CAPÍTULO DEZESSETE
SHIGAZAKI KENTŌ
30 de outubro
Dois dias depois
Itachi nunca se afastava dos seus objetivos.
A única pessoa que havia feito a sua determinação cair foi a sua alma gêmea. Ela provavelmente continuaria sendo a única até o seu último suspiro.
Sakura tinha uma força sobre ele. Do tipo que poderia controlá-lo com um mínimo pedido. Ele faria de tudo por ela - sujaria as suas mãos de sangue, mataria qualquer um que fosse contra os seus planos.
"Preciso do Daimyō e de todos os conselheiros do país do Fogo mortos, Itachi."
Ele já havia descido para o inferno há muito tempo. Ele continuaria se rastejando pelo fogo se fosse preciso.
"Eu farei."
O Uchiha pegou a terceira boneca de barro nas suas mãos. Ele sentiu o chackra de Kaguya envolvendo-o. Faltava apenas mais uma.
– Responda quando terminar, Kisame.
– Está bem.
Ele sentiu aquela voz na sua cabeça novamente. O vínculo de almas gêmeas não parou de atormentá-lo.
Lingue as suas almas.
Foi como se a abstinência vinculativa estivesse aumentado. Ele mal conseguiu dormir desde que a Haruno o deixou para trás. Sua doença mal o incomodou - foi o vínculo que não o deixou em paz.
– Itachi-san.
Ele apertou o transmissor contra o seu ouvido. – Eu estou ouvindo.
– Quantos eu deveria matar mesmo?
– Os vinte conselheiros, Kisame.
O espadachim ficou em silêncio do outro lado do castelo, observando a pilha de corpos em seus pés. O Hoshigaki contou todos os corpos, suspirando quando deu 30.
– Qual é o problema?
– Acho que eu exagerei um pouco. – ele passou a língua pelo lábio, lambendo o sangue. – O rosto deles estavam me irritando.
– Suma com os corpos. – Itachi mandou. – Faça clones das sombras de cada pessoa que você matou e deixe vagando pelo castelo. Ninguém pode descobrir os assassinatos até sairmos daqui.
Adentrar no palácio do Daimyō foi ridiculamente fácil - um único jutsu de transformação para se tornarem os príncipes do país da Água fez os guardas abrirem as portas para eles.
Eles precisavam matar toda aquela parte corrupta do governo e colocar peões melhores no lugar. Alguém que pudessem controlar.
Uma parte dele, aquela parte lógica, não parou de dizê-lo que isso estava indo contra os seus princípios. Eles estavam fazendo uma chacina - e no entanto, Itachi sabia. Uma mudança como aquela não começava sem mortes.
– Você completou a sua parte?
Shigazaki Kento, o daimyō do país do Fogo observou-o com os olhos implorativos, seus choramingos soando abafados contra o chackra em sua boca. Ele gritou silenciosamente quando o Uchiha ergueu a kunai, colocando-a sobre o seu pescoço.
O sangue respingou contra o rosto de Itachi. Os choramingos de Shigazaki acabaram em um som de rasgo.
– Sim. Eu completei.
Sakura pulou a janela do seu apartamento, pousando no chão de madeira. Antes que pudesse ligar o interruptor, uma mão empurrou o botão para cima.
Sasuke observou-a com os olhos estreitos.
– Por que você não usou o jutsu de mudança de espaço para voltar? Você demorou muito.
– Você parece um stalker, Sasuke. – ela zombou, jogando a sua mochila na cama. – Não se esqueça que a sua alma gêmea é outra.
O felino miou, indo se esfregar nas pernas do Uchiha. – Sasuke, você não sabe...
– Nekochi. – a voz de Sakura estava fria. O ninneko sentiu os seus pelos se arrepiando com o olhar que recebeu. – Por que você não vai passear por Konoha?
O gato sentiu a tensão dominando a sala. Ele definitivamente não queria participar disso. Nekochi saiu pela janela em um pulo.
Sakura começou a retirar o seu casaco, sentindo o peso dos olhos dele sobre ela. A Haruno engoliu o seu suspiro - ela tinha esquecido todos os seus problemas enquanto estava embaixo do teto da sua avó com ele.
– A vovó disse para eu trazer um pedaço de bolo para você. – Sakura se sentou na poltrona. – Você deveria provar.
– Por que você está envolvendo o Naruto nos nossos planos?
Ela pegou um dos vários maços de cigarro espalhados pela casa, tateando o seu bolso em busca do isqueiro.
– Não quero envolver o Naruto nos nossos planos. – Sakura acendeu o cigarro, tragando a fumaça para dentro da sua garganta. – Eu apenas preciso dele para nós nos aproximarmos do Gaara.
– Ele não é uma das suas peças de xadrez, Sakura. – o Uchiha grunhiu. – Você não vai manipulá-lo.
– Por mais filha da puta que eu seja, Sasuke – a fumaça deslizou pelos seus lábios, ela estreitou os olhos para ele. – Eu não vou fazer nada contra o Naruto. A sua alma gêmea está perfeitamente segura na vila enquanto for o portador da besta de cauda. Controle-se.
– Me controlar? – ele repetiu. – Nós dois sabemos o quanto o Naruto é emocional. Ele não pensa antes de fazer. Não é apenas preocupação com a minha alma gêmea. – o Uchiha sibilou: – É com essa noite.
– Nada vai acontecer. – a Haruno inclinou a cabeça para o lado. – Se senta. Quero te contar uma coisa.
O Uchiha se sentou na poltrona ao lado dela. Algo dentro dele se contorceu ao ver a expressão sombria que dominou o rosto da garota. Sakura lhe olhou como se tivessem voltado há dez anos atrás, quando aconteceu o massacre do clã Uchiha.
– O Danzō manipulou o Itachi para cometer o massacre da sua família. – as palavras deixaram-o congelado. Sasuke sentiu sua garganta se apertando. – O clã Uchiha estava planejando um golpe de estado, mas desistiram antes que pudessem realizá-lo.
Sakura continuou: – A vila começou a culpar os Uchihas pela tentativa de assassinato do Terceiro. Fugaku descobriu que a tentativa, na verdade, foi a mando da ANBU raiz. Pelo Danzō. Quando o seu pai mandou um pergaminho para Hiruzen explicando que a sua família estava sendo acusada injustamente, o papel foi interceptada. Ele manipulou o Itachi e pegou os sharingans, Sasuke.
Sasuke passou a mão pelo cabelo com força - ele sentiu cada parte dele tremer. Sakura largou o cigarro contra cinzeiro, indo para a poltrona dele.
– Sasuke. – Sakura passou os braços em torno dele, sentindo os dedos agarrando-a com força. Doeu, mas ela não saiu. – Respire devagar. O que eu sempre te disse? Conte até 30 lentamente. Conte até trinta.
O Uchiha tentou, mas Sasuke sentiu-se sendo empurrado para baixo a cada segundo. Ele ofegou, o seu coração se apertando dolorosamente - as imagens que tentou se livrar começaram a perseguí-lo.
Os seus pais mortos. Sakura se contorcendo de dor a cada sobrenome Uchiha. Itachi lhe encarando como se ele não fosse nada além de um estorvo. O caminho de sangue por todo o complexo Uchiha.
Sakura reprimiu um ofego de dor quando sentiu as unhas dele cortando-a. Ela ficou lá, esperando o ataque de pânico cessar.
– Por que não podemos matar todas as pessoas dessa vila? – o Uchiha sussurrou contra o seu peito, as lágrimas molhando a sua camiseta. – Não aguento mais isso. Eles deveriam perder tudo. O Danzō não fez tudo isso sozinho. Os anciões, o Hiruzen, várias pessoas concordaram com isso. Essa vila não merece a porra de uma chance.
– Os civis não tem nada a ver com as manipulações das pessoas do governo. Vamos matar todos os os corruptos até reformular esse sistema. Colocaremos pessoas melhores no lugar deles. Para que essas injustiças nunca mais possam acontecer.
Ele ergueu a cabeça para cima. Sakura continuou: – O Daimyō e todos os seus conselheiros estão mortos. Danzō está sem nenhum apoio político no palácio. A única coisa que ele tem agora é implorar pela ajuda do Daimyō. – Sakura bateu a cabeça na dele. – Se ele não tivesse morrido, é claro.
– Quando você o matou?
Sakura desviou o olhar. Os olhos escuros de Sasuke se estreitaram, ele abaixou a cabeça, vendo-a coçar uma marca de alma gêmea no braço.
Shigazaki Kento.
– Você mandou o Itachi matá-lo?
– Eu entendo se você não perdoá-lo, Sasuke. Eu nunca poderia te julgar por isso. Mas – ela comprimiu os lábios um no outro. – Ele sofreu nessa história tanto quanto nós dois. Ele merece participar.
O Uchiha se levantou da poltrona, o ombro batendo contra o dela.
– Você vai fingir que não está me ouvindo?
– O que você quer que eu diga? – ele observou-a por cima do ombro. – Que você merece alguém muito melhor do que uma pessoa que passou anos te ignorando e machucando? – o Uchiha sibilou. – É a verdade, porra. Mas você está controlada demais por essa ligação de almas gêmeas para perceber.
– Controlada? – Sakura repetiu. – Eu entendo tudo que você passou, mas isso não anula tudo que o Itachi passou também. Ele fez tudo aquilo para proteger eu e você. Como eu posso odiá-lo sendo que ele passou a maior parte da vida se sacrificando pela gente?
Sasuke passou os dedos pelo cabelo com força. – Ele poderia ter seguido outro caminho. Ele poderia ter falado a verdade.
– Tipo a verdade que você nunca se prestou a contar para o Naruto? – Sasuke estreitou os olhos para ela. – Essas discussões não vão adiantar de nada. Você tem o seu ponto de vista, eu tenho o meu. – a garota se levantou da poltrona. – Vou para a casa dos Yamanaka.
Sasuke agarrou o seu pulso antes que ela pudesse sair pela porta. – O Danzō nos deu a missão de assassinar o Kamui. Se ele estiver lá disfarçado e ver que você não está cumprindo, ele mesmo vai matá-lo.
Sakura mordeu o lábio com força. Kamui era filho do antigo Daimyō. Ele era um garotinho tímido, da mesma idade que Sasuke. Ele seria perfeito como o novo senhor do Fogo.
Ela não poderia perdê-lo.
– Eu vou deixar um clone de olho nele. – Sakura pegou o seu casaco, passando-o pelo seu corpo. – Quero o Kazekage do nosso lado até essa noite.
A voz de Sasuke se tornou mais baixa, o Uchiha virou as costas para ela. – Eu deixei o seu presente em cima da cama.
Ele entrou no quarto, deixando-a sozinha na sala. Suas palavras foram recebidas pelo silêncio.
– Obrigada.
Sasuke era muito apegado nela.
Ele tinha medo da perda desde o massacre da sua família. Por isso que ele odiava a mínima possibilidade dela com Itachi. Se a verdade fosse essa, o que lhe garantia que ele não a mataria por um bem maior também?
Ele ergueu o queixo em direção a foto na escrivaninha. Foi ele, Mikoto e Sakura na noite do festival.
Sasuke apertou o retrato nas suas mãos. O vidro se partiu. Como ele conseguiria perdoá-lo depois de tudo?
O Uchiha ouviu um barulho de pedrinhas sendo jogadas contra a sua janela. Ele abaixou as cortinas, abrindo-a apenas para se deparar com Naruto do lado de baixo.
– Sasuke! – ele sorriu. – Eu posso ficar no seu apartamento? A luz da minha casa acabou!
– Não.
– Por favor.
O Uchiha revirou os olhos, o vínculo implorando silenciosamente para ele ceder. Sasuke não conseguiu resistir por muito tempo, e Naruto logo concentrou chackra nos pés, subindo pelas paredes até pousar no cômodo.
– Você tem um problema de organização. – ele sentou-se despretensiosamente na sua cama. – Como você consegue manter tudo tão organizado?
Era um enigma para Sasuke como eles poderiam ser almas gêmeas sendo tão diferentes. Sakura parecia com Itachi até na maneira como ela se movia na cozinha. Mebuki tinha o sorriso igual ao de Kizashi. Naruto era o seu oposto em tudo.
A única semelhança que eles tinham um com o outro era que ambos tinham todos os dentes na boca.
– E o baile essa noite?
– Você vai falar com o Kazekage. Convença-o a lutar do nosso lado. – o Uchiha deu um tapa na mão dele quando Naruto tentou pegar um dos seus livros. – Diga para não destruir Konoha. Precisamos destruir as pessoas que foram responsáveis pelo sequestro e a venda das crianças, não a vila.
O Uzumaki retraiu a mão.
Sasuke percebeu como ele hesitou.
– Qual é o problema?
– Eu não gosto da ideia de matar pessoas. – ele sussurrou, encarando os seus pés. – Tem que existir outra maneira...
– Não existe outra maneira, Naruto. Um sistema não muda apenas com discursos de amor. Precisamos usar a força. – Sasuke tentou falar o mais suavemente possível. – Depois que tudo isso acabar e todas essas pessoas ruins se forem, as coisas vão melhorar para nós.
– O que você quer dizer?
Sasuke se sentou ao lado dele na cama, soltando um suspiro que inundou todo o quarto. Ele estava tão cansado de tudo isso. Das suas mentiras, de todas a sua vida. O Uchiha queria voltar a ser uma criança.
Talvez assim ele pudesse ter uma chance de amar Naruto da maneira que ele merece.
– Eu vou te explicar quando tudo acabar.
O frio estava em seu pico em Konoha.
Sakura segurou o casaco em volta dela mais fortemente, pousando na frente da casa dos Yamanaka. As portas estavam fechadas, mas ela sentiu a movimentações dos chackra lá dentro.
Iuno colocou a cabeça para fora depois de cinco batidas, seus olhos azuis em um tom nauseante de vermelho. Sakura sentiu o seu estômago se revirando - esses últimos dias devem ter sido um inferno para eles.
– Sakura. – a mãe de Ino arregalou os olhos, abrindo a fechadura. – Como você está, querida?
– Estou tentando. – Iuno abriu a porta. Ela sentiu os braços da mulher passando ao redor do seu corpo. – Eu sinto muito. Eu sinto muito mesmo, eu sinto tanto, Iuno.
– Não foi você que passou a espada no pescoço dela, Sakura.
Mas se ela tivesse tido mais força, o seu plano já teria se concretizado há muito tempo. Ino continuaria viva. Shikamaru continuaria vivo.
Seu coração apertou-se dolorosamente em seu peito. Ela engoliu as suas lágrimas.
– A Kurenai está aqui.
– A Kurenai? – Sakura repetiu, sua voz se tornando mais baixa. – Ela não pode se envolver.
A mulher piscou, confusa. – Por quê?
– Ela é leal a Konoha. – a Haruno estreitou os olhos, abrindo a porta até ver a sua antiga professora pairando sobre a sala. – O que vocês disseram para ela?
– Não contei dos nossos planos, apenas a verdade sobre o assassinato da Ino...
– Não diga mais nada. Para ninguém.
Kurenai não era de um clã renomado. Apesar da vir de uma boa linhagem de especialistas em genjutsu, metade da família dela estava morta - isso a fez nutrir um apego grande pela vila.
Sakura não precisava mais dela ao seu lado. Se houvesse a mínima possibilidade de Kurenai abrir a boca... Ela iria matá-la.
– Kurenai-san.
– Sakura! – a Yūhi correu em direção a ela, passando os braços em volta do seu corpo. – Eu sinto muito pela Ino. Você está bem?
– Eu vou ficar bem. – ela acariciou as costas da sua professora, observando as figuras do outro lado da casa. – Kurenai-san, você poderia comprar alguns dangos para mim?
– É claro que sim! – ela se afastou, bagunçando os seus cabelos rosas. – Na Hiye, como sempre?
– Como sempre.
Kurenai sorriu, saindo pela porta.
Sakura se aproximou do antigo trio de Ino-Shika-Cho.
– Você tem cigarro? – Shikaku lhe deu uma unidade e um isqueiro. Sakura sentiu o alívio inundando o seu corpo quando a fumaça deslizou pela sua garganta. – Como está a situação de Danzō?
Foi Shikakau, o pai de Shikamaru quem respondeu: – Pelas nossas informações, a Hokage o instruiu a escrever cartas pedindo desculpas a Pedra e a Areia. Obviamente, devido as circunstâncias, não vai adiantar de nada.
– Temos que agir rápido. – Inoichi passou os dedos pelo cabelo loiro. – Se as outras vilas atacarem...
– Elas não vão atacar . – Sakura deixou a fumaça deslizar pelos seus lábios. – Não se preocupem com isso. A Pedra está tentando se reerguer depois do assassinato do Tsuchikage. Eles precisam de um novo líder.
– E o Kazekage?
– Ele não é um problema – Sakura apertou o ombro de Shikaku. – Como você e a Yoshino estão? Eu sinto muito pelo Shikamaru. Foi uma perda imensa para todos nós.
– Estamos abalados. – ele passou a mão pelo cabelo escuro. – Mas aliviados que poderemos começar a agr. Só posso esperar que depois de hoje, as coisas comecem a mudar.
– Vão mudar.
Do lado de fora da casa dos Yamanaka, uma figura mascarada observou através das janelas. Seus olhos escuros pousaram em cada uma daquelas pessoas dentro da casa - ouvindo tudo.
Danzō mandou observar o clã Nara e o Yamanaka desde o assassinato de Ino. Sai não estava muito preocupados com eles - mas houve algo em Sakura Haruno que sempre o incomodou.
Ela pairava. Na época do terceiro Hokage, como assistente dele. Como a pupila da Quinta, e até mesmo se aproximando do seu mestre - não havia como alguém assim não estar ansiando por alguma coisa.
Sai apertou a máscara em seu rosto.
Ele tinha que relatar tudo que ouviu para Danzō.
– Vai a algum lugar?
Sai virou a cabeça para trás, arregalando os olhos quando percebeu que Sakura havia saído.
– Não é da sua conta para onde eu vou, médica nin.
Um sorriso deslizou pelos lábios da Haruno. – Mas você estava observando pela janela. – ela inclinou a cabeça para o lado. O casaco dela desceu. – Você estava espionando, Sai?
– E se eu estivesse?
O ANBU seguiu o tecido deslizando pelos ombros dela - seus olhos se arregalando quando percebeu a quantidade de nomes em seu corpo. Ele apertou a espada com força, Uchiha. Uchiha.
Ela era o outro lado da alma daquele genocida.
– O que foi? – ela zombou, se aproximando dele. – Vai correr para contar para o seu mestre? – Sakura bateu o dedo sobre a máscara dele. – Vamos, tente me matar como você fez com a Ino.
A espada caiu da sua mão.
Ele não conseguiu atacá-la - houve algo em todo o seu corpo que impediu-o de fazer mal a Sakura Haruno. Seus dedos tremeram, uma sensação dolorosa vindo da marca em seu pescoço. O sorriso dela apareceu.
– Ah. Você não pode.
Ela colocou o dedo sobre o myūren. Sakura abriu a ferida. Doeu, sangrou, Sai não conseguiu se defender.
– Uma parte do myūren era verdade. Você tem que jurar lealdade – os dedos dela deslizaram pelo seu pescoço. – Mas você não jurou lealdade para a vila, Sai. Você jurou lealdade para a criadora do jutsu. Eu.
Ele sentiu um gelo deslizando por todo o seu corpo - os olhos verdes de Sakura brilharam em diversão sombria. Ela manipulou todo mundo pelas sombras todos esses anos. Toda a unidade de Danzō... Estava nas mãos dela.
O ANBU sentiu os seus joelhos cedendo. Ele se ajoelhou. Sua língua se moveu sozinha.
– Sakura-sama.
– Você vai estar no baile do Daimyō junto com o Danzō?
– Danzō-sama vai disfarçado para o baile com tudo o que restou da ANBU raiz. Ele precisa da ajuda do Daimyō para conseguir dinheiro e treinar mais pessoas para a sua divisão.
– Você vai me procurar dentro do baile. – ela virou as costas para ele. – E depois que você cumprir as minhas ordens, eu quero que se mate com uma espada no seu pescoço, Sai.
– Como você quiser, Sakura-sama.
O ANBU sumiu da sua frente quando ela o dispensou. Sakura passou a língua pelo lábio - o myūren não estava completamente desenvolvido quando ela perfurou as almas dos ANBU raiz.
Ela teria que descartá-los antes que começassem a ganhar consciência.
A Haruno puxou o seu casaco para cima, sentindo um chackra familiar se aproximando.
Mebuki apareceu do outro lado do muro, os olhos se arregalando quando pousaram na sua figura.
– Sakura...
– Oi, mãe.
– Sua avó me disse que você foi visitá-la. Você chegou hoje? – ela assentiu com a cabeça. – Ah... Isso é uma pena. Pensei que você poderia comemorar o seu aniversário de dezoito anos na nossa casa.
– Sinto muito, estou ocupada esses dias.
Ela virou as costas, ignorando aquele gosto amargo na sua garganta.
– Sakura. – Mebuki chamou novamente. Ela parou. – Sinto muito pela morta da Ino. – a mulher continuou, sua voz se tornando triste. – Saiba que eu e o seu pai te amamos muito. Se você precisar de qualquer coisa, você pode vir para a nossa casa. Você pode nos visitar.
– Eu sei. – ela sussurrou.
– Eu sinto que você não quer mais continuar aqui. – Sakura ficou tensa, o ar dos seus pulmões pareceu sumir. – Eu só quero que você saiba, que não importa o que aconteça... Eu e o seu pai sempre iremos amar você.
A garota sentiu as lágrimas se acumulando no canto dos seus olhos. Ela queria ceder - implorar pela desculpa dos dois - mas sabia que era tarde demais.
E enquanto o vento passava por elas, Mebuki sentiu que aquela seria a última vez que veria a sua filha.
– Obrigada por tudo, mãe.
– Não ataque ninguém, Naruto. – A Haruno repetiu. – Não aja com impulsividade.
– Eu sei, Sakura. – ele suspirou, levantando-se da sua cama. – Eu só estou lá para falar com o Gaara. Eu sei bem qual é a minha missão.
Naruto estava com um jutsu de transformação. Ele se tornou um homem muito mais velho, barbudo e com várias espinhas na testa.
O presente de Sasuke foi um quimono vermelho quase idêntico ao que ela usou quando saiu com ele pela primeira vez no festival. Era adequado para o baile, com um tecido leve que não atrapalharia seus movimentos.
Ela passou o obi pelo seu corpo, ouvindo o barulho da porta do seu quarto sendo aberta.
– Quando você estará pronto, Naruto? – Sasuke rosnou. – Você não é uma noiva.
– Eu estou esperando a Sakura-chan.
– Eu vou com o pai da Ino. – ela amarrou o tecido, puxando o seu cabelo em um rabo de cavalo. – Vocês podem ir na frente.
Sakura trocou olhares com o Uchiha através do espelho. Sasuke assentiu com a cabeça uma última vez antes de partir, Naruto seguindo-o.
Nekochi começou a miar em seus pés. Ela pegou o gato nos braços, acariciando os seus pelos escuros.
– Vocês tem relações complicadas com as suas almas gêmeas.
– Estou começando a perceber que não tem como ter uma relação normal com um Uchiha.
Sakura sentiu uma sensação de ardência deslizando por todo o seu corpo. Ela franziu o cenho, sentindo as suas marcas de alma gêmea doendo como se estivessem sendo reescritas uma por uma.
Ela ergueu a manga do kimono, traçando um dos nomes. Doeu como se a sua pele estivesse sendo rasgada e aberta até os ossos.
– Sakura – Nekochi passou a pata pelo seu braço. – Você está bem?
– Não. – ela ofegou, deixando o ninneko no chão. – Abstinência vinculativa.
– Você precisa se encontrar com ele logo. – Nekochi estreitou os olhos. – Enquanto vocês não completaram o vínculo, essa dor vai continuar piorando.
Sakura iria em uma carruagem com Inoichi, mas ela não estava aguentando mais. A garota se teletransportou para o palácio, pousando em um corredor escuro.
A Haruno procurou-o desesperadamente - Sakura foi para a esquerda, para a direita, encontrando-o longe dos convidados do salão. Ela suspirou de alívio quando ele virou a cabeça para trás, vendo-a se aproximar.
– Sakura, você está...
Ela passou os braços em volta dele, e foi como se uma dose de alívio tivesse inundando ambos os corpos. A Haruno abraçou-o com força, respirando fundo, sentindo a dor diminuindo.
O Uchiha não demorou a correspondê-la, cada parte dele ardendo em felicidade a cada segundo do seu toque.
– A abstinência vinculativa está piorando. – Sakura sussurrou, encostando a cabeça no peito dele. – Foi como se eu estivesse sendo torturada sem você.
Os dedos dele adentraram no seu couro cabeludo, impulsionando a cabeça dela para cima até que os seus olhos se encontrassem novamente.
– Temos que completar o vínculo. – Sakura abriu a boca, mas ele negou com a cabeça. – Não consegui dormir desde que você foi embora de Kirigakure. Não posso deixar você sofrendo assim. – ele respirou fundo. – Sinto muito que isso esteja machucando você.
– Está tudo bem. – Sakura fechou os olhos, a dor gradativamente sumindo da sua pele. – Eu senti a sua falta.
O Uchiha passou os olhos sobre ela - os cabelos rosas, os sentimentos explícitos naqueles olhos verdes. Tudo atacou-o com força. Ele segurou a sua cintura, puxando-a para tão perto que sentiu o calor saindo do seu corpo.
– Eu também.
Sakura sentiu a sua respiração aumentando, cada parte dela vibrando em prazer quando ele bateu os lábios nos seus. Itachi se moveu como se precisasse desesperadamente de cada parte disso - a língua batendo na sua em um deslizar que a deixou tremendo.
Ela se lembrou dele entre as suas pernas e o seu corpo foi tomado por um prazer instantâneo. Sakura ofegou quando ele a empurrou contra a parede, a mão descendo tentadoramente para baixo.
– Desculpe interromper.
O Uchiha se afastou dela a força, estreitando os olhos para a figura de Kisame. O espadachim sorriu.
– É um prazer rever a alma gêmea do Itachi-san. – Kisame se curvou em brincadeira. – Mas as pessoas estão passando pelo corredor. Não queremos atrair atenção dos guardas.
Sakura passou a língua pelo lábio, se afastando do Uchiha. – Como está a situação no salão?
– A maioria dos convidados chegaram. – Itachi respondeu. – A Mizukage está no segundo andar com os clones dos conselheiros e do Daimyō. A Hokage não vai aparecer?
– Para ganhar uma tentativa de assassinato? – Kisame riu. – Ela não vai aparecer enquanto tudo isso está acontecendo. Você se lembra da assinatura de chackra do Danzō?
O Uchiha assentiu com a cabeça.
– Ele não apareceu ainda.
– Mas a neta dele está aqui. – Sakura arrumou os seus cabelos rosas. – Kisame, por que você não vai vigiá-la? O Sasuke vai precisar dela para mais tarde. Ela está no vigésimo primeiro quarto a esquerda.
– Se é isso que a alma gêmea do Itachi-san quer.
O espadachim se afundou nos corredores escuros. Só então a Haruno passou os olhos sobre o Uchiha - Itachi estava usando um quimono vermelho e preto. Era odioso o quanto cada detalhe combinou com ele, deixando os seus olhos vermelhos ainda mais intensos.
Ela fez selos com a mão, criando dois clones das sombras. Ambos correram pelo castelo.
– A Akatsuki te liberou facilmente?
– Nós conseguimos uma missão. – ele respondeu. – Roubar o colar da esposa de um político da Nuvem.
Itachi segurou-a pelo ombro. Sakura arregalou os olhos quando ele passou o nariz pelo seu colo, inspirando o seu cheiro. Ela corou com a atitude brusca, se afastando dele.
– O que você está fazendo?
– Você estava fumando? – ele estreitou os olhos, tateando o bolso do seu kimono. O Uchiha pegou um isqueiro na mão. – Você disse que não usava nenhuma droga.
– Eu estou parando.
– Parando e ainda está com um isqueiro?
Sakura pegou o objeto na sua mão, bufando. – Eu estou parando. Eu prometo.
Itachi deslizou a mão para baixo. Ele encontrou a carteira dentro do seu outro bolso, esmagando vários cigarros em seus punhos. Sakura teve que se impedir de grunhir.
– Não quero ver você fumando. – os cigarros caíram no chão. Ele ofereceu o braço para ela. – Largue esse isqueiro, Sakura.
Ela suspirou. O objeto caiu no chão em um estalo.
– Você tem sorte que é a minha alma gêmea, do contrário eu te mataria aqui mesmo. – ela resmungou. – Você não vai se disfarçar?
– Eu tenho uma aparência comum.
– Você tem uma aparência comum? – Sakura alcançou o braço, os dois indo em direção ao salão. – Você tem que estar brincando comigo.
– Por quê?
O salão era luxuoso, vibrando em dourado e com várias pinturas que representavam uma mulher com cabelos brancos. Os olhos pintados de Kaguya pareciam perseguí-la enquanto se misturava com os corpos dançando.
Ela reconheceu várias pessoas do clube de Danzō. Reconheceu cada político corrupto - vivendo a sua vida como se não fizessem nada de errado. A raiva vibrou em seu corpo.
– Você é o homem mais bonito que eu já vi. – Itachi sentiu o corpo dele sendo preenchido por um calor instantâneo. Suas bochechas arderam. – Você não se olha no espelho?
– Você está dando em cima de mim? – ele sorriu. – Da sua alma gêmea?
– Acho que sim. – o sorriso dela diminuiu até desaparecer. A voz se tornou gradativamente mais baixa. – Você deve ter percebido que o Sasuke está aqui. Não... Se aproxime dele, Itachi.
A expressão do Uchiha escureceu, seu coração se apertando dolorosamente. Ele deveria saber que Sasuke não iria perdoá-lo facilmente. Itachi nunca poderia culpá-lo por isso.
Ele escondeu a sua assinatura de chackra, sentindo a mão dela segurando-a pelo queixo.
– Ele vai encontrar um espaço para você. Não se preocupe com isso. Algumas coisas são apenas dolorosas demais para digerir.
– Eu nunca poderia julgá-lo por isso, Sakura. – ele sussurrou. – Mesmo se o Sasuke passar a vida inteira me odiando, eu aceitaria. Eu mereço isso.
Antes que a Haruno pudesse responder, ambos sentiram o chackra de Danzō se aproximando. Eles ficaram tensos, observando um ao outro - a ansiedade corroendo-os.
Itachi apertou o transmissor em seu ouvido quando chiou. Kisame não tardou a falar. – Estou com a neta dele.
– Não deixe ninguém se aproximar dela, Kisame.
Sakura ficou na ponta dos pés, a voz alcançando a orelha dele.
– Aqueles dois anciões foram diretamente responsáveis pelo massacre do clã Uchiha. Eles são próximos demais de Danzō para não estarem envolvidos nisso. – ela sussurrou. – Aproveite, Itachi.
Os olhos dele escureceram.
– E você?
Sakura sorriu. – Vou fazer um massacre.
Todas aquelas pessoas no baile... Ninjas corruptos de Konoha, políticos que compravam crianças, anciões que financiavam ainda mais aquele lado podre.
Ela teria prazer de matar cada um deles.
Seu clone voltou para o seu corpo. A Mizukage aceitou a sua proposta. Sakura passou a língua pelo lábio - o sistema de Konoha não passaria de amanhã.
– Sakura.
O Uchiha segurou a sua cintura antes dela ir. Sakura sentiu um arrepio deslizando por todo a sua pele quando ele deixou um beijo sobre o chamado, os dentes roçando em sua carne antes de ir.
– Não seja pega.
– Eu nunca sou.
Ela passeou pelo salão, vendo a figura de Sasuke e Naruto conversando com o Kazekage no terceiro andar. Ela apertou o botão do transmissor.
– Tire o Naruto daqui depois dele conversar com o Gaara. – Sakura mandou. – Kisame está observando a neta de Danzō.
Sasuke sibilou: – Você está se envolvendo com espadachins da Névoa agora?
A Haruno desligou o transmissor.
Sakura viu a figura do Raikage aparecendo através dos corpos dançando, o corpo alto chamando instantaneamente atenção. Ela acenou com a mão animadamente.
– A-chan! Você chegou.
– Sakura. – o homem se aproximou, trazendo várias pessoas de Komogakure com ele. A mão grande bagunçou o seu cabelo. – E aí, começou a matança?
A Haruno sorriu.
– Acho que vai começar agora.
Homura e Koharu estavam sentados nas poltranas do segundo andar. Eles bebericaram uma taça, virando a cabeça para trás quando a porta se abriu e fechou.
Eles piscaram. Não havia ninguém lá.
– O que é isso?
As cortinas na sua frente se fecharam, impedindo a visão deles do salão.
E quando ergueram a cabeça para cima, encararam duas esferas vermelho sangue.
A taça de Koharu se partiu na sua mão. Seu coração acalerou com força.
– Olá. – Itachi pegou a espada encostada na parede. A lâmina refletiu o seu reflexo - refletiu as expressões horrizadas dos anciões. – Faz muito tempo.
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