, eu não quero ser sua amiga. — Disse pausadamente me olhando séria.

Ela estava tentando me afastar de novo.

— Não adianta, Isso não vai funcionar comigo Sakura. 

— Do que esta falando seu maluco?

— Você querer me afastar quando na verdade me quer perto e não admite, eu não vou largar do seu pé tão cedo Sakura Haruno. 

Ela abriu a boca e por um momento vi surpresa em seus olhos.

— Isso tudo é carência ou você é grudento por Natureza? — Perguntei irônica.

Ela sabia ser irritante.

— Só quero te ajudar, você quer ajuda não é? — Perguntei cauteloso me lembrando dos meus sonhos.

— Eu não preciso de nada, você é um louco. — Ela se levantou me olhando irritada e o sinal tocou.

— Ta legal não quero mais discutir, quando vamos fazer o trabalho? — Soltei um suspiro me levantando.

Ela me olhou por um tempo e balançou a cabeça começando a andar.

— Vai hoje a tarde na minha casa. — Decretou me deixando para trás.

O mania chata de sempre querer dar a última palavra.

— Adoraria, também gostaria de saber seu endereço, sabe eu não sou vidente. — Murmurei para o ar e uma garota que passava me olhou estranho.

Ótimo, agora ela vai achar que eu sou louco e falo sozinho.

Abri a porta de casa jogando minha mochila no sofá,  fui direto para cozinha tomar um copo de água. Eu não prestei atenção nas últimas aulas, passei o tempo inteiro tentando entender Sakura e pensando em uma forma de quebrar suas barreiras.

Quando eu achava que estava conseguindo quebra-las ela conseguia ergue-las de novo. 

Inacreditável.

— Essa garota está me deixando maluco.

Literalmente, ela não me deixa em paz nem quando eu tô dormindo, mas que caralho.

Fiz um macarrão que mais parecia uma gororoba para almoçar e fui tomar um banho, hoje não estava chovendo, mas o céu estava nublado como sempre e fazia frio. Vesti uma calça e uma blusa preta com alguns nomes escritos jogando meu blusão por cima. 

Peguei o endereço que Naruto me deu e joguei a mochila nas costas saindo de casa. As ruas estavam pouco movimentadas e eu teria que andar 3 quadras para chegar até a casa de Sakura.

Coloquei os fones de ouvido para me distrair enquanto não chegava ao meu destino.

Naruto disse que ninguém chegava perto da casa dela e muito menos na rua, achei que era mentira mas agora eu vejo que não.

Era uma único rua e parecia abandonada, era coberta de árvores e no final  da mesma havia uma grande mansão velha. Não era tão ruim assim, só estava velha e gasta, esse povo é um bando de idiotas medrosos que não têm o que fazer da vida.

Parei em frente ao grande portão vermelho completamente fechado, os muros eram altos e cheios de pedras. Ao redor tinha um pequeno canteiro de rosas e elas estavam mais vivas do que nunca.

Tirei os fones de ouvido desligando o rock pesado e comecei a bater no portão, o ecoo das minhas batidas ecoaram por toda rua silenciosa.

Me afastei levando as mãos aos bolsos esperando, se passou alguns minutos e eu me aproximei para bater de novo mas o barulho alto do portão se abrindo me fez dar um passo para trás.

Ele se abriu por completo mas não tinha ninguém do outro lado, olhei em volta e adentrei ouvindo o portão se fechar atrás de mim. Soltei um suspiro vagando o olhar por todo jardim colorido ao meu redor e segui pela trilha de pedras em direção a Mansão.

Subi os pequenos degraus da varanda e parei em frente a porta branca de madeira, ergui os punhos para bate-la mas a mesma se abriu sozinha.

Ta legal, isso já está ficando estranho.

Dei dois passos entrando na casa parando na porta e ouvi uma música alta, analisei a grande sala colorida a minha frente e parei o olhar em uma mulher loira com roupas de ginásticas dançando em frente a uma enorme TV.

Seria a tia da Sakura?

— Entre garoto, não se intimide. — A voz da mulher soo pela sala e eu olhei em volta entrando na enorme sala.

O piso era de madeira, as paredes eram vermelhas cobertas por quadros. Tinha uma grande escada ao canto, dois sofás e uma mesinha de centro com um jarro de flores encima de um grande tapete de pele de animal.

A mulher estava de costas para mim se alongando.

Seus cabelos eram loiros e estavam amarrados em um rabo de cavalo, sua roupa era verde e com detalhes vermelhos, ela se virou para mim sorriso enquanto pulava alongando a perna.

— Sakura seu namorado chegou. — Gritou me deixando surpreso.

Namorado?

Ouvi passos pela grande escada branca ao lado e Sakura apareceu vestindo uma calça preta e uma regata vermelha. Seus cabelos estavam amarrados em um rabo de cavalo e sua expressão era séria.

— Tia eu já disse que ele não é meu namorado. — Ela grunhiu me olhando de canto de olho.

— Sei, sua mãe também disse isso quando conheceu seu pai e um mês depois ela estava grávida de você. — Sorriu maliciosa fazendo polichinelos.

Olhei para Sakura e pela primeira vez a vi corar.

— Céus, vêm logo Sasuke ignore-a. — Sakura bufou correndo para as escadas e eu acenei com a cabeça para a loira a seguindo.

— Nada de sexo em? só beijinhos. — A ouvi gritar e Sakura bateu o pé grunhindo mais auto.

Tive que segurar o riso.

— Não dê moral para ela. — Sakura falou quando chegamos ao grande corredor no andar de cima.

— Gostei dela. — Murmurei olhando para as pinturas da parede escura.

Ela soltou um suspiro e parou em frente a uma porta vermelha coberta por flores negras, a abriu e me deu espaço para entrar.

Adentrei o comodo parando no meio do grande quarto em cima do tapete branco felpudo, as paredes eram pretas coberta de desenhos de flores rosas, o teto era cheio de luzes coloridas e apanha sonhos, tinha uma estante de madeira repleta de livros a direita, uma grande cama de casal ao centro coberta por lençóis escuros. Uma escrivaninha preta com um abajur estava ao lado da cama, uma mesa de estudos no canto esquerdo com uma cadeira preta de rodinhas ao lado, um grande guarda-roupa de madeira e uma enorme janela coberta por cortinas violetas.

— Nunca pensei que conheceria seu quarto. — Disse a olhando fechar a portar.

— Não vai se acostumando. — Murmurou emburrada.

— Posso fazer uma pergunta idiota? 

— Já fez.

Sorri e ela revirou os olhos.

Língua afiada.

— Quantas pessoas você já trouce aqui? — Perguntei curioso.

Ela me olhou meio surpresa e desviou o olhar.

— Duas. — Respondeu pegando dois livros em sua grande estante.

Me considero um sortudo.

— Devo me sentir honrado? — Brinquei e ouvindo bufar.

— Não me faça me arrepender de ter te trazido aqui. — Sua voz saiu frustrada e ela parecia procurar algo por baixo de seus travesseiros.

— Não está mais aqui quem falou. — Ergui as mãos jogando minha mochila no chão.

— Espera aqui eu vou pegar meu Notebook, devo ter esquecido-o na biblioteca. — Murmurou caminhando a passos rápidos até a porta.

— Vou estar aqui quando voltar.

— Não toque em nada. — Me lançou um olhar feroz e saiu do quarto batendo a porta.

Comecei a andar apelo quarto olhando tudo atentamente, dizem que se pode descobrir muito sobre uma pessoa em seu quarto. E eu precisava descobrir quem era Sakura Haruno.

Me aproximei da estante coberta de livros, ela deveria ser apaixonada por eles. Me virei para dar outra volta no quarto e acabei batendo o braço na estante fazendo um livro cair no chão. 

Me abaixei o pegando e franzi o cenho ao perceber que era um caderno já que estava escrito a caneta.

A caligrafia era meio torta e pequena, só podia ser a letra dela. Folhei o caderno olhando em sua capa preta com o nome de Sakura destacado em vermelho e deduzi ser um diário. 

Olhei para a porta me sentindo um criminoso por estar com isso em mãos, eu não posso invadir sua privacidade dessa forma mas a minha curiosidade e loucura estão me matando.

Só um página.

O Abri em qualquer página fixando o olhar nas letras pequenas tentando entende-las.

 

24/ 02/ 2008

Mamãe, a dor em meu peito e o sentimento de culpa é tão grande que eu não consigo parar de chorar, me perdoa por favor. Eu não queria fazer aquilo, não foi culpa minha eu não a vi se aproximar e quando percebi ela já tinha me tocado e depois estava caída a metros de distancia sem vida. 

A tia Tsunade disse que vai ficar tudo bem, que a garota vai ficar bem, mas não vai eu sei que não, eu a matei mamãe, eu sou um monstro, uma aberração. A tia disse que eu sou diferente, especial, que eu tenho um dom. Mas eu só sei machucar as pessoas como isso pode ser um dom?

Eu queria que você estivesse aqui, eu queria te abraçar e chorar em seus braços em busca de consolo, queria ouvir sua voz dizendo que esta tudo bem. Que foi apenas um pesadelo e que eu sou uma criança como qualquer outra.

Ninguém me entende, ninguém quer se aproximar de mim, eu nunca vou ter amigos, vamos mudar de cidade de novo por minha causa e eu só consigo sentir culpa.

Eu não quero isso pra mim mamãe, eu não quero ser esse monstro, eu só quero ser como as outras crianças, eu quero brincar com elas e ter amigos, eu quero ser normal, me escuta mãezinha me ajude onde quer que você esteja. 

Como faz pra dor passar?

            Abri a boca a sentindo secar e engoli em seco piscando os olhos. Apertei aquele caderno com força relendo todas as palavras outra vez, minha respiração estava descompassada e meu coração batia mais forte.

Que merda é essa?

— O que você está fazendo? — O grito de Sakura ecoo por todo quarto e o diário caiu de minhas mãos parando em meus pés.

Tentei controlar minha respiração e me virei para trás rapidamente a encontrando  parada na porta me olhando estática com os olhos arregalados, sua boca estava entre aberta e ao descer seus olhos para o chão o pânico surgiu em seu rosto.

Ela arfou e fechou os olhos esfregando uma mão no rosto enquanto a outra apertava o Notebook com força.

Eu encarava a garota a minha frente completamente perdido, minha mente estava dando um nó e eu poderia estar realmente enlouquecendo.

 Puta que pariu que diachos estava acontecendo aqui?

— O que é isso Sakura? será que dá pra explicar que merda foi essa que acabei de ler?