– Acorda, hoje temos um dia cheio!
Madoka acordou com sua mãe a chamando.
– Estou atrasada pra escola? – a garota perguntou, ainda sonolenta.
– Hoje combinamos de sair juntas, esqueceu? Se arruma, marquei salão pra nós duas às nove.
Madoka tomou seu café, se arrumou e as duas saíram. Elas ficaram a manhã toda cuidando dos cabelos e unhas e foram almoçar em um restaurante em seguida.
– Então Madoka, vai querer ver qual filme? _ perguntou Junko, enquanto as duas comiam.
– Queria fazer outra coisa, se não se importa…
– Sem problemas, o que você quer fazer?
– Eu queria ir no hospital que está a Kyoko. Mesmo que não me deixem vê-la, queria pelo menos saber como ela está.
– Você sabe onde fica?
– Sim, eu fui lá com o meu pai outro dia.
– Então me mostra o caminho que eu te levo lá.
Elas foram até o hospital, que não ficava muito longe dali. Lá, Junko foi até um balcão de informações enquanto Madoka esperava sentada em um banco. Enfim, a mãe foi até ela.
– Autorizaram você vê-la, mas ainda falta uma hora para o horário de visitas.
– Tudo bem, eu espero. Pode ir embora se quiser, eu volto pra casa de metrô.
– Entendo, você quer falar com ela a sós – Junko sorriu – mas não volte tarde hein.
– Antes de anoitecer estarei em casa, prometo.
As duas se despediram e Junko foi embora. No tempo de espera, Madoka pegou o seu celular e ficou vendo os contatos. Sabia que nem Homura nem a Kyoko atenderiam, então mandou uma mensagem para Mami.
Madoka: “Ontem eu fiz o desejo. Não foi o pedido que combinamos, me desculpe, mas pelo menos ninguém mais vai se machucar.”
Meia hora depois, chegou a resposta.
Mami “Oi Madoka, estou na escola mas pedi pra vir no banheiro pra te responder. Eu quem devo pedir desculpa, fui uma babaca ontém. Você não veio pra escola hoje, está tudo bem?”
Madoka: “Estou, só vim fazer umas coisas com a minha mãe. Agora estou no hospital onde a Kyoko está internada, vou poder vê-la daqui a pouco”
Mami: “Ótimo. Podemos nos ver mais tarde? Queria que você me falasse como a Kyoko está e também sobre o seu desejo, pessoalmente se possível”.
Madoka: “Não sei… depois de ver a Kyoko eu vou na casa da Homura de novo, to pensando em ficar perto da casa dela esperando ela chegar da escola.”
Mami: “Posso te encontrar lá?”
Madoka: “Claro!”
Mami: “Obrigada, quando eu sair da escola vou correndo pra lá.”
Logo depois uma enfermeira chamou a Madoka. Ela foi conduzida até um quarto, onde pode ver sua amiga sentada no leito.
– Oi, como você está? – perguntou Madoka.
– Bem, eu acho. Ontem o médico me falou que deve me dar alta no fim de semana se eu prometer continuar tomando os remédios.
– Que ótimo!
– Acho que sim, mas é meio estranho também. Tomando esses troços eu não consigo sentir raiva, podem cagar na minha cabeça que eu continuo zen.
– Tenho certeza de que vai ser só por um tempo.
– Pra mim tanto faz.
Era estranho ouvir a Kyoko falar de uma maneira tão conformista, mas o importante é que ela sairia do hospital em breve. Madoka continuou.
– Posso perguntar uma coisa?
– Pergunta.
– Você fez o desejo pro Kyubey?
– Nossa, então ele existe mesmo, cheguei a pensar que era um delírio da minha cabeça. Pelo que eu lembre eu fiz, pedi pra ele ir pro inferno. Depois disso só lembro de ter acordado aqui no hospital.
Madoka percebeu que a Kyoko não lembrava de quando subiu no telhado da escola e achou melhor não comentar nada.
_ Eu também fiz o meu pedido, pedi pra eu ser a única a sofrer a consequência do meu desejo.
– Se eu não estivesse medicada eu te dava um soco! Você vai se ferrar toda e ainda por cima não vai ganhar nada.
– É, eu devo ser uma idiota mesmo – Madoka deu um pequeno sorriso – mas fico feliz em saber que mais ninguém vai se machucar por minha causa.
– Não sei se isso é possível mas já está feito.
Elas conversaram mais um pouco sobre outros assuntos, até terminar o horário de visitas.
– Valeu por vir me ver – Kyoko agradeceu.
– De nada! Quando você tiver alta me avisa, se eu ainda estiver viva eu faço um bolo pra você.
– Combinado!
Madoka deixou o hospital e partiu para a casa da Homura.
*****
Homura estava sentada no sofá da sua casa, vestindo o uniforme da sua nova escola. Estava sem óculos e com cabelos soltos, diferente das tranças que costumava usar. Sua mãe estava em pé na sua frente e muito zangada.
– Você ficou maluca? – a mãe ralhou – Respondeu mal o professor e depois tentou pular o muro e fugir da escola? E onde estão seus óculos?
– Perdi – a filha respondeu de forma seca.
– Sabia que eu tive que implorar pra você não ser expulsa?
– Tanto faz.
– Se continuar desse jeito eu vou…
– Não tem mais nada pra tirar de mim – Homura interrompeu.
Na verdade, sempre há o que ser retirado, mas a mãe apenas mandou a garota ficar no quarto, que foi sem dizer nada.
Homura deitou na cama e ficou olhando para o teto, sentindo uma mistura de raiva e tristeza.
– Só queria saber como as meninas estão… Será que a Kyoko ficou bem? A Mami conseguiu alguma forma de fazer o desejo sem que nada de ruim aconteça? E a Madoka... só ouvir a voz dela já me deixaria feliz.
Homura foi até a janela apenas para ver um pouco da rua. Seu quarto fica no segundo andar da sua casa e dá uma boa visão da rua, algo que geralmente a acalma. Após algum tempo, ela viu uma garota de cabelos rosas virando a esquina.
– Será que eu estou imaginando coisas?
Homura forçou os olhos, tendo certa dificuldade em enxergar por estar sem óculos, mas quando a garota de cabelos rosas chegou mais perto, teve certeza de que se tratava da Madoka.
– É ela! Mas minha mãe não vai me deixar sair, o que eu faço?
Homura olhou pela janela. Calculou que seria uns cinco metros de queda e que valia o risco, então prendeu a respiração e pulou. Foi para a rua mancando, mas determinada a encontrar com a Madoka.
Ao chegar mais perto, ela começou a chamar pela amiga.
– Madoka! – ela gritava.
Finalmente, Madoka a viu, deu um grande sorriso e atravessou a rua para encontrá-la. Quando estava atravessando, um carro em alta velocidade a atropelou.
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