CAPÍTULO QUATRO
NINGUÉM
Ela sentiu mãos pequenas envolvendo-a, puxando-a para cima. Mas Sakura mal conseguiu reagir, completamente paralisada enquanto observava o lugar onde a sua alma gêmea havia sumido.
A sua alma gêmea.
Ele estava bem aqui.
A sua mente parecia estar entrando em um colapso, tentando entender o que aconteceu nos últimos vinte minutos.
Ela mal ouviu a voz de Sasuke, reparando no menino apenas quando ele começou a chacoalhar o seu corpo agressivamente.
– Sakura, você consegue se mexer? Por Kaguya, deveríamos ir no hospital. Não, deve estar lotado. Deveríamos ir ao complexo. Minha tia mora do nosso lado, ela é uma ninja médica e...
Ambos ouviram o barulho de algo explodindo.
Sakura saiu do seu estado de choque a força, ouvindo o barulho de inúmeros gritos ecoando pela vila como se fossem músicas em um alto-falante. Por trás das árvores, os dois viram a imagem do quarto Hokage despencando do morro, caindo bem em cima do escritório do terceiro.
Eles estavam destruindo a vila.
– Nós não podemos ficar aqui. – a voz de Sakura estava seca, a garganta doendo. – O centro da vila é o epicentro dos ataques. Nós temos que nos afastar o máximo possível.
– Eu sei. – o garoto sussurrou, passando a mão pela sua cintura, tentando erguê-la com toda a força do seu corpo. – Vamos para o complexo. Eu vou dar o meu melhor para chegarmos o mais rápido possí...
E então, Sasuke parecia paralisado enquanto observava algo em sua pele.
A Haruno percebeu muito tarde que o seu kimono havia rasgado, uma fenda se abrindo para mostrar diversos nomes desde o seu ombro até o seu braço, as marcas parecendo brilhar.
Ela se moveu, escondendo as letras com o que restou do tecido. Ninguém nunca havia visto aqueles nomes além dos seus pais e Meri, e todos os três não reagiram bem. Sakura não queria ver aquele olhar no rosto de Sasuke também.
A menina começou a andar, suas pernas tremendo e ficando mais bambas a cada passo.
– O que você está fazendo? – o Uchiha gritou, tentando passar o braço por ela novamente. Mas Sakura percebeu que ele hesitou, não encostando nos nomes. – Você não pode caminhar desse jeito.
– Eu não sou uma boneca de porcelana. – ela grunhiu, batendo os dentes um no outro. – Se você vai me tratar diferente só por causa de alguns nomes, me deixe sozinha.
– O quê? – a mão dele pousou em seu ombro daquela vez, virando-a para trás. – Eu não estou te dando tratamento especial por causa das pessoas que o... Que a sua alma gêmea matou! Você está ferida, e eu não pude fazer nada para tentar ajudar. Então, você merece pelo menos um ombro para se apoiar enquanto andamos pela vila, não é?
Os olhos verdes se abriram levemente em surpresa. Sakura soltou a manga do seu kimono, deixando-o cair em volta do seu corpo novamente.
O garoto se abaixou para deixá-la passar os braços pelos seus ombros, começando a caminhar rapidamente pela floresta.
– Não seja boba Sakura, umas marquinhas não vão te dar tratamento especial.
Ela relaxou, seu corpo se tornando menos tenso. – Obrigada.
A marca de alma gêmea ainda doía, escrita como se a espada dele tivesse deslizado pela sua pele. Sakura observou todos os lados de Konoha, esperando que a figura voltasse a qualquer momento.
O ANBU não lhe considerou como nada além de mais uma vida para salvar no meio daquela batalha. E a constatação disso lhe fez querer vomitar, seu coração doendo como se tivesse mãos invisíveis lhe apertando.
Ela fraquejou, sua visão ficando mais escura. Suas costelas doíam como se tivessem completamente fraturadas.
– Nós vamos chegar logo. – Sasuke sussurrou, notando o seu estado. – Tente se manter sã, Sakura.
– Ele era bem alto, não era?
O Uchiha não parecia confuso com a sua pergunta. Mas se estivesse mais consciente, teria notado imediatamente a maneira como ele hesitou, os olhos se franzindo.
– Sim.
– Matou Hen bem facilmente. – Sakura sorriu. – Minha alma gêmea é forte.
– Acho que essa deveria ser a sua última preocupação agora.
– Ele estava usando uma máscara, não foi?
Sasuke quase parou, apertando os dedos com força. Não era o seu direito o expor, mas alguma parte disso estava sendo justa?
– Sim.
Isso explicava muita coisa.
A garota traçou as marcas de alma gêmea mentalmente, seus pensamentos voando. Ninjas ANBUS eram os mais encarregados de missões de assassinatos. Os seus rostos estavam sempre cobertos, então mesmo que seus olhos não estivessem embaçados naquela hora, Sakura não conseguiria vê-lo.
Mas sabia que seus olhos eram vermelhos.
E que seu cabelo era longo.
– Como era?
– Era uma doninha. Ou uma gato. Não consegui entender bem, Sakura. Deixe isso para outrs hora.
A Haruno o ignorou. Ela só precisaria procurá-lo mais tarde.
Quando não se sentisse tão dolorida, Sakura poderia sair pela vila buscando alguém com os olhos vermelhos, uma máscara de gato ou doninha e cabelos longos.
Ela começou a rir, o som saindo uma mistura de incredulidade e ironia. Sasuke lhe encarou como se ela fosse louca, mas a menina mal o notou, seu riso se tornando mais alto.
– Isso é tão engraçado.
– O que há com você?!
Ino estava errada. Todo mundo estava errado.
O seu primeiro encontro com a sua alma gêmea não foi mágico. Foi um inferno de um pesadelo e confusão - ela queria encontrá-lo, ela queria vê-lo, mas também queria apenas se deitar na sua cama e fingir que aquele dia nunca existiu.
– Nós chegamos. Pare de rir como uma louca.
Sakura ergueu a cabeça para cima.
O grande complexo do clã Uchiha tinha muros e portas altas, e quando a Haruno foi encaminhada para dentro, ela foi recebida por ruas vazias e com luzes quase que completamente desligadas.
Havia emblemas por todas as partes, em leques brancos e vermelho. As casas seguiam a forma minka, em um tradicionalismo que não dispensou as portas de bambu, tatames e lagos. Ela amarrou os trapos kimono, se escondendo dos olhos de uma velhinha tricotando.
– Kamo-san. – Sasuke cumprimentou. – O que aconteceu? Onde estão o resto das pessoas?
– Todos os ninjas ativos foram cuidar do ataque no centro da vila. – ela comentou calmammente. – Não quer entrar e beber um chá, Sasuke?
– Não. – ele continuou: – A tia Kyo também foi?
A idosa acenou com a cabeça.
Sasuke suspirou fortemente.
Como consertaria Sakura agora?
– Estamos indo para minha casa. Obrigada pela ajuda.
A menina suspirou em alívio quando pararam em frente a uma grande residência, localizada na parte mais funda do complexo.
Ambos tiraram desajeitadamente os sapatos antes de entrarem, as duas crianças cambaleando pelo corredor até Sasuke parar. Ele a colocou sobre uma poltrona.
Ela estava tão cansada que fechou os olhos por um punhado de tempo, mas quando os abriu, sentiu um grito se formando em sua garganta.
O medo se apossou do seu corpo quando feições duras e olhos pequenos lhe observaram. Sakura mal havia percebido que Sasuke havia sumido até estar perto de alguém tão intimidante.
– O que você está fazendo aqui? – ele perguntou. Sakura estava além de assustada. Por que Sasuke teve que abandoná-la? – Não deveria entrar na casa de estranhos.
– E-eu, é-é-é...
Fugaku sorriu, os dentes brancos parecendo quase brilhar no escuro.
– Estou brincando, criança. – um suspiro de alívio deslizou dos seus lábios, seu corpo relaxando instantaneamente. – Está muito ferida?
– U-um pouco.
– Precisa de ajuda?
Ela percebeu as semelhanças quando o homem deu alguns passos para frente, saindo da escuridão. O cabelo liso e escuro, as feições suaves, mas ao mesmo tempo firmes - isso a fez se lembrar instantaneamente de Itachi.
– O hospital foi bombardeado junto com algumas áreas do centro. A maioria dos nossos ninjas médicos estão cuidando dos feridos. Posso tentar trazer alguém para tratar você, mas vai acabar demorando. Temos muitas pessoas machucadas.
Um barulho de passos inundou a casa, Sasuke parou ao seu lado com a boca aberta. Ele parecia quase ofegante, colocando as mãos no joelho enquanto lhe observava com desespero.
– Eu não estou conseguindo encontrar o kit de primeiros socorros, e... – a criança parou quando percebeu a nova adição na cena, seus olhos se abrindo. – Papai! Pensei que estaria ajudando no centro.
– Vim saber se você tinha chegado em casa. A sua mãe me mandou. Ela está ajudando os civis a evacuarem.para áreas que não estão sendo atacados.
Sasuke suspirou em alívio ao saber que a sua mãe estava bem, mas havia coisas mais importantes agora.
– Você sabe onde está o kit de primeiros socorros? A Sakura está muito ferida, precisamos fazer alguma coisa.
– Eu posso tentar curá-la, mas você sabe que apenas o seu irm...
Uma sensação de gelar os ossos lhe percorreu de cima a baixo, cada parte dela parecendo latejar como um ímã. Sakura coçou a marca de alma gêmea em seu pulso, sentindo como se o oxigênio estivesse sumindo.
Uma figura apareceu atrás de ambos os Uchihas, tão subitamente que todos o observaram com os olhos arregalados. Sakura comprimiu os lábios, sentindo o cheiro de ferro, de chuva.
Dele.
Dizer que Itachi estava coberto de sangue parecia um eufemismo. O cabelo dele estava solto do prendedor, puxado para trás, pingando de líquido vermelho assim como os seus braços, roupas e rosto.
Seu corpo paralisou, sua boca se abrindo em horror enquanto o garoto se aproximava, deixando o tatame completamente sujo a cada passo.
– Nii-san. – Sasuke sussurrou, horrizado. – O que aconteceu?
– Tive alguns problemas. – mechas de cabelo caiu em seu rosto quando ele se aproximou, passando por ambos os Uchihas. – Você está aqui, Sakura-san.
Os olhos negros nunca pareceram tão escuros. A voz dele nunca pareceu tão viva, quase como se ele estivesse esperando que ela estivesse na casa dos Uchihas. Quase como se ele quisesse.
Seu coração se acelerou como se tivesse correndo uma maratona. Ela não havia percebido que estava em pé até ficar quase de frente para ele, seus olhos ansiosos varrendo-o de cima para baixo.
– Nii-san, o kit...
– Em cima do segundo armário.
O menino correu indo em direção a cozinha.
Sakura teve que dizer a si mesma para não correr em direção a ele. Não havia lógica naquele sentimento que se apossou do seu corpo - não havia lógica na maneira como ela se sentiu aliviada quando ele parou na sua frente, endorfina inundando as suas veias.
– Você não deveria estar em pé. – suas palavras pareciam mais para si mesmo do que para ela. A mão dele não hesitou em empurrá-la suavemente para trás, segurando suas costas para que se sentasse novamente na poltrona. – Me diga onde você foi ferida.
– Mas... E você? – ela desviou da mão dele, perdendo aquela eletricidade que sempre veio junto. – Você está cheio de sangue, deveria se curar primeiro e...
– Sakura-san. – a voz dele foi firme, os olhos negros lhe deixando completamente paralisada. – Me diga onde você foi ferida.
O Uchiha passou a mão gelada pelo seu rosto enquanto ela apontava cada área. Um miasma verde apareceu sobre a sua bochecha, bem em cima do corte da kunai. A ferida começando a cicatrizar, e Sakura sabia que não restou nenhum arranhão.
As mãos dele desceram. Uma grande bola de chackra se concentrou naquela região, começando a curar as suas costelas fraturadas.
– Como está a situação no centro da vila, Itachi? – Fugaku perguntou.
– Não é boa. Eles estão focando os seus ataques em pontos estratégicos, como o hospital e a torre Hokage. Provavelmente estão tentando destruir as partes principais da vila. – o garoto continuou: – Seria bom você voltar para lá.
– E você?
O chakra verde foi lentamente sumindo, sobrando apenas os dedos dele quase encostados no kimono. Sakura suspirou em alívio quando a dor sumiu, Itachi se afastou para olhar para o seu pai.
– Eu vou ficar.
Sakura sentiu o ambiente ficando tenso, como se tivesse algo prestes a eclodir. Ela observou a expressão do patriarca mudando quando assentiu, seus olhos demorando-se na figura rosa antes de sumir, se teletransportado para outro lugar.
Sakura conseguiu se levantar, seu corpo parecendo novo em folha. Espaço pessoal estava longe da sua mente quando se aproximou dele novamente, observando-o de cima para baixo.
– Obrigada, Itachi-san. Mas... – a garota não conseguiu conter a língua, a preocupação ardendo em suas células. – Como você acabou assim? Isso é muito sangue! Você está muito ferido? Isso tudo é seu? Você usou muito chakra para me curar? Talvez você devesse descansar um pouco e...
Suas palavras foram interrompidas quando ele passou o dedão sobre a sua bochecha. Sakura percebeu que ele estava limpando alguma coisa quando o Uchiha esfregou, deixando a área queimando.
– Desculpe. – sua voz era suave enquanto ele se afastava, observando o sangue seco em sua mão. O sangue de Hen. – Você está bem agora?
– Foram os ninjas do festival, Itachi-san? Foram eles que te deixaram assim?
– Não se preocupe comigo. – O Uchiha se afastou dela, tomando espaço o suficiente para a Haruno começar a sentir falta. – Estou bem.
A garota o seguiu quando Itachi foi para o mesmo corredor que o seu irmão. Eles pararam em uma cozinha bagunçada. Sasuke estava na ponte dos pés, tentando alcançar o kit de primeiros socorros no alto.
Itachi alcançou a caixa com facilidade, ajudando um pequeno Sasuke a voltar para o chão. O garoto pegou o objeto, colocando-o sobre a mesa.
– Você não vai voltar, não é, nii-san? – Sasuke perguntou, preocupado. Itachi negou com a cabeça, começando a limpar o seu corpo com uma toalha úmida. – Ainda bem. Você deveria descansar.
– Você também. – Itachi respondeu. – Está tarde, Sasuke. Você deveria preparar o seu quarto e comer alguma coisa antes de ir dormir.
Ele jogou o pano na pia quando terminou de se limpar. Sakura não conseguiu parar de prestar atenção nele, seus olhos seguindo-o como um corvo.
– Foi um pesadelo no festival. – Sasuke contou, se sentando em uma cadeira perto dela. – Estávamos nos divertindo bastante até que tudo começou. Perdemos os nossos ursos também, não foi Sakura?
A Haruno não notou o comentário até levar uma cotovelada, o garoto ao seu lado lhe lançando um olhar feio. Foi quase como se ele estivesse dizendo: "pare de olhar para o meu irmão como uma louca e finja que está ouvindo."
– Não faça isso de novo.
– Bem, se você apenas parar de observar fixamente... – ela lhe deu um chute, forte o suficiente para o garoto comprimir os lábios. – Essa é a última vez que você entra aqui.
Sakura o ignorou, franzindo a testa quando viu Itachi mexendo no kit de primeiros socorros, tirando itens de remendo ao invés de se curar com o próprio chackra.
A Haruno começou a se lembrar de todos os seus encontros com Itachi. Ele parecia estar sempre cortado em algum lugar, e mesmo que isso não fosse surpreendente para um ninja, era contraditório.
Ele lhe curou nas últimas três vezes que estava machucada. Por que ele nunca usava o seu ninjutsu médico em si mesmo?
– ... Ela ganhou um peixinho azul. – Sakura piscou, percebendo que ambos estava falando. – Mas tanto o meu quanto o dela acabaram morrendo.
– Vocês podem tentar conseguir peixes no lago depois, quando a situação da vila estiver estabilizada.
Ela observou Itachi retirar a camiseta, notando a quantidade de machucados espalhados pelo corpo dele. Antigos. Novos. A maioria nunca foram curados.
Parecia que o Uchiha havia sido espancado. Enquanto os cortes pareciam ter sido feitos de raspão, os hematomas não pareciam ter tido nenhuma linha de defesa.
Foi como se...
Ele tivesse deixado ser agredido.
– Você não vai se curar? – ela perguntou, sua voz soando mais preocupada do que nunca. – Isso parecia estar doendo.
– Eu estou bem.
Sakura culpou a sua própria preocupação - nunca questionando-se o porquê. Ela apenas precisava. Ela tinha que vê-lo bem.
A Haruno pegou uma das kunais amarrada em seu obi, colocando-a firmemente sobre o seu pescoço. O barulho chamou atenção dos dois irmãos Uchiha, que arregalaram os olhos com a cena.
Itachi estava em sua frente em tempo recorde, os olhos firmes lhe encarando tão intensamente que ela quase recuou.
– Solte a kunai.
Sakura colocou a arma mais firmemente contra o seu pescoço, segurando um gemido de dor quando sentiu ela começar a perfurar a camada da sua pele.
– Cure-se e eu largo.
– O quê? – ela aumentou a pressão em sua pele, ao ponto de começar a deslizar um rastro de sangue. Itachi olhou para os seus olhos, depois para o sangue que começou a sair cada vez mais rápido. – Está bem! Apenas- apenas solte a kunai.
Ela sorriu, afastando o objeto lentamente do pescoço. A garota deixou a arma sobre a mesa, o tempo todo encarando os olhos dele.
Ela não demorou para perceber que estava satisfeita com Itachi sendo gentil até o Uchiha observá-la uma expressão dura, os olhos dele queimando-a.
– Não faça isso novamente.
Ele ergueu a mão em direção a ferida aberta, mas ela foi contra todo o seu corpo quando se desviou do seu toque.
– Eu larguei a kunai. Agora, você tem que se curar, Itachi-san.
Eles se encararam por alguns segundos, mas Sakura quase pôde dizer que foram dias. E mesmo que seus pés estivessem tremendo contra o tatame, ela não iria quebrar isso. Sakura só sairia da casa dos Uchiha assim que pudesse ver Itachi curado.
Ela sorriu quando Itachi quebrou o olhar, começando a se auto-curar.
Quando ele terminou, Sakura suspirou em alívio, que logo foi substituído por surpresa quando a mão dele foi em direção a sua pele. Os dedos longos roçaram no seu pescoço, a esfera verde aparecendo.
– Você deveria colocar as suas feridas em primeiro lugar, Itachi-san. – agora que a adrenalina havia abaixado, uma onda de vergonha começou a dominá-la. – Lembre-se disso.
– Não se machuque por causa dos outros. – a esfera lentamente sumiu e o Uchiha se afastou dela. – Lembre-se disso.
Itachi guardou a caixa de primeiros-socorros. Só então que ela voltou a perceber a presença de Sasuke na cozinha, olhando do seu irmão para ela com uma expressão estranha.
O Uchiha parou na frente da pia, começando a lavar os pratos.
– Sasuke, arrume o meu quarto para Sakura-san ir dormir.
– Para mim? – Sakura repetiu.
– Para ela?
– Sim. A menos que alguém queira voltar para o massacre no centro da vila, onde está a casa da Sakura-san e – ele passou a bucha em um prato. – Várias pessoas mortas.
Eles se calaram imediatamemte.
As duas crianças estavam andando pela casa novamente, Sasuke parando para abrir a porta para ela. A menina sequer tentou disfarçar enquanto varria cada parte do quarto, desde o grande futon no chão, a escrivaninha e o armário com as portas abertas, mas com cada roupa perfeitamente organizada.
O quarto de Itachi. Ela estava no quarto de Itachi.
– Você pode começar a surtar agora. – Sasuke disse, seu tom notavelmente sarcástico enquanto começava a trocar a capa do futon. – É o seu sonho se realizando.
– Não seja amargo, Sasuke – ela cantarolou, seu sorriso aparecendo quando ouviu um suspiro irritado. – Ou eu vou dizer ao seu nii-san que você está sendo ignorante comigo.
O Uchiha bufou, terminando de forrar apenas para pegar uma coberta no guarda-roupa. Ele deixou-a em cima do travesseiro, observando-a uma última vez quando chegou na porta.
– Obrigado.
– Pelo quê?
– Por não ter hesitado em me salvar mais cedo e por ter feito o nii-san se curar. – ele sorriu, erguendo a mão. – Acho que você é digna de se tornar a minha amiga.
Ela apertou a mão dele, o seu próprio sorriso aparecendo. – Você não seria ruim como um melhor amigo, sabe?
– Não vamos exagerar.
Quando ficou sozinha no quarto, Sakura caiu no futon, sentindo imediatamente um cheiro relaxante começando a ondular as suas narinas. Ela respirou fundo, trazendo as cobertas para mais perto do seu rosto.
Foi como um analgésico.
Seus olhos se fecharam, mas alguns minutos depois, Sakura começou a se revirar. Ela não conseguiu dormir.
A Haruno se levantou da cama, percebendo que havia uma porta que dava para o quintal. Sakura ergueu a mão para alcançá-la, mas seu quadril bateu contra a escrivaninha, fazendo-a cambalear até que algo caiu, batendo contra o chão.
Sakura pegou os papéis, juntando-os até que percebeu algo muito familiar em um deles.
Seu pulso acelerou.
Foi a foto dela.
Seus olhos passaram pela folha, vendo cada parte da sua vida registrada. Todas as vezes em que foi para o hospital, as suas notas na academia, dados sobre os seus pais e o seu histórico de proficiência ninja.
Ela revirou os papéis, as palavras passando na sua cabeça. Tipo sanguíneo, anotações de Iruka. Aluna exemplar, mas impulsiva. Suspensa, árvore geneológica... Ela trocou os papéis, vendo os relatórios de uma missão.
Ela se chocou com o selo ANBU, mas ficou ainda mais surpresa quando viu o nome do seu pai e da sua mãe no meio dos participantes.
Sakura leu as palavras, a sensação de vertigem aumentando. – Assassinato de Urahara... Yulluki?
Ela tocou em seu ombro.
Aquele era o nome que estava em sua pele.
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