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História Eles podem se realizar - O diário - parte 3 - História escrita por MisakoAran - Spirit Fanfics e Histórias
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História Eles podem se realizar - O diário - parte 3


Escrita por: MisakoAran

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 11 - O diário - parte 3


 24 DE JULHO DE 1950

Faz quase um mês que eu não escrevo nada aqui, isso porque foi o pior mês da minha vida.

Uns dias depois do fim das aulas, meu pai marcou um encontro forçado entre mim e o meu noivo. O estrupício até se arrumou pra me ver, me trouxe flores, mas nem que ele chegasse banhado a ouro ia me fazer gostar dele.

Ele disse que me levaria pra tomar um sorvete e me ofereceu carona na sua bicicleta e eu, na condição que estou, não tinha como recusar e apenas fui.

O cara foi tagarelando enquanto pedalava, me disse o nome dele (que eu até já esqueci), das obras que ia fazer na nossa futura casa e quantos filhos queria ter.

Isso é até onde eu lembro. Depois disso, acordei numa cama de hospital com muita dor de cabeça e no corpo todo. Logo depois um médico veio falar comigo.

– Então você finalmente acordou. Já falei com seus pais mas agora que está consciente vou te dar a notícia: você foi atropelada por um trem.

Eu fiquei em choque, mas a pior ainda estava por vir.

Apesar de ter batido a cabeça, seu cérebro está intacto e você não corre risco de morrer. No entanto, tivemos que amputar sua perna.

Olhei para baixo e vi que minha perna direita não estava mais ali. Eu, que sempre sou dura como uma pedra, chorei.

O médico também me informou que eu ainda teria que ficar mais alguns dias no hospital, só pra ter certeza de que estava tudo bem, como se pudesse ficar pior. Minha mãe me visitou, embora tenha falado muito pouco, eu também não estava a fim de conversa então tanto faz. Já o meu pai nem isso fez e também não faço questão de ver ele.

Uma visita inesperada que recebi foi da Misuku. Fiquei feliz em vê-la, mesmo eu querendo, lá no fundo, que fosse a Catharina.

– E aí – ela falou – Não sei consolar pessoas e também não vou dizer que sei como você se sente porque seria mentira, mas estou aqui e se tiver algo que eu possa fazer é só pedir.

– Valeu! – eu gosto da sinceridade da Misuku, ela é uma boa amiga, mesmo tendo a delicadeza de um elefante. Não que eu seja tão diferente...

– Queria te fazer uma pergunta: você fez algum pedido pro urso falante?

– Não, eu não o vi depois daquele dia que fizemos a invocação.

– Então foi impressão minha... Ele falou para tomar cuidado com os desejos, fiquei pensando que a cada desejo, alguma coisa ruim acontece. Sabe a Yooko?

– Claro.

– Ela morreu.

– Caramba, o que houve?

– O namorado maravilhoso matou ela numa crise de ciúmes, foram várias facadas. Ele está foragido, mas duvido muito que a polícia se esforce para encontrá-lo.

– A sorte não tem sorrido pra nós…

– Verdade. Também tenho que te contar outra coisa, o urso falante do demônio apareceu pra mim e se ofereceu para realizar o meu pedido. E, bem, já que eu tenho que fazer um pedido, fiz logo.

– Ah é? E o que você pediu?

– Segredo! Se ele vai se realizar e se eu vou morrer depois, em breve saberemos – ela riu, acho que se nervoso – Bom, estou indo nessa, quando você voltar pra casa eu te visito de novo.

– Tá, obrigada!

No dia seguinte eu tive alta do hospital e fui para casa. E como é difícil andar pelas ruas sem uma perna, mesmo com a ajuda dos meus pais, pelo menos no dia de ir pra casa meu pai apareceu pra me ajudar.

Mas o que eu quero contar aconteceu dias depois, hoje mais cedo pra ser exata. O seu Akira do peixe, pai do meu "noivo", veio até minha casa e o meu pai puxou o saco dele como sempre. Pelo menos até ele começar a falar.

– Então, veio conversar sobre o casamento?

– Mais ou menos isso – falou o homem – Na verdade, não vai haver casamento.

– Como assim? Por acaso quer adiar?

– Não, vim pra cancelar mesmo. O noivado está desfeito.

– Cê bebeu? – meu pai gritou – pelo menos me explica o porquê disso.

– Não posso deixar meu filho casar com uma aleijada.

– Só que era ele quem tava pilotando a bicicleta, o acidente foi culpa dele!

– Ou do maquinista do trem que atropelo eles, vai saber…

– Ele não pode fugir do compromisso.

– Na verdade pode, se ele tivesse desonrado a sua filha você teria o direito de cobrar reparação, mas sabemos que isso não aconteceu. Ele até queria manter o casamento, mas eu vou procurar uma noiva mais apropriada.

– Sai daqui antes que eu te dê uma facada!

Ele foi embora. Eu estava no quarto deitada, como sempre depois do acidente, mas ouvi tudo. Fiquei pensando… será que foi o desejo da Catharina que se realizou? As peças parecem se encaixar, a Yooko pediu um namorado e conseguiu, mas ele era um escroto da pior espécie e matou ela. A Catharina pediu pra eu não ter que casar, mas o casamento foi cancelado porque eu perdi uma perna. Nós invocamos um demônio, só pode ser isso...

Mas o pior veio horas depois. Meus pais entraram no meu quarto. Minha mãe estava de cabeça baixa e o meu pai segurando um pedaço de bambu.

– Isso é pra me bater? – eu perguntei, com medo – eu não fiz nada.

– Isso é pra você se apoiar e sair da minha casa – ele disse.

– Como assim?

– Estou te mandando sair da minha casa. Junte suas coisas e suma daqui! Você nunca vai conseguir um marido desse jeito e nem passar naquela peste de prova que sua mãe inventou você conseguiu. Não vou ficar sustentando um peso morto pro resto da vida.

Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo.

– Mãe, você vai deixar isso?

– Eu tentei argumentar mas teve jeito…

– Você vai sair por conta própria ou vou ter que te arrastar?

Ele estava bastante agressivo e eu percebi que teria mesmo que sair. Me apoiei no bambu, juntei algumas roupas, meu diário e um lápis, e então saí. Não tinha pra onde ir e nenhum dinheiro, e nesse momento, só um nome me vinha na cabeça: Catharina. Se alguém podia me ajudar, seria ela.

Nesse momento estou na estação do trem pedindo dinheiro pra pagar a passagem, mas até agora não consegui. Agora sentei e estou procurando consolo escrevendo nesse diário.

 

25 DE JULHO DE 1950

Passei a noite passada na porta da estação. De manhã, uma velhinha pagou a passagem pra mim e eu parti rumo à casa da Catharina.

Toquei a campainha e a empregada foi quem atendeu.

– Não tem pão duro não – ela já veio querendo me expulsar.

– Não é isso. Sou amiga da Catharina, quero falar com ela.

A mulher me olhou de cima em baixo, fixando o olhar na minha não perna.

– Ah eu lembrei de você, é uma das colegas de escola dela não é? É que você está… diferente. Qual é o seu nome?

– Saori.

– Vou chamá-la, só um minuto.

A mulher entrou e, pouco depois, a Catharina veio correndo.

– Saori, não esperava essa surpresa…

Assim que ela me viu, sua expressão mudou de felicidade para espanto.

– Eu tô tão mal assim? _ tentei amenizar.

– Vamos entrar e me conta o que aconteceu

Fui com ela, que me ajudou a andar. Lá dentro, contei tudo o que aconteceu, desde o acidente até a expulsão de casa.

– É tudo culpa minha – ela disse chorando – fui eu quem pedi pra você não ter que casar com aquele sujeito.

– Não temos certeza se o acidente foi por causa do desejo e, mesmo se foi, você não tinha como saber o que ia acontecer.

– Eu tenho certeza que foi... mas eu vou te compensar, do que você precisa agora? Farei o que eu puder por você.

– Primeiro quero comida, não como nada desde ontem. Depois um lugar pra ficar, eu lembro que falou que seu pai conhece pessoas, que se você pedisse ele me ajudaria…

– É pra já!

Ela saiu e logo voltou com um bolo, que devorei em segundos.

– Meu pai está trabalhando, mas vou falar com a minha mãe. Já volto!

Ela estava demorando a voltar, me deixando preocupada. Finalmente alguém veio, era a mãe da Catharina, sozinha.

– A Cathy me contou o que aconteceu… é desumano o que seus pais fizeram.

Fiquei calada de cabeça baixa. Não sei porque, mas estava envergonhada com essa situação.

– Essa casa é grande e a Efigênia está sozinha, seria bom ter alguém pra ajudar no serviço doméstico. Você consegue fazer isso… nessa condição? – ela olhou pra minha perna.

– Claro, começo agora se a senhora quiser!

– Perfeito! Você vai dormir no quarto de empregados e temos comida a vontade, também vou te pagar um salário, não é muito mas dá pra pagar suas despesas pessoais.

– Muito obrigada dona mãe da Catharina!

– E por falar nela, mesmo sendo amiga da minha filha, não esqueça que você é uma empregada. Nada de conversa ou brincadeiras no horário do trabalho e quando tivermos visitas, seja invisível. A Efigênia te ensinará tudo o que precisa fazer. Ela também te conseguirá um uniforme, também vou pedir para comprar uma bengala, não tem como ficar andando com esse toco de bambu.

– Sim senhora!

Eu sei me portar com pessoas em posição acima da minha. Fiquei aliviada, tendo um teto e comida, o que vier é lucro.

 

23 DE AGOSTO DE 1950

Estou há quase um mês trabalhando e morando aqui. Estou me acostumando a andar de muleta, já ando e faço o meu trabalho rapidinho, não se surpreenda se eu voltar a subir em árvores.

Mas o melhor dia da semana é domingo. É quando a Catharina está em casa e eu fico sozinha no quarto das empregadas, já que é a folga da dona Efigênia e ela vai ver a família. É quando podemos ficar juntas, geralmente ao anoitecer ela vem no meu quarto ou eu no dela e ficamos conversando até tarde.

Ontem aconteceu uma coisa estranha. Ela estava no meu quarto, deitada no meu colo e falando sobre a escola nova, até aí normal, ela sempre fala sobre isso desde que as aulas na escola nova começaram. Sei que isso tá confuso então vou começar do começo.

– Lembra que eu sempre tirava as maiores notas da escola? Agora não é mais assim… – ela disse.

– Que chato, quer que eu te ajude a ajudar?

Ela riu. Por mais que a risada dela seja linda, me senti ofendida.

– A matéria lá é muito puxada, você não tem noção! Além disso eu sei que nunca vou tirar nota maior do que a Shizuru, ela estuda em escolas de elite desde os três anos de idade, sem contar que ela é ótima nos esportes e está no clube de teatro!

– É eu sei, toda semana você fala isso. É Shizuru isso, Shizuru aquilo...

Eu amarrei a cara e não falei mais nada.

_ Você está ciúme?

Ela deu um sorriso sarcástico. Que ódio!

– É claro que tô com ciúme! A garota é rica, inteligente, talentosa e você vive falando dela!

– Você é mil vezes mais bonita do que ela.

Fiquei muda e vermelha de vergonha. Eu não costumo ficar sem palavras, mas a Catharina conseguiu. Mas ainda não foi a parte mais esquisita, logo depois ela veio até mim e deu um beijo no meu rosto, mas chegou tão perto da minha boca que meu corpo ficou quente que parecia que estava com febre. E ela me olhava com aqueles olhos azuis e expressivos…

– Estou indo dormir, amanhã tenho que acordar cedo. Até domingo que vem!

Ela saiu e eu continuei paralisada. Essa escola nova mudou ela, que era tão tímida. Ou será que agora ela está mais à vontade comigo? E… diário, tenho que confessar que fiquei imaginando como seria se o beijo tivesse sido na boca. Sei que namorados fazem isso, nunca soube de garotas beijarem outras garotas, mas isso não sai da minha cabeça. Quer saber, vou tomar um banho bem frio e ir dormir, melhor do que ficar pensando besteira.

 

25 DE AGOSTO DE 1950

Finalmente aconteceu! A coisa que eu e as outras meninas invocamos apareceu pra mim. Isso foi poucos minutos atrás.

Já era tarde e todos já haviam dormido. Eu estava sem sono e fui dar uma volta pelo jardim, quando ouvi alguém falar.

– Boa noite senhorita.

Fui ver quem estava falando comigo, era o tal urso de pelúcia.

– Boa noite… qual é o seu nome mesmo?

– Pode me chamar de Incubator. É raro alguém não se assustar com a minha presença.

– Você apareceu pra Catharina e depois pra Misuku, alguma hora ia aparecer pra mim. Você demorou hein.

– Sou uma entidade ocupada. Imagino que já tenha pensado no seu desejo, vai querer que eu cure sua perna, não é?

– Nada disso. Eu quero ser rica!

Você tinha que ver a cara de espanto dele. Continuei

– Se eu pedir para devolver minha perna, tu vai dar um jeito de tirar meus olhos. Sendo rica, o que quer que você tire de mim, vou dar um jeito de comprar de volta.

– Entendo. Será concedido!

Ele sumiu. Voltei para o quarto, vim escrever e agora vou dormir, esperando acordar um um saco de ouro no meu colo, e seja o que os deuses ou os demônios quiserem.

Mami fechou o diário e sorriu, lembrando da amorosa avó.

– Eu pensei que a minha vó usasse bengala por causa da idade… Com o dinheiro que ganhou, deve ter comprado uma ótima prótese. Mas… qual terá sido o custo? O Kyubey, ou melhor, o Incubator, deu a entender que ela conseguiu fazer um pedido sem uma consequência ruim, mas esse pedido não pareceu ser uma jogada de mestre. Vou continuar lendo, deve ter alguma explicação.


Notas Finais


Ai ai, que vontade de fazer a avó da Mami e a amiga se pegarem ali mesmo... Mas tive que lembrar que isso foi em 1950, se sexo hétero já era um tabu nessa época, imagina entre duas garotas!
Minha intensão era esse ser o último capítulo sobre o diário, mas eu só quero botar um "eita" por capítulo! Ou seja, tem mais voadora vindo por aí.
Obrigada e nos vemos em breve!


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