História Eles e Eu - Discussão me deixa confusa demais pra tentar algo...

Fechei os olhos fortemente e depois abri, Cristiano ainda estava de frente pra mim só que olhando para o lado.

- Mas que merda é essa, Laura? Eu já não te avisei sobre esse daí? Que porra tá acontecendo entre vocês dois? - Oscar disparou perguntas, dava pra sentir a raiva que ele estava pelo tom de sua voz.

- Calma Oscar, não estamos fazendo nada de mais... você mesmo disse que era pra eu fazer amizades com a galera. Eu e Cris somos apenas amigos. - Tentei contornar a situação.

- Sim Laura, mas "amizade" - Ele fez aspas com as mãos.  - Logo com ele? Apenas amigos? Desde quando amigos fazem isso?

Apontou para Cristiano, que estava recolhendo suas coisas e respirando fundo, parecia que ele se segurava pra não fazer algo.

- Acho que sua opinião tá errada... Não é bem assim.

Cris pegou sua bolsa e me deu um beijo na testa, se retirando em seguida.

- Nos vemos mais tarde. - Ouvi ele falando de longe.

- Oscar. - me aproximei dele - Ele se tornou meu amigo e ele não fez nada do que você disse... e calma, eu sei me cuidar.

- NÃO FEZ NADA AINDA PRA FAZER MAIS TARDE! - Ele elevou o tom – PORQUE VIU QUE VAI TER QUE TE ENROLAR PRA TE FODER! ELE VIU QUE VOCÊ É UMA PUTINHA DIFÍCIL!

Me afastei dele e o olhei incrédula.

- Como é, Oscar?

- Não foi isso que eu quis dizer...espera...

- Sem explicações, você quis dizer isso sim! ... Deixa eu te falar uma coisinha – Respirei fundo tentando manter a calma - ... Não é porque eu conversei com um cara que você não gosta que eu sou puta... – Minha voz começou a ficar embargada com o choro - Mas sério que você pensa isso de mim? Pô, muito obrigada por você se mostrar como realmente é logo de cara.

Peguei o livro e fui em direção à saída, deixando Oscar por lá.

Passei pelo Senhor Stewart e ele anotou o livro que havia pegado, caminhei um pouco e me sentei num banquinho de cimento que tinha ali.

Sempre que eu tento fazer amigos dá nisso, eu sempre sou a vilã da história, parece que é uma macumba que caiu sobre mim.

Eu não queria chorar porque eu estava com raiva, ódio ou até nojo de mim mesma.

Devo ser realmente uma puta, por que não é a primeira vez que ouço isso.

__

- O que aconteceu, Laura? Oscar saiu daqui dizendo que ia chamar você... - Marcelo veio me receber, não estava chorando apesar de querer, apenas estava triste.

- Não aconteceu nada, ele apenas descobriu que eu sou a nova putinha difícil da Shelse University. - Falei - Vou subir.

- Não vai comer, Lau? O almoço tá gostoso. - Ouvi Daniel dizer.

- Puta não sente fome e nem frio. - Falei enquanto subia as escadas e ouvia alguns cochichos vindos dos meninos.

Entrei no meu quarto e tranquei a porta.

Coloquei o livro emprestado e o celular em cima da escrivaninha, me joguei na cama e coloquei as mãos em meu rosto.

- Não deveria ter saído do Brasil... porquê todo mundo me julga se ao menos saber da história?

POV BERNARD

Mas que porra tinha acontecido entre Oscar e Laura? Porque motivos ela estava se xingando se puta?

Todo mundo tava com cara de que "o que foi aquilo?" enquanto comiam. Oscar chegou e todo mundo o fuzilou com os olhos.

- Vou pro meu quarto. - Ele falou baixinho.

- Tá na hora de virar homem, Oscar. - Neymar falou.

- O que quer dizer com isso? - Oscar desceu os degraus que havia subido.

- Por um pequeno acaso você tem haver com a Laura chegando aqui toda triste e se xingando de puta? - Perguntei.

Ele engoliu em seco e concordou com a cabeça.

- Porque coisa você a xingou de puta? Você nem a conhece direito! - David defendeu.

- Calma... - Oscar pediu.

- Calma eu até tenho, mas já tá acabando, então senta naquela porra de sofá nos explique. – Daniel disse pausadamente e respirando fundo.

Nós nunca tínhamos visto ele daquele jeito, com certeza hoje essa republica iria pegar fogo.

Terminamos de comer rapidamente e fomos para sala, Oscar se sentou sozinho num sofá e o resto dos meninos em outro, e eu sentei numa poltrona entre eles.

- Pode começar. – Daniel comentou sério.

Oscar respirou fundo e começou.

- Eu fui até a biblioteca e encontrei Laura lá, junto com o Cristiano... não sei o que aconteceu, eu fiquei indignado com aquela cena, eu queria voar pra cima dele por estar perto da Laura... aah! – Oscar encostou-se no sofá e passou as mãos no rosto – Eu não sei o que deu em mim. Só sei que o filho da puta lá juntou as coisas dele e foi embora e beijou a testa dele dizendo que depois eles se encontrariam, aquilo foi o fim pra mim e eu acabei discutindo com a Laura e chamei ela...de... vocês já sabem.

- Uma pergunta: o que eles estavam fazendo lá? – Neymar perguntou.

- Nada.

- Esperai ai então, - Marcelo pediu se levantando – Você foi até lá, brigou com a menina que mal conhece e ainda chamou ela de puta? O que deu em você? Não é porque ela tava conversando com um cara que você não gosta ela é puta, se liga Oscar!

- Ela me disse a mesma coisa, mas eu fiquei furioso em ver ela com aquele idiota!

- MAS OSCAR ELA NÃO É NADA SUA! VOCÊ VIU O QUANTO VOCÊ AGIU POR IMPULSO? E NÃO SEI SE VOCÊ SE LEMBRA, MAS A SRA. CAMPEBELL DISSE QUE NÓS FIZESSEMOS ALGO CONTRA A LAURA, NÓS SERIAMOS EXPULSOS! E VOCÊ IRIA SE FERRAR AINDA MAIS POR CONTA DAS BRIGAS! - Daniel falou exaltado. - Eu não lutei tanto pra chegar até aqui pra um ciumento infantil vir e estragar tudo!  Então é bom você se virar pra a Laura não falar nada pra ninguém, porque senão você tá ferrado na minha mão.

Assim que terminou de falar, Daniel saiu da sala e subiu as escadas.

- Sinto muito, Oscar, mas faço as palavras do Daniel as minhas. - Disse e os outros meninos concordaram.

FIM POV BERNARD

Ouvi gritos que me pareciam ser do Daniel no andar de baixo e logo após um silêncio total.

Ainda estava magoada com tudo aquilo, eu queria voltar pra casa, mas eu estaria desistindo de um sonho de anos por causa de uma coisinha;

Ok, não foi uma coisinha, mas estaria desistindo dos meus sonhos por causa da infantilidade de terceiros, sempre soube que não seria fácil, então não tem porque desistir, certo?

Passei a tarde inteira arrumando minhas coisas em seus devidos lugares, li os horários das aulas e dos treinos, a semana seria puxada, mas nada que eu não suportaria.

Peguei uma troca de roupa e tomei um banho, assim que entrei de baixo do chuveiro e comecei a pensar sobre o que eu faria para unir Cristiano e Oscar, não seria nada fácil e no momento não me vinha nenhuma ideia na cabeça porque eu mal conhecia os dois, só sabia que ambos jogavam no time de futebol da faculdade, tinham gênios fortes e só. Precisava pensar rápido e agir logo, antes que um dos dois fosse expulso.

Terminei meu banho e coloquei minhas roupas (1), assim que sai, dei de cara com um ser de cabelos cacheados.

- Oi Lau, desculpa entrar assim... É que eu bati e você não respondeu, peguei a chave extra e abri - David já veio se desculpando.

- Ok. - Respondi enquanto pegava meu celular e respondia algumas mensagens.

- Podemos conversar? - Pediu.

- Se for pra me chamar de putinha difícil ou algo do tipo, nem precisa se preocupar, Oscar já deixou isso bem claro... - Falei e sem perceber David estava na minha frente, levantando meu rosto com as mãos e acariciando minha bochecha com o polegar.

- Não vim te xingar... - David aproximou o rosto ainda mais, dava pra sentir sua respiração perfeitamente, nossos lábios quase se tocando. - Vim realmente conversar, deixar as cartas na mesa.

- Não precisa se aproximar tanto pra podermos conversar - Disse me afastando e o empurrando.

Fui e me sentei na cama e bloqueei o celular.

- Pode começar. - Disse indiferente.

David riu e me sentou próximo a mim, encostando-se na parede.

- É que não faz nem dois dias que você tá aqui e já aconteceu muita coisa e nem tivemos tempo de conversar direito sozinhos, queria te conhecer melhor, eu sei que você não é nada daquilo que Oscar disse, ele só estava num tanto revoltado por você estar tão perto do arco inimigo dele e...

- Desculpa David, mas não tinha motivos pra ele me chamar de puta. Eu cheguei aqui ontem e eu sei, conversamos bastante quando estávamos lá na sala, mas vocês não sabem da minha real historia, não sabe o porque deu querer vir estudar aqui. Foi por causa dos meus pais? Parcialmente sim, mas tem a outra metade que eu não pretendo colocar “na mesa” porque eu tenho certeza que serei julgada e vão falar que é drama. – Disse enquanto o encarava.

David fazia algumas caretas enquanto ouvia, mas pareceu compreender o meu ponto de vista.

- Tudo bem, não vamos mais falar sobre esse assunto chato. – Ele disse com as mãos pra cima como se estivesse se rendendo.

- Ok, obrigada. – Falei e começamos a nos encarar.

- Mas posso perguntar só mais uma coisa? – David disse fazendo graça.

- Sabia que você não ia deixar esse assunto assim... no ar, mas enfim, pergunta.

- Você gosta do Cristiano?

Fiquei em silencio, porque eu realmente não conseguia achar a resposta... eu gostava em certo ponto mas não gostava em outros pontos, minha cabeça e meu coração estavam confusos em relação a isso.

- Não sei, não dá pra responder isso...

- Dá sim, ou você gosta ou você não gosta. – David insistiu.

- Eu mal o conheço, ele foi um cara legal comigo até agora, mas não posso dizer que “Oh Meu Deus eu gosto dele”. – Disse por fim.

- Hm e de mim, você gosta? – Ele se aproximou novamente.

- Gostei de todos aqui na republica, David. – Falei respirando fundo.

- Um dia você vai gostar de mim assim como gosta do Cristiano?

- Eu já disse que eu não gosto dele... ou melhor, não disse nada... merda! – Senti a mão de David indo para a minha nuca e ele distribuindo beijos bem de leve em meu pescoço.

- Então se você não gosta dele, pode começar a gostar de mim mais do que você gosta dos meninos da republica? – David disse, sua voz estava alterada, minhas unhas estavam fincadas em minhas coxas já que eu estava me segurando pra não fazer algo que me arrependeria mais tarde.

David viu que eu estava começando a ceder e começou a dar chupões em meu pescoço e beijos no meu maxilar, peguei toda a força que me restava no momento e o empurrei e sai da cama.

Meu coração estava acelerado, eu não poderia negar, David mexia comigo, mexia não, abalava minhas estruturas só com aquela voz.

- David, não podemos fazer isso... quer dizer, eu não quero fazer isso, eu estou confusa, eu só quero ir comer alguma coisa e ir dormir pra não chegar no meu primeiro dia de aula parecendo um zumbi.

Ele assentiu.

- Okay, se prefere assim... vou esperar você o tempo que for necessário – Ele se colocou em minha frente e pegou minhas mãos – Porque eu vejo que você vale a pena esperar e não importa quem eu tenha que enfrentar pra conseguir seu amor.

David beijou minhas mãos pra logo após beijar minha testa e sair do quarto.

Acho que eu tenho mel porque não é possível ou as meninas dessa faculdade viraram homossexuais pra esses meninos estarem tudo necessitados de “afeto” e calor feminino.

Comecei a rir do meu pensamento e me joguei na cama, pensando no quanto David tinha me deixando quente.

__

Já era sete horas da noite, havia ligado pros meus pais pra dizer como tudo estava ocorrendo, omitindo a parte do “Mamãe, acho que tem três caras delicias atrás de mim e eu estou confusa”, assim que desliguei o telefone, Daniel me chamou pra jantar.

Desci as escadas e só estava Oscar e Daniel postos a mesa.

- Cadê os outros meninos? – Perguntei enquanto escolhia mentalmente a cadeira mais longe possível de Oscar.

- Foram dar um rolé na academia pra descarregar as energias. – Daniel disse enquanto colocava um pouco de macarronada no prato que eu segurava.

- Parece delicioso, Dan. – Comentei e ele piscou.

Oscar permanecia o tempo todo em silencio, revirando a comida no prato, sua afeição era triste a ponto de chorar, em meio segundo eu senti pena dele, mas logo esse sentimento se transformou em raiva por me fazer lembrar das palavras ditas por ele hoje de manhã.

Um pagode começou a tocar, Daniel saiu correndo pra sala e pelo visto, era o telefone dele.

Continuei a comer, eu não queria falar com o Oscar, mas sentia seu olhar queimando sobre mim.

- Galera, vou ter que dar uma saída rápida, por favor, não se matem. – Daniel deixou um beijo em minha festa e uns tapinhas no ombro de Oscar.

Terminei de comer e fui levar meu prato pra cozinha, vi que tinha uma pequena louça e achei melhor lavar, já que eu não tinha feito nada desde que cheguei.

Comecei a ensaboar os pratos e talheres até sentir um corpo colar no meu.

- Você tem o poder de ser sexy até quando lava a louça. – Era Oscar falando em meu ouvido, ele passou os braços por minha cintura e deixou suas coisas na pia, bufei com a cantada barata e continuei com o meu serviço. – Quer ajuda?

- Quero que você saia de perto de mim. – Falei enquanto lavava as coisas e colocava no escorredor.

- E você fica ainda mais sexy quando está brava. – Ele apertou ainda mais, me “espremendo” na pia.

Outras duas coisas pra colocar na lista “sobre coisas que eu sei sobre Oscar”: ele consegue ser sarcástico e persistente quando quer.

Coloquei minhas mãos na pia enquanto sentia os apertões e os beijos em meu pescoço, conforme ele me prensava contra a pia eu conseguia sentir o quanto ele estava “animado”.

- Desde quando você entrou por aquela porta, eu fico duro só de pensar em você. – Ele gemeu – Você não sabe o quanto eu te desejo, Lau, o quanto eu quero fazer você gemer meu nome, o quanto eu desejo me enterrar em você até não aguentar mais, eu quero ouvir você gemer enquanto eu estiver estocando bem devagarzinho, quero ouvir você pedindo por mais.

- Oscar... por favor... – Merda, aquilo estava acabando com todos os pensamentos coerentes.

- Por favor o que, meu amor? – Ele me virou e logo me prensou com o seu corpo – Pode falar.

Sua mãos foram para minha nuca e minhas mãos tentava empurra-lo,

Eu tinha que pensar rápido, eu não quero cometer nenhuma besteira, não queria ser fraca e realizar todos os desejos de Oscar.

Como no fim do túnel sempre tem uma luz, lembrei da piada interna de hoje mais cedo e coloquei em prática.

- Eu sou lésbica, Oscar.