CAPÍTULO DEZOITO
HOMURA MITOKADO
– O que você está fazendo aqui?
Koharu sentiu o vidro estilhaçado adentrando em sua pele. Os pingos de sangue caíram contra a madeira - ela não conseguiu sentir um pingo de dor.
Seu coração estava martelando fortemente em seu peito, uma sensação ruim a inundou até deixá-la tremendo sobre a cadeira. O silêncio do Uchiha foi agonizador.
– Eu disse... – ela repetiu falhadamente, sua voz por um fio: – O que você está fazendo aqui?
Silêncio. Silêncio.
– Itachi. – Homura se levantou da cadeira, o queixo falhadamente erguido. – Nós tínhamos um acordo. Você não deveria estar aqui.
Antes do massacre do clã Uchiha, eles fizeram um trato. Itachi não deveria se envolver ou participar de nada que envolvesse diretamente o país do Fogo. Ele se tornou um ninja foragido - e deveria continuar sendo assim até o seu último suspiro.
No entanto, ele era leal. Todos esses anos, Itachi não parou de mandar informações importantes para Konoha. Até que parou - os espiões que ele deixou na vila sumiram há dois dias.
Naquele momento crítico que eles estavam passando, com a Areia, a Pedra e a Nuvem cortando relações, eles precisavam desesperadamente dele.
– O que está havendo com você?! – Koharu grunhiu. – Largue essa espada, Itachi.
Os olhos do Uchiha giraram.
Ele cometeu o erro de encarar um usuário de sharingan diretamente nos olhos.
Homura sentiu como se tivesse sendo sugado por um vórtex vermelho. Ele piscou, e quando percebeu, o ancião não estava mais na sala privada. Seu corpo estava amarrado em uma cruz, os pregos grossos firmemente cravados na sua pele.
A dor foi tão real que o homem não conseguiu se impedir de gritar. Ele tentou fugir desesperadamente, se debater - mas de nada adiantou.
– Está doendo? – a voz do Uchiha ecoou por todo o ambiente vermelho. Homura não parou de tremer. Ele estava dentro do reino de pesadelos infinitos.
– Por que você está fazendo isso? – ele gritou, sentindo os pregos afundarem ainda mais. Suas mãos e joelhos foram inundadas por sangue. – Você está se voltando contra a sua vila?!
– Eu perguntei – Itachi ergueu a lâmina, e mesmo sendo uma ilusão, o seu corpo todo se revirou em dor quando a espada foi empurrada fortemente contra o seu estômago. – Está doendo?
– Itachi, pare, por favor...
Ele empurrou mais fortemente - até o objeto lhe atravessar e bater contra a madeira da cruz. A dor foi tão dilacerante que ele vomitou sangue.
Lágrimas inundaram o canto dos seus olhos. Ele retirou a espada lentamente, como se estivesse aproveitando cada segundo disso. Cada um dos seus gritos, cada sangue derramado.
– Parar? – ele empurrou novamente, a lâmina atravessou o seu pulmão. O seu grito inundou por todo o local. – Vocês pararam quando descobriram que a minha família decidiu não realizar o golpe de estado?
Sua voz saiu por um fio, o sangue não parou de deslizar pelo seu abdômen. – Itachi, eu posso... Explicar....
– Se passaram dez segundos aqui dentro. – o Uchiha ergueu a espada para cima, a lâmina pairou ameaçadoramente sobre o seu rosto. – Esse genjutsu vai demorar 348 horas, 18 minutos e 32 segundos.
Não, ele não iria aguentar, como ele poderia aguentar?
Seu grito de completo desespero ecoou no reino de pesadelos. A ponta deslizou pela sua pele - o objeto começou a adentrar fortemente a sua bochecha.
– Ela mal raciocinou que você caiu em um genjutsu. – Homura ficou tenso. – Você manteve a sua alma gêmea bem escondida. Alguém já desconfiou dela além de mim?
– Foi eu e o Danzō que orquestramos todo o massacre do clã Uchiha. Ela não tem nada a ver com isso. – o homem rosnou, sentindo a lâmina atravessar. – Não toque nela!
– Você acredita em suas próprias mentiras?
Um sorriso deslizou pelos lábios de Itachi - e foi como encarar o seu pesadelo em uma sua forma mais vívida. Porquê ele sabia de tudo que o Uchiha era capaz. Ele se tornou um assassino aos nove anos. Matou a família inteira por ordens da vila.
As suas palavras adiantariam de alguma coisa?
Ele retirou a espada, se aproximando ao ponto de Homura ver o brilho sombrio em seus olhos.
– Talvez eu a mate na sua frente. Talvez eu faça isso ser a última visão da sua vida.
– Não, porra, não, você não pode, não!
Ele entrou em desespero. A dor em seu corpo não fazia jus a dor da ligação com a mínima possibilidade de perder a sua cara-metade.
– Não, não, me tire daqui!
– Faltam 384 horas, 18 minutos e 10 segundos.
Ele ergueu a espada.
Várias cópias suas e do Uchiha apareceram na ilusão. A espada perfurou a sua pele - e foi como se estivesse sentindo a dor de todos os seus clones. Seriam mais de dezesseis dias de tortura.
– Não!
Homura caiu no chão, sua mente completamente quebrada. Saliva deslizou pela sua boca - ele se contorceu, foi como se o seu cérebro estivesse morrendo.
Koharu se desesperou, mas antes que pudesse ir em direção a sua alma gêmea, uma espada foi colocada no seu pescoço.
– Seu desgraçado, o que você fez com ele?
A anciã se desviou da lâmina, erguendo o pé para acertar o seu rosto. Itachi pegou-a pelo tornozelo, jogando o corpo dela no chão. Koharu se levantou, lançando-lhe uma kunai com papel explosivo.
O Uchiha concentrou chackra no papel até que se tornasse duro - parando a explosão. Seu pé se moveu, acertando o rosto dela, fazendo-a cair vários metros da sua alma gêmea.
Ela gritou de dor - o som foi abafado por uma bota em sua boca.
– Sem atrair atenção. – o Uchiha a pegou pela nuca, arrastando o seu corpo pela madeira. – A minha alma gêmea odiaria alguém fazendo barulho nesse momento.
A anciã vasculhou a sua bolsa ninja, mas antes que pudesse pegar uma das suas armas, sua barriga bateu contra a madeira. Seus pulsos foram amarrados - ela sentiu algemas de chackra apertando-a.
– Koharu... – Homura grunhiu, sua mente quebrada demais para se mover. – Não... M-machuque ela...
O Uchiha segurou-a pelos cabelos, colocando a espada contra a pele enrugada. Ele se ajoelhou no chão, observando a expressão de Homura se contorcendo em pavor. O ancião se rastejou, tentando desesperadamente salvar a sua alma gêmea.
– Você acha... Que fazendo isso... Te torna diferente de nós...? – a voz dele saiu por um fio. – Você está m-matando por prazer! Por v-vingança! Você é tão monstruoso q-quanto nós, Uchiha!
Itachi largou a espada.
Uma centelha de esperança inundou ambos os anciões.
– Você tem razão.
Ele envolveu as mãos ao redor do pescoço da idosa - virando-o para o lado em um barulho de track. Homura gritou, assistindo a vida saindo do corpo da sua alma gêmea.
– Não!
O corpo dela caiu.
Homura não tardou a cair também.
Sakura sentiu uma sensação dilacerante em suas costas, ardendo na forma de dois nomes de pessoas mortas.
Por quantos anos imaginou aquele momento? A Haruno passou metade da sua vida rastejando em direção aquelas pessoas, fingindo que se importava com elas, com o inferno daquela aldeia.
Tudo para chegar naquele momento - tudo para reformar aquele sistema.
Ela apertou o botão do transmissor. – Shikakau, qual é a sua posição?
– Estou no terceiro andar com Inoichi.
Ela desligou o objeto.
Danzō estava a pelo menos dezoito quilômetros de distância. Ele provavelmente estava se locomovendo por carruagens com o seu esquadrão ANBU. Sakura teria que começar antes que ele chegasse.
– A-chan – ela fez a sua voz mais mansa para o raikage. – Comece pelo quarto andar.
– Onde está o Kamui? – ele perguntou. – Você o levou para um lugar seguro?
– Está com o meu clone das sombras.
O homem e o seu círculo sumiram em um piscar de olhos.
Ninguém conseguiria controlar um ninja como o raikage por muito tempo. Sakura descobriu que ele tinha uma ligação com a mãe de Kamui, o antigo filho do senhor feudal. Por conta da rivalidade entre as duas vilas, A raramente poderia visitá-lo.
Sakura prometeu que cuidaria dele - e o colocaria na posição de Daimyō. Foi por isso que o Raikage esteve esses anos inteiros ajudando-a.
Sakura pousou no terceiro andar, ao lado de Shikakau e de Inoichi.
– Você tem certeza que iremos conseguir falar com a Hokage nessa distância?
– Eu consigo. – o Yamanaka fechou os olhos, Sakura colocou a mão sobre a cabeça dele. – Só preciso encontrar a assinatura de chackra.dela.
Inoichi se concentrou.
Sakura sentiu o cheiro de ferro inundando o seu nariz. Ela deu um passo para trás, pisando em algo macio - foi o corpo de um dos políticos do país do Fogo. Ao redor do corredor, havia vários outros cadáveres espalhados.
Ela chutou o homem morto para longe.
– Eu encontrei. – eles assentiram. A voz de Inoichi foi tomada por desespero. – Tsunade-sama?
– Inoichi? O que aconteceu?
Sakura imitou o mesmo tom de voz, forçando um soluço. – Tsunade-sama. – ela continuou, observando os arredores. – O Danzō-sama apareceu no castelo... Ele estava muito estressado e...
Ela fungou.
A voz de Shikaku apareceu através do jutsu: – Ele, juntamente com todos os seus ANBU, matou todas as pessoas no castelo depois de descobrir que o senhor feudal preferiu eleger Kamui como o herdeiro ao invés da sua neta.
A respiração da Senju acelerou tanto que conseguiu ouvir os ofegos através do jutsu. A hokage arrastou os dedos pelos seus cabelos loiros com força. Isso não poderia estar acontecendo.
– Ele enlouqueceu?! Tem figuras importantes no baile! Como ele pôde fazer isso?
– Acho que o Danzō-sama e-está passando por um pico de estresse depois de tudo. – Sakura chorou. – Ele fugiu, Tsunade-sama. Ninguém sabe onde ele está!
A Haruno ouviu uma voz no fundo da transmissão. Um sorriso deslizou pelos seus lábios. Foi Anko.
Ela confiava nas habilidades de fofoca da sua antiga professora de time. Ao amanhecer, Konoha inteira ficaria sabendo do massacre liderado por um dos maiores políticos da vila.
Eles precisariam da confiança dos civis para não causar uma revolta. E que melhor maneira de fazer isso do que levar o corpo de vários assassinos para casa?
– Vamos fazer de tudo para procurá-lo, Tsunade-sama.
– Vocês tem que encontrá-lo logo! Precisamos resolver essa bagunça!
A transmissão acabou.
Todos os três transmissores apitaram ao mesmo tempo. A voz de Sasuke inundou os seus ouvidos: – O Naruto está inconsciente. Uma carruagem está levando ele para o esconderijo. Eu vou colocar a barreira de chackra em volta do castelo.
Sakura se alongou em um suspiro - sentindo vários ossos do seu corpo estalando. Ela trocou olhares com os dois ninjas antes de ir, cada um sabendo o que fazer.
A garota foi até a parte superior do salão, onde havia o trono do Daimyō. Sakura pegou o microfone da cadeira, fazendo um gesto para pararem de tocar os instrumentos musicais.
– Pessoal. – ela sorriu, observando todos pararem, prestando atenção exclusivamente nela. – Eu queria agradecer a todo mundo que veio no baile hoje. Cada um de vocês me marcou de uma maneira que eu acho que – ela riu. – Vou me lembrar para o resto da minha vida.
Os convidados sorriram, batendo palmas.
No quarto andar, ela ouviu um barulho distante de um grito abafado - foi o Raikage. Ela sentiu o chackra de Sasuke e do Gaara juntos - ela também sentiu várias assinaturas sumindo no andar que eles estavam.
– Vou me lembrar de quando vocês sequestraram – Mei quebrou o pescoço de um guarda. – Mataram, roubaram e – vários suspiros ecoaram pelo salão. – Enganaram. Mas acima de tudo – Sakura formou selos com a mão, sentindo um vento rodeando os seus dedos. – Vou me lembrar de cada um dos seus gritos.
Ela moldou o vento até se transformar em um corte - os convidados do salão começaram a correr. A maioria dos políticos eram civis, sem nenhuma habilidade - e os Kages estavam tratando de eliminar todos os ninjas.
Eles gritaram em desespero, o corte voou em uma forma de mais de cinco metros, atravessando os convidados. O sangue começou a inundar o chão do castelo - partes do corpo se espalharam pelo salão.
Sakura fechou os olhos, os convidados começaram a morrer um por um.
– Podem voltar a tocar. – ela mandou. Os maestros lhe observaram, horrizados.
Os instrumentos começaram novamente.
Sasuke acabou com o vento através do seu jutsu de fogo, impedindo-o de atravessar a parede. O Uchiha começou a finalizar os restos dos convidados no chão.
Ela virou-se para trás, sentindo as suas marcas de almas gêmeas arder. Sakura correu até o outro lado da sala, os barulhos dos gritos se tornando distantes.
Itachi estava com o corpo encostado na parede, seus olhos fechados com força. Vários nomes apareceram um atrás do outro, sem nunca dar nenhuma pausa.
– Itachi. – Sakura colocou a mão sobre o rosto dele. – Por Kaguya. Eu...
Quando planejou o ataque, ela não havia parado para pensar o quanto isso afetaria-o. Naquela época, Sakura nunca poderia sonhar que eles poderiam estar juntos algum dia, e agora...
A testa dele bateu contra o seu ombro, o Uchiha nunca parou de ofegar a cada marca de alma gêmea que nascia em seu corpo. Foi a pior dor física que ele sentiu na sua vida inteira.
– Eu posso...
– Não. – a sensação dilacerante envolveu cada parte da sua carne, foi como se a sua pele estivesse sendo rasgada e aberta até os ossos. – Eu mereço cada segundo disso. Eu vou aguentar.
– Isso não é uma competição de quem feriu mais um ao outro. Nós já passamos disso. – Sakura envolveu chackra nas suas mãos. Ela enfiou dois dedos dentro do pescoço dele. O Uchiha grunhiu. – As marcas de almas gêmeas começam nas almas. Se eu curá-la, você...
– Eu não quero. Eu tenho que...
– Você não tem que querer nada! – Itachi ergueu a cabeça, prestes a contra-argumentar, mas ele sentiu uma tontura envolvendo-o com força. O chackra dela começou a entrar. – Odeio a sua teimosia.
Itachi sentiu como se tivesse recebido doses de analgésicos, a sensação de dor começou a sumir até que sentisse apenas uma fisgada em sua pele.
– Odeio a sua compaixão comigo.
– Você se esquece que somos apenas uma coisa só. – Sakura sussurrou. – Como eu poderia não ter compaixão pela outra metade da minha alma?
– Você está sendo boa demais comigo, Sakura.
– Pare com isso. – ela suspirou. – Pare de se encarar como se fosse um estorvo. – Sakura se afastou dele, seus olhos se conectando um no outro. – Você é importante, principalmente para mim.
– Não há nada mais valioso nesse mundo para mim do que você. – ele encostou a testa contra a sua, as respirações batendo uma no outra. – Eu vou melhorar. Eu vou fazer de tudo psra construir uma personalidade melhor. – ele sussurrou. – Espero que você continue comigo até lá.
Sakura sentiu um pequeno sorriso deslizando pelos seus lábios – Você está condenado a mim. Eu não vou a lugar nenhum.
Os dedos dela saíram do seu pescoço.
Itachi pegou a mão contra a sua.
– Obrigado. – ele beijou os nós dos seus dedos. Sakura sentiu cada parte dela tremular. – Por tudo.
A Haruno sentiu a mão dele se entrelaçando com a sua, em um aperto que esquentou cada parte dela. Sakura se inclinou para cima, sentindo a respiração dele batendo em seu rosto.
Foi como se descargas elétricas estivessem passando por cada parte deles - suas respirações aumentando, os lábios roçando um no outro.
– Sakura.
Itachi paralisou - seguindo a voz até encontrar uma pessoa escondida nas sombras. Sasuke deu um passo para frente, os olhos vermelhos firmemente cravados neles dois com frieza.
Ele apertou a espada na sua mão com força o suficiente para sentir os seus ossos deslocando. Sasuke assistiu ambos se afastando, e ele não queria assistir mais nada.
– Ele atravessou a barreira. – Uchiha deu as costas para os dois, o sangue pingando da lâmina. – Eu matarei a Mirui.
Itachi já foi encarado da pior maneira possível em todos os lugares, mas o olhar que Sasuke lhe deu o quebrou por inteiro. Ele quase preferiu a sua sede de sangue - o seu irmão lhe encarou como se fosse um lixo.
– Itachi. – Sakura colocou a mão sobre a nuca dele, sentindo os fios pretos roçando-a. – Vocês tem tempo para se resolverem. Não...
– Está tudo bem. – ele se afastou dela. O laço em seus dedos tremularam. Mentira. – Venha.
O Uchiha a puxou para o salão. Cadáveres estavam espalhados para todos os lados - no chão, nas escadas, nos corrimões e até mesmo sobre as mesas.
Sakura se sentou no trono do Daimyō.
Ela apertou o botão do transmissor: – Inoichi e Shikaku, acompanhem os kages até o esconderijo. – as portas do salão se abriram. – Nós vamos destruir o que sobrou de Konoha mais tarde.
Shimura Danzō tinha um palácio de desejos.
O ninja fez tudo pelos seus anseios. Ele matou a sua alma gêmea para conseguir se casar com a filha do senhor feudal. Matou a sua esposa depois que conseguiu uma neta - alguém para manter a sua influência ainda mais alta.
Conseguiu uma aliança forte com o daimyō e manteve a sua posição na vila. Até que tudo começou a se desfazer.
A sua maior fonte de dinheiro acabou, o seu parceiro de negócios estava morto e a Hokage e os anciões exilaram-o para a parte mais nojenta da vila - perto do antigo complexo do clã Uchiha.
O seu palácio começou a desmoronar. Só havia lhe sobrado um único desejo - matar Kamui e tornar a sua neta a próxima senhora do Fogo.
– Por que estamos entrando pelo salão principal? – ele perguntou. – Não posso ser visto em público, Sai.
– Os convidados estão concentrados no segundo salão, Danzō-sama.
O ANBU girou a maçaneta.
Ele tinha que encontrá-la no baile antes de se matar. Sai faria de tudo para agradá-la. O seu coração palpitou quando sentiu o chackra da Haruno a metros de distância.
Danzō arregalou os olhos quando encarou um caminho de sangue. Havia uma pilha de cadáveres em seus pés, o chão estava completamente encharcado.
Seu coração bateu com força em seu peito quando ergueu a cabeça em direção ao trono. Em cima da cadeira estava Sakura Haruno, os dedos agarrados aos de Uchiha Itachi. Foi como encarar um pesadelo - não poderia ser real.
– O que significa isso? – ele rosnou. – Não fiquem parados. Vão atrás deles!
Os ANBU se moveram. Mas não foi para matar os dois traidores, mas sim para fechar a porta do salão. Danzō começou a ser cercado por todos os ninjas da sua divisão, deixando-o preso em um círculo.
Ele não conseguiu acreditar quando Sai deu vários em direção ao trono, se ajoelhando em frente aos pés da Haruno.
– Quais são as suas ordens, Sakura-sama?
Ela não conseguiu se impedir de sorrir - cada parte dela se revirando em prazer ao ver a expressão traída no rosto dele. As peças do quebra-cabeça começaram a se juntar.
– Eu quero que você leve os ANBUS para longe – ela encostou o queixo na mão, seu sorriso aumentando a cada segundo. – E mate cada um deles.
– Eu cumprirei as suas ordens e tirarei a minha vida, Sakura-sama.
Ela dispensou o ANBU com um aceno de mão. Danzō sentiu um gosto ruim na sua garganta quando encarou aqueles olhos vermelhos e verdes. Como ele não notou esse tempo inteiro?
Sakura estava lá quando aconteceu o massacre do clã Uchiha. De uma garotinha desconhecida, ela subiu até se tornar a protegida aprendiz da Hokage - ela se aproximou de Hiruzen, dos aldeões, de cada pessoa daquela vila.
Quem mais poderia ter orquestrado a sua queda senão o outro lado da alma daquele homem?
– Foi você o tempo inteiro. – ele apertou as mãos com força uma nas outras. – Você matou o Tsuchikage, destruiu a Igreja da Salvação e fez as vilas quebraram o laço com Konoha.
– Está surpreso?
Almas gêmeas nunca ficavam muito longe uma da outra. Como pode não ter pensado em procurar a de Itachi? Ele errou. Todos os seus desejos estavam a um passo de serem quebrados.
– Você aproveitou muito todos esses anos. – Itachi deu um passo para frente, Sakura o seguiu. – Todos os seus objetivos estavam tão pertos.
– Itachi. – ele grunhiu, os ANBUS começaram a seguir Sai para longe. – Você era um ninja leal de Konoha. Você sempre foi. Como você pôde matar todas essas pessoas?
Um sorriso deslizou pelos lábios do Uchiha. – Não foi eu que matei. – ele cruzou os braços, se encostando no pilar. – Foi a minha alma gêmea.
Sakura apertou o botão do transmissor, colocando-o no viva-voz. Ela ficou a poucos centímetros do corpo de Danzō.
O objeto chiou até se estabilizar. Shimura arregalou os olhos quando um barulho de um choro familiar inundou os seus ouvidos. Mirui.
– Você está ouvindo isso? – Sakura sorriu, colocando o transmissor mais perto do seu ouvido. Eles ouviram um barulho de track, ossos quebrando. – É o som da sua neta morrendo. O Sasuke esperou muito por isso, acredite em mim.
– Vovô, vovô! Me salve, por favor!
Danzō continuou parado, os dedos apertando com força contra a sua mão. Ele não poderia ir atrás dela, e se fosse uma armadilha?
– Você acha que eu me importo com ela?
– Você nunca se importou com ninguém além de si mesmo. – a Haruno deixou o transmissor cair no chão. Ela apontou um dedo contra o rosto dele. – Eu apenas queria que você ouvisse com os seus próprios ouvidos a sua última chance indo embora. – ela sorriu. – Não lhe sobrou nada, Danzō-sama.
– Sobrou, sim.
Ele começou a tirar os esparadrapos, revelando vários olhos vermelhos em volta do seu corpo. Itachi apertou o punho com tanta força que sangrou - a raiva borbulhou dentro dele, deixou-o fervendo.
– Eu irei morrer hoje. – ele sorriu, mostrando os sharingans em seu corpo. – Mas vou morrer sabendo que destruí a vida de cada um de vocês, escórias de Konoha. Um ninja sem família – ele inclinou o pescoço para o lado. – E uma kunoichi sem nada além de vingança.
Sakura se moveu - dando um chute forte o suficiente para o homem atravessar a parede. Ela ouviu Itachi chamando o seu nome, mas não conseguiu se conter. Como ele poderia zombar do sofrimento deles assim?
Ele saiu em meio a fumaça, os membros sangrando. Shimura desviou dos seus golpes, pegando o seu braço até jogá-la contra o chão. Sakura pulou, se desviando da kunai.
– Você achou divertido? – ela concentrou chackra na sua mão, abrindo o local onde ele lhe tocou no braço. Danzō arregalou os olhos. Ela sorriu. – Eu me diverti tanto destruindo você. Eu aprendi tudo sobre você, Danzō-sama.
Ela retirou o selo amaldiçoado da sua pele. Sakura conhecia todos os seus truques como ninguém. Cada uma das suas habilidades.
A Haruno impulsionou-se para cima, pegando o braço dele em um pulo, virando-o para trás. O estalo e o grunhido ecoaram pelo salão. Ela quebrou os seus ossos.
Sakura chutou as costas dele, fazendo o homem cair há vários metros de distância - sua camiseta se rasgou no chão até se abrir, sua pele sangrou.
Ele ergueu o queixo, prestes a se levantar - até ser encarado pelo mangekyō sharingan. Uma forma vermelha começou a sair de Itachi, as mãos lhe agarraram com força, levantando-o pelo pescoço.
Shimura se debateu de um lado para o outro, sentindo o oxigênio deslizando dos seus pulmões. Sakura concentrou chackra em seus dedos, formando um bisturi.
– Nós vamos pegar cada um dos sharingans de volta. – ela rompeu o esparadrapo no rosto dele, revelando um dos dōjutsus escondido. – Espero que você aproveita cada segundo disso.
– Sua...
Itachi reconheceu instantaneamente aquela íris. Seu coração se apertou em raiva - em dor. – Você esteve usando o olho do Shisui esse tempo inteiro?
Ela cortou a pálpebra do homem, o sangue tocou em seus dedos, o grito dele deslizou pela sala. O Uchiha pegou o olho de volta, colocando-o em um recipiente de vidro.
A mão do susanoo'o se abriu.
Danzō caiu no chão, o rosto sangrando. Ele se levantou em questões de segundos, listras escuras começaram a cobrir o corpo de Sakura, o byakugō se ativou. Danzō passou os dentes pelo dedo, batendo-o contra o chão.
Um gavião gigantesco saiu em meio a fumaça.
O Susanoo'o aumentou, as mãos agarrando a invocação pelo pescoço. Sakura se desviou de uma kunai, Danzō avançou em cima dela com tudo - lhe desferindo golpe atrás de golpe.
– Você está tentando mudar esse sistema? – ele começou a rir. – Você acha que vai conseguir mudar alguma coisa? Guerras vão continuar acontecendo. Pessoas vão continuar cometendo injustiças. Nada do que você fizer vai mudar isso.
Sakura percebeu como o braço que ela quebrou havia voltado ao normal. A garota estreitou os olhos, sentindo-o segurá-la novamente.
Danzō afundou a palma em seu cotovelo, usando o dedo como uma lâmina de vento. Ele cortou o membro fora - o sangue jorrou pela sua pele no mesmo segundo, o seu grunhido deslizando pelo salão.
O pássaro sumiu em um puuf de fumaça, os olhos vermelhos de Itachi se arregalaram ao ver o seu braço cortado caindo contra o chão.
– Sakura!
Ele sentiu o seu olho ardendo, sangrando quando usou o amaterasu. Chamas ardentes envolveram o corpo de Danzō, o Uchiha conseguiu ouví-lo se regojizar mesmo sendo queimado.
Ele segurou-a, o rosto de Sakura estava envolto pelas sombras. O sangue não parou de pingar no chão. A raiva em seu corpo o deixou nauseado - nunca seria suficiente matá-lo. Itachi queria torturá-lo pelo resto dos seus dias.
– Eu posso...
– Está tudo bem. – Sakura disse. – Pare as chamas.
O Uchiha obedeceu. Ela flexionou o seu músculo para frente e para trás, o membro começou a crescer diante dos seus olhos. O sorriso de Danzō sumiu, as listas escuras do byakugō começou a envolver todo o seu corpo novamente.
– A Tsunade-sama não consegue mais regenerar o corpo por conta da idade. – Sakura andou em direção a ele. O homem se levantou, o medo tomando-o com força. – Mas eu posso.
Sakura concentrou chackra em seus dedos, formando uma lâmina afiada que passou pelo braço dele. Danzō gritou, o membro com vários sharingans bateu contra o chão.
Ela tirou uma seringa de dentro do seu bolso, empurrando o corpo dele contra o chão. O Shimura sentiu uma picada contra o seu pescoço, e foi como se todo o seu corpo estivesse se revirando de um lado para o outro.
– As células do Hashirama que estão em seu corpo estão sendo mortas uma por uma. – ela virou o corpo dele. – Onde estão os outros sharingans?
Ele cuspiu sangue, manchando o seu quimono. A risada dele inundou o salão, Itachi sentiu a sua raiva aumentando a cada segundo. O Uchiha desferiu um chute contra o peito dele, machucando gravemente o coração.
– Onde está – Itachi chutou novamente. – Os outros sharingans?
Ele continuou a rir.
Sakura limpou o suor em seu rosto, suas palavras soando frias: – Você está feliz em morrer?
– Você se tornou igual a mim. – a Haruno apertou a mão com força, a sua unha entrou em sua carne. – Tudo que eu fiz, esse tempo inteiro, foi pensando principalmente na vila. No enriquecimento, no poder. – seus dentes manchados de sangue apareceram quando ele sorriu. – Eu matei, destruí, fiz de tudo por Konoha. O que te torna diferente de mim, Sakura?
– Eu não sou igual a você. Nós nunca – ela afundou uma kunai no corpo dele. – Seremos iguais, porra.
– Você fez as mesmas coisas que eu fiz. – listras começaram a envolver o corpo dele, um vórtex de vento forte inundou todo o salão. – Nós somos iguais.
Ela enfiou a kunai com mais força.
Atravessou o coração.
– Nós nunca seremos iguais, você entendeu? – ela enfiou a kunai novamente, as listras do jutsu proibido começaram a sumir. O buraco no peito dele não parou de aumentar. – Eu nunca vou ser igual a você. Nunca.
Sakura enfiou a kunai novamente.
Suas mãos ficaram manchadas de sangue.
Ela sentiu a sua respiração acalerando, seus movimentos não pararam. Ela sentiu que o seu cérebro estava quebrando, cada parte do seu corpo tremendo.
– Nós não somos iguais. Nós nunca seremos iguais.
– Sakura, pare. – Itachi agarrou o seu corpo, trazendo-a para os seus braços. – Ele já está morto. Já acabou.
Ela não havia percebido que estava chorando até sentir as lágrimas batendo contra os seus lábios.
– Eu o odeio tanto.– ela sussurrou, apertando o quimono do Uchiha, o sangue em suas mãos manchando-o. – Queria trazê-lo de volta a vida apenas para matá-lo novamente.
Itachi agarrou o seu rosto com força o suficiente para as suas bochechas se tornaram vermelhas. Os olhos dele se conectaram com oa seus - Sakura sentiu cada parte dele como se estivessem conectados.
– Você vai deixá-lo te afetar mesmo depois da morte? – a respiração dela diminuiu, Sakura começou lentamente a se acalmar. – Você conseguiu. Ele está morto. Você conseguiu. Você está me ouvindo? – Itachi bateu a testa contra a sua. – Você conseguiu.
– Depois que tudo isso acabar, não quero mais ficar em Konoha. – Sakura sentiu-o limpando as suas lágrimas. – Vamos fugir. Para bem longe daqui. Para um lugar onde ninguém saiba quem nós somos.
Ele lhe puxou com força contra os seus braços. Sakura sabia que tudo aquilo estava longe de terminar, mas sentiu o alívio envolvendo-a.
– Eu irei para qualquer lugar com você.
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