♡ POV Jimin
- Você é maluco moço?? - uma mulher grita quando passo por ela guiando a moto na calçada.
- Sou! - aviso com um riso preso na garganta. Estou tão desesperado que sinto minha sanidade indo embora.
Um policial que está no local do acidente me faz parar, me pedindo pra descer da moto, mas não o faço. Não posso descer, estou perdendo tempo.
- Desça!
- Não posso, eu preciso chegar no apartamento
- Desça! - ele me corta rigoroso.
- Meu namorado está morrendo, eu preciso passar por aqui!! - exclamo, quase gritando. Não quero desrespeita-lo mas estou prestes a cometer uma loucura.
Ele fica surpreso com minha resposta e agora me dou conta de como chamei Yoongi, nunca o chamei de namorado e só percebo neste instante o quanto isso estava preso em minha garganta querendo sair.
- Por favor, eu preciso passar. - prendo a respiração enquanto faço o pedido, mesmo que meu desejo seja passar por cima dele com minha moto e alcançar Yoongi onde quer que ele esteja o quanto antes.
- Vá. - ele me dá espaço para passar.
- Abram espaço, saiam da calçada por favor é uma emergência!! - ele fala alto para as pessoas mais próximas ouvirem, e como não há sinal de outras pessoas nesse momento por causa da chuva, consigo seguir tranquilamente pela calçada até chegar, finalmente no prédio de Yoongi.
Desço da moto quase derrapando no estacionamento, estou tremendo e não sei muito bem como controlar. Aproveito que alguém está saindo do prédio e com um sorriso brilhante e uma cara de pau entro como se ainda estivesse morando aqui, mesmo nunca tendo esbarrado com esse morador.
Subo as escadas e chego na porta de Yoongi. Estou molhado pela chuva, tremendo da cabeça aos pés, mas não por causa do frio e sim pelo medo. Bato na porta de leve, tentando não parecer desesperado; então espero alguns segundos contando até trinta mentalmente desejando que ele apareça na porta.
- Yoongi? Sou eu. - aviso, mas é claro que se ele me ouvir saberá quem é. Bato mais algumas vezes com um pouco de força e aguardo mais segundos. Começo a me sentir inquieto e impaciente.
- Vou entrar! - aviso alto e claro.
A porta está destrancada, olho ao redor vendo a casa vazia, entro olhando para os lados. E embora estivesse pensando que ele não está em casa, o fato de que seu tênis está na entrada e o casaco que estava usando está em frente a porta fechada de seu quarto muda tudo.
Ando rápido até a porta tentando abrir mas está trancada, bato na porta mas não há uma resposta. E por isso decido fazer algo que prometi que não faria mais.
Sigo para sala abrindo a varanda, me debruço sobre e mesmo vendo uma queda no chão sob meu corpo pendurado, com um pouco de esforço alcanço a janela do quarto dele e faço a vidraça correr para o lado com o pé. Sem muita cerimônia porém com muita dificuldade e dor, entro pela janela, mas encontro mais uma obstáculo ao ver a porta da suíte fechada.
Corro até lá, batendo várias vezes na porta. Ouço um baque leve e isso faz meu coração disparar, não posso perder tempo.
- Yoongi, vou abrir a porta se estiver perto dela e conseguir, saia da frente! - aviso com antecedência, nem deveria estar fazendo esforço mas não tenho escolha.
Chuto a porta com toda força que tenho, e mesmo não conseguindo abrir, noto a mudança na mesma hora. Volto a chutar várias vezes, até me distanciar um pouco e me jogar com os dois pés de vez na porta que se abre com um pequeno estrondo. Meu corpo todo dói e arde, talvez meus ferimentos estejam reabrindo.
Yoongi está em seu box, todo ensopado. Há uma espuma branca saindo de seus lábios, seus olhos entreabertos estão vidrados no chão e em sua mão aberta está o envelope. Meu mundo gira e consigo entender, corro até ele.
- Yoongi, me escuta! - pego em seu pulso e ele ainda tem batimentos, mesmo que sejam muito fracos. Estou tentando me concentrar, mas estou desesperado, as lágrimas já banham meu rosto por completo.
- Você não pode se deixar levar! - falo alto sentindo que estou prestes a começar a gritar, troco de lugar sentando atrás dele, o viro de lado enquanto enfio os dedos em sua boca na tentativa de fazê-lo vomitar.
Seu corpo dá um espasmo e me surpreendo quando ele começa a vomitar, no entanto isso não basta, ele começa a tremer e seus olhos antes paralisados começam a se fechar.
- Yoongi, não!! - estou gritando.
- Olha pra mim! - dou leves tapas em seu rosto tentando mantê-lo acordado. Ele está muito gélido e ficando cada vez mais pálido.
- Você precisa ficar acordado! - ele olha pra mim de relance e sinto que ele vai conseguir mas seus olhos se fecham completamente.
Pego suas chaves no bolso, uma toalha próxima, o seguro em meus braços e saio da casa deixando a porta aberta. Desço as escadas com dificuldade por estar levando peso, porém isso não é nada comparado a entrar com Yoongi num carro em meio a chuva torrencial que encontro.
Me sinto sensível e debilitado para dirigir, mas se não o fizer ele não vai sobreviver, meu trauma não é nada comparado ao medo de perdê-lo. Ligo o carro e acelero a caminho da emergência. Estou frustrado, triste e com medo. Yoongi ao meu lado começa a apresentar mais espasmos e um pouco mais da espuma branca se faz presente em sua boca. Acelero cada vez mais, ultrapassando vários sinais vermelhos. A chuva está pior que nunca quando chegamos, corro com ele em meus braços até a entrada, mas não consigo aguentar a dor fina dos meus machucados e caio de joelhos conseguindo apoia-lo no chão sem o machucar.
- ELE ESTÁ MORRENDO POR FAVOR ALGUÉM! - Yoongi está tremendo no chão. Uma equipe médica aparece com uma maca.
- O que aconteceu?
- Ele ingeriu uma droga forte, não sei exatamente o que é, só sei que LSD era um dos ingredientes da composição. - estou envergonhado em dizer isso ao médico. Ele está me encarando boquiaberto enquanto sigo Yoongi na maca.
- Sabe quanto ele ingeriu?
- Não... Por favor você precisa salva-lo... Por favor ele é a pessoa mais preciosa do mundo, eu o amo, meu namorado... - vejo Yoongi entrando numa ala que não posso ultrapassar, encaro o rosto do médio enquanto as lágrimas rolam em minhas bochechas.
- ele é tudo pra mim.
- Vamos fazer todo o possível! - ele diz e se vai. Não quero ouvir sobre tentar, quero que ele viva. E mais uma vez o chamei de namorado, meu cérebro está me deixando insano.
Me sinto culpado, deveria ter dado um jeito sobre a informação de seu carro, podia deixar que ele me culpasse o resto da vida ao invés de ele descobrir sobre a batida no carro da Yoobin. Ando de um lado para o outro no corredor, mesmo sabendo que devo voltar para sala de espera.
.
Três horas se passam, meus cortes se abriram e fui parar na enfermaria em algum momento, um enfermeiro fez meus curativos, mas voltei ao local onde fiquei quando Yoongi foi levado. Sentei no chão e não levantei, nem quando tentaram me tirar e eu entrei em desespero. Mandei uma mensagem para Jieun, pedindo que se ela estivesse em casa fechasse a porta do apartamento de Yoongi e ela disse que fechou assim que chegou em casa. Quando ela me perguntou se estava tudo bem, não consegui dizer o que tinha acontecido, falei que não sabia, mas assim que soubesse eu ligaria para ela.
Vi pessoas indo e vindo, macas e mais macas com pessoas diferentes com coisas sérias. Me senti tão tolo e inquieto. Mesmo que Yoongi tenha me dito que é o culpado de tudo, aquele envelope é totalmente culpa minha.
Eu sabia, assim que Youngjae me ofereceu as drogas, que não deveria ter pego de suas mãos. Eu estava tão desesperado e sem consolo que fiz a escolha errada e voltei para o péssimo caminho novamente, acabando por afetar Yoongi com minhas escolhas.
"Eu sou tão burro..."
Penso irritado.
- Onde ele está? - ouço uma voz sobre mim e levanto o rosto, que antes estava enterrado em minhas mãos, observando a tia de Yoongi. Está toda de preto e tem óculos escuros no rosto.
Me sinto mal com seu traje, mas ela me abraça e por um momento a inquietação diminue. Quando ela se afasta, seca meu rosto e sorri um pouco.
- Estou esperando há um tempo, não sei o que aconteceu, ninguém me deu nenhuma atualização.... - aviso, ela me puxa me levantando consigo.
- Não tem problema, vamos para sala de espera, você precisa tomar um pouco d'água. - assinto e me deixo ser levado para fora do corredor.
- Temos que ser fortes, Jimin. - ela compra uma garrafa d'água numa maquininha e me entrega. Nos sentando juntos em frente a uma tv. Há várias pessoas esperando assim como nós e é angustiante.
- Precisamos nos preparar se as notícias forem ruins. - ela diz tão séria, que faz meu estômago revirar.
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☆POV Yoongi
- Por que me salvou doutor! - reclamo me sentindo tonto, um mal estar percorre meu corpo e um gosto amargo se instalou em minha boca assim que abri os olhos.
O médico se aproxima. A sala está muito clara pra minha visão, tudo parece um pouco borrado. Quando fui perdendo a consciência dentro do box, senti mesmo que era o final de tudo. Mesmo que depois de um tempo, quando tudo ficou vazio e escuro eu tenha escutado a voz de Jimin.
- Tem um cara esperando lá fora, ele disse que você é a coisa mais preciosa que ele tem, então eu tinha que salva-lo. - quando o ouço dizendo isso, sinto um nó se formando em minha garganta e o pensamento vai direto em Jimin. Mas dou de ombros por um momento.
- Eu não aguento mais... - suspiro me afundando ainda mais no colchão macio. Todo meu corpo está mole, é estranho.
- Está sentindo alguma coisa? - questiona se aproximando.
- Estava falando da vida, doutor... - ele me observa com uma expressão triste e suspira.
- Eu não poderia deixar você morrer, sinto muito. - nego e me afundo na almofada.
- Tontura, minha vista está um tanto borrada e dor de cabeça... - falo com um suspiro e o doutor dá um meio sorriso.
- É bem normal, você pode ter outros sintomas também. Como ingeriu vários compostos químicos juntos, é mais que normal sentir muitos sintomas, e pra ser sincero você estar vivo é um milagre... - ele pausa sua fala e desvio meu olhar de seu rosto. Não pensei que seria impedido, eu fui super rápido, achei que daria tudo certo.
- Quantos você ingeriu?
- Eu não sei com certeza, quando a coisa começou a fazer efeito perdi as contas... acho que lá pelo quarto eu já estava entorpecido demais pra lembrar até o que realmente eu estava fazendo. - o encaro novamente, ele assente e digita em um tablet o que estou dizendo.
- Fizemos uma lavagem no seu estômago, mas vamos esperar seu progresso pra sabermos se você vai ficar até a noite ou mais dias. Tudo bem? - concordo com a cabeça e ele sorri indo em direção a porta.
- Onde ele está? - o médico dá um sorrisinho e sem responder a pergunta sai do quarto. Em dois segundos Jimin entra desesperado pela porta, quase caíndo no chão após tropeçar.
Estava com o rosto seco assim que entrou, mas quando trocamos olhares seus olhos se desmancham em lágrimas. Não sei o que devo fazer, estou bravo, triste e ao mesmo tempo grato. De alguma forma a reação dele me prova muitas coisas.
- Você não me deixa te amar, nem morrer... - sorrio um pouco e ele chora mais e mais soluçando alto, mas não chea perto de mim mesmo estando tão próximo. Infelizmente sei que não consigo alcança-lo mesmo esticando meu braço.
- Eu sei bem... - ele funga alto e seca as lágrimas mesmo sendo em vão.
- Me perdoa... - sua voz sai por um fio e é complicado não sentir a dor em seu tom. Sinto meu coração palpitar dolorosamente, enquanto um misto de tristeza e felicidade me invadem por ver Jimin aqui.
- Eu fui tão tolo e tão complicado pra você, agi de maneira errada e acabei fazendo você passar por isso
- Você viu...
- Eu vi. Não sabia nem que tinha deixado lá, aquele maldito envelope... - ele suspira e ainda em lágrimas se aproxima um pouco.
- Eu pensei que só eu sabia o que era não aguentar mais existir, e eu sinto muito por todas as vezes que te fiz mal...
- Você só estava inseguro, eu entendo. Me desculpe se fui impaciente, eu queria tanto ter um relacionamento sério e livre com você, que comecei a ser consumido por isso
- Isso não vem ao caso, você... eu quase te perdi pra sempre... - ele avança em minha direção, e finalmente sinto seus braços ao redor de meu corpo, me abraçando de maneira firme e desesperada, como se eu fosse sumir. Confesso que também estou aperta seu corpo contra o meu com o mesmo sentimento.
- Eu sempre soube o que é querer deixar de existir, Jimin... você não sabe tudo sobre mim... - falo baixo e ele se afasta olhando dentro dos meus olhos, fazendo meu corpo todo arrepiar. Sinto sua necessidade de respostas, embora ele não tenha me feito nenhuma pergunta.
- Não é a primeira vez que fiz isso. Quando a Yoobin se foi, eu coloquei fogo onde eu morava, foi lá que bati a cabeça e perdi a memória... - depois de muito tempo me sentindo envergonhado com isso, me escondendo em roupas grandes e com mangas longas, agora tenho coragem de contar e mostrar.
Jimin está visivelmente surpreso com minhas palavras, dando em conta que ele não deve ter imaginado eu fazendo o que acabei de dizer.
Me afasto dele, que se senta na maca esperando. Tiro meu braço esquerdo da roupa de hospital e com a ajuda dele passo a cabeça também. Jimin me encara boquiaberto, estou começando a me sentir desconfortável quando ele toca em minha cicatriz fazendo uma corrente elétrica percorrer meu corpo exposto. A cicatriz começa no meio do meu antebraço esquerdo, sobe pelo braço e se estende passando pelo ombro até o meio das costas, como raizes de árvore de cor bege escuro.
- Você parece um badboy... - ele diz revezando entre chorar e sorrir. Acabo rindo um pouco, pois não era essa a reação que eu estava esperando dele.
- Eu não sei o que dizer... - murmura baixo, está em choque. Sinto seus dedos tremendo sob minha pele.
- Sempre me senti péssimo e desconfortável por causa dela, passando dias ensolarados com calor porque não tinha coragem de usar roupas de manga curta. Não que eu vá me mostrar e parar de fazer isso, ainda não me sinto pronto pra isso... - não posso deixar de contar os fatos, afinal, só quis mostrar a ele mas não consigo no momento expor ao mundo.
E deve ser dessa mesma forma que ele se sente sobre se expor. Ele continua observando a cicatriz, sua mão um pouco fria continua em minha pele traçando linhas invisíveis com os dedos contornando cada linha da minha marca.
- Pensava que se eu tivesse simplesmente conseguido o que queria com aquele incêndio não teria o braço assim. - ele sobe seu olhar em meus olhos e se aproxima, me surpreendendo ao beijar meu ombro, sobre a cicatriz, pressionado de leve os seus frios, fazendo meu corpo todo arrepiar.
- Yoongi, pra mim nada mudou. Você ainda é você e ainda é lindo! - ele desse seus olhos novamente para marca enorme no lado do meu corpo antes de volta-los a mim mais uma vez. Sinto meu rosto corar com seu elogio, não pensei que me sentiria tão leve dessa forma ao mostrar esse lado meu a ele.
- Você é a pessoa mais linda que já conheci, então não vale! - ele ri um pouco, retribuo e com sua ajuda coloco o braço da roupa de volta. Ele me abraça deitando sua cabeça em meu ombro.
- Você sabe que não é sua culpa... não foi de propósito... eu sei que não. - ele diz sério. Quero acreditar nisso mas não sinto isso. Sinto meu estômago revirar por uns segundos.
- Eu quis tanto culpar alguém, me vingar pela Yoobin, que não quis saber de nada... - suspiro um pouco e ele se vira pra mim, observando meu rosto com cautela.
- Acho que talvez eu tenha usado a culpa como desculpa pra tentar acabar com tudo como tentei da primeira vez... - ele continua um carinho leve em meu braço.
- Eu espero que você nunca mais precise fazer isso... - ele diz e segura meu rosto em suas mãos macias.
- Eu só queria dizer que desde que te conheci, mesmo sem saber que já nos conhecíamos; você me inspirou com sua cicatriz, mesmo que ela sempre tenha trazido dor a você. - digo baixo. Mesmo querendo focar nos motivos pelos quais fiz o que fiz, eu quero que ele saiba.
- Eu penso que se eu tivesse conseguido salva-la, essa cicatriz valeria a pena, mas ela me relembra apenas que eu fracassei... - murmura com um olhar triste, desviando seus olhos de mim.
- Essa cicatriz é uma lembrança que você quase morreu pra salvar alguém que era importante, mesmo que não tenha conseguido, mostra que você foi corajoso. - ele me encara surpreso.
- Poucas pessoas fariam o que você fez. - Jimin está boquiaberto, parece que vai falar mas nada diz.
- E fora isso, quero que saiba. Tenho muito apreço por tudo o que fez e o que é em minha vida, então muito obr
- Você aceita namorar comigo pela segunda vez? - ele se ergue, me soltando enquanto se senta com postura.
O encaro fixamente, esperando que ele quem sabe repita o que disse pois estou custando a acreditar. Ele continua fitando meu rosto, os olhos brilhantes, os lábios curvados num sorriso leve e meigo, a mãos levemente trêmulas em meu braço.
- Você... você disse o que eu acabei de ouvir? Não estou alucinando? - ele ri das minhas questões.
- Sim e não. - ele desvia o olhar do meu por um breve segundo. Meu coração está batento muito rápido, não sabia que poderia ficar nervoso agora neste instante e depois do que passei hoje.
- Você tem certeza que é a melhor opção? - ele dá de ombros quando pergunto.
- Quais são as condições? Estamos bem? Eu não entendo, o que mudou? - ele entrelaça seus dedos aos meus, respira fundo e desvia o olhar novamente antes de me encarar sério.
- Eu ainda não sei quais são as condições, mas sei que quero ficar bem com você. E sim, as coisas mudaram, tudo mudou... - ele suspira alto e em seu olhar consigo ver o início de lágrimas.
- Eu queria resolver as coisas com calma, mas, quando eu pensei que poderia te perder, que quase aconteceu... - ele nega em meio a fala, negando seus pensamentos.
- Não posso mais deixar você sozinho e não quero ficar longe de você. Estou cansado de não podermos ficar juntos porquê somos complicados, quero poder descomplicar tudo com você... - ele está segurando uma de minhas mãos com suas duas pequenas mãos macias.
- Eu também não quero mais ficar longe de você, Jimin. - cubro sua mão com a minha.
- Só preciso que estejamos em sintonia, porquê eu não aguento mais essa incerteza... - murmuro. Ele me encara com muita seriedade durante meu falatório.
- Sei que há muitas coisas para serem resolvidas, mas não quero esperar pra resolvê-las e depois ficarmos juntos, quero que você esteja comigo e quero estar apoiando você durante tudo... então sim, eu aceito namorar com você oficialmente! - ele sorri quando aceito seu pedido, que há tempos já sabíamos qual seria minha resposta.
Nunca houve nenhum momento que eu não o queria, claro, existiu o momento em que fiquei cego de raiva, mas isso não extinguiu meus sentimentos por ele; pois caso contrário eu não estaria aqui.
- Eu me sinto tão mal que você... - ele não termina a frase. Não está olhando para mim, mas sei o que ele está pensando sem nem tentar.
- Eu já queria fazer isso antes, não é culpa sua então não precisa se preocupar, o envelope só estava no lugar certo na hora errada. - ele parece sem jeito ao ouvir sobre o envelope.
- Isso é pior ainda. - respiro fundo. Me sinto um pouco tonto, acredito que depois do que passei é até incrível eu não está pior.
- Eu não posso dizer com sinceridade que gostei de ter sido salvo, mas, se você fez isso é porquê sabe como eu me sinto...
- É, eu sei... - diz num sussurro.
- Você também tentou, certo? - ele concorda de leve com a cabeça, fitando meu rosto finalmente. Afago sua bochecha com a mão livre.
- Sinto muito por tudo, por mim, por você, por nossos passados e preocupações. - ele sorri um pouco. Está um pouco acuado, mesmo que esteja próximo a mim.
- Eu não te salvei apenas por saber, mas, porquê eu amo você. Outro motivo é que não é justo passar por algo por se sentir culpado, sendo que não foi você. A pista estava molhada, estávamos sem freios. Foi um terrível acidente, algo inevitável... eu não poderia saber que você se culpou até o último segundo. - ele desvia o olhar do meu várias vezes enquanto fala, mas sua voz soa bem confiante.
- E fico feliz que você não tenha conseguido, eu acho que teria indo atrás de você se não chegasse a tempo. - sorrio um pouco, somos tão irracionais.
- Digo o mesmo sobre você, mesmo sabendo que não foi recente, agradeço por estar vivo. - é interessante o quanto me sinto exposto em sua frente, como se fosse transparente e ele conseguisse ver tudo dentro de mim.
- É estranho pensar que passamos por tantas coisas e não sabíamos, me sinto péssimo por tudo isso. - ele murmura segurando minha mão.
- É normal, todos temos situações que nunca vamos contar a ninguém, não somos obrigados a sermos um livro aberto. E você não pode viver se culpando, nem eu, principalmente se não tivemos intenção... - afago seus cabelos, colocando os fios para trás, deixando sua cicatriz amostra.
Ele suspira fundo e apenas fita meu rosto em completo silêncio. Sinto paz, finalmente depois de tantas coisas, agora tenho o sentimento de que estamos indo num caminho tranquilo e nosso relacionamento vai perdurar.
- Jimin...
- Hum? - seguro suas duas mãos e olho dentro dos seus olhos cor de mel.
- Obrigado, por me salvar. Mesmo que no fundo eu tenha ficado muito puto com isso! - ele ri com gosto e me abraça forte.
- Eu faria tudo de novo.... - diz se aconchegando em meu abraço.
- E não se preocupe em expor nosso relacionamento amanhã ou depois, eu posso esperar um pouco. Podemos ir com calma, não vou ficar irritado. - ele levanta o rosto em meio ao meu abraço, olhando no fundo da minha alma com os olhos carregados de surpresa.
- Só não me afaste, nem faça o que fez antes, me trate normalmente que eu vou saber lidar com a situação. Tudo bem?
- Tudo ótimo! - ele sorri e deita ao meu lado na maca, ainda abraçando meu corpo.
- Sua tia está aí fora, não sei como ela ficou sabendo, mas chegou quando você estava desacordado. Ela ficou comigo na sala de espera. - ele diz sem me olhar. Dando em conta que em alguns lugares que já dei entrada ela era meu contato de emergência, faz sentido.
- Não quero vê-la agora, quero ficar mais tempo com você! - sinto a risada dele ao mesmo tempo que a ouço se espalhando baixinho pelo quarto.
- Eu volto assim que ela sair, não vou pra casa até você receber alta. - ele avisa se levantando, pronto para sair, seguro sua mão quando ele fica de pé.
- Eu amo você. Amo muito! - vejo seu rosto corar por um segundo, e ele desvia do meu olhar rapidamente antes de voltar a me encarar, enquanto aperta minha mão.
- Eu amo você, muito também! - diz com dificuldade de deixar o olhar em meu rosto. Beijo as costas de sua mão e ele retribui com um beijinho rápido em minha testa, então sai sorrindo, assim como eu, como um bobo.
- Tia, você veio!
- O mais rápido que pude! - ela entra afobada, deixando a bolsa numa poltrona e vindo até mim.
Me surpreendo que ela esteja vestindo preto dos pés a cabeça, parece até que saiu de um funeral.
- Como está se sentindo? O que fizeram a você? Quem foi?
- Tá tudo bem tia. - amenizo, não quero dizer a ela o que realmente aconteceu, afinal, ela já teve que passar por isso uma vez.
Ela está me encarando cheia de desconfiança, sorrio esperando passar como algo tranquilo.
- Eu apenas tive a infelicidade de comer algo errado, e isso quase me fez bater as botas!
- Cruzes! - ela fica boquiaberta enquanto põe a mão no coração.
- Mas tá tudo bem, já fizeram uma lavagem no meu estômago e eu vou ficar bem, apenas estou de repouso. - ela sorri e suspira em alívio.
- Você veio lá da sua casa pra cá?
- Não, eu vim para cidade ver Hye e coincidentemente me ligaram. - ela afaga meu cabelo um pouco e sorri.
- Entendi, mas estou bem. Você pode ir para seu compromisso, não quero que fique presa aqui! - ela acaricia meu rosto por um breve momento e se afasta.
- Você tem certeza? - afirmo de imediato.
- Tudo bem querido, fico feliz que esteja bem. O Jimin ficará com você? - assinto. Ela sorri.
- Ótima notícia então, se cuida! - ela deixa um selo breve em meus cabelos e se afasta com um breve aceno de mão.
Jimin entra pela porta mesmo segundo. Está sorrindo para mim de canto a canto.
- Aconteceu alguma coisa pra você sorrir assim? - pergunto confuso. Ele se senta ao meu lado na maca e me agarra num abraço de urso, afundando seu rosto em meu pescoço.
- Sim, quem mais amo está vivo. Não há nada que possa me deixar mais feliz hoje! - ele me aperta um pouco. É um sufoco bom, me sinto em casa em seus braços.
- Você tem ótimas respostas! - ele ri da minha fala.
- Estou me sentindo esgotado, tudo bem se eu dormir um pouco?
- Sim, pode ficar a vontade, precisa descansar. Ficarei ali no sofá - ele tenta levantar, mas o puxo de volta, fazendo uma conchinha.
- Fica aqui só até eu dormir, você é tão quentinho... - uso isso como desculpa, já que minhas mãos estão frias. Ele ri um pouco.
- Eu fico. - diz colocando suas mãos sobre as minhas.
♡ POV Jimin
《
Quando a tia de Yoongi comentou que poderia acontecer algo pior fiquei mais preocupado ainda, foi um alívio quando o médico me chamou avisando que ele estava acordado. Nunca pensei que ficaria com tanto medo na vida, já passei por tantas coisas mais com certeza perdê-lo foi o estopim do medo.
Após a saída da tia dele, dormimos juntos na maca e só acordamos porque um enfermeiro veio a noite dizendo que Yoongi estaria de alta. Aproveitei o fato de já estar no hospital pra ver se minhas condições estavam boas para me apresentar, e a resposta que tive foi negativa, o que não me desanimou. Porquê eu vou dançar mesmo assim.
Yoongi deve ter notado, pois sua expressão era de quem está pronto para dar um grande sermão no dia do segundo espetáculo.
Acabei indo para casa de Yoongi, avisei a Yongbok que ele estava de alta, mas não contei exatamente o que aconteceu. Assim como Yoongi não fala da minha vida, não quero expor a dele.
A caminho da casa, ele dormiu o trajeto todo em meu ombro. Embora tenha tomado soro e está com uma aparência melhor, ainda tem cara de doente. O que sinceramente me deixa preocupado, principalmente porquê desde que nos reencontramos ele só vem tendo dias difíceis, ficando machucado e doente, quero que ele fique saudável.
》
- O Yoongi tá bem? - Jieun está na porta, de pantufa e um conjunto de pijama de algodão salmão. Yoongi e eu cordamos a pouco tempo e não comemos ainda.
- Entra, ele está no sofá! - dou espaço pra ela passar. Embora esteja surpreso, me sinto menos inquieto que das últimas vezes quando estávamos namorando em segredo; não que seja diferente agora, mas estou conseguindo agir normalmente.
- Ah, você tá bem, o que aconteceu? - ela se senta ao lado dele e ele sorri.
- Jimin pediu pra eu fechar a porta da sua casa ontem e você tá com uma carinha de quem está doente... - murmura baixo tocando a testa dele.
Me dou conta agora que estou parado na entrada com a porta aberta. Fecho e me dirijo a cozinha. Sei que faço parte da conversa, mas me sinto um pouco intruso.
- Quer um chá ou café? - ofereço, embora a casa não seja minha.
- Eu quero café! - Yoongi quem responde. Começo a rir.
- Jieun?
- Eu aceito um também, obrigado, Jimin!
- Okay, em breve tá aí - aviso os deixando conversar na sala.
Ouço um pouco da conversa, confesso. Ele fala a verdade pra ela, conta que eu o salvei e que estávamos nos acertando, sem comentar o namoro. Ela briga com ele e começa a chorar. Sinto vontade de chorar ao ouvi-la, porquê lembro do desespero que foi tê-lo em meus braços tão frio e inerte, como se já estivesse sem vida. No entanto me atento ao que estou fazendo e termino de fazer o café coado.
- Que bom que você está bem, me matou de susto. Não faça isso de novo! - ela diz fingindo que vai dar um tapa em sua nuca, está com o rosto vermelho e olhos marejados, ele está rindo enquanto segura a mão dela.
- Eu estou bem. Desculpa você ter um amigo sem noção! - ele fala dando de ombros e ela apenas sorri. Me controlo pra não desmoronar em lágrimas novamente, embora ele esteja vivo é uma sensação indescritível o que senti.
- Aqui, - coloco uma bandeja com três xícaras já com café, um potinho com açúcar, adoçante e umas colheres pequenas pra mexer.
- vocês querem leite ou algo mais?
- Pra mim não, obrigado - ela diz sorrindo com seus olhos brilhantes castanhos em minha direção.
- Eu queria uma torrada com manteiga, mas esqueci de pedir. - Yoongi me encara com um sorriso sem graça no rosto.
- Tudo bem, eu pego, já volto - saio novamente, colocando manteiga numa torrada e trazendo no prato.
- Obrigado - diz doce. Tento não sorrir demais com seu jeito de me olhar.
- Imagina. - me sento ao seu lado focando no meu café.
- Então, você queria falar conosco? Deu sorte que Jimin está aqui. - Yoongi fala. A expressão dela muda.
- Falar conosco? Como assim? - questiono confuso.
- É que Jungkook e eu estamos numa situação complicada no relacionamento. Anteontem me aconteceu algo sério e queria contar a ele, mas não sei como dizer. Gostaria saber se vocês poderiam me acompanhar como um apoio emocional por assim dizer... - ela está nervosa, dá pra sentir em sua fala trêmula. Ela sorri leve e oscila o olhar entre nós dois.
- O que aconteceu? Você está bem? - me preocupo. Yoongi parece tão preocupado quanto eu.
- Eu gostaria de falar isso com Jungkook presente, então se vocês puderem, eu agradeceria muito - diz com um breve sorriso.
- Claro, vamos sim!
- Eu disse que ele gostaria de ajudar. - Yoongi quem fala, sorrio, ele me conhece.
- Bom, era isso, vou marcar um jantar com ele hoje, digo que vocês vão, tudo bem mesmo?
- Sim, pode marcar, queremos ajudar! - Yoongi se prontifica enquanto eu concordo sorrindo.
- Você se sente bem pra sair? - questiono pois ele teve alta não tem nem vinte e quatro horas. Jieun espera sua resposta, parece ter esquecido por um momento mas a entendo.
- Estou bem, só cansado, e é apenas um jantar, não é como se fossemos pra uma balada dançar loucamente. - ele ri, Jieun e eu nos juntamos a ele.
- Vou ficar bem!
- Certo, então vou indo, melhoras para os dois! Não precisa me acompanhar até a porta - ela diz com um aceno e sai do apartamento.
- Espero que ela fique bem. O que aconteceu? - pergunto.
《
Yoongi me explica sobre a briga que tiveram, sobre o café de pets de Jungkook e relacionamento a distância. Me sinto mal por eles, fazem um belo casal. Não tenho ideia do que aconteceu a ela, mas espero que não seja nada tão grave quanto o que passou pela minha cabeça.
Passamos o dia todo em casa. Não conversamos muito, na verdade ficamos por muitas horas em silêncio, do tipo agradável que só a presença da pessoa é a coisa mais preciosa que você pode ter.
》
- Você pode me ajudar? - ele aparece na cozinha vestindo um roupão azul escuro que parece macio. Seco as mãos numa toalha de prato pois acabei de lavar a louça do nosso almoço.
- Claro, do que você precisa? - me aproximo dele segurando sua mão, não sei porquê, mas sinto necessidade disso.
- Eu não estou me sentindo muito a vontade na minha suíte, talvez pelo que aconteceu... você pode ficar lá comigo enquanto eu tomo meu banho? - ele está olhando para nossas mãos unidas quando faz a pergunta.
- Posso sim, mas você também pode tomar banho aqui no banheiro das visitas
- Eu sei - ele concorda, mas logo nega com a cabeça.
- só que eu não quero, afinal, é a minha casa, meu quarto, não posso deixar essa sensação ruim tomar conta de mim. E você não vai precisar ir comigo pra sempre, é só dessa vez ou quem sabe, mais algumas. Quero encarar essa sensação, entende? - ele está olhando em meus olhos. Concordo com suas palavras.
Ele sempre me ajudou e foi sempre muito corajoso e forte pra mim e por mim, enfrentando tantas coisas que é um tanto novo pra mim vê-lo se mostrar vúneravel desta forma. Embora tudo o que passamos nesses últimos dois dias tenha mostrado outro lado de Yoongi.
- Entendo. Desculpe por falar como se fosse algo banal
- Não senti isso, eu só quero explicar o que estou sentindo. Sei que fugir é fácil, mas eu vou ter que enfrentar essa sensação e se é algo que eu tenho o controle, então o quanto antes melhor!
- Tudo bem, vamos ao banho! - ele me guia para sua suite e seu corpo estremece quando entramos no quarto. Não sei o que ele está sentindo, mas imagino e parece desesperador. Paramos em frente a porta da suite e acabo entendendo um pouco, pois ao olhar na direção do box me faz lembrar da cena que vi quando entrei pela porta.
- Você quer que eu entre e você fecha a porta ou eu fico aqui no quarto?
- A primeira opção... - ele entra e eu me sento no vaso, que está com a tampa fechada. Após soltarmos as mãos, ele fecha a porta e para em frente a pia.
Embora não conseguisse entender o que ele está sentindo há poucos minutos atrás, ficar aqui dentro com a porta trancada está começando a me fazer entender um pouco. Nunca vou esquecer da cena que vi, do desespero que senti ao ver Yoongi quase sem vida deitado no chão desse box.
- Jimin, você está bem? Tá pálido... - ele se aproxima de mim tocando meu rosto.
- Você está suando frio - avisa segurando minhas mãos. Respiro fundo, tomando fôlego pra não ficar enjoado.
- Eu entendo o que você estava falando... - olho ao redor tentando conter os flashes de memória que vem diversas vezes a minha mente, afinal, não faz nem um dia direito que aconteceu, está fresco e palpável o sentimento.
- Quando eu vi você no chão, eu... - não consigo falar. Ele aperta minha mãos e concorda com semblante preocupado.
- Desculpa, eu devia estar aqui pra te ajudar mas estou piorando tudo... - solto suas mãos para poder esconder meu rosto entre as minhas.
- Estamos nessa juntos, vamos passar por isso. Tudo bem? Você não tem que se desculpar - ele diz com a voz calma e gentil.
- Você não precisa ficar aqui se estiver se sentindo mal, eu posso ir para o banheiro de visitas
- Não. - levanto o rosto evitando as lágrimas que querem surgir.
- Eu consigo, vamos fazer isso juntos. - afago seu rosto e o seguro entre minhas mão, aproximando para tomar seus lábios nos meus. Selando de forma rápida, sem aprofundar o beijo, embora seja demorado.
- Vou colocar uma música no celular - digo após me afastar, me virando de costas já que seu box é um tanto transparente.
- Uma playlist de banho? - ele ri ao sair de perto, jogando seu roupão perto de onde estou.
- Isso, vamos tornar o ambiente mais animado! - digo com otimismo na voz, preciso ser forte por nós dois, ele sempre levou a dor e tantos outros sentimentos sozinho, não posso deixar que ele continue um caminho solitário.
- Tenho certeza que essa suite será um dos lugares com melhor energia nesta casa! - acabo sorrindo com sua fala e ouço a água do chuveiro. No celular está tocando Teenage Dream da Katy Perry.
Ficamos em silêncio ouvindo a música, enquanto murmuramos trechos e a música muda no aleatório. Se torna um ambiente menos tenso com uma energia menos pesada a medida que ficamos dentro compartilhando murmúrios musicais.
Ao final de seu banho, Yoongi me pede a toalha e depois que lhe entrego ele se aproxima de mim enrolado nela e balança o cabelo molhado em minha direção, me deixando levemente "ensopado".
- Você é um bobo! - reclamado enquanto ele ri.
- Bobo por você! - rebate me roubando um selinho. Confesso que meu rosto está corado, meu coração quase pula pra fora do peito com a ação repentina.
- Também sou bobo por você! - conto sussurrando, como se fosse um baita segredo.
Encaro a cicatriz em seu braço, seu abdómen exposto e ele é ainda mais bonito do que me lembro. Me sinto feliz que ele tenha revelado a cicatriz e sua origem pra mim, nunca pensei que ele e eu temos tantas coisas profundas em comum. Sou grato por tê-lo de modo que posso compartilhar meus medos e aspirações, da mesma maneira que ele pode compartilhar comigo.
- Tá tudo bem? - percebo que estou encarando seu corpo por muito tempo e fico sem graça.
- Sim, eu só acho que você é incrível e estou feliz de ter você em minha vida. - ele apenas me encara bobo e nada diz, mas sua expressão diz muito.
- Podemos conversar um pouco antes de irmos para o jantar?
- Claro. Algo errado? - discordo. Sei que ele deve ter ficado preocupado já que falei num tom sério.
Saímos da suite e ficamos no quarto, me sento na cama virado para a janela enquanto ele se troca. Já está se arrumando para o jantar, enquanto ainda tenho que tomar banho. Tiro a música guardando o celular.
- Você se sentiu confortável enquanto tomava banho? - pergunto.
- Sim, foi mais tranquilo com você lá. Obrigado!
- Sempre que precisar! - ouço ele sorrindo.
- Vamos pra sala - ele chama. Está vestindo uma calça jeans clara, all star, uma camisa do The Cure preta e seu cabelo molhado está com aspecto de bagunçado, sua franja quase cobre seus olhos.
Ele vai pendurar a toalha e sento no sofá, esperando-o voltar da área de serviço. Ele não demora, na verdade parece até apressar o passo para chegar onde estou.
- Então... - ele dá a deixa. Sorrio um pouco.
- Eu não quero tornar tudo isso uma coisa ruim, só quero falar um pouco. - ele assente, embora claramente esteja confuso com minhas palavras.
- Você me deixou muito assustado com o que fez, e sei que teve seus motivos pra fazer aquilo, só quero que saiba que estou fazendo o possível pra não ficar sensível com isso. E embora não esteja demonstrando, desde que aconteceu sinto vontade de chorar, te segurar e não soltar... e acho que não consigo sair de perto de você por nenhum segundo, pelo menos não por estes dias
- Não farei de novo. Farei meu melhor pra viver... - ele diz com seriedade, sentando mais próximo a mim, rodeando meus ombros com seu braço.
- Não duvido, só que você é a pessoa mais importante pra mim e no momento eu não quero perder você de vista. Se algo te acontecer, não sei do que sou capaz e você sabe que somos ambos inclinados a fazer loucuras quando chegamos a um limite desconhecido - ele assente, sua mão afaga meu ombro levemente, fazendo ondas elétricas percorrerem meu corpo.
- só quero pedir que você me perdoe se eu ficar muito grudado e ainda mais preocupado com você por esses dias, uma hora eu vou ficar bem, no entanto não vai ser agora. - pego o fôlego, desviando meu olhar do seu, é uma conversa difícil.
- Sentir você gélido e praticamente sem vida em meus braços foi uma situação que não desejo a nenhuma pessoa na Terra. - engulo o nó que se forma em minha garganta, respirando fundo para me manter são.
- Tudo bem, eu sei como se sente. Embora não tenha passado pelo que passou por minha causa, quando vi você apontar uma arma pra si mesmo eu senti que iria entrar em colapso, então leve seu tempo, estarei levando o meu. E peço desculpas por estar fazendo você se sentir assim - ele afasta a minha franja, deixando meus olhos mais visíveis. Seus dedos passeiam em meu rosto num carinho leve e confortante.
- Obrigado por entender, desculpa se fiz parecer que era um assunto mais sério do que realmente é
- Quando se trata de você, todo assunto é sério Jimin. Qualquer que seja! - ele fala o final afobado, beijando minha bochecha e demorando com seus lábios em minha pele. Sorrio por todos os segundos que o ato ocorre.
- Obrigado, digo o mesmo sobre você. Agora se me der licença, tenho que me arrumar, temos um jantar pra ir! - aviso roubando um selinho de seus lábios antes de levantar e correr para o banheiro de visitas enquanto o ouço sorrir.
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☆POV Yoongi
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Tanto a conversa com Jieun quanto com Jimin foram de tirar o fôlego. A sensação ruim que senti no meu próprio quarto e suíte também não foram de grande ajuda. Tudo em mim parece fraco, meu corpo, minha alma, minha mente; depois do que fiz tudo parece diferente, de alguma forma parece que realmente morri, não me sinto eu mesmo, parece que alguém fez alguma alteração dentro de mim. Não sei como explicar, mas se pudesse diria de forma resumida que eu não sou eu. Pelo menos não mais. Graças a Jimin, me sinto alguém. Alguém bom, e ele me faz sentir que tudo isso tem algum sentido, mesmo que lá no fundo eu não acredite totalmente.
Confesso que mesmo não sabendo o que está se passando com Jieun, me sinto preocupado. Quando ela comentou que tinha acontecido algo a ela, me preocupei, mesmo tentando evitar. Tenho medo que ela e Jungkook se machuquem, quero que ambos saiam dessa bem mesmo que separados, embora prefira eles dois juntos.
》
- Você acha que já podemos ir? - Jimin aparece na sala, tiro minha atenção da tv, mesmo que eu não estivesse de fato assistindo, olhando pra ele. Está vestindo uma camisa branca, calça jeans azul escuro e uma camisa de flanela xadrez por cima.
- Você está lindo. - digo sem cerimônia, mesmo que eu não tivesse intenção em realmente falar em voz alta. Ele sorri tímido.
- Você também está lindo! - responde se sentando ao meu lado.
- Começou a chover, pouquinho, mas é melhor irmos no seu carro.
- Claro, vou pegar as chaves no quarto
- Eu pego! - avisa ele se levantando.
- Me espera na saída, não podemos nos atrasar.
A campainha toca assim que desligo a tv, me direciono até a porta e dou de cara com Jieun. Está com um vestido azul sem estampa que vai até acima dos joelhos e um tênis branco all star.
- Vocês vão para o restaurante agora?
- Sim, pensei que já estaria lá. - ela sorri e nega.
- Era pra estar, mas meu carro deu problema, posso ir com vocês? - ela parece inquieta, não sei porquê, mas não está agindo de forma habitual.
- Claro, vamos para o mesmo lugar e não somos desconhecidos. - sorrio em sua direção esperando aliviar o clima.
- Tudo bem, só não quero atrapalhar. Sei que estão passando por muitas coisas e não quero incomodar.
- Não vai.
- Achei a chave! - ouço Jimin falar alto, sua voz vem do corredor.
- Desculpa a demora. - ele aparece na sala.
- Jieun, vamos juntos?
- Sim, meu carro quebrou.
- Sem problemas, vamos correr pra não atrasar! - ele diz e ela ri. Jimin parece animado, talvez porque estamos dando certo e embora tudo o que aconteceu nessas últimas quarenta e oito horas tenham sido um pesadelo, ele está sendo otimista.
A chuva lá fora está pouca, como Jimin comentou. Jieun entra no banco de trás e Jimin vai no banco do motorista, não sei porquê já que está chovendo, mas não questiono apenas me sento no banco carona, estou exausto demais pra dirigir.
- Jimin, desde quando você consegue dirigir na chuva..? - pergunto baixo, Jieun está cochilando no carro tem uns minutos.
Ele se surpreende com a situação que está, olha ao redor, parecendo notar que está dentro de um carro na chuva agora. Então seus olhos cruzam os meus de relance.
- Não tinha notado, quando encontrei você, estava chovendo; era quase uma tempestade. Quase derrapei, mas no momento eu esqueci tudo, você era minha única prioridade. - sinto o pesar em suas palavras e a dor nos seus olhos, mesmo que estes estejam vidrados no asfalto a nossa frente.
Não tinha ideia que ele enfrentou um trauma que o deixava em desespero só pra me salvar. Não consigo parar de sentir esse sentimento de amor e paixão enquanto olho pra ele, parece que esse sentimento está crescendo em mim e fica maior a cada dia. Ele olha pra mim por um segundo e sorri, sorrio de volta.
- Obrigado e desculpe
- Não vamos ficar mais nisso, okay, já passou... - ele segura minha mão com sua mão livre.
Estamos perto de uma rua cheia de restaurantes e no GPS diz que estamos chegando. Jimin estaciona em frente e me viro para Jieun, acordando-a mexendo em seu ombro. Ela abre os olhos um pouco perdida, observando ao redor.
- Chegamos, você está bem?
- Nossa, eu apaguei. - sorrio em concordância.
- Estou bem sim, vamos. - saio do carro e Jimin já está no lado que estou. Jieun sai, está visivelmente nervosa.
- Ele já chegou... - ela murmura. Jimin e eu nos viramos, vendo Jungkook sentado numa mesa ao fundo, está de preto dos pés a cabeça.
- Se não quiser mais, só dizer que vamos embora! - Jimin se prontifica. Ela sorri e nega soltando o fôlego.
- Tudo bem, vou conseguir com vocês aqui, vamos. - ela vai a frente e apenas a seguimos.
Ela se senta em frente a Jungkook no sofazinho em formato de C e tanto Jimin quando eu sentamos ao seu lado. Não sabemos o que fazer e Jungkook parece muito confuso com a situação.
- Vamos pedir ou conversar primeiro? - ele pergunta sério.
- Podemos pedir, é o mínimo já que vamos ficar aqui por um tempo. - ele assente. Jimin e eu dividimos um cardápio, após as escolhas Jieun chama um garçom e ele se vai com nosso pedido.
O clima está cada vez mais tenso, só quero que eles possam se resolver logo, é uma sensação muito ruim. O silêncio perdura por longos minutos enquanto esperamos a comida, está claro que ninguém vai começar nenhuma conversa antes da comida chegar.
Após longos vinte minutos, os pratos de todos nós chegam e começamos a comer. Jimin e eu nos entreolhamos várias vezes, sinto que ele quer dizer algo, mas continua em silêncio.
- Você... - os dois falam em uníssono. Jimin e eu nos encaramos.
- Pode falar... - Jungkook parece bem calmo dada a situação e clima estranho. Ainda bem que Soobin não está aqui. Jieun está acuada e quero muito dar uma força mas não sei o que dizer.
- Eu não estou vindo até aqui pra fazer você desistir de tudo, mas também não posso deixar que nos separemos sem você saber a verdade. - ela respira fundo. Sinto a mão de Jimin segurar a minha por baixo da mesa, apertando meus dedos. Deve estar nervoso com a situação.
Jungkook parece abismado com o que quer que Jieun esteja prestes a revelar. Confesso que eu estava preocupado antes, mas agora a tensão está me deixando inquieto.
O silêncio perdura por alguns, poucos segundos. Consigo ouvir o barulho dos talheres e falatórios ao meu redor enquanto Jimin aperta mais e mais minha mão.
- Jieun, você pode me falar... - Jungkook quase sussurra. Ela está de olhos fechados com a testa franzida, tem as mãos apoiadas sobre a mesa e elas estão entrelaçadas, com tanta força que posso ver as juntas ficando esbranquiçadas.
Jimin me surpreende ao segurar as mãos de Jieun com sua mão livre. Ela abre os olhos encarando-o surpresa. Eles sorriem um para o outro e parece haver um breve diálogo silencioso. Jungkook está calmo, mas é fácil notar uma ruga de preocupação em sua testa.
- Por favor, não me odeie... - ela pega um envelope branco dentro de sua bolsa de mão e entrega a ele. Ele abre, lê e a encara surpreso.
- Você está dizendo... - ele não consegue formular uma frase, está estático. Jimin me encara curioso.
- Sim... eu estou grávida. - ela dita com a voz trêmula.
- O que?? - Jimin quem fala com a voz alterada, chamando um pouco atenção para nossa mesa. Jieun fica sem graça e ele sorri amarelo pedindo desculpas várias vezes.
Não acredito que isso aconteceu a eles. Fico preocupado se Jungkook for um babaca quanto a isso, Jieun parece com medo da reação dele e se ele fizer ou falar algo que a deixe mal, vou acertar a cara dele.
Jungkook continua olhando pra ela, sério. A ruga em sua testa continua no mesmo lugar e não há outra expressão. Não sei como interpretar sua reação, mas estou com medo que ele entre em colapso.
- Jungkook? Você ouviu? Tá tudo bem? - pergunto estalando os dedos em frente ao seu rosto. Ele suspira alto, pega sua mochila, retira um envelope amarelado e põe em cima da mesa na direção de Jieun.
- Abra. - ele diz, ainda sério. Ela abre e ler as palavras, não sei o que há escrito. Eles dois se encaram e ela sorri um pouco.
- Não vim aqui terminar com você. Eu não quero terminar... - ele solta o ar com força e passa as mãos inquietas no cabelo.
- Conversei com Soobin, e ele me fez entender várias coisas. Me desculpe por fazer pouco caso do seu trabalho, sei que está bem lá, eu queria tanto estar com você que não pensei quando falei que era só você largar tudo e vir comigo. Estava certa em dizer que eu deveria ter falado algo antes, afinal, somos um casal, fui um tolo me perdoa. - ele segura as mãos dela, e Jimin entrelaça nossos dedos por baixo da mesa.
- O que tem no papel? - Jimin quem pergunta.
- Ele não vai mais abrir a cafeteira longe... - ela diz com um sorriso leve. Fico aliviado.
- Decidi que devo ficar onde minha família está! - ele fala se aproximando e dando um beijo na bochecha de Jieun, enquanto afaga sua barriga. Sorrio e ao olhar para Jimin ele está sorrindo também.
Estou feliz que ele está conseguindo me tratar normal sem me afastar ou agir de forma estranha, é um grande passo ele, e isso me ajuda muito. Se tivéssemos que passar novamente pelas cenas de afastamento que ele estava anteriormente fazendo, acho que não conseguiria aguentar em silêncio.
- Então, você não está bravo? Não havíamos conversado sobre filhos antes... - ela ainda está preocupada, mas Jungkook está sorrindo igual um idiota. Então acredito que está tudo bem.
- Não tem como estar bravo com você, eu amo você. Eu quero esse filho, quero você, vamos nos casar! - ela ri e começa a chorar da forma que Jungkook fala alto levantando os braços. As pessoas mais próximas a nós ouvem, pois parabenizam os dois.
- Estou tão feliz por vocês! - digo.
- Espero que vocês sejam muito felizes. - Jimin complementa.
- Estou aliviado que deu tudo certo, fiquei preocupado o dia todo.
- E eu estava pensando em te bater, caso você falasse alguma besteira! - aponto pra Jungkook que ri de mim, assim como os demais.
- O que será que Soobin vai pensar sobre ser titio? - Jieun questiona séria.
- Ele vai amar! - Jungkook e eu falamos numa só voz.
- Obrigado por virem comigo, estava muito nervosa! - ela fala olhando para Jimin e eu.
- Foi um prazer ajudar, amigos são pra isso, certo?
- Certo! - respondo a pergunta de Jimin.
- Vamos pedir uma sobremesa? - Jungkook dá ideia.
Continuamos no restaurante, durante a sobremesa Jungkook conta que agora seu café será transferido para outro local, que ele dirá quando as obras começarem. Ao final, nos despedimos, Jungkook vai pra casa dele com Jieun, e ela avisa que Soobin provavelmente vai dormir na casa dela está noite e pede para ficarmos de olho, caso ele precise de algo.
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- Não é estranho pensar que somos adultos? - Jimin pergunta, dessa vez eu quem estou dirigindo enquanto voltamos para casa.
- Por que diz isso?
- É que a Jieun grávida me fez perceber que estamos tão próximos a casa dos trinta, as vezes esqueço disso, me sinto cheio de energia como um adolescente de dezoito anos! - ele fala sorrindo enquanto encara a rua passando rápido pela janela.
- É verdade, o tempo voa. Faz a gente pensar um pouco. Mas pra ser sincero eu não tenho planos de longo prazo sabe, gosto de viver um dia de cada vez e se tiver algo que dê pra planejar eu até faço, mas não vou ficar tentando controlar tudo, não tem como controlar a vida toda.
- É, infelizmente! - ele ri e me faz rir. Esse momento com ele é uma situação nova que me traz um sentimento bonito.
- Bom, se eu estiver com você, não importa o que vai acontecer! - ele olha pra mim, percebo pela visão periférica.
- Acredito que essa é uma frase que eu compartilho. Quero estar com você por vários anos, pra sempre! - sorrio. Ele me dá um beijo na bochecha, terminamos nosso trajeto até em casa.
Organizamos as coisas, passamos na casa de Jieun pra ver se Soobin está lá, mas ele acabou indo pra casa de Hyunjin e após voltarmos para o apartamento vamos dormir, dividindo a cama.
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