Não sei ao certo quanto tempo eu fiquei olhando com cara de espanto para elas na sala de reunião, mas eu estava gelada e segurando a respiração para não surtar lá dentro.
-"E aí, o que me diz?" - naquele momento eu queria sumir.
-”Mas, em nome do que é mais sagrado, por que eu?! A Copa nem vai ser no Reino Unido, por que o nosso Ministério estará envolvido então?! Não é o seu Departamento que deve cuidar disso Angie?!” - comecei a gaguejar desesperadamente, sentia meu coração na boca e a adrenalina em todo o corpo.
-"Calma, respira Mione! Por que você está surtando? Pensei que você fosse ficar feliz, é uma oportunidade única! Agora, respondendo às suas perguntas... Escolhemos você, pois é a bruxa mais inteligente e dedicada que eu conheço, nosso Ministério se envolveu, pois é a primeira vez que a Bulgária sedia uma Copa Mundial e eles estarão jogando contra nós, não podemos oferecer nada menos do que algo espetacular! E o meu Departamento sozinho não dá conta do tamanho desse evento! Você coordenará todos os bruxos do Departamento de Execução de Magia Búlgaro e eles farão conforme for designado. Mione, nós precisamos muito de você para que esse evento aconteça, por favor!".
-"Por que não a Sra. Bonnes? Ela é muito mais experiente que eu!".
-"Minha querida Srta. Granger, eu já estou muito cansada pra esse tipo de responsabilidade. Eu mesma indiquei você, porque assim que essa Copa Mundial acabar, eu vou me aposentar. E faço aqui uma promessa, se você se sair bem nesse Projeto, a Chefia de todo o Departamento de Leis e Execução de Magia, é sua!"
BINGO! A Sra. Bones sempre soube meu ponto fraco, estava na cara que eu não poderia recusar essa oferta. Respirei profundamente de olhos fechados pensando nos prós e contras dessa oferta durante uns bons 5 minutos.
-"Está bem, eu aceito! Vai me passar as instruções quando?".
-“Vai ser a melhor Copa Mundial da história bruxa!” – Angie gritou pendurada em meu pescoço. –“As instruções vão chegar hoje na sua sala do Departamento, mas você parte em cinco dias!".
Ela só podia estar brincando... Cinco dias? Eu tenho cinco dias pra arrumar tudo que eu preciso pra ficar lá até uns dias depois da final da Copa, tenho cinco dias pra avisar meus pais, tenho cinco dias pra conseguir me acalmar e aceitar os fatos e o pior de tudo tenho apenas cinco dias pra dar essa notícia para Ronald Bilius Weasley.
Voltei correndo pra minha sala tentando organizar minha mente, sentei em minha cadeira apoiando minha cabeça nas mãos. Enquanto minha consciência berrava:
-“Hermione, pelo amor de Merlin, por que você está tão nervosa desse jeito? É a grande oportunidade da sua vida, ser Chefe desse Departamento é tudo o que você mais almejou como emprego e se você provar o seu valor na organização dessa Copa Mundial, o cargo é seu!".
Então parei um pouco pra refletir... Eu não tenho insegurança quanto a provar o meu valor, eu sei que eu sou capaz, deixando um pouco a humildade de lado, eu sou a melhor nesse Departamento, eu estudo muito até hoje pra manter um alto nível! Ter êxito nessa tarefa não é o que me preocupa. Então por que tanto drama?
Passou algum tempo entre os flashes de lembranças dos olhos castanhos que me seguem há anos durante os meus sonhos, pra eu perceber que essa minha crise de pânico tem nome e sobrenome: Viktor Krum.
Fiquei tão nervosa com a conclusão que comecei a rir e chorar ao mesmo tempo até me faltar o ar e quando percebi, já estava sentada no chão da minha sala sem fôlego só de perceber o efeito que um provável e inevitável encontro com Viktor estava me causando, tive uma crise de pânico só de pensar nessa hipótese e ao mesmo tempo me senti culpada de estar sentindo isso... Depois de tanto tempo com o Ron.
-"Srta. Granger chegou um pergaminho de instrução do 7º nível... Srta. ?".
-"Aqui no chão, atrás da mesa Sophie!" - ela veio até mim me olhando com curiosidade e preocupação -"Estou cansada, é só... muito obrigada pelo pergaminho.".
-"Tem certeza que está bem mesmo? Você parece bem maluca agora... com o perdão da palavra Srta." - acho que Sophie mais uma vez me definiu perfeitamente, eu estava surtada, assenti com a cabeça e ela se foi.
-"Preciso urgentemente conversar com alguém!" - me levantei agarrando o pergaminho sobre a mesa e rabiscando um bilhete para a pessoa mais indicada nessas situações "Ginny, preciso de você meio urgente, pode vir até a minha sala no Ministério? Mione."
Mal se passaram 10 minutos que o bilhete foi encaminhado e Ginevra Molly Weasley entrou afobada no escritório.
-”O QUE TÁ ACONTECENDO AMIGA? Quando você disse urgente eu quase enfartei e vim correndo via flu.” - eu devia estar com cara de choro, pois ela me abraçou de maneira sufocante.
Resolvi contar tudo desde ontem, tudo mesmo. Desde minha relação com Ron, o beijo, a valsa do Baile de Inverno, Krum, a maneira como ele deixou a casa, a discussão, até a notícia bombástica da minha ida à Bulgária. Nunca escondi nada da Gina e agora não seria diferente e ela ouviu pacientemente sem me interromper, até o final.
-"E então Gina... fala alguma coisa!" - ela respirou bem fundo e disse:
-"Ainda bem que você não recusou, senão eu seria obrigada a dar na sua cara, pela cueca rosa de Merlin, juro que faria isso!" - e riu -"Mione, o que você fez foi o correto e você sabe que é capaz de fazer aconteceu um evento tão grandioso quanto a Copa Mundial! Mas, confesso que eu nem fazia ideia que o Krum ainda mexia tanto com você, faz tanto tempo que não fala dele, não trocam mais cartas..."
-"Acho que nem eu sei ao certo o efeito que ele causa em mim Gina, nunca imaginei que eu fosse reagir desse jeito, que eu fosse surtar dessa maneira! Eu confesso que eu nunca esqueci dele por completo, ele sempre foi muito querido, foi meu primeiro beijo, e toda vez que eu penso nesses beijos é como se eu os tivesse recebido ontem mesmo..."
Parecia que eu tinha acabado de confessar um crime, mas me senti aliviada por poder compartilhar a angústia.
-"Você está confusa, é compreensível. Amiga, honestamente... você ama o Ron?".
-"Claro que sim! Nunca o magoaria, tudo o que vivemos e enfrentamos juntos, salvamos a vida um do outro diversas vezes e ele me conhece tão bem." - ela me interrompeu com um olhar compreensivo no rosto.
-"Você me respondeu exatamente do mesmo jeito semana passada quando disse o quanto Harry era importante na sua vida." - aquilo foi um choque de realidade pra mim -"Você o ama como seu melhor amigo com uns benefícios extras, só acho que vocês se acostumaram com essa situação e agora que essa notícia veio e te tirou da calmaria, você não sabe como reagir! Percebe?".
Ela tinha razão em cada palavra, e com essa compreensão eu desabei a chorar em seu ombro, chorei de soluçar durante um bom tempo até cansar.
-"Mas ele me ama, não ama Gina, como eu vou magoá-lo dessa maneira?! E eu nem sei se o que eu sinto pelo Krum não passa de lembranças adolescentes exageradas, uma fantasia!".
-"Claro que ele te ama! Só não sei de qual maneira... o Ron é muito difícil de lidar, é genioso e muito possessivo... provavelmente ele irá te odiar momentaneamente, mas ele te ama acima de tudo como amiga e esse sentimento prevalece sempre! Meu conselho é: Coloque sua felicidade à frente de vez em quando... você pensa demais nos outros e fica sempre de escanteio. Seja feliz!”.
Demorei-me um tempo olhando naqueles olhos que pareciam piscina azuis, um céu de honestidade e bondade... Tão parecidos com os de Ron.
-“Ginny, eu não sei absolutamente mais nada sobre o Viktor. Eu nunca mais procurei saber dele, muito pelo contrário, eu quis esquecê-lo todos os santos dias da minha vida e seguir em frente. Uma hora dessas ele deve estar casado com uma bela mulher e com lindos filhos em seu colo...” – pensar nessa possibilidade de ele estar tão feliz e eu tão miserável me fez sentir uma cólera imensa.
-“Mione, como você mesmo disse, você não sabe! E se ele estiver solteiro? E se...”.
Aquela conversa estava passando dos limites da minha razão, eu nunca fui tão sensível assim, eu devia estar feliz se realmente o Viktor tem uma família agora, não com raiva! Eu estava me tornando um pequeno monstro de cólera, e isso não era bom.
-“E se mais nada Ginny! Quer saber? Eu fiz a maior burrada da minha vida não ter ido passar o Natal na Bulgária no quarto ano, mas já foi, virou passado. Eu sou adulta agora, sou uma profissional, e sou muito competente no que faço! Eu vou pra Bulgária, mas eu vou única e exclusivamente focada no trabalho, chega de sofrer por Viktor ou Ron, ou quem quer que seja.”.
Ginny me olhava assustada com o meu rompante de confiança.
-“Eu vou fazer acontecer a melhor Copa do Mundo de Quadribol, e vou pegar a minha tão sonhada promoção do Ministério!”.
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